25.4.21

GIOTTO DI BONDONE

Lamentação - 1303 / 1305



                     -  por Taís Luso de Carvalho                     


Giorgio Vasari conta que o talento de Giotto foi descoberto por Cimabue, que o viu desenhando um cordeiro numa pedra e levou o jovem aprendiz para Florença, a fim de educá-lo como pintor.

Uma boa medida da magnitude de suas habilidades é o fato de seus talentos terem sido reconhecidos em vida.

Dante Alighieri, por exemplo narra em uma passagem do Purgatório (1308-1321) que a fama de Cimabue foi ofuscada pela de seu jovem aluno.

Os afrecos de Giotto na Cappella degli Scrovegni, (Capela Arena) em Pádua, que narram a vida da Virgem, de Cristo e da Paixão compreendem o mais antigo trabalho a ele atribuído. Eles foram pintados entre 1305 e 1313.

Em vez de deter apenas no repertório padronizado de tipos iconográficos religiosos, Giotto assimilou elementos de gêneros de pintura estabelecidos em especial a arte bizantina, aproximando os afrescos do estilo naturalista e criando um efeito irresistível. Essa característica é imediatamente identificável no tratamento que o artísta dá aos personagens que aparecem nos vários episódios bíblicos retratados dentro da capela – eles estão imbuídos de psicologia e vida interior. Giotto permitiu que motivações e vulnerabilidades dos personagens pudessem ser sentidas pelo expectador.

A autoria dos trabalhos de Giotto feitos depois dos afrescos da Capela Arena, é motivo de debate, visto que a maior parte de sua obra, incluindo tudo o que ele produziu como pintor da Corte do Rei Roberto de Anjou, de Nápolis, se perdeu.

Entretanto a enorme Madonna (c.1310) feita para a Igreja Ognissanti e os afrescos das Capelas Bardi (c1320) são consideradas obras de Giotto.

A abrangência dos talentos de Giotto foi reconhecida por muitos. Leonardo da Vinci dizia que Giotto superou seus contemporâneos e também os artistas da Antiguidade.

Obras Primas:

Cappella degli Scrovegni – 1305 (Pádua-Itália)

Pentecostes - c.1306 – 1312 (National Gallery alondres)

Madonna de Ognissanti - c. 1310 (Galeria Uffizi - Florenza)

Apresentação de Jesus ao Templo – c.1320 (Museu Isabella Stewart Gardner).

A epifania – c. 1320 (Metropolitan Museum EUA)

Igreja da Santa Cruz – c. 1320 (Capela Peruzi - Florenza)

A Virgem e o Menino c.1320 – 1330 (Gallery of Art EUA)

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A traição de Cristo - 1304 / 1306

Adoração dos Magos - 1306

Pentecoste

A Morte da Virgem - 1310

Madonna Ognissanti - 1306





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     Referência:

501 Grandes Artistas – ed. Sextante 2009 RJ - pag 16/17

(501 Great Artists) ed. Quintessence Editions Lttd 2008 / London



19.4.21

ARTE CONCEITUAL

Merda d'artista / 1961 - Piero Manzoni 
( leia abaixo a história das Latinhas...)

 
- Tais Luso de Carvalho


Arte Conceitual surgiu na década de 1960, como um desafio às classificações impostas à arte por museus e galerias. As galerias afirmavam categoricamente ao público: 
Isso é arte
Já a arte Conceitual buscava questionar a própria natureza da arte perguntando: 
O que é arte?

O primeiro a empregar a expressão arte-conceito foi o escritor e músico Henry Flynt em 1961 em meio às atividades associadas ao grupo Fluxus, de Nova Iorque, querendo dizer com isso que a arte conceitual é um tipo de arte que o material é a linguagem.

Os artistas conceituais tinham como meta popularizar a arte; fazer com que ela servisse como veículo de comunicação. A arte conceitual foi importante para debates e abriu caminhos para outros tipos de artes, como para as instalações e arte performática. 

Na  década de 60 e 70, o nome conceitual foi empregado para designar uma multiplicidade de atividades com base na linguagem, na fotografia e processos nos quais se equivaliam num embate que se efetuava entre a arte minimalista e várias práticas antiformais, num crescente radicalismo cultural e político.

Portanto a ideia e o conceito da obra era mais importante que o produto acabado. Do que a estética. Essa noção remonta a Duchamp, mas só se estabeleceu no mundo artístico a partir de 1960, quando se tornou um fenômeno internacional de grande importância. Duchamp marcou sua posição com um suporte para garrafas, uma pá de neve e um urinol, embora tenha usado esta linguagem como uma crítica à arte. Em suas obras, trocadilhos e brincadeiras estes artistas levantaram sérias questões sobre as fronteiras da arte.

