10.9.20

JEAN-MICHEL BASQUIAT - VIDA E OBRA


 Obra  'Untitled 1982' de Basquiat  foi vendida  em 2017  
por US$ 110,5 milhões  ( R$ 370 milhões) 



            
           
              - Taís Luso 

Jean Michel Basquiat nasceu em 1960, Nova York / Estados Unidos. Pintor neo-expressionista e grafiteiro norte-americano, Basquiat era filho de Gerard Jean-Baptiste Basquiat, ex-ministro do interior do Haiti que se tornou proprietário de grande escritório de contabilidade ao imigrar para os Estados Unidos e de Mathilde Andrada, de origem porto-riquenha. Era o primeiro, dos três filhos do casal, de classe média alta.
Aos três anos já desenhava caricaturas e reproduzia personagens dos desenhos animados da televisão.
Mas seu gosto pela arte se tornou coisa séria e um dos seus programas favoritas era, já aos seis anos, frequentar o Museu de Arte Moderna de Nova York, de onde tinha carteira de sócio mirim.
Uma tragédia o colocou ainda mais próximo da arte, quando aos sete anos foi atropelado e no acidente teve o baço dilacerado. Foi submetido a uma cirurgia e ficou uma temporada no hospital. Sua mãe, então lhe deu de presente um livro de anatomia - Gray's Anatomy - que teria grande influência em seu futuro de artista, revelado pelas pinturas de corpos humanos e detalhes de anatomia.
Quando seus pais se divorciaram, mudou-se com o pai e as irmãs para Porto Rico e lá viveu de 1974 a 1976. Aos 17 anos voltou a Nova York, mas não conseguiu se adaptar às escolas convencionais. Passou a frequentar a Edward R. Murrow High School mas a abandonou no final do curso. saiu de casa, e foi morar com amigos, onde passou a pintar camisetas que ele mesmo vendia nas ruas.
Com o amigo grafiteiro criou a marca SAMO que usava para espalhar as suas obras pelas paredes da cidade. Passa a viver nas ruas e a grafitar paredes, portas de casas e metrôs de Nova York.
Em pouco tempo tornou-se famoso, começou a aparecer numa TV a cabo e convidado a participar de um filme Downtown 81 investindo o dinheiro que ganhou em materiais de pintura. O filme relata um dia na vida do jovem artista à procura da sobrevivência e mistura Hip-hop, New-wave e Graffiti - manifestações artísticas típicas do início da década de 80.
Daí em diante tornou-se conhecido internacionalmente como artista de vanguarda, convivendo com com Andy Warhol, com quem compartilhou forte amizade.
Começou a pintar telas que passaram a ser adquiridas e comercializadas por marchands de Zurique, Nova York, Tóquio e Los Angeles. Passou a ser um artista consumido e recebido nos salões mais chiques e exclusivos de Nova York. Sua arte era chamada de primitivismo intelectualizado, uma tendência neo-expressionista que retrata personagens esqueléticos, rostos apavorados e mascarados, carros, edifícios, policiais, ícones negros da música e do boxe, cenas da vida urbana, além de colagens, junto a pinceladas nervosas, rabiscos, escritas indecifráveis, sempre em cores fortes e em telas grandes.
A arte de Basquiat, chamada de primitivismo intelectualizado, quase sempre o elemento negro está retratado, em meio ao caos. Contudo, há também uma desmistificação de grandes ícones da história da arte, como a Mona Lisa que é uma figura monstruosa riscada no suporte.
O período mais criativo da curta vida de Basquiat situa-se entre 1982-1985, e coincide com a amizade com Warhol, época em que fez colagens e quadros com mensagens escritas, que lembram o graffiti do início e que o remetem às suas raízes africanas. É também o período em que começa a participar de grandes exposições.
Com a morte do amigo e protetor Andy Warhol (pop-art) em 1987, Basquiat fica abalado, perdido e debilitado, e isso se reflete na sua criação. A crítica, exigente, já não o trata com unanimidade e Basquiat responde a essas cobranças como racismo.
Vendo-se sozinho, passou a exagerar no consumo de drogas. Em 1988, de uma overdose de heroína, põe fim a uma carreira brilhante. Salientou-se como o primeiro afro-americano a ter sucesso nas artes plásticas de Nova York. Morreu nos Estados Unidos em 12 de agosto de 1988 aos 27 anos.
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Baptism - 1982

Warhol and Basquiat - 1985

Scull - 1981

boy and dog - 1982

Bird on money - 1981

head - 1981                                          Fishing - 1981                                
poison-oasis - 1981

