15.9.23

IGREJAS: LUXO E BELEZA!



A arte no interior das igrejas foi usada como uma maneira de conquistar mais fiéis. A arte teria de contribuir para despertar uma religiosidade de cunho mais profundo. Pois foi no Renascimento que o barroco, considerado como a arte da contra reforma, com muito luxo e formas arredondadas e rebuscadas, que a igreja católica partiu para a conquista e reconquista de seus fiéis.

Os santos, através de expressões de agonia, ternura e compaixão passaram a emocionar uma época. A arte foi utilizada para propagandear, através de suas imagens, as ideias religiosas revitalizadas e concebidas segundo o novo espírito: o de transmitir sentimentos e estados de ânimo à gente devota.

Em geral o interior das igrejas era o preferido - não o exterior. O estilo barroco na construção de igrejas surgiu como um desenvolvimento do estilo renascentista que alcançou seu apogeu na metade do século XVIII.

Deixo aqui alguns barrocos belíssimos, altar-mor, pinturas e afrescos do interior de algumas igrejas - uma arte tida como equivocada e exagerada. Pode ter sido um exagero da igreja, mas sem dúvida de uma beleza indiscutível. Como arte, sendo exagerada ou não, agradou a todos; sem dúvida foi o período de maior riqueza.

Fascinante porque emociona em ver e sentir o que a mão humana é capaz. Construiu em nome de Deus e da fé. E não em nome das guerras.

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Catedral da Transfiguração / Moscou
São Nicolau / Praga



29.7.23

MARC CHAGALL

O Carro Voador / 1913





         - Tais Luso de Carvalho


Marc Chagall, judeu russo, nasceu em Vitebsk, hoje Bielo-Rússia, no ano de 1887. Na arte de Chagall, o contra-senso e o sonho constituem o centro de toda a sua obra.

Viveu a maior parte de sua vida na França, onde chegou em 1910, após uma estada em Petersburgo, onde achou impossível de viver.

'Nem a Rússia Imperial, nem a União Soviética precisam de mim. Sou um mistério, um estranho para eles. Talvez a Europa me ame, e com ela minha Rússia'. 
Essa dupla personalidade moldaram sua obra. Estudou em São Petersburgo, Paris e Berlim.

Quando esteve em Paris, em 1910, e consequentemente no Louvre, teve a certeza de que nenhuma academia poderia lhe dar o que via em Paris: várias exposições, suas vitrines, seus museus... E foi em Paris que manteve contato com grandes nomes da vanguarda cultural da época de movimentos como o cubismo e o modernismo, respectivamente com Robert Delaunay e Apollinaire, escritor francês de quem era grande amigo e que ajudou a promover sua primeira exposição em 1914 na Galeria Sturm, em Berlim. Ele e outros escritores apreciavam a fantasia e as cores de Chagall.

Tomando conhecimento de tais movimentos, aproveitou alguns elementos, porém sem nunca perder sua individualidade. A passagem de Chagall pelo cubismo pode ser observada na obra 'Eu e a Aldeia'. O estilo romântico e simbólico de Chagall deixou uma rica obra pictórica sobre a tradição judaica, mística e sonhadora, que o impulsionava à infância, ao mundo inconsciente e ao mundo de seus sonhos. Sua marca é bem definida, cheia de fantasia, camponeses e animais, muitas vezes sobrepostas.

Nenhum vínculo o ligou aos círculos oficiais da pintura russa da época, nem aos movimentos de vanguarda liderados pelo objetivismo do pintor Malevitch. Nada abalou o otimismo de sua arte. Com isso, André Breton o viu como um dos precursores do surrealismo.
Com o início da Guerra, Chagall voltou à Vitebsk, onde encontra Bella que se tornou sua esposa em 1915. Esse encontro foi importante para o desenvolvimento da obra artística de Chagall. Novo tema aflora: o amor. Em seguida ocupou o cargo de diretor de Vitebsk Art School, após a Revolução Russa. Porém, logo deixou a academia por divergências de opinião com Kazimir Malevich, e tornou-se diretor do Teatro do Estado judeu em Moscou em 1919. Depois de realizar alguns trabalhos em Moscou, voltou à Paris em 1923 onde a 'fama' o esperava.

Considerado o maior pintor judeu do século XX, aceitou a encomenda para ilustrar a Bíblia na década de 1930, convidado pelo marchand francês Ambroise Vollard, porém, pelo fato de ainda não dominar a técnica totalmente, os que depreciavam sua arte aproveitaram-se da ocasião – como o pintor Georges Rouault – para destilar seu veneno nas rodas dos modernistas de Paris. Porém não foi o que aconteceu: essa sua ilustração foi um dos pontos altos de sua carreira.

