12.2.19

ARTE NÃO SE LIMITA - Érico Santos

- Bananais -

     Após ter lido um dos livros escritos pelo artista Érico Santos - Arte: emoção e diálogo, fisguei um dos seus textos  que achei de muita relevância.  Um texto em que o artista fala com muita propriedade, pois sua palavra é digna de crédito, pelo conceituado artista que é, atuante no mercado de Arte desde 1974, com estúdios em Porto Alegre e Milão/Itália.
    Érico realizou inúmeras exposições individuais e bem mais de 200 exposições coletivas no Brasil, México, Estados Unidos, Espanha, França, Inglaterra e Itália, onde obteve diversos prêmios e comendas. Começou nas artes como desenhista publicitário, ilustrador e cartunista. Também formado em Direito, profissão que atuou por vários anos. Transcrevo na íntegra, seu artigo:

ARTE DEMAIS    ( por Érico Santos)

Certo domingo, li num jornal uma matéria de um especialista em decoração de interiores que versava sobre o que, atualmente, é chique ou em desuso na arrumação das paredes da casa. Estarreceu-me a afirmação de que não se deve colocar muitos quadros: numa parede grande, apenas um é suficiente para dar aquele toque de bom gosto.

Vê-se assim, como a arte é vista de formas diferentes conforme as diversas concepções de cada pessoa. No caso, esse decorador, tão imiscuído na finalidade da sua tarefa – tornar ambientes agradáveis – deturpou totalmente o propósito das obras de arte, reciclando-as para apenas quadros. A arte deixa de existir em si para se transmutar em elemento de um conjunto. Retirou-lhe o espírito para que se tornasse um corpo num ambiente. Lembrou-me, aliás, aqueles que compram livros bem encadernados, a metro, para enfeitar a estante nova.

Estarreceu-me aquele artigo, não pela ignorância artística daquele profissional, porque a falta dela é ainda, um privilégio de poucos, mas sobretudo pela insensibilidade que, aos seres de alma, não se justifica. Sua afirmativa foi grotesca porque para aquelas pessoas pouco dotadas de conhecimento artístico e, pior, sensibilidade, é um estímulo a se desfazerem de seus quadros para esvaziar as paredes. Não seria o mercado de arte o grande derrotado, mas o espírito. Os bem-dotados de alma continuarão a comprar obras de arte, porque as veem para o espírito, e não para as paredes. E se decoração é tornar ambientes agradáveis, com certeza para essas pessoas, paredes abarrotadas de quadros só lhes farão bem. Aos demais, recomendo que troquem a cada ano aquele único quadro, porque decorar só por decorar cansa, além de ter que se subjugar a modismos.

Os bons decoradores sabem o quão agradável é entrar numa casa cujos livros se amontoam nas estantes, por toda a parte, e obras de arte se acumulam com a desafetação nas paredes. Transmite instantaneamente, não apenas uma aura de bem-estar, como também um requintado estilo de vida que só os que sabem viver – e não necessitam provar nada a ninguém – conhecem.

Para concluir: não se deve quantificar o uso de uma obra de arte, assim como não se deve limitar a leitura de livros, a audiência a concertos, a assistência a peças de teatro, etc. A arte pode servir como decoração, mas subsidiariamente; assim como há quadros com o único propósito de decorar e não são vistos como obras de arte pelo seu usuário. Porém, se o autor da matéria não se referiu a quadros como obras de arte, retiro tudo o que foi dito. Nesse caso será que uma bela moldura vazia, solitária, no meio de parede, não cumpriria sua finalidade?