Rice and chicken - 1982



Obras Públicas:
Osaka City Museum of Modern, Art, Japão;
Chicago Art Institute, Illinois, Estados Unidos;
Everson Museum of Art, Syracuse, Nova York, Estados Unidos;
Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York, Estados Unidos;
Kestner-Gesellschaft, Hannover, Alemanha;
Museum Boymans-van Beuningen, Roterdão, Holanda;
Museum of Contemporary Art, Chicago, Estados Unidos;
Museum of Contemporary Art, Los Angeles, Estados Unidos;
Museum of Modern Art, Nova York, Estados Unidos;
Museum of Fine Arts, Montreal, Canadá;
Whitney Museum of American Art, Nova York, Estados Unidos.
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29.8.20

PEDRO ALEXANDRINO / um show de Natureza-morta

Maçãs e uvas - Pinacoteca de São Paulo

        
            - Tais Luso 

Pedro Alexandrino nasceu na cidade de São Paulo em 1856.

Em 1939, a Exposição Nacional do Rio de janeiro concedeu seu prêmio máximo a um artista de 83 anos: Pedro Alexandrino Borges. A premiação além de um reconhecimento pelo valor do trabalho apresentado, expressava também a admiração do público e da crítica especializada por uma vida inteiramente dedicada à arte.

Com apenas 11 anos, em 1867, o garoto paulista Pedro Alexandrino iniciava-se na pintura trabalhando com Claude Joseph Barandier, artista francês. Sua primeira obra – um retrato – foi executada um ano depois, iniciando-se assim uma carreira que continuaria até 1942, ano de seu falecimento.

Durante muito tempo Pedro Alexandrino trabalhava sucessivamente com diversos outros pintores brasileiros e franceses – em decoração.

A partir de 1880, Alexandrino recebeu lições regulares de desenho com o pintor João Boaventura Cruz, e logo em seguida começou a trabalhar sozinho em decoração, restaurações, painéis e outros trabalhos de pintura.

O contato com o grande pintor Almeida Jr., com quem passou a trabalhar e estudar em 1882, foi decisivo para sua arte. Foi com o grande mestre que seu gosto pela natureza- morta se acentua, e através de sua influência que conseguiu, finalmente, uma pensão para estudar na Europa, partindo para Paris em 1896, depois de cinco anos de estudos na Imperial Academia de Belas-Artes do Rio de Janeiro.

Os longos anos de sacrifício, estudo e dedicação foram proveitosos: na Europa Alexandrino estudou na Academia Cormon e com Antoine Vallon. Expôs, com regularidade no Salon des Artiste Français e em Baden-Baden, Veneza, Versalhes e Mônaco, sendo premiado nas duas últimas. E ainda agraciado com a Legião de Honra e a comenda da Coroa da Itália, figurando como artista de mérito da Academia de Gênova.

Voltando ao Brasil, em 1913, Pedro Alexandrino passou a viver exclusivamente de seus quadros e de aulas de pintura. Entre seus alunos estavam Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Aldo Bonadei.

Apesar de ter sido um pintor contemporâneo ao impressionismo e de ter assistido ao desenvolvimento da arte moderna, Alexandrino manteve-se fiel à sua arte: a natureza morta, às pesquisas sobre a matéria, com sua veracidade de brilho, opacidade e relevo.

Morreu em São Paulo no ano de 1942 de broncopneumonia. Foi um dos mais destacados artistas desse gênero.


A copa - Museu Nacional de Belas Artes
Metal, cristais e abacaxi
Composição: Jarra de metal e bananas
Aspargos
Natureza-morta / coleção particular




(Referências: Pintura no Brasil / Arte nos Séculos – Abril Cultural)







7.8.20

O REALISTA EDWARD HOPPER


Quarto de Hotel


     - Taís Luso

Edward Hopper nasceu em 22 de Julho de 1882, na cidade de Nyack-NY, Estados Unidos.

Na década de 1930, um dos maiores pintores norte-americano, Edward Hopper já era visto como um dos gigantes da pintura americana. Sua obra consistente e incessante, foi criada em Nova Iorque onde ele vivia, com exceção de duas breves estadias na Europa.

Aos trinta anos realizou sua primeira exposição e foi um choque. Precursor da beat generation, dos hippies, dos angry men, Hopper atravessava os Estados Unidos, o Canadá e o México em busca de inspiração. E o que encontrava era a solidão da riqueza.

Dentre as principais características de sua obra, está a retratação da vida cotidiana e dos costumes da época.