Segundo Chagall, no entender dos cubistas, a pintura era uma superfície coberta com formas em determinada ordem; pra ele, a pintura era uma superfície coberta com representações das coisas, em que a lógica e a ilustração não tinham importância.

Chagall produziu muito, como pintor, ilustrador literário, como ceramista, também no mosaico, no desenho de vitrais, dentre elas a Catedral de Metz, a Sinagoga, e a Universidade Hebraica Hadassah Medical Center, em Jerusalém.

A partir de 1935 o clima de guerra e de perseguição aos judeus repercutiu em sua pintura, na qual os elementos dramáticos, sociais e religiosos passaram a tomar vulto. Seu belo trabalho 'crucificação branca - 1938' – mostra seu temor pelos acontecimentos do mundo. Conquistou a admiração de um seleto público na Alemanha, formado por galeristas, colecionadores e diretores de museus da República de Weimar. Em meio ao horror da Guerra e da Revolução russa, Chagall pintou 'Duplo Retrato com um Copo de Vinho, um extraordinário cântico de alegria e de amor.

Em 1941, como judeu vivendo numa Paris ocupada pelos nazistas, fugiu para os Estados Unidos com sua família. Voltou para a França em 1948 se estabelecendo em Riviera. Daí em diante viajava pelo mundo para executar encomendas importantes de obras públicas. Um Museu dedicado a Chagall foi aberto em Nice no ano de 1973.

Não lhe interessou os debates literários, o sectarismo; bastaram-lhe a pintura e Bella, sua esposa. A preocupação de Chagal era pintar quadros onde elementos literários e polêmicos eram postos à margem. Sua reputação internacional foi estabelecida após uma retrospectiva de sua obra no Museu de Arte Moderna de Nova York.

Marc Chagall nasceu em Vitebsk (RUS) em 1887 e morreu em Saint Paul de Vence (FR) em 1985 aos 97 anos.

SOBRE SEU CASAMENTO...

Foi em 1915 que Chagal casou-se com sua namorada de infância, Bella Rosefeld, filha de um rico comerciante. Bella lhe inspirou muitas de suas obras, mas morreu em 1944 enquanto viviam em Nova York. Sua lembrança continuou a inspirar Chagall. Muito deprimido nos anos que se seguiram chegou a ter um filho com virginia Haggard, mas nunca se casou com ela.

Eu e a Aldeia / 1911
 
O Espelho
Aldeia russa sob a Lua / 1916
Crucificação Branca / 1938
Paris através da Janela / 1913
Calvário / 1912
The Sabbath / 1910
O negociante de gado / 1912
A Guerra / 1964

auto-retrato / 1914

Referências:
Grandes Artistas / ed. Sextante
Tudo sobre arte / ed Sextante
Arte Contemporânea / Abril cultural

13.7.23

DIMAS FLORÊNCIO E SUAS ELEGANTES MULHERES

Clique nas fotos para aumentar


- Tais Luso de Carvalho

Faz tempo que admiro os trabalhos de Dimas Florêncio e agora trago ao Das Artes para dividir com vocês os belos traços deste artista que retrata as mulheres com muita elegância e beleza.

Natural de Ronda Alta/RS veio para Porto Alegre em 1987 dedicando-se à pintura. Autodidata, aos 9 anos de idade manifestou seu interesse pela arte, expressando-a através do desenho e da pintura. Ministra cursos e seminários desde 1990 em seu atelier em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Artista premiado e com exposições no Brasil, Uruguai, Itália, França, Suíça, Portugal, Argentina e México, onde em alguns destes países também ministra aulas.

A leveza de suas obras, as cores luminosas, suas mulheres com belos traços e sua alegria em lecionar em vários países, fazem de Dimas um vitorioso, um autodidata realizado. 

Passeia pelo figurativo com desenvoltura e atento aos detalhes. Nada mais pretende a não ser evoluir dentro de sua arte e passar sua arte aos que o procuram. É um artista bem sucedido.