Muitas iniciativas surgiam diretamente das formas de uma arte conceitual politizada, embora os envolvidos se vissem, depois do rompimento com o exercício da arte enquanto tal, totalmente desvinculados dessa esfera, em nome de um envolvimento mais prático com as mais amplas instâncias sociais.

A característica comum de toda a obra chamada e vista como conceitual não é ver o objeto, sua plástica, mas sim seu recado, a discussão de um assunto, a comunicação, passar a ideia, a interação entre o artista e o espectador. Levantar discussões e reflexões.

A obra vem para apresentar no tempo e no espaço, certas situações ou acontecimentos. Comunicação. Os artistas sentiram-se livres da representação pictórica, e declararam o processo mental como obra de arte. Nada era mais importante do que isso.

Logicamente muitos artistas apresentam obras desinteressantes, comuns, triviais do ponto de vista visual: mapas, diagramas, fitas de som e de vídeo, fotografias, textos etc.

Um exemplo conhecido é a obra Uma e Três Cadeiras, de Joseph Kosuth (Museu de Arte Moderna em Nova Iorque / 1965) que combina uma cadeira real, a fotografia da cadeira e uma definição de cadeira  – dada pelo dicionário.

A abordagem de Joseph Kosut fez-se cada vez mais aguçada, forçando o ritmo em uma série de obras que se tornaram ícones da arte conceitual.

O Conceitualismo assumiu uma dupla identidade: uma arte conceitual analítica é rebaixada, como arte feita por homens brancos racionalistas, atolados no próprio modernismo que almejavam criticar. 


História das Latinhas de Manzoni


Como a arte conceitual também era uma arte que tinha por meta reagir à arte como mercadoria, o artista italiano Piero Manzoni produziu, em 1961, 90 latinhas com o rótulo de Merda d'artista. Cada lata, supostamente, continha fezes do artista e valia seu peso em ouro. Como se acreditava que,  abrindo as latas significaria destruir o valor da obra, durante muito tempo não se soube ao certo o que as latinhas continham de fato. Porém, em 2007, depois que algumas latas foram vendidas pelo valor de US$ 80 mil, o colaborador de Manzoni, Agostino Bonalumi afirmou a um jornal italiano que as latas continham gesso!


- Suporte para Garrafas - 
Duchamp foi o precursor da Arte Conceitual


- Joseph Kosuth -   
Uma cadeira real, a fotografia da cadeira e uma definição de cadeira. 


 Sindicatos Unidos contra o Racismo - 
 Gregor cullen e Redback Grafixx / 1985


Daniel Buren / Affichage sauvage - 1968


Mala de couro contendo livro, cartas, cópias fotostáticas, pequenos frascos...
Museu de Arte Moderna de Nova Iorque - 1966


Keith Arnatt / Registro de sua própria condição

Robert Rauschenberg / Factum  II - 1957



Fontes:
Movimentos da Arte Moderna - Paul Wood
Tudo sobre Arte - ed.Sextante
Dicionário Oxford de Arte



10.4.21

RENASCIMENTO - PINTORES / Parte I


Leonardo Da Vinci / A Dama com o Arminho

 - Tais Luso de Carvalho


O Renascimento foi um movimento importante, de renovação cultural e artística que se originou na Itália no séc. XIV e marcou a mudança da Idade Média para a Idade Moderna. 

Do teocentrismo Medieval - que via em Deus todas as coisas -, o homem avançou para o Humanismo, uma filosofia surgida no Renascimento e que predominou mais na Idade Moderna. Foi neste período que o homem passou a ser o centro do mundo.

O que veio a proporcionar a ocorrência do Renascimento foram a expansão do comércio pela Europa, o renascimento urbano, a ascensão dos mercadores marítimos que passaram a a viver em castelos e a incentivar e financiar os jovens artistas, tornando-se protetores das artes, e também a queda de Constantinopla, que fez muitos sábios bizantinos fugirem para o ocidente, principalmente encontrando abrigo nos castelos da Itália.

O Renascimento da Vênus / Botticelli   (+zoom)

A arte renascentista tem como características a valorização do homem, a inspiração dos modelos greco-romanos, perfeição das formas, equilíbrio e harmonia, arte para a elite da época e a volta à natureza como fonte de inspiração.