Quadros terrivelmente vazios, salas voltadas para os interiores, espaços fechados, tensão psicológica das cidades nuas, como se a sociedade fosse um teatro. Edward Hopper expressava suas reflexões sobre o passado tentando mostrar a maneira individualista em que se vivia na época. Suas pinturas retratavam a desolação da vida urbana, com figuras humanas que se isolavam.

Uma luz evanescente, artificial, faz movimentar personagens quase estáticas, como se esperassem a qualquer momento um grande acontecimento. Vidas amargas, com os corpos limitados pelo esmagador processo civilizatório.

A pintura de Hopper é de um Realismo do subconsciente, que é revelado na leitura da imagem. A paciência com que trabalha no visível conduz a uma qualidade que nada tem a ver com o virtuosismo, mas muito a ver com o conhecimento.

Após olharmos para a mulher solitária sob o sol da manhã, torna-se impossível escapar ao sentimento de abandono que a cobre no seu quarto dolorosamente vazio. A exploração das sombras e efeitos de luz estão presentes em todas as telas.

Faleceu em 1967 / Nova Iorque aos 85 anos.



Domingo

Janela à noite

Morning Sun 1952
Quarto em Nova Iorque

Chop Suey 1929

Fonte:
Grandes Pintores / Derengoski
Realismo / K. Stremmel

31.7.20

DI CAVALCANTI

Mulher com frutas - 1932



   - Taís Luso

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo nasceu no Rio de Janeiro em 6 de setembro de 1897. Após freqüentar o atelier do impressionista austríaco Georg Elpons (*1865 / 1939), Di Cavalcanti fez sua primeira exposição em 1917, São Paulo.

Ingressou na Faculdade de Direito, no Rio de Janeiro em 1916. Em 1917 transfere-se para a Faculdade em São Paulo, no Largo de São Francisco e, em 1922 desiste do curso.

Seus trabalhos ilustrativos – como caricaturista na revista Fon-Fon, cartazes e programas que manifestavam uma forte influência da Art Nouveau. Ilustra livros de autores nacionais e estrangeiros, e a recém-criada revista Guanabara.

Foi um dos idealizadores da Semana da Arte Moderna, e por sua vez, participou com suas obras. Em 1921 casou-se com a filha de um primo-irmão de seu pai, Maria.

Viajou para a França em 1923 e sua sobrevivência foi mantida como correspondente de Imprensa, Jornal da Manhã.

Conheceu, na época, na Academia Ranson, Pablo Picasso e outros ilustres representantes e obras da vanguarda européia, como de Léger, Matisse, Eric Satie, Jean Cocteau, De Chirico e outros intelectuais franceses, André Breton, Leon Paul Fargue e Miguel de Unamuno... A fase clássica de Picasso foi um de seus principais pontos de referência vindo a atingir a maturidade nos anos 40, vindo a ter uma visão de brasilidade muito própria, manifestadas em cenas suburbanas, paisagens, naturezas-mortas, e algumas poucas obras de cunho religioso.

Em 1926 volta ao Brasil e ingressa no Partido Comunista e Segue fazendo ilustrações. Criou os painéis de decoração do Teatro João Caetano no Rio de Janeiro.

Segundo o escritor Mário de Andrade, Di Cavalcanti é o mais exato pintor das coisas nacionais". Ele pinta com exatidão as coisas nossas, a cara e do povo brasileiro, da exuberância tropical, de sua sensualidade sem folclore.

Algumas frases - entre outras - de Di Cavalcanti:

...Paris pôs uma marca na minha inteligência. Foi como criar em mim uma nova natureza e o meu amor à Europa transformou meu amor à vida em amor a tudo que é civilizado. E como civilizado comecei a conhecer a minha terra.

Moço continuarei até a morte porque, além dos bens que obtenho com minha imaginação, nada mais ambiciono.

Dizem que me tornei mais comerciante que artista. Bobagens. Sou um artista... mas um homem também. Preciso de dinheiro para o homem e tempo livre para o artista. Preciso de dinheiro para minha alegria e minha tristeza.

Falece no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1976



A Mulata - 1956


           Mulata - 1930                      Cinco Moças de Guaratinguetá
 
Mulheres protestando / 1951


Aldeia de Pescadores - 1950


Mulata com gato / 1966
  
Natureza Morta 1982                 Natureza Morta 1966

Mulatas 1968

Pescadores 1948


Tempos Modernos - 1961


Mulata na praia - 1972

Monumento de Di Cavalcanti, por Bernardelli


5.7.20

ARTE BIZANTINA & ROMÂNICA

Mosaico: Imperador Justiniano e sua corte / Igreja San Vitale, Ravena


 - Tais Luso de Carvalho


Nos primeiros séculos depois da oficialização do cristianismo, essa primitiva pintura cristã dividiu-se em dois grandes ramos: 
um oriental, outro ocidental.


