- Tais Luso de Carvalho
O pintor modernista José
Pancetti, (Giuseppe
Giannini Pancetti),
nasceu
em Campinas, São Paulo em 1902. Filho de emigrantes italianos, de família humilde, passou
sua infância em meio a dificuldades. Aos 10 anos, devido
a um incidente familiar foi levado por um tio para a Itália. Essa
viagem lhe proporcionou o primeiro contato com o mar lhe
provocando uma emoção que o acompanharia pelo resto da vida.
Na
Itália trabalhou como aprendiz de carpinteiro numa fábrica de
bicicletas, em outra de material bélico, só encontrando satisfação
e tranquilidade quando ingressou para a marinha mercante italiana
que lhe proporcionou o reencontro com o mar. Retornou ao Brasil em
1920, alistando-se na marinha brasileira dois anos mais tarde como
grumete.
Embarcou
em vários navios de guerra, viajando pelo Brasil e por outros
países. Daí surgiu seu primeiro desenho. Passou a compor nas horas
vagas cartões-postais, paisagens sempre aplaudido pelos seus
companheiros de bordo por suas qualidades artísticas.
Já
instalado no Brasil, ingressou no Núcleo Bernadelli, uma espécie de
atelier livre, fundado em 1931 no Rio de janeiro. Dois
anos mais tarde conheceu o pintor polonês Bruno Lechowski, que se
tornou seu mestre. Em
contato com outros artistas, passou a enviar trabalhos para o Salão
Nacional de Belas Artes, conquistando menção honrosa e medalhas
de bronze, prata e ouro.
NÚCLEO BERNARDELLI
No ano de 1931, no Rio de janeiro, formou-se um grupo de jovens que não aceitava mais os princípios tradicionalistas que predominavam no ensino da arte, principalmente na Escola Nacional de Belas Artes, que ainda era regida pelas ideias da Missão Artística Francesa.
Esse grupo carioca recebeu o nome de Núcleo Bernardelli, que no fim do século 19 haviam contribuído para a renovação da arte brasileira. Dele faziam parte, entre outros, os artistas Ado Malagoli, José Pancetti e Milton Dacosta. Apesar deste grupo ter sido renovador, ele representou um aspecto menos radical do modernismo.
(História da Arte, ed Ática)
Em
1941, o Salão Nacional de Belas Artes concedeu-lhe o prêmio de uma
viagem ao estrangeiro, mas Pancetti, gravemente doente, recebeu o
prêmio convertido em pensão para custear seu tratamento em Campos
do Jordão. No novo ambiente sua pintura transformou-se: surgiram as
paisagens serranas, com marrons e vermelhos substituindo o cinza, o
verde e o azul das marinhas.
Cinco
anos mais tarde sua carreira artística estava em plena ascensão.
Entre outras exposições participou da 1ª Bienal de Veneza / 1950,
e da 1ª Bienal de São Paulo / 1951.
A
partir dessa época, suas telas adquiriram cores mais depuradas e
vibrantes, criando figuras e naturezas mortas, sempre dentro de um
estilo próprio, alheio a qualquer tipo de corrente.
Após
sua participação na XXV Bienal de Veneza, passou a residir em
Salvador, dedicando-se por inteiro à pintura, já que passou para a
reserva da marinha como primeiro-tenente, após servi-la por 25 anos.
Suas
obras estão guardadas em inúmeras instituições artísticas
nacionais e internacionais. É reconhecido como um dos mais
brilhantes paisagistas brasileiros. Com ele, esse gênero de pintura
atinge seu ponto alto, pela exuberância, pelo sensualismo plástico
e pela espontaneidade, pelos
quais soube tão bem captar a cor e a luminosidade dos trópicos
brasileiros.
Em
1955 foi definitivamente consagrado, através de uma retrospectiva
organizada pelo Museu de Arte Moderna no Rio de janeiro.
Passou
os últimos anos de sua vida buscando inspiração para suas obras
nas brancas areias da Bahia.
Faleceu
em 1958 no Rio de Janeiro, no Hospital da Marinha aos 56 anos de
tuberculose.
Farol da barra - 1952
Campos do Jordão
Arsenal da Marinha - 1936
Marinha - 1945
Mar Morto - 1941
Lavadeira do Abaeté - 1957
Natureza morta - 1943