Diria que a arte de Dimas não precisa ser entendida, apenas amada; é ótimo poder imaginar e sentir o que sai de seu coração para levar vida a uma tela branca e fria. Estão aí os resultados






Dimas Florêncio


12.6.23

FERNANDO BOTERO E AS 'DORES DA COLÔMBIA'

El Desfile / 2000
- Tais Luso de Carvalho



É impactante a exposição de Fernando Botero 'As Dores da Colômbia' que visitei em Porto Alegre no Centro Cultural Erico Verissimo. 
Fernando Botero (nasceu em Medellín, 19 de abril de 1932), é um dos artistas em atividade  mais prestigiados no mundo. Botero não é apenas o criador dos famosos, inconfundíveis e simpáticos gordinhos, representados nas suas pinturas, desenhos e esculturas; é mais; é um artista que se propôs a doar várias obras ao Museu Nacional da Colômbia para registrar as dores de seu país, dores que ninguém fica indiferente; a barbárie, a crueldade premeditada, a dor profunda do ser humano quando acossado e oprimido, quando é arrancada sua liberdade e seus direitos, sejam por guerrilhas, narcotráfico, manobras políticas ou pelos grupos paramilitares acontecidos na década de 1990.

'Não vou fazer negócio com a dor da Colômbia', declarou Botero ao anunciar, no ano de 2000, a sua decisão de doar esta coleção de obras ao Museu, Instituição que há muito tem sido objeto de sua generosidade. Com essa série de obras o artista não tem a pretensão de pôr fim ao conflito. O olhar do artista é compassivo e solidário, não almeja a mobilização, porque não acredita nela. Quer apenas chamar a atenção do mundo e 'dar seu testemunho' - como afirma.

'O material de sua triste leitura são massacres reais noticiados em todo o mundo. Aprisionamentos, corpos abatidos após o combate, lágrimas e sangue. O silêncio domina e o pesar é resignado. As cenas são como flagrantes individuais escolhidos em meio a uma tragédia que está por toda a parte e cuja extensão não é possível alcançar. Sobre suas vítimas Botero lança suas vibrantes cores, criando um contraditório e dramático material'. (Centro Cultural CEEE Erico Verissimo).

'Sou contra a arte como arma de combate. Mas em vista do drama que atinge a Colômbia senti a obrigação de deixar um registro sobre um momento irracional de nossa história'. (Botero)

Botero não tem a preocupação em pintar coisas especiais, mas de transformar a realidade em arte. E assim é. Estas obras expostas no Centro Cultural Erico Verissimo – que fica até 8 de março de 2012 -, mostram sob vários ângulos uma história impossível de ocultar e de esquecer. O mesmo se viu em obras de Goya (Desastres da Guerra) e Picasso (Guernica), o relato, para não esquecer do horror.

Apesar de Botero ter deixado sua terra natal há mais de 40 anos, mostra-se conectado ao seu país pintando não só seu lado agradável, mas também o que foi o lado terrível e violento. Cada quadro marca uma história, um lado peculiar e intimidador da violência que deságua na dor mais profunda do ser humano: perdas de filhos massacrados diante da mãe, esquartejamentos, fuzilamentos diante da família, atos no mais alto grau de violência e que a impiedade pode alcançar.

Esta exposição, que seguirá à outras cidades e países, é composta de 25 pinturas, 36 desenhos e 6 aquarelas. Todas as obras foram doadas em 2004 e 2005 e já percorreu cidades europeias e latino-americanas.

Esta exposição ficará em Porto Alegre até o dia 8 de março de 2012. Vale uma visita: além de vermos características plásticas próprias da obra de Botero, servirá para uma reflexão. E poder sentir, quem sabe, os horrores; a que ponto chegamos e o que somos capazes de fazer à nossa própria espécie.


Estes quadros são uma forma de repudiar a violência. (Botero)

Madre e hijo / 2000

Viva la Muerte / 2001

El Cazador / 1999

Matanza de los inocentes / 1999

El Masacre / 2000

Una Madre / 2001



Masacre en Colombia / 2000

Motosierra / 2004

Botero e as 'Dores da Colômbia'


Taís / painel de entrada
Mais sobre Botero:   aqui, neste blog.


Fontes:
Algumas fotos e material  me foram enviadas, gentilmente, pelo  jornalista Paulo Camargo do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo. Meus agradecimentos.
Fotos: Reprodução / divulgação do Museu Nacional da Colômbia
Patrocínios:
Grupo Bradesco Seguros
Aori Produções Culturais
Museu Nacional da Colômbia



20.5.23

TOULOUSE LAUTREC

Salon de la Rue des Moulins - 1894     /  fotos com zoom


          - Tais Luso de Carvalho


       Henri Marie de Toulouse-Lautrec nasceu em 1864 na cidade de Albi, ao sul da França. Pintor, desenhista, artista gráfico, ilustrador e litógrafo tornou-se um dos mais conhecidos   pintores do mundo da arte – por causa de sua deformidade. Era filho de um rico conde francês.  Após ter quebrado as duas pernas – tinha uma debilidade óssea -,  ficou com os membros inferiores atrofiados, enquanto o resto do corpo cresceu normalmente.  Sua estatura diminuta fez com que Lautrec fosse personagem de várias caricaturas.

