26.10.12

LEONARDO DA VINCI



- Tais Luso de Carvalho

Um dos mais versáteis artistas de todos os tempos: Leonardo da Vinci, o grande gênio do Renascimento (matéria nesse blog), fez por merecer esse título. Pintor, escultor, arquiteto, engenheiro de guerra, engenheiro hidráulico foi também um apaixonado pela gastronomia.

Nasceu no pequeno vilarejo de Vinci, perto de Florença, em 15 de abril de 1452. Leonardo formaria juntamente com Rafael e Michelangelo, o tripé do movimento renascentista.

Filho ilegítimo de um proprietário rural Ser Piero, membro de ilustre família florentina e da camponesa Catarine. Adotou 'Da Vinci' como sobrenome, numa referência à cidade onde nasceu. Da Vinci foi abandonado pela mãe Caterine – e ficou aos cuidados do pai que não reconhecera o filho bastardo. Mesmo tendo recebido o auxílio paterno, não foi reconhecido e nunca pôde usar o sobrenome da família.

Aos 14 anos Da Vinci, com grande inclinação para as artes, foi encaminhado ao atelier de Andrea Verrocchio, escultor, pintor e ourives. Aos 20 anos, Da Vinci conquistou a posição de pupilo-mor do artista e logo entrou para a Corporação dos Pintores de Florença, como mestre.

Em 1476, com 24 anos, uma desagradável denúncia abalou o artista: uma acusação anônima de homossexualismo (crime, na época) ,mas, foi arquivada por falta de provas. O incidente aumentou ainda mais sua solidão, embora em 1470 já era admirado por intelectuais e artistas.

Em meados de 1482 mudou-se para Milão em busca de novas perspectivas. A partir de 1499, com a invasão do exército francês, no norte da Itália, deixou Milão e passou algum tempo em Veneza. Florença, Milão, e Roma. Em 1516 foi convidado pelo soberano francês Francisco I a viver no Castelo de Cloux em Amboise - na França.

A Última Ceia 1497 (acima)  uma das obras mais apreciadas do mundo apesar da deterioração. Essa obra já bastaria para colocá-lo na lista como um dos maiores mestres da pintura de todos os tempos. Quando recebeu a encomenda da Igreja de Santa Maria Delle Grazie, que desejava um imenso mural, Da Vinci decidiu tentar uma técnica nova. Em vez de usar o afresco – aplicada a cor diretamente sobre a argamassa úmida -, preferiu usar óleo sobre uma superfície seca. O resultado técnico foi desastroso. A pintura foi restaurada diversas vezes e hoje está muito longe do original idealizado pelo artista. Mesmo assim sua força é enorme. Ao mostrar o momento em que Cristo anuncia a traição de um de seus discípulos, Da Vinci capta as reações psicológicas dos doze apóstolos.



Mona Lisa 1505 – a expressão máxima da popularização em escala mundial de uma obra de arte. Certamente é o retrato mais comentado de todos os tempos: a pose é incomum; a expressão é indecifrável; e o sorriso enigmático. Lisa Gherardini, mulher de um grande mercador, tinha 25 anos quando o quadro começou a ser pintado. Sua pose é nobre e altiva apesar da vestimenta ser simples para uma mulher de homem rico. A sua técnica, o sfumatto, é utilizada em seu rosto com cores adocicadas, indefinidas, sem contornos, sem precisões. Ao redor dos olhos e da boca de Mona Lisa o instinto se desfaz em suaves sombreados, esfumando-se. Por isso nunca saberemos seu estado de espírito: santa ou pecadora? Triste ou alegre? Quinhentos anos depois, o sorriso de Gioconda ainda intriga o mundo!

Resumindo, a técnica de sfumatto ( de Leonardo)  suaviza a rigidez e a realidade aparece como que amortecida, o que provoca diversos sentimentos no observador. Os contornos menos pronunciados, as demarcações tornam-se suaves, criam uma atmosfera de representação pictórica livre: o dia e a noite, o claro e o escuro tornam-se componentes importantes da obra.



