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29.8.12

PETER PAUL RUBENS



Peter Paul Rubens, filho de pais flamengos (região belga). Nasceu em Siegen, na Alemanha em 1577. Seu pai era advogado protestante de Antuérpia, que fugira para a Alemanha para escapar à perseguição religiosa.

Após a morte do pai, em 1587, voltou à Antuérpia acompanhado da mãe. Na Alemanha foi batizado Calvinista, mas tornou-se católico. Durante as décadas 1620 e 1630 tinha como patrono personalidades das mais influentes da Europa, dentre eles os reis Carlos I, Felipe IV, Maria de Médice, os Mantuas, as igrejas os quais encomendavam uma grande variedade de obras.

Seu atelier em Antuérpia era bastante movimentado, repleto de assistentes e aprendizes. Entre seus alunos estavam Van Dyck, Jan Brughel e outros gênios. Produzia centenas de composições com desenhos previamente preparados por ele e que retornava, depois às suas mãos para a arte final. Rubens tornou-se um artista independente aos 22 anos. Anos depois, pode já comprar uma luxuosa casa, com jardim, no centro de Antuérpia.

Recebeu muitas encomendas prestigiosas, entre elas o Levantamento da Cruz /1610, A Deposição da Cruz / 1611, A Casa de Banquete de Inigo Jones. Foi bastante influenciado por Ticiano do qual quando foi à Madri, pode copiar algumas de suas obras. Familiarizou-se e teve influência de Veronese, Rafael, Leonardo da Vinci e Tintoretto. Seus trabalhos sempre expressavam vivacidade, movimento, delicadeza e elegância, e com isso e outras particularidades, alcançou fama mundial.

Sua segunda esposa, Hélène Fourment, de 16 anos, aparece em várias de suas obras. Rubens ficou amigo de Caravaggio e logo ingressou nas altas-rodas. Famoso e rico, no fim da vida sua pintura acalmou-se, num estilo de quietude intimista, querendo agarrar a natureza. As composições deixaram de ser assimétricas, com menos movimento e mais sentimento. A calmaria das paisagens substituiu a variedade de cores do antigo barroco. Diminuiu a intensidade da mistura do sacro com o profano, trocando um pouco  a intensidade cromática pelos detalhes humanos.
Faleceu em 1640, em Antuérpia aos 63 anos.

O MASSACRE DOS INOCENTES (obra acima)

Abandonado por quase um século num cômodo escuro de um mosteiro austríaco, a obra O Massacre dos Inocentes, foi catalogado no século 18 como autoria do artista flamengo Jan van den Hoecke – seguidor de Rubens. Em 2001, no entanto, descobriu-se que a obra é de um dos maiores nomes da arte flamenga de todos os tempos: Peter Paul Rubens. Pintado por volta de 1611 o quadro é um dos que o artista fez sobre o massacre de todos os meninos recém-nascidos, da Judéia, ordenado pelo rei Herodes para evitar a vinda do Messias, ou seja, de Jesus. A solidez dos corpos dos soldados, a harmonia de uma composição exuberante e complexa, a vivacidade das cores, a expressividade das variadas emoções perante o horror do infanticídio, com soldados arrancando bebês dos braços de suas mães, são alguns dos pontos altos da obra. O quadro revela nítida influência dos grandes mestres italianos: a cor do veneziano Ticiano, as formidáveis figuras humanas de Michelangelo e do claro-escuro de Caravaggio. (National Gallery / Londres)





ALGUMAS OBRAS:

A adoração dos reis magos – 1609 (Museu do Prado)
  A adoração dos reis magos – 1624 ( Museu Koninklijk, Bélgica)
Prometeu acorrentado – 1611 (Museu de Arte da Filadélfia)
A deposição da cruz – 1614 (Catedral de Antuérpia, Bélgica)
Retrato de Suzanne Fourment - 1625 (National Gallery, London)
          O casaco de peles – 1638 ( Museu Koninklijk, Bélgica)
Samson and Delilah - 1610  (National Gallery, London)
 Os silenos bêbados - 1617 (Pinacoteca de Munique)
O sentido da visão – 1617 (Museu do Prado)
Suzanna and the Elders - 1608
Assumption of the Virgin Mary - 1626
The Rainbow landcape - 1636
Romulus and Remus 1616
Caça aos leões – 1616
The Three Graces - 1635 