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Arte: emoção e diálogo / Érico Santos – Porto Alegre: Uniprom 1999. pág 19

Chaleira e cuia sobre pelegos


Cena urbana / Bric da Redenção - Porto Alegre
Parque Farroupilha - Porto Alegre
Casa Cor 2014 / São Paulo - Sig Bergamin

23.12.18

O BARROCO E A IGREJA CATÓLICA

Igreja Sant'Andrea al Quirinale / Lorenzo Bernini
A Igreja Católica, ao contrário dos Protestantes - que aboliram os santos de suas Igrejas - atribuiu um papel especial às artes: representar a história da religião cristã através da arte seria de maior eficácia do que contá-la. Porém os estilos artísticos da época eram estáticos, rígidos e incapazes de transmitir as novas características que a Igreja queria dar ao Catolicismo. A arte teria de contribuir para despertar uma religiosidade de cunho mais profundo.

A Igreja encontrou, então, um estilo adequado que já vinham das formas clássicas do Renascimento. Tornou o interior de suas Igrejas bem mais ricos e coloridos.

As imagens dos Santos, da Virgem Maria, do Cristo passaram a emocionar através de expressões de agonia, ternura e compaixão. Segundo um estudioso do tema 'a arte foi utilizada para propagandear em suas imagens as idéias religiosas revitalizadas e concebidas segundo o novo espírito e para transmitir sentimentos e estados de ânimo às massas devotas'.

A igreja não inventou o barroco, e sim se aproveitou das novas tendências que já vinham se desenvolvendo. O barroco pode ser considerado como a arte da Contra-Reforma. Muito luxo, colorido e ouro foram usados no interior das igrejas.

Um aspecto de muita importância do barroco é o seu caráter didático, uma vez que a maioria da população era analfabeta. O uso de imagens para reprodução da Bíblia e da vida dos Santos era um recurso poderoso para a assimilação e o entendimento. Daí tanto empenho dos papas às artes.

 Catedral de Toledo - Narciso Tomé
 Clique para zoom / Barroco brasileiro



Ordem Terceira São Francisco da Penitência / R. Janeiro


Capela dos Noviços / Recife


Clique 'AQUI' para abrir

Salvador / Brasil

25.11.18

EXPRESSIONISMO

Igreja de Auvers-sur-óise / Vincente Van Gogh

             - por Taís Luso


O Expressionismo surgiu na Alemanha, no qual os valores emocionais predominam e, encontraremos em diferentes épocas, escolas, artistas do passado tendências ou afirmações Expressionistas. As artes arcaicas , as dos selvagens e dos artistas populares, pela liberdade da técnica, deformação da imagem, exasperação da cor, recusa do realismo visual, natureza simbólica e dramaticidade, são geralmente Expressionistas. Assim como segue esta linha as pinturas de crianças e de alienados mentais.   

É a primeira grande tendência da pintura moderna. Suas manifestações iniciais datam de 1905 sob a influência de Van Gogh e do norueguês Edward Munch  /1863-1944.

Alguns artistas originais do passado, entre os quais estão Matias Grünewald (1470-1528), Jerônimo Bosch (1462-1516), El Greco (1548-1614), Goya (1746-1828), podem ser considerados como precursores do moderno Expressionismo.

As farpas de George Grosz – 1893, os murais  de Diego Rivera são obras clássicas do expressionismo moderno. Os pobres e os cangaceiros do brasileiro Portinari estão na mesma linha, saturados de críticas sociais.

Mas, no ano de 1905, na cidade alemã de Dresden, reuniram-se vários pintores: Ernst Ludwig Kirchner, Eric Henckel, Karl S.Rottluff, Max Pechstein e Emil Nolde. Organizaram-se num grupo - Die Brücke – uma denominação simbólica que significava ‘A Ponte’, algo entre o visível e o invisível. Mais tarde recebem a denominação de Expressionistas, dada pelo editor e poeta H. Walden.

Realizaram diversas exposições até 1913 quando por dissidências internas e aproximação da Primeira Grande Guerra o grupo se dispersou.

Depois da guerra, os Expressionistas alemães ressurgem mais numerosos. O advento do regime nazista, em 1933, decreta-lhes o desaparecimento. Suprimindo todas as liberdades, Hitler suprimiria, também, a da criação artística. Considera-os degenerados, expressão da decadência capitalista, dando início a uma perseguição e expulsando-os da Alemanha.