Dama com um Arminho 1490 – é provável que a modelo tenha sido Cecília Gallerani, considerada uma das amantes do duque Ludovico Sforza, governante de Milão na época. Cecília era uma mulher famosa e admirada. Vinha de boa família, falava latim, escrevia poemas e cantava. Pelos traços vê-se sua determinação, de boca fechada com um sorriso apenas esboçado num rosto de expressão enérgico. O quadro muito original não só pela pose, mas pela inclusão de um animal não muito dócil – que faz um contraponto à serenidade de Cecília.




Sant'Ana a Virgem e o Menino 1510 – apesar de não ser o trabalho mais famoso de Da Vinci, seria mesmo assim sua obra predileta, que foi um tanto original em sua composição. A simplicidade das figuras ganha riqueza com os movimentos, somando-se com a técnica do sfumatto – na qual a passagem de um tom para o outro é suave. Nessa obra o amor materno é mostrado de maneira sutil e convincente.




Anunciação - Com seu rosto suave e os cabelos soltos a Virgem encarna o doce ideal de beleza de Da Vinci. O desenho exato e uma suave gradação das cores como forma de representar fisionomias delicadas, são características dos retratos da época, e que exprimem a tentativa de representar o interior, a alma, por meio de uma expressão física exterior.

A vida e obra de Leonardo Da Vinci retrataram a evolução de seu pensamento. Muitas obras de Da Vinci estão perdidas, ele não as assinava. Sua produção sempre teve a marca da qualidade, mesmo no início. Era incontestável a facilidade que tinha em lidar com o desenho. Seus estudos pictóricos dão expressividade aos rostos.

No seu auto-retrato (1513), com 61 anos, se mostrava-se amargurado. Foi um gênio incontestável, reconhecido em vida por onde passava, onde viveu e trabalhou. Só não foi unanimidade nas diversas áreas em que atuou porque tinha a fama de deixar obras inacabadas. Ao se referir a essa característica de Da Vinci, o Papa Leão X disse:

'Da Vinci gosta mais do caminho que da chegada, mais do processo que do resultado'.

O INVENTOR E DESENHISTA

Da Vinci foi um artista e um grande inventor. Seus desenhos continuam ainda hoje, um grande patrimônio histórico. Essa herança para a humanidade contém 7.700 páginas. Nas suas famosas anotações científicas há centenas de ilustrações de projetos nas mais diversas áreas: da hidráulica à cosmologia, da astronomia à geologia, passando também pela paleontologia, mecânica, geografia, gastronomia, música e também audaciosos projetos de engenharia.

Leonardo foi o primeiro no estudo da anatomia, procurando traduzir através de desenhos detalhados do corpo humano. Quase todos os artistas renascentistas fizeram estudos de mãos. Leonardo, no entanto, baseou seus esboços em observações dos ossos, músculos, nervos, e veias. Grandes deformidades intrigavam-no tanto quanto a beleza.

Conta-se que uma vez ele embebedou um grupo de camponeses afim de poder fazer esboços sobre a repentina bestialidade de suas faces. Suas caricaturas de gente velha refletem um interesse de pesquisador pela avançada idade. Assim foi Leonardo que produziu os mais belos e exatos estudos anatômicos de sua época. Dissecou mais de 30 cadáveres - até que o Papa Leão X o proibiu de entrar no mortuário de Roma.

Clique para ver maior


Velho e abatido, com a mão direita parcialmente paralisada, o artista que era canhoto, escreveu sem cessar. Morreu em 2 de maio de 1519, aos 67 anos. Ao seu lado estava apenas o companheiro dos tempos de Milão, Melzi, responsável pela propagação de seus manuscritos que, mais tarde comporiam o 'Tratado sobre a Pintura'.