Referências:  
 Grandes Artistas ed. Sextante 
 Grandes Pintores - Derengoski
 Bravo 100 Obras Essenciais


17.7.12

RUBENS GERCHMAN

O Beijo


- Tais Luso de Carvalho

Nasceu no Rio de janeiro em 1942 onde iniciou sua formação artística em 1957 no Liceu de Artes e Ofícios onde estudou desenho. Posteriormente entrou para a Escola de Belas Artes onde realizou suas primeiras exposições em 1960 e em 1961. Seus trabalhos, inicialmente, eram a xilogravura e serigrafia  que exploravam a vida cotidiana das grandes cidades, como futebol, concursos de beleza, política onde abordava, também, os dramas humanos documentando a realidade social. E com essas abordagens alcançava enorme sucesso nacional e internacional onde obteve o prêmio  Figuração Narrativa na Arte contemporânea de Paris, em 1965.

Em 1966 abandonou a serigrafia e xilogravura e parte para outros materiais como madeira, alumínio... e começou a planejar grandes construções para espaços abertos: as cartilhas superlativas onde deveriam ser postas em lugares predeterminados, como um enorme 'AR', de aço inoxidável que deveria ser colocado no alto de um edifício, contrapondo-se às antenas de televisão das montanhas da Guanabara.

Empenhado em manter uma comunicação cada vez maior com suas obras, Gerchman foi um artista que viu na palavra escrita o recurso para expressar melhor sua mensagem estética. Valeu-se de frases que completavam o significado das representações e quando a imagem não conseguia mais transmitir suas ideias, ele usava unicamente as palavras em criações monumentais destinadas à apreensão fácil e imediata por parte do público.

Contemplado com o prêmio adquirido no 16º Salão de Arte Moderna, em 1966, ganhou uma viajem ao exterior onde resolveu residir em Nova Iorque entre 1968 a 1972. Em 1978, viajou para os Estados Unidos com bolsa da Fundação John Simon Guggenheim.

Influenciado  pela Pop Art, Arte concreta e neoconcreta, tornou-se um dos principais representantes da Vanguarda carioca. Morreu aos 66 anos, em 2008, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, vítima de um tipo raro de câncer.

"Os problemas de linguagem pictórica são a preocupação de uma minoria, mas a guerra, o sexo, a moral, a fome, a liberdade são problemas de todos os seres humanos". (de Ferreira Gullar, seu amigo).

O Carro
Não há vagas / 1965

As Panteras / 1990
Viva a Vida


Lindonéia / 1996
Poesia Visual

- Enciclopédia Virtual Itaú
- Arte nos Séculos / abril cultural


9.12.24

ANTONIO DIAS - OBRA

 Os restos do herói, 1966 / Antônio Dias




 
                  - Tais Luso de Carvalho



           Antônio Dias nasceu em Campina Grande, Paraíba/Brasil - em 1944. É um dos criadores essenciais da arte brasileira. Ao longo de 40 anos de carreira, sua postura aberta para novas correntes, nacionais ou internacionais, contribuiu para  a construção de uma obra vasta e diversa. Em 1962, quando começou precocemente a produzir, Antônio já morava no Rio de Janeiro. Pinturas em relevo, pontuadas por signos da arte indígena, marcaram sua fase inicial. Depois sua aproximação com o construtivismo e a arte pop revelou-se em criações estruturadas como histórias em quadrinhos ou em jogos de cartas.  