Essa mudança foi causada por uma série de fatores, nem tudo no Teocentrismo era correto; o homem descobriu que a Terra não era o centro do Universo e sim o Sol; que a Terra não era plana, e sim redonda e girava em torno de si mesma; que haviam outros povos que habitavam o planeta, não só os Europeus e Asiáticos, etc.

À busca da verdade levou o homem à pesquisa. Procurou conhecer mais o mundo em que habitava como também a si próprio. O artista, na idade Média era considerado um instrumento da manifestação divina, não tendo méritos próprios. Na Renascença o artista começa a ser valorizado como pessoa, como um criador, como gênio.

É nesse período que a arte ganha autonomia e que conquista seu próprio espaço e não é mais julgada como parte integrante da religião.

Os artistas estudam o corpo humano, procurando harmonia e perfeição nas formas e vão buscar sua inspiração nos povos greco-romanos – os que melhor trabalharam a natureza humana na antiguidade.

O público renascentista aprendeu dos autores clássicos a esperar da pintura um alto grau de fidelidade à natureza e uma busca da forma perfeita no que pretendiam ver.

A criação de Adão / Michelangelo    (+ zoom)
  Masaccio / Cristo e o Tributo (+ zoom)

Fases das artes visuais no Renascimento Italiano:

TRECENTO - 1300 a 1399 - é a transição entre a estética medieval e a renascentista.
QUATTROCENTO - 1400 a 1499 / auge do Renascimento
CINQUECENTO – 1500 A 1550 / no final deste período começa um certo cansaço e a procura por novos movimentos, novas manifestações artísticas.


ARQUITETURA

O maior exemplo da arquitetura renascentista é a Basílica de São Pedro, em Roma, construída em 1506. Bramante, seu primeiro arquiteto, projetou uma planta em forma de cruz grega, com elevada cúpula central. Mais tarde Rafael alterou-a para uma forma retangular. O projeto da cúpula foi obra de Michelangelo  mas foi somente terminada  por Giacomo Della Porta. A famosa Basílica foi consagrada em 1626 pelo Papa UrbanoVIII, após quase 150 anos de trabalhos, quando reinaram mais de vinte papas e colaboraram mais de dez arquitetos. O arquiteto e escultor Lorenzo Bornini desenhou a praça fronteira circular e a monumental colunata tendo ao centro o obelisco egípcio trazido no séc I pelo imperador Calígula. É o maior, o mais importante e o mais rico templo católico do mundo.
Suas caraterísticas são:

Uso das ordens arquitetônicas gregas.
Predomínio da horizontal sobre a vertical.
Uso de arcos, abobadas e cúpulas.
Estátuas no telhado.

Alguns artistas se destacaram: Michelangelo Buonarotti, Angelo Bramante, Bruneleschi e Alberti.

ESCULTURA

Pietá
A escultura no Renascimento volta a ser uma arte autônoma retornando às características da escultura grego e romana.
Uma das mais famosas é a Pietá, de Michelangelo, na qual há uma réplica mo Brasil na igreja São Pelegrino, em Caxias do Sul, RGS. Além de Michelangelo, outros escultores se destacaram, como Bernini, Piero Bonacolsi entre outros.

PINTORES


Giotto                                                   Giorgione - 

Van Eyck                                                  Donatello




PINTORES  DO RENASCIMENTO

Giotto / Afrescos da Basílica de Assis,...
Leonardo da Vinci / com múltiplas habilidades, apresenta Mona Lisa... 
Michelangelo Buonarotti / esculturas Davi, Pietà e afrescos da Capela Sistina,...
Rafael Sanzio / suas Madonas, Escola de Atenas,...
Sandro Botticelli / O Nascimento da Vênus,...
Hieronymus Bosch / O Jardim das Delícias,...
Fra Angelico / Anunciação,...
Masaccio / A Trindade, …
Veronese / Lucrécia,...
Donatello / entre tantos outros das escolas de Florença, Veneza e Roma.
Giovanni Bellini / A agonia no Horto. 1465
Botticelli / O Nascimento de Vênus 
Donato Bramante - projeto de reconstrução da Basílica de São Pedro.
Donatello / revolucionou a escultura para o mais puro estilo clássico.
Eyck /  pintor da corte de Felipe, Duque da Borgonha. O máximo da escola Flamenga.
Lorenzo / Porta do Paraíso.
Giorgione /  Vida de São Francisco, Cenas da vida de Cristo - capela de Arena.
Andrea Mantegna / afrescos do palácio da da família Gonzaga.
Masaccio / afrescos igreja Santa Maria Novella e Capela Brancacci
Piero Della Francesca / 
Ticiano / temas religiosos e Mitológicos, trabalhou para o papa Carlos V e Felipe II.
Verrocchio / trabalhou como escultor dos Médici.
Konrad / Cristo caminhando sobre as águas.