'Ele acordou muito cedo, enquanto todos dormiam'. 
(Sigmund Freud)


Clique AQUI e veja a luta contra os efeitos do tempo: uma pequena caixa inteligente, chamada 'climabox' ajuda a preservar auto-retrato de Leonardo Da Vinci. 
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Fontes:
História da Pintura - Könemann
Grandes Pintores / P. Derengosky
pinacoteca ed. caras 1998



20.9.12

DEBRET – ESTILO INCONFUNDÍVEL


Ponte de Santa Ifigênia

- Tais Luso de Carvalho

Jean Baptiste Debret nasceu em Paris no ano de 1768, oriundo de uma família que já se interessava pela arte. Seu pai tinha entre seus amigos figuras de projeção do mundo artístico, entre eles Demaison – arquiteto real, e David, chefe do movimento neoclássico francês e mais tarde pintor da epopeia napoleônica. E foi nesse ambiente que Debret resolveu dedicar-se à arte, iniciando seu aprendizado com David, que exerceu uma grande influência em sua obra.

Em 1785 ingressou na Academia de Belas Artes. Porém, a guerra e a invasão do território francês acentuaram no governo a preocupação com a segurança nacional e os melhores alunos da Academia – entre eles Debret - foram transferidos para a Academia de Pontes e Calçadas, para estudar 'fortificações'.

Essa interrupção na sua carreira de artista não prejudicou sua obra. À partir de 1798, no Salão Oficial, mostrou, já, um estilo que começou a se definir - neoclássico – documentando acontecimentos históricos através de uma forma artística elaborada.

À partir de 1806, sensibilizado pela glória de Napoleão, passou a retratar episódios da vida do imperador. Em 1815, um novo abalo e uma nova interrupção na sua arte. A morte de um filho provoca nele o desejo de se afastar da França.

Acompanhando uma missão artística destinada a fundar uma Academia de Belas Artes no Rio de Janeiro, Debret chegou ao Brasil em 1816. Mas apenas em 1827 foi inaugurada a Imperial Academia de Belas Artes. Logo o Imperador D. Pedro I reconhece o valor de sua arte e Debret passou a ser o pintor oficial da côrte brasileira. 'Coroação de D. Pedro I', o 'Desembarque da Imperatriz Leopoldina', cenários do Teatro Imperial e alegoria do segundo casamento de D. Pedro I, são obras desse período.

A obra que realizou no Brasil foi imensa: cenas brasileiras, retratos de família, pinturas para o cenário do Teatro São João, , trabalhos de ornamentação para a cidade do Rio de Janeiro para festas públicas e oficiais, assim como solenidades da aclamação de D. João VI. Também foi professor da pintura histórica na Academia Imperial de Belas Artes e realizador da primeira exposição de Arte no Brasil, inaugurada em 2 de dezembro de 1829.

É, certamente, o artista da Missão Francesa mais conhecido pelos brasileiros, por seus trabalhos que documentam a vida no Brasil durante o século 19  e muito reproduzidos nos livros escolares.

A pintura Ponte de Santa Ifigênia (acima) se destaca pela impressão de profundidade da ponte e das pessoas. A presença de poucas casas e muita vegetação, hoje está numa área central de São Paulo, das mais movimentadas.

Mais desenhista do que pintor sua arte mostrou toda a fidelidade dos ensinamentos acadêmicos neoclássicos. 

Voyage Pittoresque et Historique au Brésil, é uma obra em 3 volumes, no qual focaliza a vida da côrte e do campo no Brasil, os escravos e os índios do reino. 

Cita-se essa obra como a  mais importante onde encontramos todas as ilustrações de Debret - desenhos e aquarelas - onde documenta os usos e costumes da época dos indígenas à sociedade do Rio de janeiro e assuntos diversos, como paisagens naturais e urbanas, retratos, estudos de condecorações, peças de vestuário e acessórios de montaria.

