23.10.09

O ESPANHOL GOYA



O espanhol Francisco José de Goya y Lucientes nasceu em Fuendetodos, no ano de 1746. Pintor e artista gráfico, é considerado por muitos como o artista europeu mais original de sua época. Porém só aos 30 anos começou a sobressair-se de outros artistas, seus contemporâneos.

Seus temas vão de cenas campestres a incidentes realistas da vida cotidiana, com um espírito alegre e romântico. Sua vida, no entanto, tomou um rumo dramático. O artista tinha profundo conhecimento das manifestações, emoções, idéias de justiça, assim como a crueldade e a injustiça. Suas obras falam de paixões e agressões desatinadas num mundo de extrema ironia.


Na obra ‘Os Fuzilamentos na Montanha do Príncipe Pio’ - 1814, seis anos após o episódio de 3 de maio de 1808, perguntaram a Goya, o porquê de uma obra de tamanha crueldade: ‘ para ter o gosto de dizer eternamente aos homens que não sejam bárbaros’. Juntamente com Guernica, de Picasso, essa tela ‘Dois de Maio de 1808’ ficoomo uma das maiores retratações de horror. Os conflitos com a guerra o atormentaram tanto que Goya chegou a ser considerado louco.

Nesse período a cor é aplicada de uma forma mais discreta, dando mais luminosidade ao personagem com os braços abertos. São retratadas, nessa obra, as expressões humanas, a impotência, o poder irracional, a barbárie, o desespero.


Deixou-nos, também, uma produção de temas religiosos no qual cooperou para seu prestígio. Eleito para a Academia de São Fernando (1780), veio a tornar-se diretor-assistente 5 anos mais tarde. Em 1789 foi nomeado pintor da corte do novo rei Carlos IV (1748-1819).

O mais importante para o desenvolvimento de seu trabalho se deu por uma doença misteriosa que o atingiu, deixando-o surdo. Mesmo assim, na sua convalescença, Goya pintou uma série de pequenos trabalhos ‘fantasias e invenção’, mostrando todo um sofrimento, dando início o seu interesse pelo mórbido, pelo bizarro e pelo ameaçador aparecendo na série de gravuras ‘Los Caprichos’ em 1799.


Entre 1793 e 1798 trabalhou em 82 pranchas em água-forte cujo senso de humor perde-se em pesadelo. Sofre a influência de Rembrandt, revelando costumes sociais e abusos por parte da Igreja. Em 1975 sucede Bayeu como diretor da Academia de São Francisco; em 1799 foi nomeado primeiro pintor da Corte, trabalhando em seu mais importante retrato de grupo, a família de Carlos IV, revelando toda a fraqueza da família Imperial, ainda que sem interesse de satirizá-la.

O par de obras Maja Vestida e Maja Nua, levaram Goya aos tribunais da Inquisição. Segundo algumas lendas as pinturas representam a duquesa de Alba, a viúva, cujo relacionamento com Goya causou escândalo em Madri.


Durante a ocupação francesa da Espanha (1808- 1814) sua atividade como pintor da Corte decresceu; ficou entre sua natureza liberal, dando boas-vindas ao novo regime e sua indignação como patriota pelo domínio estrangeiro do país. Após a restauração de Fernando VII ao trono (1814) Goya foi absolvido da acusação de ter ‘aceitado emprego do usurpador’. Pintou, então, as famosas cenas da sangrenta revolta dos cidadãos de Madri contra as forças ocupantes, ‘O Segundo de Maio’ e o ‘Terceiro de Maio’ – 1808.


Mais violentes são as 65 águas-fortes ‘Los Desastres de la Guerra’ – 1810/1814.
Após 1814 Goya passou a trabalhar para si e para os amigos. Em finais de 1819 veio a adoecer novamente pintando seu auto-retrato junto ao médico que o tratou.

A série de 14 ‘Pinturas Negras’, hoje no Prado, foram pintadas em preto, branco e marrom, mostram cenas de pesadelo, como ‘Saturno devorando um de seus filhos’.



Em 1824 Goya tem permissão para deixar o país devido a seus problemas de saúde e vai para Bordéus. Após 1826 renunciou ao cargo de pintor da Corte e passa a trabalhar com litogravura – na série Touros de Bordéus. Em seguida concluiu cerca de 500 obras a óleo, murais, 300 águas-fortes e várias centenas de desenhos.

Sua obra é universal na forma e no conteúdo. Desprezando os detalhes, sempre exaltou seu povo e teceu uma crítica implacável, na época não percebida, contra a nobreza global que governava a Europa. Faleceu em Bordéus em 1828.