Ismael Nery - obras
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Tais Luso de Carvalho
Ismael
Nery nasceu em Belém do Pará em 1900. Junto com Cícero Dias e
Oswaldo Goeldi foi um dos expoentes dos anos 1920.
Aos
33 anos já no fim de sua vida (tuberculose), suas palavras
traduziram a angústia do artista incompreendido. Demasiadamente
inovadoras para a época suas obras obtinham uma reação fria e
indiferente do público. Entretanto Ismael dedicou toda a sua vida a
elas; a arte sempre foi sua vida, sua vocação.
…Não tenho sido na vida senão um grande ator sem vocação. Ator desconhecido, sem palco sem cenário e sem palmas.
Foi
para o Rio de Janeiro ainda criança. Aos 18 anos matriculou-se na
Escola de Belas Artes e dois anos depois foi para Paris onde
frequentou a Academia Julien e a Escola de Arte.
Quando
voltou ao Brasil em 1922 intensificou sua atividade de pintor e
desenhista. Mais tarde, após uma nova estada em Paris, Ismael voltou
em sua cidade natal e realizou sua primeira exposição, sem nenhum
sucesso. Em 1929 o fracasso se repetiu, na mostra do Palace Hotel do
Rio de Janeiro.
Casado
com Adalgisa Néry, mantinha a família exercendo um cargo público.
Além de pintor, era poeta, mas sua poesia também não era aceita.
Apenas um reduzido número de amigos o compreendia, entre eles o
poeta Murilo Monteiro Mendes que escrevia artigos sobre Ismael,
procurando projetá-lo no mundo artístico.
Entretanto,
em 1930, o artista tuberculoso, não pode mais lidar com as tintas.
Dedicou-se, então, ao desenho, criando obras que refletiam a
tragédia de sua vida.
Após
sua morte, em 1934, Adalgisa entregou seus trabalhos para Murilo
Mendes que os guardou até 1965. Apenas alguns entendidos conheciam
suas obras e algumas delas foram incluídas na VIII Bienal de São
Paulo, e a partir dessa época o nome de Ismael Nery adquiriu fama.
Os
colecionadores procuravam seus quadros e as galerias disputavam a sua
exposição. Eram óleos, desenhos e aquarelas de caráter universal,
onde a realidade brasileira estava ausente.
O
tema girava em torno do homem atemporal que tanto pode vestir trajes
da antiguidade como os costumes simples do proletário moderno.
A
X Bienal mostrou novamente essas obras originais em que Ismael reuniu
nas formas expressionistas (1922 a 23), cubistas (1924 a 27) e
surrealistas (1927 a 34), expressando o problema íntimo da
comunicação e do amor.