Segundo
a concepção realista, a pintura destina-se a representar as coisas
concretas e existentes. Os temas abstratos ou imaginados não
pertencem ao domínio da pintura. O pintor realista só representa
aquilo que vê. Não poderá representar, por ex um episódio da
mitologia grega ou da Bíblia, pela simples razão de não o ter
visto ou de não o ver. A beleza está na própria realidade e o
talento artístico consiste em descobri-la e acentuá-la, sem
recursos e fórmulas históricas e ideias, como entre os
neoclássicos, nem às efusões emocionais, como nos românticos.
Ser
realista, porém, não é ser exato e minucioso como uma fotografia.
Ser realista é ser verdadeiro. Ser verdadeiro é selecionar,
sintetizar e realçar os aspectos mais característicos, expressivos,
e por isso mesmo, mais comunicáveis e inteligíveis das formas da
realidade, não sendo necessário idealizá-las ou perturbá-las com
a emoção.
Ao
representar um tigre, por ex, o realista não precisa ser minucioso,
descendo a descrição analítica dos detalhes; não precisa fazer as
pestanas do tigre! Pode ser sintético, porque será verdadeiro desde
que nos transmita o caráter do tigre, isto é, a sua ferocidade e
poderosa força elástica.
No
caso do retrato se o modelo tiver aquele queixo irregular,
denunciador de sua personalidade, que o neoclássico esconderia em
nome da forma idealmente bela, o realista não o corrigirá. Fixa-o
com verdade, pois certamente o achará belo e rico de caráter.
O realista não será eminentemente desenhista, como o neoclássico, nem veemente colorista como o romântico. Estabelecerá entre a linha e a cor, ou entre as faculdades intelectuais e as emocionais, no ato da criação artística. Não será documental como uma fotografia, porque será sintético, eliminando os elementos acessórios e insignificantes, sem força expressiva para definir o caráter do modelo e o ambiente que o cerca. Por último, poderá ainda enriquecer a sua obra de intenções políticas e sociais, refletindo tendência da época, que já havia nos românticos.
O realista não será eminentemente desenhista, como o neoclássico, nem veemente colorista como o romântico. Estabelecerá entre a linha e a cor, ou entre as faculdades intelectuais e as emocionais, no ato da criação artística. Não será documental como uma fotografia, porque será sintético, eliminando os elementos acessórios e insignificantes, sem força expressiva para definir o caráter do modelo e o ambiente que o cerca. Por último, poderá ainda enriquecer a sua obra de intenções políticas e sociais, refletindo tendência da época, que já havia nos românticos.
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Referência: Como entender a pintura moderna / Carlos Cavalcanti
- ed Civilização Brasileira
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