O estilo de Debret é inconfundível e alia-se a uma grande fidelidade nas informações.
Em 1831, após a abdicação do imperador, regressa à França onde morre em 1848.

Cenas brasileiras
Os Calçadores
Coroação de D.Pedro I
O caçador de escravos
Um jantar brasileiro
Desembarque de Leopoldina
O velho Orfeu africano



29.8.12

PETER PAUL RUBENS



Peter Paul Rubens, filho de pais flamengos (região belga). Nasceu em Siegen, na Alemanha em 1577. Seu pai era advogado protestante de Antuérpia, que fugira para a Alemanha para escapar à perseguição religiosa.

Após a morte do pai, em 1587, voltou à Antuérpia acompanhado da mãe. Na Alemanha foi batizado Calvinista, mas tornou-se católico. Durante as décadas 1620 e 1630 tinha como patrono personalidades das mais influentes da Europa, dentre eles os reis Carlos I, Felipe IV, Maria de Médice, os Mantuas, as igrejas os quais encomendavam uma grande variedade de obras.

Seu atelier em Antuérpia era bastante movimentado, repleto de assistentes e aprendizes. Entre seus alunos estavam Van Dyck, Jan Brughel e outros gênios. Produzia centenas de composições com desenhos previamente preparados por ele e que retornava, depois às suas mãos para a arte final. Rubens tornou-se um artista independente aos 22 anos. Anos depois, pode já comprar uma luxuosa casa, com jardim, no centro de Antuérpia.

Recebeu muitas encomendas prestigiosas, entre elas o Levantamento da Cruz /1610, A Deposição da Cruz / 1611, A Casa de Banquete de Inigo Jones. Foi bastante influenciado por Ticiano do qual quando foi à Madri, pode copiar algumas de suas obras. Familiarizou-se e teve influência de Veronese, Rafael, Leonardo da Vinci e Tintoretto. Seus trabalhos sempre expressavam vivacidade, movimento, delicadeza e elegância, e com isso e outras particularidades, alcançou fama mundial.

Sua segunda esposa, Hélène Fourment, de 16 anos, aparece em várias de suas obras. Rubens ficou amigo de Caravaggio e logo ingressou nas altas-rodas. Famoso e rico, no fim da vida sua pintura acalmou-se, num estilo de quietude intimista, querendo agarrar a natureza. As composições deixaram de ser assimétricas, com menos movimento e mais sentimento. A calmaria das paisagens substituiu a variedade de cores do antigo barroco. Diminuiu a intensidade da mistura do sacro com o profano, trocando um pouco  a intensidade cromática pelos detalhes humanos.
Faleceu em 1640, em Antuérpia aos 63 anos.

O MASSACRE DOS INOCENTES (obra acima)

Abandonado por quase um século num cômodo escuro de um mosteiro austríaco, a obra O Massacre dos Inocentes, foi catalogado no século 18 como autoria do artista flamengo Jan van den Hoecke – seguidor de Rubens. Em 2001, no entanto, descobriu-se que a obra é de um dos maiores nomes da arte flamenga de todos os tempos: Peter Paul Rubens. Pintado por volta de 1611 o quadro é um dos que o artista fez sobre o massacre de todos os meninos recém-nascidos, da Judéia, ordenado pelo rei Herodes para evitar a vinda do Messias, ou seja, de Jesus. A solidez dos corpos dos soldados, a harmonia de uma composição exuberante e complexa, a vivacidade das cores, a expressividade das variadas emoções perante o horror do infanticídio, com soldados arrancando bebês dos braços de suas mães, são alguns dos pontos altos da obra. O quadro revela nítida influência dos grandes mestres italianos: a cor do veneziano Ticiano, as formidáveis figuras humanas de Michelangelo e do claro-escuro de Caravaggio. (National Gallery / Londres)





ALGUMAS OBRAS:

