25.8.11

CUBISMO l

Les Demoiselles d'Avignon - Picasso - 1907

- Tais Luso de Carvalho

O movimento artístico apontado como um dos grandes momentos da mutação da arte ocidental foi criado por Picasso e Braque. Não é possível se dizer com exatidão a data em que nasceu um movimento, uma vez que é um processo de transformação, de saturação do anterior, o olhar para o novo, para novas e excitantes descobertas.

Foi um movimento em que os objetos já não eram reproduzidos em função da impressão óptica, mas fragmentados em formas geométricas. Distinguem-se entre cubismo analítico (até 1911) e o cubismo sintético (de 1912 até meados de 1920).

O impressionismo já estava agonizando e o Cubismo veio à tona com Picasso e Braque. Porém vários artistas vieram colaborando para que isso, um dia, se concretizasse. E pode-se dizer que com o cubismo deu-se o verdadeiro início da arte contemporânea.


No Cubismo Analítico os artistas trabalhavam com poucas cores, preto, cinza e tons de marrom e ocre. O mais importante era desenvolverem um tema e apresentarem de todos os lados simultaneamente, e de tão fragmentada a obra, era impossível o reconhecimento das figuras expostas.


Para recompor a excessiva fragmentação dos objetos, os cubistas passaram ao Cubismo Sintético, onde passaram a resgatar a imagem das figuras. Porém isso não significou um retorno realista da obra.


Outra etapa do cubismo foi a colagem, introduzindo na pintura, letras, pedaços de madeira, jornais, vidros e metal, fragmentos reais. 

O principal período de formação do movimento deu-se entre 1907 e 1914, mas alguns dos métodos e das descobertas dos cubistas foram integrados posteriormente a partir do repertório de muitas escolas artísticas do século XX. Foi adotado, depois, por Léger, La Fresnaye, Delaunay, Metzinger, Gleizes e Kupka.

O cubismo rompeu radicalmente com a idéia de arte como imitação da natureza, prevalecendo na pintura e na escultura européias desde a Renascença. Picasso e Braque abandonaram as noções tradicionais de perspectiva, escorço e modelagem tentando representar solidez e volume numa superfície bidimensional, sem converter pela ilusão a tela plana num espaço pictórico tridimensional. 

Na medida em que representavam objetos reais, procuravam figurá-los como eram conhecidos e não segundo a aparência que tomavam num determinado momento e lugar. Assim múltiplos aspectos do objeto eram figurados simultaneamente; as formas visíveis eram analisadas e transformadas em planos geométricos que eram recompostos segundo vários pontos de vista simultâneos. Neste sentido o cubismo era e dizia ser realista, mas tratava-se de um realismo conceitual, e não óptico ou impressionista. 

O movimento era resultado da visão intelectualizada, mais do que da visão espontânea. O Cubismo nasceu com o quadro Les Demoiselles d'Avignon, pintura de Picasso (1907), MOMA, de Nova York, com suas formas angulosas e fragmentadas. Cézanne tinha sido a última ligação ao estilo impressionista e a admiração que Picasso nutria pelo pintor era óbvia. A arte do séc XX, para o qual os impressionistas prepararam o caminho, seguiu vias diferentes. 

O cubismo além de ter sido uma das fontes principais da arte abstrata, era infinitamente adaptável, e gerou outros movimentos, como o futurismo, o orfismo, o purismo e o vorticismo. 

Em seu interesse pela representação de idéias, mais do que da realidade observada, constituiu-se numa das fundações da atitude estética do século XX.

Fernand Léger / vaso azul
cubismo sintético 1918
Mulher jovem / cubismo analítico

Mulher com Violão - G.Braque / 1913
Picasso - L Amitie
Juan Gris - Homem no café / 1914


Picasso / auto-retrato
Natureza Morta / G.Braque
Picasso / Factory in horta de Ebbo