No início de sua carreira Antônio tentou entrosar-se com a turma da Escola de Belas-Artes, onde a maior parte dos alunos admirava o expressionismo, até chegou a fazer desenhos figurativos, mas não conseguia ficar satisfeito. Procurou uma saída usando um emaranhado de linhas fortes que ocupava toda uma placa de madeira, algo como um núcleo com muitas ramificações.


Em sua juventude, ele e alguns amigos uniam-se em torno do idealismo de lutar por um país sem ditadores e por uma renovação de linguagem visual, que parecia menos interessada em estética e mais voltada para a incorporação de sistemas de comunicação de massa. O objetivo básico, conta Antônio, era, naquele momento nacional, ter voz e abrir  espaço em galerias, salões, museus, onde fosse possível. Tudo que conseguiram fazer, no sentido coletivo, foi através de muita discussão. Era uma frente de luta em diversos sentidos, mas cada um preservando suas diferenças.


Antes de sua partida para a Europa seu trabalho era frequentemente vinculado ao de Rubens Gerchman, Roberto Magalhães, Carlos Vergara e Pedro Escosteguy.


Aos 21 anos uma bolsa de estudos obtida como prêmio da Bienal de Paris permitiu-lhe viver na capital francesa. Sua propensão nômade reforçou-se na Itália para onde transferiu-se posteriormente. 


Experimentou uma diversidade de técnicas e suportes para sustentar uma obra muitas vezes impregnada por questões sociais, mas sempre livre de categorizações.
Atualmente reside e trabalha na Europa.

Em 1958, foi estudar no Rio de Janeiro onde recebeu orientação de Osvaldo Goeldi, ao frequentar o Atelier Livre de Gravura ( Escola Nacional de Belas Artes). Em 1962 realizou sua primeira exposição individual no Brasil, na Galeria Sobradinho, Rio de Janeiro.  Em 1965 na Galeria Florence Houston-Brown, Paris. Nesse mesmo ano participou da Bienal de Paris onde recebeu seu primeiro prêmio Internacional e uma bolsa do governo francês, passando a morar em Paris. A partir de então residiu em diversas cidades até fixar-se, em 1989, em Colônia, Alemanha.


Com notável currículo Antônio Dias foi o primeiro artista brasileiro a participar ativamente de amostras e eventos artísticos nas mais importantes instituições internacionais.

Sua obra dos primeiros anos apresentou forte questionamento político, social, censura, violência, sexualidade e morte. A partir de 1965 ao estreitar o contato com a produção Europeia, adotou progressivamente, postura conceitual e mais reflexiva, buscando uma economia de meios, discutindo o suporte, questionando os mecanismos internos e o circuito da arte.

Seu trabalho mostra algumas pitadas de ironia. Antônio anotava tudo em seus cadernos: sonhos pensamentos, citações, analogias, cópias de discursos sobre filologia, filosofia, diagramas, desenhos, qualquer coisa. Eram coisas organizadas com o espírito livre sobre a vida, o trabalho, o lugar do trabalho etc. As anotações, segundo Antônio, não tinham linearidade, mas eram fundamentais para a sua produção dos anos 60-70. 

(...) Para Antônio Dias, a arte é prática social, abrangendo sua produção e circulação como mercadoria, e a crítica social do processo de institucionalização, como na série 'The Illustration of Art' (1971-78). O inconformismo político encontra seu diagrama na reavaliação crítica do sentido da própria forma, portanto da linguagem enquanto campo social. São signos da resistência e de uma produção que recusa os parâmetros idealistas da mera 'arte engajada'. (Paulo Herkenhoff)





'Hoje, trabalho de vez em quando. Não me interessa o ato de pintar em si. Pintar me chateia. Só pinto por necessidade de dizer. Considero a pintura uma profissão. Mas se quiserem afirmar a pintura como um trabalho diário, então não sou profissional.'
fonte: Antônio Dias / palavra do artista - sec. cultura do Rio de Janeiro

O Sans Titre / 1964


Any where Is My Land, 1968

Morte imprevista / 1965

Asas do Povo / 1988

Fornalha / 2006

Campo e anima - 1989

Autonomias / 2000


Folhas te cobre e ouro sobre tela - 1988


Arte Pública/ 1967
Focalizando, em seus ateliês, os artistas plásticos Abrahan Palatnik, Antônio Dias, Carlos Vergara, Glauco Rodrigues, Helio Oiticica, Ligia Pape, Lygia Clark, Pedro Escosteguy, Rubens Gerchman, Tomoshige Kusuno, Wesley Duke Lee, e a 9ª Bienal de São Paulo.