A adoração dos reis magos – 1609 (Museu do Prado)
  A adoração dos reis magos – 1624 ( Museu Koninklijk, Bélgica)
Prometeu acorrentado – 1611 (Museu de Arte da Filadélfia)
A deposição da cruz – 1614 (Catedral de Antuérpia, Bélgica)
Retrato de Suzanne Fourment - 1625 (National Gallery, London)
          O casaco de peles – 1638 ( Museu Koninklijk, Bélgica)
Samson and Delilah - 1610  (National Gallery, London)
 Os silenos bêbados - 1617 (Pinacoteca de Munique)
O sentido da visão – 1617 (Museu do Prado)
Suzanna and the Elders - 1608
Assumption of the Virgin Mary - 1626
The Rainbow landcape - 1636
Romulus and Remus 1616
Caça aos leões – 1616
The Three Graces - 1635 



Referências:  
 Grandes Artistas ed. Sextante 
 Grandes Pintores - Derengoski
 Bravo 100 Obras Essenciais


20.7.12

TÉCNICAS PARA PEANHAS (SUPORTE PARA SANTOS)



 À pedido de leitores do blog Das Artes  posto algumas técnicas (minhas) para peanhas. São muito fáceis e podem ser feitas em madeira, resina, cerâmica ou gesso.
 O 'crédito' das fotos - para efeito decorativo da página - estão no final da postagem.

FOLHAÇÃO COM OURO

- Impermeabilizar a peanha com goma laca - 3 vezes. Entre cada demão deixe secar ou use o secador.
- Passe verniz mordente e espere ficar no ponto de grude. Notará ao tocar.
- Grude as folhas de ouro ou prata, uniformemente, com pincel macio para não ficar marcado.
- Deixe secar bem.
- Passe goma laca incolor para impermeabilizar e com o tempo não oxidar.
- Deixe secar.
- Passe betume, diluído na aguarrás, mas num ponto fraco.
- Retire com um pano macio, deixando aparecer bem o ouro.



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EFEITO BAMBU ENVELHECIDO

- Impermeabilize 3 vezes a peanha (de gesso ou resina) com goma laca indiana. Deixe secar entre uma e outra demão.
- Passe o betume dissolvido com aguarrás e logo em seguida limpe com um pano macio no mesmo sentido.
- Passe cera nos dedos, besunte os dedos com purpurina ouro e faça nuances, de leve, nos pontos da peça que você quer o ouro. Ou coloque folhas de ouro, mais bonito!



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 EFEITO MARFIM

Impermeabilize a peça com uma demão de goma laca incolor.
Passe tinta a óleo branca (bisnaga) em toda a peça.
Deixe secar bem.
Pinte com tinta bisnaga na cor marrom terra, ou siena e vá retirando com um pano macio por partes. Deixe um pouco de tinta nas partes mais profundas.
Deixe secar e abra o lustro.


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EFEITO TERRACOTA

- Dê uma demão de tinta PVA na cor terracota, flamingo ou salmão.
- Deixe secar.
- Dilua a tinta a óleo (bisnaga) branca em um pouquinho de aguarás, até ficar cremosa.
- Aplique em toda a peça.
- Retire em seguida com um pano macio.


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EFEITO MADEIRA VELHA 'COLORIDA'

- Não impermeabilize a peça.
- Escolha uma 'tinta a óleo' da cor desejada e um pouquinho de aguarrás para dissolver.
- Passe na peça. Deixe secar.
- Passe betume dissolvido ao tom médio e vá limpando por partes.
- Coloque talco em toda a peça e retire o excesso.

- Abra o lustro, e se quiser, aplique com o verniz mordente, alguns filetes de folha de ouro. 



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EFEITO ENVELHECIMENTO RÚSTICO (sem foto)

- Passe 1 vez a goma laca indiana.
- Passe as 3 tintas a óleo (bisnaga) na ordem verde, marrom e vermelha, uma após a outra, esperando uns 5 minutos de secagem entre elas.
- Espere um pouco e retire tudo com papel higiênico.
- Solte talco e passe uma flanela.