Terminada a segunda guerra e destruído o nazismo, reapareceram as tendências Expressionistas alemãs, inclusive e, sobretudo, nas formas abstratas.
O pintor Expressionista é o contrário do Impressionista: o seu conhecimento e interpretação do mundo fazem-se à base de sentimentos, não de sensações. Aparecem sentimentos de amargura, interrogações espirituais, pessimismo, críticas sociais e políticas. Não tem por objetivo representar visualmente as aparências da natureza ou as imagens exteriores, mas utilizá-las para expressar suas realidades interiores, de modo direto e intenso. Era o que Van Gogh fazia.

Por esse motivo, pela veemência dos sentimentos do artista, o Expressionismo é uma pintura deformadora das imagens da realidade. A deformação torna-se, portanto, a característica mais geral da pintura expressionista. Para melhor exprimir sentimentos intensos e geralmente dramáticos a pintura Expressionista não pode ter maiores preocupações com a criação de valores predominantemente estéticos, isto é, valores rítmicos de composição, valores plásticos de formas e cores ou valores baseados na regularidade da forma e no equilíbrio das proporções. O Expressionismo não permite princípios tradicionais de beleza. É a explosão da emoção.

O Expressionismo recusa o aprendizado técnico, no sentido tradicional; cada pintor cria uma técnica pessoal, adequada aos seus fins expressivos, realmente intransferível. O pintor expressionista é um solitário, desenhando e pintando de acordo com as exigências de sua sensibilidade.

Os Retirantes / Portinari

Antonio Veronese

Solo / Max Weber 1918
Die Eltern des Künstlers / Otto Dix - 1926
O Grito / Edvard Munch





11.8.18

LUCIAN FREUD



Reflection - 1985  / Clique nas obras

Tais Luso de Carvalho

O pintor Lucian Freud, neto de Sigmund Freud, é um dos pintores mais importantes da arte contemporânea figurativa do Reino Unido. Suas pinturas causam polêmica por serem impactantes. Retratos e nus perturbadores, crus, nada sensuais, e geralmente  Lucian  usava  seus amigos como modelos.

'Eu pinto pessoas, não precisamente pelo que elas se parecem, não exatamente pelo que elas são, mas como eles deveriam ser ' - dizia Freud sobre seu trabalho.

Um de seus retratos, uma mulher obesa e nua em um sofá, foi vendido em 2008 por US$ 33,6 milhões. Uma das características de Lucian Freud era sua obsessão pelos nus: o corpo que ele pintava era o corpo do homem contemporâneo. Seus nus nunca trouxeram sensualidade ou beleza. Não encobria imperfeições, e os detalhes íntimos causavam um certo desconforto, uma sensação incômoda nos que olhavam as obras. Mas pode ser este o segredo de seu trabalho, o de perturbar.

'As pessoas me interessam muito, como se tratassem de animais primitivos' – disse aos curadores do Museu Britânico Tate, antes de uma retrospectiva.

Segundo uma entrevista de Paulo Pasta ao, artista plástico e professor da Fundação Armando Álvares Penteado, dada ao site CC, Freud conseguia reunir em suas pinturas todas as características do homem contemporâneo como, por exemplo, suas expressões. Outra questão importante é que, enquanto a geração mais nova pinta a partir de foto, ele partia da observação. Freud fazia parte de uma tradição muito inglesa, como Francis Bacon, com a mesma visão desviada do homem, que é mais trágica e solitária da existência humana, como muitos artistas ingleses atuais. Segue essa tradição de mostrar o cinismo, a perversidade presente no mundo.

O que a pintura dele tem de mais contemporâneo - segundo Paulo Paste - é a apreensão da solidão do homem. As figuras são muito solitárias, sofrem uma pressão existencial, lembram as obras de Samuel Beckett com seus homens encarcerados em uma espécie de quarto solitário, nus, despossuídos de tudo, destino. Outra característica contemporânea é a carnalidade de sua pintura. Ele usava tinta óleo, mas era uma tinta densa, contraponto à matéria da carne.