Feio, muito baixo, pernas tortas, o Lautrec adulto refugiou-se na marginalidade de Paris com a qual se identificou, devido a seus sofrimentos por ter um aspecto chocante. Fez do cabaré Moulin-Rouge uma espécie de lar, pintando este e outros locais semelhantes, frequentados por gente de toda a espécie , onde se dançava o proibido Cancan.

Seu pai pagou para que o filho fosse estudar artes em Paris e alugou-lhe um atelier. Tornou-se conhecido em Montmartre onde passava as noites desenhando no Moulin-Rouge e em outras casas noturnas.

'Trato de pintar a verdade, não o ideal' – esse foi o lema de Henri Marie de Toulouse-Lautrec, o famoso pintor do submundo parisiense.

Dançarinas, bêbados, prostitutas, foram estas as personagens escolhidas pela angústia de Lautrec. Complexado, sofrendo contínuas dores, Lautrec fazia gosto em reproduzir as deformações morais das modelos, chegando quase à caricatura. As dançarinas Avril e La Gouloue tornaram-se famosas depois de retratadas por ele.

Toulouse não seguiu nenhuma escola artística, mas tirou de cada uma que conheceu, aquilo de que necessitava para reforçar a documentação de tudo que o rodeava. Do impressionismo adotou o emprego das cores puras . Mais desenhista do que pintor, aplicava a cor sobre o desenho. As técnicas de impressão fascinaram o pintor; se tornou o primeiro grande artista gráfico ao realizar cartazes anunciando espetáculos de teatro e do Molin-Rouge.

Costumava desenhar cartazes publicitários para seus lugares preferidos. Prostitutas, cabarés e cervejarias estão associados ao nome de Lautrec por ter levado uma vida boêmia. Adorava as mulheres e passava a maior parte do tempo em bordéis. Não só dormia com prostitutas, mas as retratava em suas pinturas. Suas obras retratam uma visão alegre como em  No Molin Rouge , O Beijo, As Duas Amigas.

Pintou muito em papel-cartão e usava uma tinta a óleo especial ou uma mistura de guache e têmpera. Lautrec foi influenciado por Paul Gauguin, Goya e Degas. Em contrapartida, influenciou outros artistas como sua modelo e amante Suzane Valadon. Lautrec era alcoólatra e sofria de sífilis. Estas duas doenças causavam-lhe longos períodos de depressão levando-o a morrer aos 36 anos.

Por jamais ter se submetido à fórmulas e programas exatos, Lautrec é considerado um dos artistas mais independentes de sua época.

Em todos os lugares Lautrec  desnudava momentos verdadeiros, representando o abandono e a miséria. Seus traços interpretavam momentos psicológicos das modelos revelando-os em sua obra. Porém nem sempre a crítica foi benevolente com Lautrec; alguns o acusavam de ser bizarro e contrafeito, de forçar na degradação, de embrutecer e deformar as fisionomias, enfim, desnudar e catalogar a boemia mostrando almas conflitadas.

Se dizia ausente de qualquer escola, apesar de ter sido um impressionista. Lautrec se impôs como o pai do cartaz moderno; trabalhava sem parar. Pintava, expunha, ilustrava programas de teatro e canções. Colaborava com diversas revistas e realizava coletâneas de litografias sobre a vida das prostitutas.

'Eu pinto e desenho o máximo que posso, até minha mão cair fatigada' – confessou certa vez.

Porém, enfraquecido pela sífilis e alcoolismo caminhou para a decrepitude física e mental. No final de sua vida era visto a perambular sob um guarda chuva, com um cachorro de cerâmica debaixo do braço.

Durante um período de isolamento, em que estava numa Clínica, Lautrec mandou um bilhete ao pai:
'Papai, você tem a oportunidade de agir como um homem honesto, se eu permanecer trancado, morrerei'.

Com a liberdade reconquistada, Lautrec retomou seu cavalete e trabalhou o máximo que pôde. Depois voltou a morar com a mãe onde morreu em consequência de um derrame cerebral em 1901.

Ficou em Albi, o Museu Toulouse-Lautrec.