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24.9.20

BEATRIZ MILHAZES E SUA OBRA CONTEMPORÂNEA

Sinfonia Nordestina - 2008


       - Tais Luso de Carvalho


Beatriz Milhazes, nasceu no Rio de Janeiro em 1960. É pintora, gravadora e ilustradora e professora. Iniciou-se em artes plásticas em 1980, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), fundada por Rubens Gerchman, em 1975. A Escola é referência nacional no ensino das artes, localizada em um parque nacional de mata Atlântica, numa casa de estilo eclético construída em 1920. Este espaço pertence à Secretaria de Estado de Cultura.
No período de 1984, no Parque Lage, aos 24 anos, participou do movimento Como vai você, Geração 80? - onde mais de 100 artistas questionaram a ditadura militar, e como um desabafo expressaram-se de diversas maneiras. Lá, Beatriz lecionou após ser aluna.
A cor tornou-se um elemento da maior importância na obra de Beatriz Milhazes, acompanhada de círculos – onde é a ideia central de suas obras, por onde tudo começa, interagindo com geométricos, quadrados, flores, arabescos e listras, onde a composição torna-se alegre e bela.
Vê-se em suas obras um comprometimento com a arte popular brasileira, a arte aplicada; também com o construtivismo, um movimento do início do séc. XX que baseava-se na ideia de que a arte deveria ser construída com elementos geométricos e materiais modernos, em vez de imitações.
Suas obras se impõem em qualquer ambiente, por serem muito coloridas, muitos cortes, muitos preenchimentos, muitos acontecimentos que ocorrem na trajetória de seu trabalho. É uma mistura de fauna e flora, de carnaval, de modernismo, de ornamentos, de arquitetura barroca a objetos de art-déco, lembrando intensamente os trópicos. Tudo se encontra alegremente misturados em suas colagens e conta, a artista, que sua inspiração veio muito de Mondrian, Matisse, Tarsila do Amaral e Burle Marx.
Num trabalho minucioso, Beatriz Milhazes trabalha no máximo dez obras por ano, onde a lista de espera por suas obras é grande.
Ao longo dos anos participou de Bienais em São Paulo e Veneza. Seu currículo apresenta obras nos acervos dos museus Moma, Guggrnheim e Metropolitan em Nova York; também na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) e na Fondation Cartier (Paris), Century Museum of Contemporary Art (Kanazawa, Japão), além de dezenas de coletivas desde 1983 nos Estados Unidos e em diversos países da América do Sul e Europa, como tantas outras exposições individuais em vários países.
Sua obra O Mágico, pintada em 2001, foi vendida em um leilão da Sotheby’s, em Nova York (2009), por cerca de R$ 1,6 milhão; sua tela O Moderno foi comprada em Londres por R$ 1,8 milhão pela Phillips de Pury & Company. E, em 2012, a obra Meu Limão foi vendida por 2 milhões de dólares na Galeria Sotheby's.


- clique nas fotos para aumentar -
Meu Limão
Serpentina - 2003
Surface and Surface
O Mágico
Painéis no metrô de Londres - 2005
Janelas da Pinacoteca São Paulo  2008 - obra de Beatriz Milhazes
Escola Parque Lage - Rio de Janeiro

Veja mais obras no vídeo  e a Exposição em Fortaleza até 24 de Maio de 2015



21.5.19

MICHELANGELO MERESI DA CARAVAGGIO


A cabeça de  Medusa / 1597  (Galeria Uffizi  - Florença)



    - por Tais Luso 

Michelangelo Merisi da Caravaggio nasceu em 1571, Caravaggio, Itália. Não era propriamente genial como pessoa; era um jovem de temperamento violento, arruaceiro, mente instável, de muitas bebedeiras, dívidas, amigos duvidosos, várias prisões, uma acusação de assassinato no jogo da péla. Era um frequentador do submundo.

