12.1.25

HISTÓRIA DE NOTRE - DAME / PARIS


Veja o vídeo até o final - interior da Catedral

Porta de entrada








9.12.24

ANTONIO DIAS - OBRA

 Os restos do herói, 1966 / Antônio Dias




 
                  - Tais Luso de Carvalho



           Antônio Dias nasceu em Campina Grande, Paraíba/Brasil - em 1944. É um dos criadores essenciais da arte brasileira. Ao longo de 40 anos de carreira, sua postura aberta para novas correntes, nacionais ou internacionais, contribuiu para  a construção de uma obra vasta e diversa. Em 1962, quando começou precocemente a produzir, Antônio já morava no Rio de Janeiro. Pinturas em relevo, pontuadas por signos da arte indígena, marcaram sua fase inicial. Depois sua aproximação com o construtivismo e a arte pop revelou-se em criações estruturadas como histórias em quadrinhos ou em jogos de cartas.  

No início de sua carreira Antônio tentou entrosar-se com a turma da Escola de Belas-Artes, onde a maior parte dos alunos admirava o expressionismo, até chegou a fazer desenhos figurativos, mas não conseguia ficar satisfeito. Procurou uma saída usando um emaranhado de linhas fortes que ocupava toda uma placa de madeira, algo como um núcleo com muitas ramificações.


Em sua juventude, ele e alguns amigos uniam-se em torno do idealismo de lutar por um país sem ditadores e por uma renovação de linguagem visual, que parecia menos interessada em estética e mais voltada para a incorporação de sistemas de comunicação de massa. O objetivo básico, conta Antônio, era, naquele momento nacional, ter voz e abrir  espaço em galerias, salões, museus, onde fosse possível. Tudo que conseguiram fazer, no sentido coletivo, foi através de muita discussão. Era uma frente de luta em diversos sentidos, mas cada um preservando suas diferenças.


Antes de sua partida para a Europa seu trabalho era frequentemente vinculado ao de Rubens Gerchman, Roberto Magalhães, Carlos Vergara e Pedro Escosteguy.


Aos 21 anos uma bolsa de estudos obtida como prêmio da Bienal de Paris permitiu-lhe viver na capital francesa. Sua propensão nômade reforçou-se na Itália para onde transferiu-se posteriormente. 


Experimentou uma diversidade de técnicas e suportes para sustentar uma obra muitas vezes impregnada por questões sociais, mas sempre livre de categorizações.
Atualmente reside e trabalha na Europa.

Em 1958, foi estudar no Rio de Janeiro onde recebeu orientação de Osvaldo Goeldi, ao frequentar o Atelier Livre de Gravura ( Escola Nacional de Belas Artes). Em 1962 realizou sua primeira exposição individual no Brasil, na Galeria Sobradinho, Rio de Janeiro.  Em 1965 na Galeria Florence Houston-Brown, Paris. Nesse mesmo ano participou da Bienal de Paris onde recebeu seu primeiro prêmio Internacional e uma bolsa do governo francês, passando a morar em Paris. A partir de então residiu em diversas cidades até fixar-se, em 1989, em Colônia, Alemanha.


Com notável currículo Antônio Dias foi o primeiro artista brasileiro a participar ativamente de amostras e eventos artísticos nas mais importantes instituições internacionais.

Sua obra dos primeiros anos apresentou forte questionamento político, social, censura, violência, sexualidade e morte. A partir de 1965 ao estreitar o contato com a produção Europeia, adotou progressivamente, postura conceitual e mais reflexiva, buscando uma economia de meios, discutindo o suporte, questionando os mecanismos internos e o circuito da arte.

Seu trabalho mostra algumas pitadas de ironia. Antônio anotava tudo em seus cadernos: sonhos pensamentos, citações, analogias, cópias de discursos sobre filologia, filosofia, diagramas, desenhos, qualquer coisa. Eram coisas organizadas com o espírito livre sobre a vida, o trabalho, o lugar do trabalho etc. As anotações, segundo Antônio, não tinham linearidade, mas eram fundamentais para a sua produção dos anos 60-70. 