O ramo Oriental é a Pintura Bizantina.

A arte Bizantina surgiu na cidade de Bizâncio,  hoje Istambul. Na época, era capital do Império Romano do Oriente. O gosto do povo bizantino era inclinado ao luxo e esplendor, expressavam-se abundantemente na sua arte. Expressavam-se, sobretudo, na técnica dos majestosos e cintilantes murais de mosaicos, feitos de pequenos cubos de pedra ou artificiais, embutidos na parede com argamassa e também nos ícones, quadros religiosos pintados com têmpera ou encáustica, com incrustações de pedras preciosas, metais valiosos e matérias raras. Não eram contudo, um mero emblema de deleite, mas mostrava-se profundamente condicionada pelos ideais peculiares à própria civilização. 

Por exemplo, a forte corrente para alcançar a espiritualidade, proibia a glorificação do homem, em consequência disso a escultura não teve grandes possibilidades de desenvolvimento. A arte que mais se destacou foi a arquitetura, que teve que ser mística e extraterrena.

Como a civilização bizantina era um composto de elementos romanos e orientais, era inevitável que a sua arte combinasse o amor à grandiosidade e o talento da engenharia romana com a variedade de colorido  e a riqueza de detalhes característicos do oriente. 

Também, à serviço da religião, a pintura bizantina obedecia à lei da frontalidade, sob formas diferentes da egípcia. Desse modo era também uma arte dirigida. Na execução dos mosaicos, afrescos, ou ícones os artistas obedeciam a verdadeiros formulários prescritos pelos padres e aprovados nos Concílios, pois a pintura tinha como principal finalidade a propagação das verdades da fé e da História Sagrada, entre as populações iletradas da Idade Média.

A suprema obra artística da civilização bizantina foi a igreja de Santa Sofia, construída com enorme dispêndio de dinheiro pelo imperador Justiniano.


Seu ponto máximo foi a arquitetura, e cuja características foram:


- Uso de mármore em abundância.
- Decoração utilizando a flora e fauna como motivos principais.
- Torres com minaretes.
- Uso de arcadas sobre colunas e cúpulas pendentes.
- Uso do arco romano e do arco ogival ao mesmo tempo.


São desse período, entre outras, as seguintes obras arquitetônicas:
- Basílica de São Marcos, em Veneza.
- Basílica da Natividade, em Belém
- Igreja de Santa Sofia,  em Constantinopla
- Igreja de Santa Sofia, Rússia


Basílica de São Marcos - Veneza


Na pintura as principais características eram:

- Ausência de perspectiva e de volume
- Figuras sacras ou de imperadores
- Figuras alongadas, magras, pés, mãos e cabeça pequenos
- As figuras eram todas do mesmo tamanho, destacando-se algumas, apenas.
- Ausência de paisagem ao fundo
- Uso de ícones e das iluminuras
- Predomínio do mosaico
- Uso do azul, vermelho e muito dourado.

As outras artes bizantinas incluíam a escultura em marfim, os objetos de vidro com relevos, os brocados, as iluminuras em manuscritos, a ourivesaria e a joalheria, e muita pintura. Esta, porém não se desenvolveu tanto como as outras artes.  Os artistas bizantinos, em geral, preferiam os mosaicos. Eram desenhos conseguidos pela combinação de pequenos pedaços de vidro ou de pedra coloridos, formando padrões geométricos, figuras simbólicas de plantas e animais, ou mesmo uma cena rebuscada de significado teológico.
As representações de santos ou de Cristo eram comumente deformadas para criar a impressão de intensa piedade.


A pintura Bizantina se desenvolveu por mil anos, por todo o Império Bizâncio, destruído pelos turcos em 1453.



Abaixo: 
Mosaico descoberto sob a camada de tinta sobreposta pelos mulçumanos.
O mosaico representa o imperador Justiniano (à esquerda) oferecendo a igreja, e o Imperador Constantino oferecendo a cidade de Constantinopla à Virgem e seu filho. (Bizantine Institute).


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O ramo Ocidental é a Pintura Românica. 

Período que teve início no século V. Era uma pintura sobrecarregada de expressão pela intervenção de fortes sentimentos religiosos e, por isso mesmo, bastante deformadora das imagens visuais, rudimentar de técnica, muitas vezes ingênua e de inspiração popular. Desconhecia a perspectiva, o claro e o escuro, não representando a ilusão de espaço e de volume.