Freud se negava a seguir as tendências da moda na arte, usando seu estilo realista, mesmo quando era criticado pelos colecionadores e críticos. Era um dos pintores mais destacados a nível internacional, sendo reconhecido como um dos mais importantes realistas do século XX e XXI, segundo Brett Gorvy – vice presidente do departamento de arte da Christie's de Nova York.

Outra de suas características conhecidas,: entre uma pincelada e outra limpava o pincel, assim as cores mantinham sua individualidade e integridade.

Lucian Freud vivia para pintar e pintou quase até o dia de sua morte. Nasceu em Berlim em 1922 e se mudou para Londres com seus pais, Ernest e Lucie Freud em 1933, depois que Hittler e os nazistas chegaram ao poder na Alemanha. Naturalizou-se britânico seis anos depois e passou quase toda sua vida trabalhando em seu atelier na capital inglesa, localizado num luxuoso bairro de Holland Park.

Frequentava os mais badalados restaurantes, muitas vezes acompanhado de lindas mulheres, bem mais jovens, como a modelo Kate Moss a quem retratou nua.

Uma das pessoas mais famosas que Freud retratou foi a Rainha Elizabeth II que posou para o artista depois de longas negociações entre o Palácio de Buckingham e o pintor.

O retrato colorido que Freud doou à coleção da rainha causou enorme polêmica. Muitos ficaram chocados com a obra concluída. E a crítica ficou dividida: alguns críticos a veem como uma obra honesta, que transmiti algo de verdadeiro sobre tempo de serviço da rainha, experiência e devoção ao dever; outros acharam que Freud foi um pouco severo em seu naturalismo, em seu esforço para transmitir uma realidade psicológica; Freud tirou da rainha tudo o que é elegante, romântico ou bonito. Ela parece triste e sólida, e seu rosto parece ter a textura de massa de vidraceiro.

O artista nasceu em Berlin, em 1922 e faleceu aos 88 anos, em 20 de julho de 2011, Londres. As causas não foram reveladas.
Mais obras de Lucian Freud no The Museum of Modern Art - Moma


Naked Man - 1992

Suzy Boyt - ex-mulher de Lucian

Leigh Bowery - 1996
   
'Benefits Supervisor Sleeping' - 1995  
Vendido por US$ 33,6 milhões em 2008
          Um homem e sua filha - 1964  /  clique foto
Lucian Freud trabalhando

13.2.18

AMEDEO MODIGLIANI


Germaine survage

   - Tais Luso de Carvalho

Enquanto Van Gogh, Monet, Degas e tantos outros artistas pintaram verdejantes paisagens, Amedeo foi o mais urbano dos artistas.

Vários filmes foram feitos, outros tantos livros escritos mostrando um artista romântico, conturbado e boêmio que freqüentava as boates e cafés do bairro artístico. O encontro com o escultor Constantin Brancusi marcou a carreira de Amedeo, que por um longo período abandonou a pintura pela escultura. Suas esculturas mostravam forte influência da arte africana e cambojana que provavelmente conhecera no Musée de l'Homme. Nota-se seu grande interesse pelas máscaras, evidenciando os olhos.


Impressionado pelo cubismo, foi muito influenciado por Cézanne, Toulouse-Lautrec e Picasso e visto, em particular, como herdeiro espiritual de Botticelli, devido à graça linear de sua obra. De 1909 a 1914 dedicou-se principalmente à escultura, quando a guerra, então, dificultou a obtenção da matéria prima.


Alcoólatra e viciado em haxixe, pintava suas telas em estúdios imundos de Monparnasse. Para sobreviver vendia caricaturas nos bares e até pedia esmolas.


Contudo, foi o maior retratista de uma época. E foi aos 22 anos, quando chegou à Paris que desenvolveu seu estilo, muito particular, e pelo qual ficaria conhecido. Sua obra tem como característica o contorno das figuras, sempre demarcado.