EFEITO MADEIRA MUITO VELHA (sem foto)

- Passe betume diluído em aguarrás 'sem impermeabilizar' a peça, nem muito forte, nem muito fraco. Espere uns minutos e jogue talco por cima. Retire o excesso com pano macio. Se quiser repita a operação, pois essa técnica permite tudo, até erros.

A peça ficará bem velha. Se gostar aplique filetes de folha de ouro envelhecida e impermeabilize apenas as folhas. Cubra com betume e retire logo.

EFEITO MADEIRA ESTILIZADA (sem foto)

- Aplique uma demão de goma laca purificada.
- Misture 2 partes de betume e 1 parte de aguarrás. Aplique sobre toda a peça.
- Deixe secar.
- Passe um Bombril suavemente sobre as áreas em relevo.
- Misture a goma laca e um pouquinho de purpurina e aplique sobre as áreas que deseja realçar.




'Crédito' das fotos aos sites, como ilustração do post:

- Vila Club - Villa Ântica - Catálogo Das Artes - Mercado Livre - Leilão Justo
- Empório de Arte - Detalhes Leilões



IDADE MÉDIA: O REINO DA RELIGIÃO





A Idade Média compreende o milênio entre os séculos V e XV, aproximadamente desde a queda de Roma até o Renascimento. O período inicial é chamado Idade das Trevas, depois da queda do Imperador bizantino Justiniano (ano 565), até o reinado de Carlos Magno (ano 800).
Mas a Idade das Trevas foi apenas uma parte da História da Idade Média. Há muitos pontos de luz na arte e na arquitetura, desde o esplendor da corte bizantina, em Constantinopla, até a imponência das catedrais góticas.
Nessa época, o cristianismo triunfou sobre o paganismo e o barbarismo - os bárbaros destruíram o que levara 3000 mil anos para ser construído.
Uma vez que o foco cristão se dirigia para a salvação e para a vida eterna, desapareceu o interesse pela representação realista do mundo. Os nus foram proibidos e até as imagens de corpos vestidos revelavam a ignorância da anatomia. Os ideais greco-romanos de proporções harmoniosas e equilíbrio entre o corpo e a mente desapareceram. Os artistas medievais se interessavam exclusivamente pela alma, dispostos principalmente a iniciar novos fiéis nos dogmas da igreja.
Os teólogos acreditavam que os cristãos aprenderiam a apreciar a beleza divina através da beleza material, e o resultado foi uma profusão de mosaicos, pinturas e esculturas.
Na arquitetura também a arte medieval se formou de três estilos diferentes: o bizantino, romano e gótico.
Tanto os romanos como os bizantinos seguiam a tradição dos 'Mosaicos' ( montagem de cubos coloridos). Enquanto o Mosaico Romano era de cubos de mármore opaco, com acabamento liso e uniforme, cores limitadas à tonalidade de pedras, e usados em residências, com temas seculares inspirados em batalhas e jogos, e com paisagem ao fundo, o Mosaico Bizantino era feito de cubos de vidro brilhante, superfícies irregulares, e usados em paredes e tetos no adorno de igrejas, e sempre com temas religiosos. Normalmente o fundo era em azul.

ÍCONES
Melancólica como as imagens de mártires torturados não se pode falar em arte bizantina sem um olhar para os ícones. Eram pequenos painéis de madeira com imagens pintadas, supostamente com poderes sobrenaturais. As imagens são rígidas, em pose frontal e geralmente com olhar fixo. Acreditava-se que os ícones tinham propriedades milagrosas. Fiéis mais ardorosos os carregavam para a guerra, outros gastavam a pintura de tanto beijá-los. Tão forte se tornou o culto aos ícones que eles foram proibidos entre 726 a 843, por desobediência ao mandamento contra a idolatria.