(...) Para Antônio Dias, a arte é prática social, abrangendo sua produção e circulação como mercadoria, e a crítica social do processo de institucionalização, como na série 'The Illustration of Art' (1971-78). O inconformismo político encontra seu diagrama na reavaliação crítica do sentido da própria forma, portanto da linguagem enquanto campo social. São signos da resistência e de uma produção que recusa os parâmetros idealistas da mera 'arte engajada'. (Paulo Herkenhoff)





'Hoje, trabalho de vez em quando. Não me interessa o ato de pintar em si. Pintar me chateia. Só pinto por necessidade de dizer. Considero a pintura uma profissão. Mas se quiserem afirmar a pintura como um trabalho diário, então não sou profissional.'
fonte: Antônio Dias / palavra do artista - sec. cultura do Rio de Janeiro

O Sans Titre / 1964


Any where Is My Land, 1968

Morte imprevista / 1965

Asas do Povo / 1988

Fornalha / 2006

Campo e anima - 1989

Autonomias / 2000


Folhas te cobre e ouro sobre tela - 1988


Arte Pública/ 1967
Focalizando, em seus ateliês, os artistas plásticos Abrahan Palatnik, Antônio Dias, Carlos Vergara, Glauco Rodrigues, Helio Oiticica, Ligia Pape, Lygia Clark, Pedro Escosteguy, Rubens Gerchman, Tomoshige Kusuno, Wesley Duke Lee, e a 9ª Bienal de São Paulo.





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4.11.24

PINTURAS SACRAS II






           - Taís Luso de Carvalho


A singularidade do barroco brasileiro é ser uma mistura do barroco de vários países, nascendo daí características de um estilo próprio, marca de nossos artistas, retrato de nossa cultura. Os temas sacros predominam no nosso estilo barroco. E é conhecida a atração. A arte sacra dá um toque requintado à decoração de qualquer ambiente, além de representar a fé e a cultura de um povo. E como muitas pessoas têm me solicitado mais dessa arte,  deixo mais algumas técnicas. Deixo aqui  meu abraço a vocês. 
Então vamos lá...



SANTOS DA BAHIA

Impermeabilize com goma-laca purificada as peles e detalhes - 3 vezes deixando secar entre uma demão e outra. Pinte, as roupas, com as cores originais, misturando cera em 'pasta' à tinta a óleo de bisnaga, num potinho separado.
Deixe secar um pouco essa mistura e polvilhe com talco. Deixe secar mais um pouco e retire o excesso de talco.
Onde desejar folhas de ouro, passe o verniz mordente, deixe ficar em ponto de grude e cole a folha de ouro. Se quiser dê uma passada de palha de aço (bombril) nas saliências para desgastar, pois santos barrocos não têm aparência de novos.

PÁTINA ECLESIÁSTICA

Pinte a peça com uma tinta Látex Branca - 1 demão. Espere secar.
Aplique goma laca indiana em toda a peça - 1 demão. Espere secar.
Passe tinta a óleo para tela (bisnaga) diluída em secante de cobalto nas cores: carmim, verde, branco, azul. Em listras, na vestimenta do santo, a fim de que fique todo listrado. Espere secar. Pode adiantar com secador.
Após a peça bem seca, dê 2 demãos de goma laca purificada, esperando secagem entre uma demão e outra.
Passe verniz mordente nessas partes pintadas, esperando o ponto de grude (aplicação da folha de ouro). Espere secar totalmente. Cuide para não acumular o mordente nas reentrâncias.
Espiche bem o verniz.
Folheie, então toda a peça. Aplique talco nas mãos (para absorver o suor), e pegando folha por folha, vá batendo com um pincel macio, esticando bem a folha de ouro.
Tire o excesso da folha com pincel macio deixando aparecer as tintas coloridas embaixo do ouro.
Quanto mais velho preferir, mais deverá ser retirado da folha, principalmente nas saliências.
Passe goma laca purificada - para impermeabilizar e espere secar.
Pintar rosto e mãos com tinta óleo cor da pele. Também impermeabilize com goma laca purificada.
Passe betume diluído, mais para o claro, e retire.
Deve ficar aparecendo todas as cores das vestimentas. Mas envelhecidas.