Caravaggio foi o mais original e influente pintor italiano do século XVII. Recrutava seus modelos nas ruas e os pintava à noite, entre luzes e sombras. Eram telas com fortes contrastes, jovens com caras viciadas, bêbados, gente de toda a espécie se entrelaçando em suas telas.

Caravaggio era filho de um arquiteto, que morreu ainda quando o pintor era criança. Sua mãe morreu quando ele era ainda jovem. No início de sua carreira, ao viajar para Roma, Veneza, Roma, Cremona e Milão Caravaggio já era um órfão individado.

Seus primeiros trabalhos foram marcados por retratos inigmáticos. Seu autoretrato como Baco (1593/1594), também exibe um extraordinário talento para natureza morta.


Ressurreição de Lázaro (restaurada)

Pequeno Baco doente

Com muitos trabalhos em Roma, Caravaggio levou para as telas a vulgaridade humana, exibida nas suas figuras de vestes surradas e sujas e nos seus rostos maltratados.

Em seu quadro, A Morte da Virgem Maria pintou imagens sem gloria e sem o esperado explendor causando enorme desconforto e rejeição da igreja. Seria uma encomenda destinada a Igreja de Santa Maria de La Scalla. Cogitou-se que a modelo requisitada para a obra teria sido uma cortesã de vestido vermelho e que, pelo seu ventre inchado, já estaria morta.

Durante muito tempo foi considerado indigno para participar de exposições, igrejas e salões da nobreza. Era chamado pelos seus contemporâneos de anticristo da pintura, de artista pé sujo. Requisitava as prostitutas e mendigos para seus modelos de santos; os apóstolos em trajes velhos e sujos, ou ainda representar os momentos da história cristã como fato simples do cotidiano foram alguns dos pecados de Caravaggio. Assim mesmo sua obra foi tocada pela anormalidade do gênio, criativa e desesperada.

Caravaggio ainda trabalhou nas obras  O Sepultamento, A Virgem de Loreto, A Virgem dos Palafreneiros e A Morte da Virgem. As duas últimas recusadas, por incorreção teológica.

Ao romper com as representações sacras, deixa o caráter celestial, de personagens sagrados e volta a retratar o cotidiano mundano, com fundos escuros, valendo-se de sua técnica claro-escuro na qual foi mestre.

Duas fases se distinguem em sua carreira: um primeiro período experimental  1592 / 1599 e um período de maturidade (1599 / 1606). Suas primeiras obras foram pequenas figurações de temas não dramáticos, como naturezas-mortas, figuras de meio corpo como O rapaz com uma cesta de frutas, Florença, O jovem Baco. Mais tarde suas figuras tornaram-se mais articuladas, com cores mais ricas, com sombras acentuadas, como na Ceia de Emaús.

O segundo período, o da maturidade, Caravaggio iniciou com uma encomenda para a Capela de Contarelli. Na obra São Mateus e o Anjo, desenvolveu  uma ação dramática, com maestria no uso das tintas que com muito esforço foram conseguidas - vista num estudo através de raios-X. Porém, foi rejeitada por ser considerada indecorosa, mas comprada mais tarde pelo Marquês Vincenzo Giustiniani, um dos mais importantes mecenas de Roma, que também pagou pelo retábulo substituto.

No período em que fugiu de Roma - em 1606 -, passando os 4 últimos anos de sua vida perambulando de Nápoles para Malta e Sicília, continuou a pintar obras religiosas, mas com um novo estilo, buscando apenas o essencial: poucas cores, tinta aplicada em finas camadas e o drama das obras anteriores, substituídas por um silêncio contemplativo.