Fotos com zoom
Baile em Molin-Rouge - 1890
Dança de Avril                        Inspeção médica no prostíbulo

  



Referências:
Grandes Artistas ed Sextante
Arte nos Séculos ed Abril Cultura.
Dicionário Oxford 

11.4.23

PICASSO - A IMPORTÂNCIA DO ARTISTA

A Passadora / 1904

- Tais Luso de Carvalho

Picasso é talvez o mais importante artista plástico do século 20. Produziu um vasto número de pinturas, desenhos, gravuras e esculturas, e a maioria de museus de arte moderna do mundo exibem seus trabalhos.

Os historiadores de arte da atualidade colocam seu nome ao lado de figuras como os italianos Giotto e Michelangelo porque, como a deles, a obra de Picasso representa uma mudança radical no curso da arte do ocidente.

Costuma-se dizer que ele libertou os pintores da tirania da arte representativa, ou seja, que ele tornou possível para aqueles que vieram depois, desenvolver a arte não-representativa ou abstrata, e Picasso ajudou a consolidá-la.

A vasta obra de Picasso abrange muitos estilos. Ele desenvolveu o cubismo juntamente com Braque, inventou a colagem, ajudou a desenvolver também o surrealismo e, claro, a arte abstrata.

Aos poucos sua pintura foi se modificando, se deformando. Obcecado por novas formas, mergulhou na arte africana, descobriu máscaras polinésias e chegou à arte das cavernas. Nascia a revolução cubista que iria subverter toda a pintura até então solidificada. Picasso foi líder absoluto do cubismo. Seus trabalhos decompõem a realidade em elementos distintos, como por exemplo, que uma cabeça pudesse ser vista em diferentes ângulos ao mesmo  tempo, em superfícies  tridimensionais. O invisível se tornava visível.

Criou uma nova organização dos espaços e das estruturas. Ele geometrizou as formas naturais. Seus  volumes coloridos expressam suas emoções. Fragmentou o universo visual mas nunca esqueceu o ser humano. Por vezes tomado de compulsão erótica, pintava cenas de sexo que chacoalhavam os salões de artes. Depois de ter tentado recriar o mundo com suas experiências estéticas, Picasso criou uma ética: a defesa da liberdade em todos os setores.

Os primeiros comentários sobre o trabalho de Picasso apareceram na imprensa parisiense em 1900, quando suas pinturas foram exibidas na galeria de Vollard. O crítico Felicien Fugus, cobriu-lhe de elogios na publicação La Revue Blanche – e Picasso, com 19 anos já, começava a ganhar o mundo.

Picasso criou um estilo próprio, mas sempre aberto à novas idéias e influências. Sua obra era variada demais para ser rotulada por um único estilo. O furor causado em 1907 por As Senhoritas de Avinhão trouxe reprovações não apenas da crítica especializada mas também de seus amigos mais próximos.

No entanto, Picasso tinha absoluta convicção do que estava fazendo. Mais tarde os críticos reconheceram que o quadro foi revolucionário e influenciou o curso da arte do século 20.

No final da vida Picasso considerava a si mesmo parte de uma tradição muito antiga de pintores como Velázquez e Manet, e não das novas gerações, cuja obra nunca poderia ser comparada à de Picasso, o mestre.

Ao longo de toda a história da arte, os artistas sempre lutaram para viver de suas obras, e muitas vezes dependendo de recursos privados para financiar seu trabalho. O gênio extraordinário de Picasso foi instantaneamente reconhecido, propiciando ganhos que, com o correr do tempo, somaram uma considerável fortuna.

Picasso nasceu e 25 de outubro, em Málaga / Espanha e morreu em 8 de abril de 1973, aos 92 anos.


 OBRAS MONOCROMÁTICAS

La Repasseuse (engomadeira) 1904

Busto de Fêmia / 1922

Face e perfil / 1931

O Beijo / 1969

O Rapto das Sabinas / 1962

Esboço de Guernica / 1937


O Museu Guggenheim, em Nova York, reuniu obras monocromáticas que abrangem toda a carreira do gênio espanhol Pablo Picasso. Em preto e branco apresenta 118 obras reunidas numa exposição que começou em 4 de outubro de 2012 até 23 de janeiro de 2013.

São obras reunidas de 1904 a 1971. Empréstimos significativos provenientes de coleções públicas e privadas de toda a Europa e dos Estados Unidos, cinco dos quais nunca antes exibidos ou publicados.

Obras como A passadora, uma pintura a óleo de 1904 até O beijo, todo em cinza e negro, pintado décadas depois. Entre as obras reunidas está um esboço para o que talvez seja a obra mais famosa do mestre espanhol: Guernica.




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fontes : 
Picasso - Quebrando as Regras - David Spencer-Cia Melhoramentos, SP
Grandes pintores / Paulo R. Derengoski