5.11.11

VASCO PRADO

Negrinho com Sol

 Vasco Prado nasceu na cidade de Uruguaiana, no RGS -  Brasil, no ano de 1914. Foi desenhista, gravador e escultor. Adolescente, migrou para Porto Alegre a fim de estudar. Com 14 anos entrou para o colégio Militar onde ficou alguns anos e foi expulso em 1930 por ter feito um enterro simbólico de Washington Luiz.

Autodidata, começou a mexer com barro desde criança até ser reconhecido como um dos maiores escultores do país. Tentou o meio acadêmico em 1940 por achar que poderia aprender alguma coisa, porém, 3 meses depois Vasco abandonou o curso por achá-lo chato e superficial.

Seu início baseou-se nas obras de Auguste Rodin quando em sua primeira exposição ficou evidente a influência do escultor francês.

Mas tarde conseguiu uma Bolsa de Estudos do Governo - através da Aliança Francesa – para frequentar a Escola de Belas Artes de Paris. Lá estudou com Etiénne Hadju e Fernand Lèger.

Vasco já tinha certeza do que não queria, portanto buscou seu próprio caminho. Fez contato com o gravador mexicano Leopoldo Mendez, um artista de esquerda. A amizade o levou a se interessar pela gravura. De volta ao Brasil organizou em 1950 o Clube da Gravura de Porto Alegre, junto com os artistas Carlos Scliar, Danúbio Gonçalves, Glênio Bianchetti e Glauco Rodrigues.

Este pequeno grupo influenciou vários artistas, tanto no Brasil, como no Uruguai e Argentina. A proposta de trabalho era a de uma arte engajada politicamente e simpática ao homem do campo. Puramente realista, muitas vezes com aspecto documental. Nessa fase, Vasco descobriu a base de seu trabalho: a simplicidade.

Suas obras de curvas e volumes inconfundíveis espalharam-se por museus do Brasil, do Chile, Museu nacional de Varsóvia, Museu Americano de Maldonado, Galeria Municipal de Praga, Museu de Arte de São Paulo, Museu de Hakone – no Japão.

Sua obra emociona; a série Negrinho do pastoreio é um tema que Vasco nunca abandonou. Seu primeiro 'Negrinho' - 1943 -, é o retrato dramático da dor e do sofrimento. Sentado sobre as próprias pernas e preso ao formigueiro, só resta-lhe a agonia.

Seus cavalos são grandes e viris, assim como as mulheres são robustas, em terracota, bronze e mármore. As mulheres são cheias de sinuosidades, curvas, quadris largos e ventre dilatados. A exuberância das formas femininas de Vasco traz um pouco de primitivismo da Vênus de Willendorf e da sensualidade da Vênus de Milo. Suas esculturas primeiramente saem do papel; antes do escultor existe o grande desenhista.

' Em mais de 50 anos de atividades, Vasco acompanhou s transformações sociais e artistas de nosso século, delas recebendo muitas influências como homem e artista que interage nesse processo com sua bagagem existencial' - palavras de Renato Rosa.

E no meio de tanto trabalho e energia, será que o artista encontra tempo para pensar na morte?

'As vezes sim. Daí eu penso: poxa, que chato, tenho tanta coisa para fazer e eu tenho de morrer... quero trabalhar até a morte'.


Algumas frases de Vasco Prado...

- A função do artista é querer mudar o mundo.

- Sou muito como o Mario Quintana: acho que é provinciano ir para o Rio de Janeiro ou para São Paulo. (sobre sua permanência no Estado)

- Não tenho ligação com crítico algum e, sinceramente, não me interessa o que possam pensar sobre o meu trabalho.

- O desenho é a base de tudo. O desenho chama a forma. Sem desenhar, não se faz nada.




Falece em Porto Alegre no ano de 1998.



Lanceiro Farrapo 

Moça com braços erguidos / 1978


Pinéis Revolução Farroupilha / 1973

Modelo em repouso

Da série Negrinho do Pastoreio





(Fonte: Aplauso nº 3 / 1998 - Paula Ramos)