Sua atividade não foi longa, mas foi intensa. Caravaggio apareceu numa época em que o realismo não estava tão em moda, em que as figuras eram retratadas de acordo com as convenções e os costumes, mais romantismo e graciosidade do que as exigências da verdade, fazendo com que o belo perdesse seu valor.

O interesse por Caravaggio declinou no séc XVIII, mas voltou à baila na metade do séc XIX onde todos viam em sua pintura uma rejeição à beleza e a busca pelo horror, à feiura e ao pecado.

Teve uma morte prematura aos 39 anos e morreu tão miseravelmente quanto viveu, colocado numa cama, sem ajuda , sem amigos. Morreu de malária, em 1610, em Porto Ercóle, Itália.


CARAVAGGISTI

Era a denominação dada a pintores do início do séc XVII que imitaram o estilo de Caravaggio. O uso do claro e escuro para conseguirem mais dramaticidade e realismo. Estes exerceram muita influência em Roma no princípio do séc XVII. O Caravaggisti foi um fenômeno de grande importância, o mundo talvez não tivesse um Rembrandt, um Delacroix, um Manet, Rubens ou Velazquez se não fosse a influência de Caravaggio.

OBRAS PRIMAS:

Baco / Jovem com um Cesto de Frutas / Menino mordido por um Lagarto / Repouso na fuga para o Egito / A cabeça da Medusa / A Morte da Virgem / A Ceia de Emaús / O martírio de São Mateus / O Sepultamento / A Decapitação de São João Batista / A Ressurreição de Lázaro.

Ceia em Emaús        - clique foto -
Cesta de Frutas

Crucificação de São Pedro
O enterro de Cristo
A morte da Virgem
Baco / 1593 - 94
Os trapaceiros / 1594

São Francisco
Fontes:
Grandes Artistas - ed. Sextante
D.Oxford de Arte
501 Grandes Artistas 


13.9.15

JOAN MIRÓ EM FLORIANÓPOLIS - SC




Finalmente, deixando São Paulo, a mostra do catalão Joan Miró chega, agora, em Florianópolis, no Museu de Arte de Santa Catarina. 

A exposição A Força da Matéria, com suas 112 obras, entre pinturas, esculturas, desenhos e gravuras, permanecerá até 15 de novembro de 2015.

O belo Museu de Santa Catarina está representado entre outros artistas por obras de Eduardo Dias, Malinverni Filho, Martinho de Haro, Eli Heil, Elke Hering, Rubens Oestroem, Henrique Schwanke, Juarez Machado, Rodrigo de Haro.

Na coleção Nacional o Museu conta com Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Djanira, Alfred Volpi, Tarsila do Amaral, Guignard, José Pancetti, Carlos Scliar, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Aldo Bonadei, Mario Zanini, Lula Cardoso Ayres, Frans Krajcberg, Antonio Maia, Marcelo Grassmann, Fayga Ostrower, Antonio Henrique Amaral, Livio Abramo. 

- Joan Miró 1893/1983.-

Veja matéria de Joan Miró, como também sua passada por São Paulo:









12.12.23

A MULHER ATRAVÉS DA PINTURA




     - Tais Luso de Carvalho


ATRAVÉS DOS TEMPOS...  

Há milhares de anos o homem faz arte olhando o mundo ao seu redor: paisagem, animais, outros homens. E tira para si algo que tenha significado ou possa transmitir uma ideia ou sentimento. Um livro de arte é como um livro do tempo, pois nos mostra o mundo, o homem através de muitos milheiros.

O homem das cavernas não pintava paisagens, e na arte egípcia e romana elas pouco apareciam. Só no renascimento as paisagens surgem na pintura. Temas e interesses, formas e conteúdos vão se modificando ao longo do tempo, assim como o próprio homem.