Parte do meu 1º atelier  


Textos: clique abaixo

Barroco / Aleijadinho
O Barroco e a Igreja Católica

Mais sobre arte sacra barroca e técnicas:  no índice da coluna ao lado.







21.9.24

PEDRO ESCOSTEGUY / Obra de Vanguarda

Perigo Radioativo / P. Escosteguy


Pedro Geraldo Escosteguy nasceu em Santana do Livramento – RS/Brasil, no ano de 1916. Em 1938, já morando em Porto Alegre, concluiu o curso da Faculdade de Medicina da Universidade do Rio Grande do Sul.

Especializou-se em Gastroenterologia, inovou técnicas cirúrgicas, implantou e desenvolveu serviços sociais, publicou vários livros científicos e lecionou em cursos de aperfeiçoamento. Exerceu a profissão de médico por 42 anos, e sempre voltado para as questões sociais e políticas.

Paralelamente iniciou-se na poesia, migrou para o conto, ingressou nas artes plásticas. Criou uma obra própria de cunho vanguardista, veiculando através das palavras, pensamentos e imagens uma interação entre a sensibilidade e a necessidade de um posicionamento crítico.

O modernismo conscientizou e procurou trabalhar a tensão entre a produção de arte no Brasil e a sua ligação com a produção européia. Mas não era suficiente uma arte que fosse só brasileira e moderna; ela deveria ser também social, vinculada aos problemas do povo e destinada a ele.

Então surgiu um grupo de intelectuais e artistas que planejavam criar uma arte brasileira, atingindo os elementos pictóricos capazes de elaborar imagens cujo ineditismo fosse resultado da sua identidade com a cultura nacional.

É importante lembrar que por ocasião da mudança de Escosteguy para o Rio de Janeiro, e do relacionamento pessoal com Antônio Dias - seu genro na época -, Escosteguy estreitou sua convivência com Hélio Oiticica, Carlos Vergara, Roberto Magalhães, Antônio Maia, Ruben Gerchman, Ângelo de Aquino e Lígia Clark, com quem se encontrava em salões, eventos, mostras e bienais, possibilitando importantes correntes e reflexões conjuntas ao discutir as correntes da arte contemporânea do pós-guerra.

Pedro Escosteguy trouxe uma valiosa contribuição teórica e prática para o desenvolvimento da vanguarda carioca que se articulou a partir de ‘Opinião 65’. Forneceu o apoio teórico e intelectual ao quarteto neo-realista: Antônio Dias, Ruben Gerchman, Carlos Vergara e Roberto Magalhães.

Pedro Escosteguy iniciou, pois, como neo-realista e concretista, um processo vanguardista que finalizou na Nova Objetividade Brasileira, participando dos significativos movimentos de vanguarda de sua época.

Sua obra denunciava o temor que rondava a geração pós-bomba atômica, com seus valores em decomposição diante da própria existência Sua preocupação era em ‘dizer’, por isso procurou caminhos mais sólidos, não se preocupando com a estética, puramente.

Encontrou, através de sua obra e de sua poética vanguardista, um espaço para opinar sobre a arte e a política, assumindo uma semântica social voltada para a natureza urbana imediata, contra o regime militar e ditatorial, através da palavra ou da frase, em busca de associações rápidas por parte do espectador.

O artista procurou técnicas e efeitos, utilizou os mais diversos materiais disponíveis em seu tempo, com o intuito de causar sensações no espectador não apenas através da visão como também do tato. Empregou o acrílico, a madeira, as resinas, fibras, tecidos, tinta acrílica, colas. Cria obras com profundidade e relevo.

Escosteguy conseguiu passar sua inquietação e marcou seu lugar como um dos principais artistas da vanguarda brasileira. Seu amor à arte, suas convicções, sua generosidade para com os seus semelhantes e sua personalidade cativante e forte não passaram despercebidos àqueles que tiveram o privilégio de compartilhar de seus ensinamentos e de sua vida. E eu tive, pelos laços de parentesco que nos unia.


Foi casado com Marília Tavares Utinguassú e tiveram duas filhas, Norma e Solange.

Até seu falecimento, no ano de 1989 - já de volta à Porto Alegre -, foi um criador compulsivo, na poesia e nas artes plásticas.