Destinava-se a traduzir sentimentos e distinguia-se pela vivacidade das cores. Sua técnica mais constante era a do mural afresco, no interior das pesadas igrejas românicas. Esta pintura evoluiu a partir do ano de 1200 para novas técnicas que iriam constituir a pintura gótica.




Arte Românica


Afresco Românico

Os pintores românicos caracterizaram-se não como criadores de telas de pequenas proporções, mas como muralistas. A pintura românica desenvolveu-se nas grandes decorações murais, favorecidas pelas formas arquitetônicas: as abóbadas e as paredes laterais com poucas aberturas criavam grandes superfícies. Na pintura mural era utilizada a técnica do afresco.

Os murais tinham como modelo as ilustrações dos livros religiosos, pois naquela época era intensa, nos conventos a produção de manuscritos eram decorados à mão com cenas bíblicas.

Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. A pintura românica não registrou assuntos profanos. Para as igrejas e os mosteiros geralmente eram escolhidos temas como a criação do mundo e do ser humano, o pecado original, a arca de Noé, os símbolos dos evangelistas e Cristo em majestade.

A deformação, na verdade, traduzia os sentimentos religiosos e a interpretação mística que o artista fazia da realidade. Não havia nenhuma intenção em imitar a natureza.

Basílica de Saint-Sernin, Toulouse / França
Torre de Pisa / arquitetura românica



Referências:
História da Arte - G.Proença
História da Arte - Duílio Battistoni Filho
Civilização Ocidental - McNall Burns





27.4.20

FRANCISCO BRENNAND


     -  Tais Luso de Carvalho

Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand nasceu em junho de 1927, na cidade do Recife – Brasil. Ceramista, escultor, desenhista, pintor e gravador.

Em novembro de 1971, o artista começou a reconstruir a velha fábrica de cerâmica São João da Várzea, fundada pelo seu pai em 1917. Inicia a restauração do conjunto e o transforma em um grande atelier, com áreas fechadas para exposição e também em áreas em que as obras ficam expostas a céu aberto.

Hoje, após mais de 34 anos de trabalho intenso e obsessivo, confrontamo-nos com esse complexo escultórico, cujo significado dá relevo a um sentido da arte mitológica e religiosa sonhado por Francisco Brennand.

Em sua obra, Brennand conta que existem várias mulheres da mitologia greco-romana, sobretudo latina, permeadas por outras figuras femininas que o atraíram por serem mulheres desafortunadas. Esse infortúnio parece que acompanha a história da mulher, principalmente como um centro de gravidade de um universo passional.

Brennand fez sem grande esforço uma coleção de esculturas onde várias delas são mulheres muito infelizes, angustiadas, quase histéricas, usando grandes cabelos negros e cujas cabeças são lançadas para trás, ressaltando as gargantas inchadas e salientes, o que lhes dava a aparência de pescoços mutilados.

Antes de qualquer obra há um esboço de desenho e qualquer de seus trabalhos são contínuos e obsessivos.

'Quando pinto, sou um artista ocidental. Quando faço cerâmica minha pátria é um abismo pelo qual vou resvalando sem saber o que encontrarei no fundo'.

Em suas pinturas vinham sempre pensamentos cartesianos, planejamentos estruturados, intenções précias sobre a composição, a geometria e, finalmente a matéria que só o pincel isolado pode criar e isso tudo sem a definitiva ajuda mágica do fogo.

Desde a juventude Brennand foi atraído tanto pela pintura como pela literatura. Portanto livros de Dostoievski e de Emily Brontë tiveram sobre sua formação de artista o mesmo peso da descoberta dos mestres da pintura como Gauguin, Cézanne ou Van Gogh. E, estando na Europa essas influências foram multiplicadas por dez. Nenhum jovem estudante de pintura poderia escapar da influência de Pablo Picasso. Entre 1940 e 1950 estudou em paris e Barcelona.

Brennand conquistou o prêmio de melhor documentário da Mostra Internacional de São Paulo de 2012 e o troféu de melhor filme Nacional da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).
Aos 85 anos conceituado escultor e pintor pernambucano, instalou numa olaria herdada de seu pai, mais do que um santuário de criação, um parque temático, rodeado por belas e curiosas esculturas gigantes.



Pinturas
Oficina - atelier Brennand
Sofrimento 


Salão de esculturas

            
                        
Veja os vídeos da história da oficina Brennand (até o final)

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Entrevista de Brennand ao Jornal do Comércio - agosto 2008. 
Caderno de Arte ZH março 2013
História da Arte / Graça Proença
Site oficial Brennand




Clique: Instituto 'Ricardo Brennand' ( um tour maravilhoso)