Em arte tudo é transformação, porém um tema, o único que sempre esteve presente, desde o período pré-histórico, é a mulher – presente e sempre passando por transformações.

Vênus de Willendorf - Escultura de pedra.

A primeira mulher foi esculpida por um caçador primitivo no período pré-histórico / paleolítico superior há 40.000 anos. Atualmente se encontra no Museu de História Natural de Viena. Tem 11 cm de altura e foi esculpida em calcário Oolítico. Foi encontrada em 1908 na Áustria.



Deusa das Serpentes / Creta 1800 a.C.

Com o passar dos séculos surge a mulher de vestido longo e seios à mostra, a figura esguia da Vênus pré-histórica – Deusa da Serpente. Como é uma deusa, embora tenha corpo humano, é distante e severa na postura e no olhar. Mede 29.5 cm de altura e encontra-se no Museu Arqueológico de Heraclião / Grécia.



Retrato da Esposa / 1350 a.C - Fig Egípcia

As figuras egípcias são de uma elegância aristocrática. Essa mulher é leve, magra e com roupa. O olho de frente e o rosto de perfil; o corpo de frente, as pernas e braços de lado. Durante séculos o Egito representou dessa maneira as figuras humanas por força de uma tradição ligada a valores religiosos. Durante muito tempo a arte do Egito foi esquecida da Europa. A partir do século XIX é que a arte dos egípcios foi descoberta, passou a inspirar os artistas e ser admirada.



Vênus de Milo / séc II a.C. - Grecia

A Grécia nos deixou um mundo povoado por mulheres ideais e homens perfeitos. Na exaltação de Afrodite, a Deusa do amor e da beleza, o artista buscou a harmonia formal: graça na postura, suavidade nos contornos, proporção nas formas: livre, solta e bela. Por isso encantou gerações de artistas, inspirando o Renascimento no século XV e o Neoclassicismo no século XIX.



Flagellato e la Baccanti / séc I - Roma

A pintura romana chegou até nós graças a um terrível acontecimento: as cidades de veraneio Pompéia e Herculano ficaram por muitos séculos soterradas sob as lavas de um vulcão. Só no século XVIII é que foram descobertas as ruínas das duas cidades que guardavam, pelas lavas ressecadas, grandes exemplos da pintura romana. A arte de Pompéia guardou um caráter misterioso e particular por estar ligada a uma série de ritual que só as mulheres tinham acesso. Através dessas obras encontradas é possível imaginar como seriam as pinturas gregas e dos povos sob sua influência que se perderam no tempo e não pudemos conhecer. Embora mais realista, suas figuras são mais pesadas, as mulheres mais volumosas e menos preocupadas com os deuses.



Imperatriz Teodora / séc. I – Bizâncio


Os deuses e nobres estão distantes dos homens comuns. A lição grega aprendida pelos romanos já não interessava mais. É outra gente, outra época em contato mais estreito com o oriente. As obras desse período são frias, distantes, sagradas. Brilha mais o ouro no mosaico que o olhar dos santos. No luxo das roupas, um símbolo do poder.



Período Românico – séc XII

São raras as figuras femininas no período românico. A própria vida da mulher na sociedade medieval é apagada e reclusa, pois valores da religião cristã impregnaram todos os aspectos da vida medieval. A igreja como representante de Deus na terra tinha poderes ilimitados e assim glorifica mais o Cristo do que a Virgem. A noção do mal e do bem orienta a arte e predomina a ideia de que a mulher representa o pecado. Invariavelmente numa manifestação românica, ela é santa ou pecadora e tem o corpo maltratado. Santa ou pecadora –, mas nunca uma simples mulher.