Mais sobre Pedro Escosteguy, ver nesse espaço aqui.


'Minhas construções de madeira se assentam numa semântica social onde revelo a perplexidade geral ante a corrida belicista. 
Em sua execução, mobilizo uma semântica acessível aos meus próprios conhecimentos e possibilidades, auxiliada com o uso da palavra ou da frase, em busca de associações rápidas.' 


Jogo (Roleta) 
XIII Salão de Arte Moderna, Rio de Janeiro - 1964



   Corpo Estranho 1965 / VII Bienal São Paulo

Neo-realismo carioca 

Cartaz / XVI S. Nacional Arte Moderna RJ - 1967


Psicodrama / 1965 - VII Bienal de São Paulo



Seven Days Milan / 1970


Estória / O fim da Idade do Chumbo - Museu Arte Moderna RJ 1965




 Fontes:
 
Escosteguy, Pedro Geraldo: poéticas visuais / Pedro Geraldo Escosteguy 
- Porto Alegre:

Ed. por Suzana Gastal, Ana Maria Albani de Carvalho e 
Soraya P. Rossi Bragança, 2003





28.8.24

CÂNDIDO PORTINARI: DIAS DE TRISTEZA...




         - Taís Luso de Carvalho

Os últimos anos de Portinari foram tristes: os críticos o atacavam e os artistas novos, para os quais ele abrira o caminho, julgavam-no superado. Sofria com as críticas, porém continuava a pintar no seu estilo, não poderia se transformar num pintor abstrato, contrariar sua natureza. Dizia ele que  o valor da pintura não estava em pertencer esta ou aquela corrente, que os ignorantes confundiam arte com futebol.

Em sua tristeza, Portinari escrevia poemas: pintava de dia e escrevia de noite. Gostava de pintar e dizia que não pretendia descobrir a pólvora, que nenhuma posição o preocupava, gastava seu tempo procurando cores que se ajustassem e com isso não sobrava tempo para outras divagações.

Em 1960 nasceu sua netinha Denise - filha de João Cândido -, o que veio a diminuir muito de sua tristeza e solidão. Porém, ainda passava muitas horas de seus dias fitando o mar, sozinho, pensando em seus poemas, pensando na morte... 'Como é difícil morrer...'

No ano de 1961 viajou pela última vez à Europa, e quando voltou ao Brasil perdera a vontade de viver. Em 1962, intoxicado pela segunda vez pelo chumbo das tintas que já o atacara em 1952, não se recuperou. Faleceu às 11:40 da noite em companhia de sua mulher Maria (retrato), suas irmãs e seu médico. Seu corpo foi para o Ministério da Educação, para o edifício ao qual ele dera seu talento e esforço, o lugar onde começara sua glória. Dali saiu em carro de Bombeiro para o cemitério. Lá, foram tocados a Marcha Fúnebre e o Hino Nacional o qual milhares de pessoas ouviram sobre forte emoção.

'O homem mais triste do mundo é aquele que não tem nenhuma reserva de poesia. É o homem que cresceu demais. A criança tem as reações do poeta; quando cresce, ou a poesia se concretiza e nasce um artista, ou fica latente. O artista é o homem que nunca deixou de ser infantil.'

‘Todo artista que medite sobre os acontecimentos que perturbam o mundo chegará à conclusão de que fazendo um quadro mais 'legível’ sua arte, ao invés de perder, ganhará. E ganhará muito, porque receberá o estímulo do povo’. (1947 em Buenos Aires)





Enterro na rede 1944



Mais de Cândido Portinari:  aqui, neste blog.




- fonte: a vida dos grandes brasileiros

12.8.24

BARROCO NO BRASIL / ALEIJADINHO

Igreja de S.Francisco da Penitência / Rio de Janeiro 



 -Tais Luso de Carvalho

O Barroco foi introduzido no Brasil no início do século XVII pelos jesuítas, que trouxeram o novo estilo como instrumento de doutrinação cristã. Nas artes plásticas seus maiores expoentes foram Aleijadinho - na escultura  e Mestre Ataíde - na pintura onde suas obras, consideradas as mais belas do país despontaram com maior encanto a partir de 1766.