Seus nus femininos - sensuais – são vistos como os melhores já produzidos. A plasticidade é forte, numa síntese estrutural perfeita. Todos seus nus são retratos incendiados pela paixão carnal. Vê-se, isso, nas obras de suas inúmeras amantes, nas porteiras dos prédios, nas aristocráticas que o protegiam. Durante algum tempo o poeta polonês Leopold Zborowsky foi quem financiou suas obras.


No final de sua curta vida, estava melancólico e indiferente. Os quadros foram ficando suaves e acinzentados, quebrados apenas pelo vermelho dos lábios das mulheres.


Teve uma filha com Jeanne Hébuterne, 14 anos mais jovem. Tentou preservá-la de seus ataques conturbados e imprevisíveis, porém não conseguiu poupá-la da miséria e de uma perspectiva de vida financeira melhor. Grávida do segundo filho, ao saber da morte de Amedeo, atirou-se do 5º andar de um prédio.


Modigiani nasceu na Itália / Região de Toscana em 1884 e morreu em Paris aos 35 anos, tuberculoso e numa completa miséria. Foi sepultado no célebre cemitério do Père-Lachaise.

The Amazon
Lalotte / 1916
Jeanne Hébuterne, com quem teve um filho


Amedeo Modigliani


referências: Dicionário Oxford de Arte
Grandes pintores / Paulo R. Derengosky

18.4.17

MANET E O IMPRESSIONISMO



por Tais Luso de Carvalho

Édouard Manet, pintor e artista gráfico, nasceu em Paris, em 1832, no seio de uma família abastada. Seu pai era um alto funcionário do Ministério da Justiça e não aprovava, no início, a escolha do filho.

A formação burguesa moldou-lhe a personalidade, pois mesmo estigmatizado pelo meio, como um rebelde, sempre buscou o êxito, as homenagens tradicionais e comportava-se como homem de alta sociedade. 

Quando completou 18 anos entrou no atelier de Thomas Couture onde permaneceu por 6 anos.  Após, saiu e fez sua escolha pessoal, estudando a fundo as obras de artistas italianos e espanhóis pertencentes à coleção do Louvre.

Sua obra, O Bebedor de Absinto / 1859, o qual retratou um alcoólico,  foi rejeitada pelo juri do Salon. Outra obra, Le Déjeuner sur l'herbe, pintado em 1863 foi a primeira das suas  obras escandalosas. Em seguida,  com  Olympia - 1865,  causou maior comoção. A hostilidade com que foi recebida baseou-se-se não só em critérios estéticos, mas também em critérios morais.

A nudez  só era considerada aceitável quando representada num contexto suficientemente remoto no tempo  ou na mitologia, mas em Le Déjeuner sur l'herbe  mostrava uma mulher nua, fazendo piquenique com dois homens trajando vestes contemporâneas.

Em Olympia, a figura nua reclinada, foi baseada na Vênus de Urbino, de Ticiano (a qual Manet copiara em Florença dez anos antes).  Sua sexualidade, nada discreta, foi considerada ofensiva aos padrões aceitos na época.

De um crítico da exposição: a arte que desce a um nível tão baixo não merece, sequer, reprimenda. Manet foi atacado, também, por  sua técnica arrojada nas quais as finas gradações tonais da arte acadêmica  foram eliminadas em favor de contrastes vivos de luz e sombra.

O quadro Le Déjeuner sur l'herbe permite entender a posição de Manet face aos artistas acadêmicos – que o detestavam; mas, os pintores impressionistas o consideravam um mestre - apesar de nunca ter participado ativamente na vida do grupo.

'Os insultos chovem sobre mim como granizo', escreveu Manet ao seu amigo Baudelaire que, ao lado de Émile Zola foi um de seus maiores defensores. E foi nessa época que Manet percebeu que passava a desempenhar um papel de líder da vanguarda pelo grupo de jovens impressionistas, como também Monet, Renoir, Bazille, Sisley e Cezanne.