MOSAICOS
Uma das maiores formas de arte, surgiu entre os séculos V e Vl em Bizâncio, já em poder dos turcos e em capital italiana, Ravena. Os mosaicos eram utilizados na propagação do novo credo oficial, o Cristianismo, portanto o tema era a religião em geral mostrando Cristo como mestre e senhor todo-poderoso. Uma suntuosa grandiosidade, com halos iluminando as figuras sagradas e fundo resplandecendo em ouro, caracterizava essas obras.
As figuras humanas são chapadas, rígidas e simetricamente colocadas parecendo estar penduradas. Os artesãos não se interessavam em perspectiva ou volume. Suas figuras humanas eram altas, esguias, com rosto amendoado, olhos enormes e expressão solene, olhando para a frente, sem o menor esboço ou movimento.
Mosaico Bizantino

Mosaico Romano

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Arte Comentada: da pré-história ao pós-moderno / ed. Ediouro
Rio de janeiro 2004 – Carol Strickland, Ph.D.

17.7.12

RUBENS GERCHMAN

O Beijo


- Tais Luso de Carvalho

Nasceu no Rio de janeiro em 1942 onde iniciou sua formação artística em 1957 no Liceu de Artes e Ofícios onde estudou desenho. Posteriormente entrou para a Escola de Belas Artes onde realizou suas primeiras exposições em 1960 e em 1961. Seus trabalhos, inicialmente, eram a xilogravura e serigrafia  que exploravam a vida cotidiana das grandes cidades, como futebol, concursos de beleza, política onde abordava, também, os dramas humanos documentando a realidade social. E com essas abordagens alcançava enorme sucesso nacional e internacional onde obteve o prêmio  Figuração Narrativa na Arte contemporânea de Paris, em 1965.

Em 1966 abandonou a serigrafia e xilogravura e parte para outros materiais como madeira, alumínio... e começou a planejar grandes construções para espaços abertos: as cartilhas superlativas onde deveriam ser postas em lugares predeterminados, como um enorme 'AR', de aço inoxidável que deveria ser colocado no alto de um edifício, contrapondo-se às antenas de televisão das montanhas da Guanabara.

Empenhado em manter uma comunicação cada vez maior com suas obras, Gerchman foi um artista que viu na palavra escrita o recurso para expressar melhor sua mensagem estética. Valeu-se de frases que completavam o significado das representações e quando a imagem não conseguia mais transmitir suas ideias, ele usava unicamente as palavras em criações monumentais destinadas à apreensão fácil e imediata por parte do público.

Contemplado com o prêmio adquirido no 16º Salão de Arte Moderna, em 1966, ganhou uma viajem ao exterior onde resolveu residir em Nova Iorque entre 1968 a 1972. Em 1978, viajou para os Estados Unidos com bolsa da Fundação John Simon Guggenheim.

Influenciado  pela Pop Art, Arte concreta e neoconcreta, tornou-se um dos principais representantes da Vanguarda carioca. Morreu aos 66 anos, em 2008, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, vítima de um tipo raro de câncer.

"Os problemas de linguagem pictórica são a preocupação de uma minoria, mas a guerra, o sexo, a moral, a fome, a liberdade são problemas de todos os seres humanos". (de Ferreira Gullar, seu amigo).

O Carro
Não há vagas / 1965

As Panteras / 1990
Viva a Vida


Lindonéia / 1996
Poesia Visual

- Enciclopédia Virtual Itaú
- Arte nos Séculos / abril cultural


18.6.12

Tomie Ohtake / A Dama do Abstracionismo


- Tais Luso 

Natural de Kyoto / Japão, Tomie nasceu em 1913, chegando ao Brasil em 1936, com 23 anos fixando-se em São Paulo e naturalizando-se brasileira em 1940. Só em 1952 iniciou seus estudos de pintura com o artista japonês Keisuke Sugano. Junta-se ao Grupo Seibi constituído de Shiró, Kaminagai, Manabu Mabe, Fukushima entre outros. Trabalhou com serigrafias, litografias e gravuras em metal.