Nossa Senhora das Dores / Aleijadinho

O barroco brasileiro é associado claramente à religião católica. Em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco encontram-se os mais belos trabalhos de relevo em madeira - as talhas - e esculturas em pedra sabão. Já nas regiões mais pobres, onde não havia o comércio de açúcar e ouro, a arquitetura das igrejas apresentava aparência mais modesta, assim como as residências, chafarizes, câmaras municipais etc.

No Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, terras do Paraguai e Argentina, chamadas de região missioneira, a arquitetura era diferenciada da arquitetura do Nordeste e das regiões das minas de ouro, pois os jesuítas misturaram elementos da arquitetura românica e barroca da Europa, pois os construtores eram de origem européia. 

No Nordeste, somente no século XVIII houve total domínio do requinte do barroco. De Salvador saia grande quantidade de riqueza do país para Portugal e também vinham os artistas portugueses e produtos. 

Riquíssima é a Igreja de São Francisco de Assis, com seu interior revestido de talha dourada levando para si o título de a Igreja mais linda do Brasil. 

Os mestres maiores da arte sacra foram Aleijadinho e Mestre Ataíde, onde suas obras, consideradas as mais belas do país despontaram com maior encanto a partir de 1766. 

O período barroco brasileiro tem, então, em seus santos e suas igrejas a mais significativa manifestação de fé e de arte: não só uma fé intimista com que cada pessoa se relacionava com seu santo, mas também, como uma expressão ímpar de ver, sentir e vivenciar a arte.

ANTONIO FRANCISCO LISBOA - O ALEIJADINHO:

 
As maiores expressões do Barroco Mineiro são, sem dúvida, o Aleijadinho e Ataíde. Mas a arte setecentista de Minas Gerais foi criação de uma infinidade de artistas, dos quais muitos permanecem no anonimato.

Antônio Francisco Lisboa - 1738/ 1814

Era o nome completo do Aleijadinho, nascido em Vila Rica, em 1738, filho bastardo do português Manuel Francisco Lisboa e de uma escrava, Isabel. Tendo nascido escravo, foi libertado pelo pai no dia de seu batizado.

Entalhador, escultor e arquiteto, trabalhava madeira e pedra-sabão, de que foi o primeiro a fazer uso na escultura. Considera-se que tenha aprendido o ofício com o próprio pai e outros mestres, José Coelho Noronha e João Gomes Batista. Mas é provável que sua genialidade criativa tenha prevalecido sobre as lições aprendidas.

Quase tudo o que se sabe sobre a vida de Aleijadinho vem de uma memória escrita em 1790, pelo segundo vereador de Mariana, o capitão Joaquim José da Silva, e da biografia escrita por Rodrigo José Ferreira Bretãs, publicada em 1858. Ultimamente, sua vida e obra têm despertado o interesse de estudiosos dentro e fora do país, embora permaneçam ainda muitos pontos controvertidos.

Uma grave doença o acometeu aos 39 anos de idade. A enfermidade deformou seu rosto e atacou seus dedos dos pés e das mãos, donde lhe veio o apelido. Apesar da doença, continuou a trabalhar incansavelmente, sendo auxiliado por três escravos: Januário, Agostinho e Maurício. Era este último que amarrava as ferramentas nas mãos deformadas do mestre.

Igreja São Francisco de Assis / Ouro Preto

O primeiro trabalho artístico importante do Aleijadinho data de 1766, quando recebeu a incumbência de projetar a Igreja de São Francisco, de Ouro Preto, para a qual realizou, posteriormente várias outras obras. Quatro anos depois, desenvolveu trabalhos para a Igreja do Carmo, de Sabará. Em seguida trabalhou para a Igreja de São Francisco, de São João del Rei. Enfim, ele recebia muitas encomendas, e às vezes, prestava seus serviços em obras de duas ou mais cidades simultaneamente.  

No final do século XVIII, ele se encontra em Congonhas, onde permaneceu de 1795 a 1805, trabalhando para o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, para o qual esculpiu os Profetas em pedra-sabão e as estátuas em madeira dos Passos da Paixão. Seu último trabalho, de 1810, foi o novo risco da fachada da Matriz de Santo Antônio, em Tiradentes.