Virgem com o Menino e os anjos / séc XIV 
Período Gótico

Lentamente vão surgindo o sorriso e a 'mulher'. Aparece aqui nesse período a riqueza das roupas, a harmonia da postura, a graça e elegância dos contornos. Nesse período a imagem da Virgem é exaltada, reabilitando a mulher que não é mais pecado e pode ser bela.
Essa obra é do artista italiano Cimabue. (afresco da igreja S. Francisco de Assisi - 1280)



O Nascimento de Vênus / séc XV - Renascimento

Em imagens religiosas ou profanas a beleza da mulher é outra vez enaltecida. Os artistas retomam a lição dos gregos. Fatores de ordem econômica e social contribuíram para uma nova visão do mundo. Dominando o conhecimento científico o homem se coloca no centro do Universo. Desvinculando-se dos laços que a atavam à religião, a arte respira um ar de liberdade e a natureza passa a ser o foco das atenções. Procura-se a harmonia, a proporção das formas. A pintura consegue dar às figuras uma ilusão de vida, de volume. E as paisagens um sentido de profundidade, graças à perspectiva. E o artista modela os rostos e os corpos femininos, buscando outra vez uma beleza ideal, a perfeição absoluta. 



Escultura Africana  / séc XX 

Aqui, já são outras as proporções e significados. É visto na arte africana, que a obra tem de corpo magro e cabeça grande demais em relação aos padrões Ocidentais. Mas isso pouco importava diante da coerência e da força expressiva que impressionava na obra. Há muito tempo a arte africana era conhecida, embora desprezada pelos europeus. Apenas no início do séc. XX, artista como Picasso buscou inspiração na África, reabilitando essa arte.




Barroco – O rapto das filhas de Leucipo 
séc. XVII - Rubens

Aqui as mulheres são loiras, gordas e sensuais, aparecendo entre espirais e arabescos. Pintura explosiva, sensual que fala ao sentido com suas figuras tão distantes das imagens sagradas de Bizâncio. E das formas do Românico. Os nus de Rubens são exuberantes.



Condessa de Howe / Gainsborough - séc XVIII

Aqui nas obras de Gainsborough, as mulheres são de uma síntese inglesa de elegância, requinte e boas maneiras. As figuras se mostram sóbrias, calmas e recatadas. Até na cor há sutileza com tonalidades de outono. O artista criou uma delicada harmonia. Nada é exaltação. Se existe alguma é no capricho das rendas. Uma graça discreta.



Mulher puxando as meias / Toulouse Lautrec – 1894

Lautrec cria uma mulher mais humana do que bela; não é mais cantada a beleza da modelo. Está muito distante dos nus de Ingrés ou da exaltação renascentista. A mulher também não é mais um símbolo religioso. Agora é focalizada sua intimidade. Um desenho forte, marcante e ágil, por vezes até caricatural, define a figura. A cor e o modelo tem menos importância. A mulher pode ser fria e triste, mas sempre vista naquilo que tem de mais humano e sofrido.



Mulher ao espelho / Picasso – 1932

Para Picasso a mulher importa pouco, a realidade também. Ambas são pretexto para uma fantasia de formas e cores. Olhando-se essa obra se procurarmos simplesmente pela mulher, não teremos resposta. Mas se procurarmos a pintura, encontraremos a riqueza das formas, a força das cores, a emoção oferecida por um desenho fluído que descreve mil espirais. É também a mulher, mas pretexto para uma festa colorida de Picasso.



Marilyn / Pop-art – Andy Warhol

Com várias nuances de cor, Marilyn virou coqueluche. A pop art começou com a apropriação de objetos que, para surtir efeito precisava multiplicar-se, nos mesmos moldes da publicidade, da imprensa e da indústria das celebridades. Este era um dos segredos. Ainda mulher, mas esquematizada, transformada em símbolo gráfico. A cultura das massas, contemporânea, a partir de 1950. Embora simplificada para facilitar a repetição e a reprodução em larga escala, essa mulher ainda é capaz de transmitir sentimentos e ideias. O que de fato muda no passo rápido da evolução e do progresso é a maneira de representá-la com as mãos da arte, universal e terna e com os olhos de cada época.



A obra depois de criada se liberta do seu autor, do lugar onde surgiu, e passa a viver autônoma no mundo da arte.