Atualmente, Tomie com 98 anos está mostrando suas obras em Porto Alegre no Instituto Iberê Camargo - obras executadas com os olhos vendados, pintadas em 1960. Em Pinturas Cegas Tomie experimentou praticar uma pintura em que os outros sentidos aflorassem, baseando-se apenas no gesto e na intuição. Usou as cores azul, preto, cinza, marrom, vermelho e verde. O resultado final são telas estruturadas a partir de manchas e cores diluídas que se aproximam de um abstracionismo informal.

Estas Pinturas Cegas  são desconhecidas do grande público. Até 2011 não havia ocorrido uma exposição dedicada apenas a estas obras. Tomie teve, também, seu momento de figuração que aconteceu antes do seu abstracionismo. Depois da etapa das Pinturas Cegas, Tomie partiu para o abstracionismo mais gestual, marcado por grandes telas que exploravam a textura e o espaço.

Com 98 anos Tomie ainda pintava todos os dias, apesar de algumas dificuldades de movimentação. Em outras fases, Tomie conta que sua pintura teve momentos em que a razão ocupou momentos destacados. 

Segundo a artista 'a abstração é uma presença em muitas diferentes correntes de arte, O seu vigor continua a existir, de acordo com a época'.

Realizou diversas obras públicas, como o painel do edifício Santa Mônica, em São Paulo; a escultura Estrela do mar, na Lagoa Rodrigo de Freitas / R.Janeiro; a escultura em homenagem aos 80 anos da Imigração japonesa no Brasil; painéis para o Memorial da América Latina.

Participou do Salão Paulista de Arte Moderna, diversas Bienais de São Paulo e de várias Bienais Internacionais como as de Veneza, Medellin e Havana. Realizou várias exposições individuais no Brasil e no exterior.

À seu respeito, escreveu Clarival de Prado Valladares:

'De acordo com alguns críticos, a pintura de Tomie Ohtake corresponde a um dos pontos mais elevados do abstracionismo já produzido no Brasil. (…) Quando observamos as grandes manchas das telas de Tomie Ohtake percorrerem quase o imensurável das variações tonais de uma cor básica, ocupando uma superfície como se um todo universo se resolvesse naquela experiência e naquele momento, sentimo-nos bem próximos de uma exegese da pintura'.

Pinturas Cegas 1960
Pinturas Cegas 1960
Pinturas Cegas 1960
Sem nome 1963
1971
1982
1979

1976


O INSTITUTO TOMIE OHTAKE, erguido na mais importante cidade da América Latina, São Paulo, tem como proposta apresentar as novas tendências da arte nacional e internacional, além daquelas que são referências nos últimos 50 anos, coincidindo com o período de trabalho da artista plástica que dá nome ao espaço, Tomie Ohtake.

Inaugurado em novembro de 2001, o centro cultural ocupa uma área total de 7.500m2. Para exposições conta com sete salas distribuídas em dois grandes pisos, um dos quais abriga ainda o setor educativo, com quatro ateliês, espaço para seminários, área de documentação e um Grande Hall, onde estão instalados o restaurante Santinho, a livraria Gaudi e a loja de objetos IT.


Instituto Tomie Ohtake / São Paulo


'Eu nunca pintei com o emocional. Sempre pintei mais friamente. É sempre colocando camada, camada, camada. Colocando muitas cores, camada, camada, até chegar onde eu quero. O gesto era bem mais calmo, caía sempre  sobre a tela e seguia uma direção que era mais mental'. (Tomie)

Radicada no Brasil desde 1936, morreu aos  101 anos em São Paulo, deixando uma obra única, com sua marca. Pintou até poucos dias antes de falecer em fev de 2015 / São Paulo.