Mas, apesar de tudo, nos seus últimos anos Manet aproximou-se das técnicas impressionistas. Usou frequentemente o método de pintura em plena natureza de uma forma cada vez mais livre e mais espontânea.

O seu desprezo e fuga da pintura tradicional trouxe-lhe o respeito dos impressionistas. À partir de 1868, expôs regularmente no Salon, que considerava o seu verdadeiro campo de batalha pela nova arte.

Seus temas prediletos eram os associados à vida moderna, desenhando nos bulevares e cafés de Paris, apesar dos críticos não o pouparem, dizendo que Manet  só era capaz de pintar o que estivesse em sua frente, sendo incapaz de usar a imaginação. 

Manet é visto como um dos fundadores da arte Moderna e foi muito significativo  o título oficial da primeira exposição pós-expressionista, organizada por Roger Fry, em 1910: 'Manet e os Pós-Impressionistas'.

Nos seus últimos anos, ampliou o campo dos seus temas, elaborando retratos e naturezas mortas.

Manet começou a sofrer de ataxia locomotora, com dores insuportáveis, após uma perna amputada devido à complicações da sífilis. As honrarias  que tanto desejava, vieram tarde demais. Fora do tempo para serem apreciadas. 
Morreu em 1883.






fontes consultadas:
Os Mestres da Arte / As origens da pintura contemporânea - Porto Ed.
O Mundo da arte- Arte Moderna / Enciclopédia Britânica do Brasil Publicações LTDA.



3.4.17

FAUVISMO – EXPLOSÃO DA COR


Matisse

      O FAUVISMO não é tudo, comentou Matisse, é apenas o começo de tudo. Em termos de permanência, o Fovismo foi apenas um pontinho na tela do mundo da arte: durou de 1904 a 1908. Contudo sendo o primeiro Movimento importante de Vanguarda no século XX, explodiu a era moderna.
     A exposição de 1905, que inaugurou o Fovismo em Paris, foi um desses momentos cruciais na história, que mudou para sempre nossa maneira de ver a arte.
     Antes o céu era azul e a grama verde. Mas nas telas dos fovistas Matisse, Vlaminck, Derain, Dufy, Braque e Rouault o céu era amarelo-mostarda, as árvores vermelho-tomate, os rostos verde-ervilha. Foi como se um bando de gremlins pegasse o controle de cor da televisão e todos os matizes enlouquecessem.
     A reação do público foi hostil. O grupo ganhou esse nome de um crítico, que os chamou de feras (fauves). Outros qualificaram o estilo de loucura rematada, universo de feiura, tentativas brutas e primitivas de crianças brincando com tintas. Um visitante da exposição relata que os expectadores tinham acessos de riso, correndo histericamente de galeria em galeria.
     O que levou os críticos a considerarem os fovistas todos um pouco loucos foi o uso das cores sem referência à aparência real. Longe de loucos, porém eles experimentavam, com maior seriedade, novas maneiras de expressar suas emoções diante de uma cena (geralmente paisagens ou marinhas, cenas externas).
     Outra influência que pesou na recusa dos fovistas em imitar a natureza foi a descoberta da arte tribal - não europeia - na formação da arte moderna.. A arte dos mares do sul, popularizada por Gauguin, e o artesanato das Américas do Sul e Central contribuíram para afastá-los das tradições renascentistas e conduzi-los a vias mais livres, mais individuais de comunicação de emoções.
     Os fovistas se embriagavam de cores vibrantes, exageradas. Depois de levarem as cores escaldantes ao extremo, os fovistas passaram a se interessar cada vez mais na ênfase, dada por Cézanne à infraestrutura, o que deu origem à revolução seguinte: o Cubismo.
     Em 1908 a queda era inevitável. Braque explicou assim o declínio: Não se pode ficar para sempre num estado de paroxismo. Juntamente com Picasso, (Cubismo) Braque fez seus melhores trabalhos.