Ficou cego pouco depois, e viveu os últimos anos sob os cuidados de Joana Lopes, sua nora. Faleceu em 1814, aos 76 anos de idade, tendo sido sepultado no interior da Matriz de Antônio Dias, em Ouro Preto.

por Aleijadinho
Mosteiro de São Bento / Rio de Janeiro - clique foto
Anjo da Paixão / Aleijadinho - Santuário de Matosinhos
Igreja de São Francisco / Bahia -  AMPLIAR CLIQUE FOTO

A MAIS BELA IGREJA DO BRASIL: AQUI (arraste o mouse, 360º)



BARROCO E O CATOLICISMO: AQUI
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29.5.24

FRIDA KAHLO 1907 / 1954


The Little Deer - 1951
  

 - por Tais Luso  de Carvalho


Pintora mexicana e de muita relevância para as artes e principalmente para seu país. De temperamento e atitudes independentes para sua época, possuía uma saúde frágil desde sua infância, se agravando após um acidente de carro, na cidade do México, quando saia da escola.

Sua obra é muito interessante, principalmente seus autorretratos onde podemos ver seus traços fortes, suas sobrancelhas que se juntam acima do nariz. Podemos ver que a artista domina completamente a arte do desenho.

De atitudes muito de vanguarda para sua época, Frida só agia de acordo com suas convicções. Quando em 1913 contraiu poliomielite, aos 6 anos,  ficou com uma lesão no seu pé direito. A partir disso ela começou a usar calças e depois, longas e exóticas saias, que vieram a ser uma de suas marcas.

De 1922 a 1925 Frida começou a interessar-se muito por pintura e a frequentar a Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México onde assistia as aulas de desenho. Em 1925, aos 18 anos aprendeu a técnica da gravura com Fernando Fernandez. Porém sofreu um grave acidente num ônibus no qual viajava. Este chocou-se com um trem, levando a artista a um longo sofrimento. 


Em 1928 quando Frida Kahlo entrou no Partido Comunista Mexicano, conheceu Diego Rivera, pintor muralista com quem se casaria no ano seguinte. Entre 1930 e 1933 ficou muito em Nova Iorque e Detroit com o marido.

Frida retratava a sua biografia nas obras.  Durante toda a sua vida, o amor e a dor – física e emocional – estiveram em suas obras tanto na vida pessoal quanto na profissional. O acidente de ônibus que lhe causou lesões no útero e na coluna, 30 operações ao longo de sua vida, mais seus abortos, e as inúmeras traições de Diego Rivera,  não poderiam estar ausentes das telas de Frida.

Submeteu-se a várias cirurgias ficando muito tempo acamada. Durante a sua longa convalescença começou a pintar, com uma caixa de tintas que pertenciam ao seu pai, e com um cavalete adaptado à cama.

André Breton, poeta francês e teórico do surrealismo, em 1938 qualifica a obra de Frida como surrealista, para uma exposição na galeria Julien Levy de Nova Iorque. Após esta ocasião disse ela: 

Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade.
Sua realidade era dolorosa apesar de ter tido inúmeros relacionamentos amorosos inclusive com o líder revolucionário russo Leon Trótski. Sua ardente relação com o marido, Diego Rivera, muralista mexicano, era turbulenta (ambos tinham casos extraconjugais) e foi pontuada por períodos de separação. Após o assassinato de Trótski, eles se casaram meses depois.

Portanto, sua vida afetiva sempre foi tumultuada, jamais encontrou a paz. Em seu atestado de óbito consta que veio a falecer de embolia pulmonar, não se descartando, porém, ter sido envenenada por alguma das amantes de seu marido.  Isso, segundo a biópsia.

Das 143 pinturas de Frida Kahlo, mais de 50 são autorretratos e até mesmo seus outros trabalhos são estritamente autobiográficos.

Nasceu em Coyoacán. Seu pai era fotógrafo alemão e sua mãe uma mestiça. Frida teve sua perna direita amputada em 1953, após exposições no México, Estados Unidos e Europa. Morreu de câncer em sua cidade natal.