FAUVISMO
Local: França
Período 1904 – 1908
Mestres:
Matisse - Derain Vlaminck Dufy Rouault Braque
Marcas:
Cores intensas, fortes, explosivas
Formas e perspectivas distorcidas
Pinceladas vigorosas
Motivos chapados, lineares
Tela nua como parte do desenho
 
 Derain
  
Vlaminck

Dufy


20.3.17

JAMES ENSOR




- Tais Luso de Carvalho

James Ensor, pintor e gravador belga nasceu em Ostende / Bélgica - em 1860. Foi um dos artistas mais originais de sua época e uma das influências formativas do Expressionismo – movimento que implica a transformação ou distorção artística da aparência das coisas, a fim de explorá-las como veículo para um conteúdo emotivo.

Seus quadros bizarros, povoados de pessoas mascaradas e coloridos, retratavam um mundo burlesco e alienado. As máscaras e os personagens fundem-se numa dúvida: eram as máscaras que se transformavam em rostos ou os rostos humanos que se transformavam em máscaras? E com isso, repetia o mesmo tema: da existência humana, da morte, e de temas religiosos. Mostrava um certo desassossego, um desespero. Sua pintura, que retratava um mundo com muito humor e ironia aproximava-se de Bosch e Bruegel.

Entre 1873 - 75, Ensor frequentou o liceu Notre Dame de Ostende. Teve aulas de desenho com dois artistas: Edouard Dubar e Michel Van Cuyck.

Com suas obras fantásticas e também macabras exerceu uma influência considerável sobre a futura arte expressionista e surrealista. Mas sua obra, no entanto, desafia qualquer classificação.

O mundo das máscaras originou-se da loja de seus pais, sendo um dos primeiros artistas a apreciar as máscaras africanas. Utilizava cores ardentes para representar cortejos fantasmagóricos, multidões sem características individuais, percorrendo paisagens indefinidas como se fossem sonâmbulos.

Suas obras foram rejeitadas pelo Salão de Bruxelas de 1883. Com isso, Ensor juntou-se ao grupo progressista Les Vingt – um grupo de vinte pintores e escultores que expuseram juntos de 1884 a 1893. Entraram obras não só dos pintores belgas como Ensor, Jan Toorop, Henry van de Velde, mas também de Cezanne, Van Gogh e Seurat. Esse grupo teve papel importante, na Bélgica, nos movimentos Simbolista e na Art Noveau.

A obra mais expressiva de Ensor talvez tenha sido Entrada de Cristo em Bruxelas-1888. Provocou tantas críticas entre seus companheiros do grupo que não havia mais condições de permanecer entre eles. Após esse episódio, o pintor tornou-se recluso, e passou a ter aversão à convivência com as pessoas.

Em 1893, Ensor fez sua última exposição com o grupo, mas sentindo-se cada vez mais isolado, põe o seu estúdio á venda por 8500 francosmas nenhum comprador se mostrou  interessado.

Em 1900, voltou a repetir seus temas favoritos. Em 1929 foi condecorado pelo rei Alberto I, o título de barão, e sua obra polêmica A Entrada de Cristo em Bruxelas, foi exposta pela primeira vez ao público.
Faleceu em 1949. 

         The bourgeois solon - 1881                        The Oyster eater - 1882
Cozinheiros Perigosos
Os Telhados de Ostende - 1901
Máscaras assistindo uma tartaruga - 1894
O esqueleto do pintor em seu estúdio
Convívio pesadelo e carnaval


Livro:
de Ulrike Becks-Malorny

2.1.17

VÍDEOS DE ARTE SACRA -

Museu do Rio de Janeiro
(abaixo)



Museu de Arte Sacra de São Paulo - Ourivesaria
 (abaixo)


Esse vídeo mostra o rico acervo  do Museu de Arte Sacra de São Paulo, onde pretende que o espectador releia os simbolismos da vida cristã contidos em cada um desses objetos, os quais carregam em si atribuições sagradas e a verdadeira história de riquezas da São Paulo colonial.

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