Auto-retrato                                                Árvore da Esperança
As duas Fridas -  1939
Abraço Amoroso no  Universo  - 1949
Auto-retrato entre fronteira do México e Estados Unidos - 1937
Dois nus numa floresta - 1939

Frida e Diego Rivera



Referências: Tudo sobre Arte - Sextante / RJ 2011
História da Arte - Graça Proença


Interior do Museu e mais fotos de Frida Kahlo
Clique aqui: BLOG DA MARI-PI-R



29.4.24

JUAREZ MACHADO - OBRAS


Femme au Robe Orange


Renomado pintor brasileiro, Juarez Machado vive como quer; sua vida é muito interessante e é esse aspecto que quero abordar, pois suas extravagâncias são dignas de relatar.

Nasceu em 16 de março de 1941 na cidade de Joinville / SC, Brasil. Pintor multifacetado passeia pela pintura (inconfundível), pelo desenho, escultura, fotografia, teatro e mímica. Lembro-me dessa sua fase de mímico, tinha um quadro na televisão, era genial.

Aos 18 anos muda-se para Curitiba matriculando-se na Escola de Música e Belas Artes, frequentando o curso por 5 anos. Sua primeira exposição foi em Curitiba, tinha como tema Bicicletas.

Em 1965 muda-se para o Rio de Janeiro e, seu humor – essencial em sua vida -, mistura-se ao dos amigos cariocas Millôr, Ziraldo, Jaguar e Henfil. Em 1978 começa seu tour: vai para Londres, Nova York, França, Alemanha e Itália. E em 1986 resolve estabelecer-se em Paris. Seu atelier atual ocupa todo um prédio no bairro de Montmartre. Diz que não tem casa, que tem ateliê, o que para ele significa pátria, não importando o lugar.

É metódico em sua rotina: acorda às seis horas da manhã para pintar; o centro de seu universo é o seu cavalete. O interessante é que Juarez se veste com roupas especiais para trabalhar, com muita elegância, coletes bem cortados, feitos por alfaiate, etc e tal. Nada daquelas nossas roupinhas de trabalho ou um avental branco. E diz que adora conversar com partes do seu corpo: conversa com seus pés, prometendo comprar-lhes uns sapatinhos que, já chegam à casa dos 100 pares...

Hoje, seus quadros estão presentes nas mãos dos melhores colecionadores do mundo. Desfruta de confortável situação e já é um dos nomes de prestígio da arte brasileira no exterior. Pinta óleo sobre tela e aquarelas. E seus desenhos são feitos com lápis crayon e caneta. 


O desenho é mais um processo interior, tenho um estilo machadiano, sou eu mesmo.

Tudo de Juarez Machado é muito personalizado, e ele, muito teatral. Seus pincéis ficam dentro de vasos de lalique. 


Dou respeito aos meus instrumentos de trabalho.

Não joga nada fora, junta tudo, até as rolhas do champanhe que bebe, por isso vai comprando apartamentos para guardar essas preciosidades... Mora em 6 andares e conta que foi influenciado a pintar, por seu pai – caixeiro viajante – e por sua mãe que pintava leques de seda.

Juarez foi uma criança que brincava sozinha, dado a esse motivo, ao tomar o café da manhã com a mão esquerda, usa a direita para desenhar personagens que o acompanham. É considerado o terror dos hoteleiros, pois com frequência muda-se de lugar para pintar, carregando consigo sua maleta de trabalho, transformando seu quarto de hotel em atelier.

Quero envelhecer em Paris, serei aquele velhinho na janela, que os vizinhos passam e dão bom-dia!

Realmente, Juarez Machado é um pintor um pouco diferenciado: ousado, alegre, extravagante e bon vivant! É um artista de peso e de conceito, com inúmeras exposições espalhadas pelo mundo. É o Brasil vivo, lá fora! Suas obras - inconfundíveis e ricas em detalhes - retratam bem nossa realidade.


             
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   Curitiba     
                           Em Veneza                                

Drinque



        Jazz Doré 2010                                             Ilha de Santa Catarina


Tango Atlântico 2007
                                               

Bebendo em Paris

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1987

Carnaval em Veneza - Acervo Juarez Machado

prédio do ateliê / Paris