(+ zoom)
A Porta do paraíso - 1452 / Lorenzo

Agonia no Horto, 1465 - Bellini

Lucrécia / Veronese


Santa Ceia - 1495 / Leonardo Da Vinci        (+ zoom)
Na pintura, Leonardo da Vinci aparece como grande destaque. Com novas técnicas, apresenta volume e, consequentemente passa a ser pintura tridimensional, com características a seguir:

Emprego da técnica Sfumato,  e o claro e escuro.
Uso da perspectiva científica.
Uso da paisagem como fundo da pintura.
As pinturas apresentam eixo central – na vertical e horizontal.
A visão da figura feminina como mulher, e não como santa.

Na verdade, o Renascimento representou muito mais do que o simples reviver da cultura clássica, significou a valorização do ser humano, a oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a Idade Média. Resgatou o ser humano e sua essência.


Estudo das proporções humanas / Leonardo Da Vinci
 Mais sobre  Renascentista - 2ª PARTE: clique aqui.



fontes: A História da Arte / Duílio Battistoni Filho
             História da Arte / Kenia Pozanato e Mauriem Gauer
             História da Arte  / Graça Proença
  
  

20.3.21

A ARTE DOS CEMITÉRIOS


Cemitério Guayaquil / Equador

- Tais Luso de Carvalho 


Quando criança eu achava a arte cemiterial um pouco macabra, mas era coisa de criança. Lembro que minha entrada em cemitérios era um vapt-vupt: o tempo necessário para assistir ao sepultamento, e por obrigação! Não queria saber de olhar para nada. Mas como tudo muda no percurso de nossa vida, tudo amadurece, passei a olhar um cemitério com olhos de quem quer ver arte.

E descobri que cemitério é um lugar que pode ser belo, onde não há mais ninguém, onde não há mais respiração e nem ação; que existe apenas memória e saudades. Mas memória e arte andam juntas, silenciosas, em harmonia.

Pude entender por que no Dia dos Finados, as pessoas ficam passeando pelas ruas dos cemitérios mais conhecidos e mais belos! São nesses túmulos que a arte se mostra formosa, bela e viva.

Antigamente pessoas ilustres eram enterradas em igrejas. Pensavam que por estarem mais perto dos santos teriam garantido seu lugar ao lado do Senhor. Os cemitérios eram destinados aos desvalidos, aos enforcados e aos escravos. Essa concepção veio até 1858 quando médicos e sanitaristas da cidade de São Paulo se deram conta que a cidade estava doente, que precisavam eliminar os focos das infecções. E os ilustres enterrados nas igrejas, eram um dos focos das infecções. Então o sepultamento, o lugar físico, saiu das mãos da igreja para as mãos do Estado.

No cemitério da Consolação em São Paulo há obras magníficas, mostrando dor, sensualidade, uma estética linda e apurada de um artista como Amadeo Zani, Victor Brecheret, Francisco Leopoldo Silva, Enrico Bianchi, Julio Starace, Luigi Brizzolara, Materno Giribaldi e de Giorgio. 


Além de ver arte, descobrimos nosso passado, onde se encontram as memórias de gente ilustre como Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, a Marquesa de Santos, Washington Luiz, Monteiro Lobato, José Bonifácio de Andrada e Silva...e tantos outros notáveis.

Hoje, já se agenda visitas monitoradas para o conhecimento da arte nos cemitérios. Isso acontece nos cemitérios da Europa, como o Pére-Lachaise, do Rigoleto e Chacarita na Argentina, no Cemitério da Santa Casa de em Porto Alegre, Consolação, em São Paulo e em muitos outros espalhados pelo mundo afora, onde a arte não se intimida, pelo contrário, acolhe.

Como podemos atestar, nem após a morte há igualdade entre as pessoas: mausoléus de mármore, ricos adornos e belíssimas esculturas - ostentadas pelos familiares -, ainda mostram que igualdade social é uma utopia. Mas este é um assunto para o meu outro blog. Aqui, quero mostrar um pouco da arte que existe nos cemitérios e não dizer que a obra é de tal família, ou o que é de quem. Quero mostrar como é viva a arte que está entre os mortos. Deixo aqui algumas obras maravilhosas da arte cemiterial!



Cemitério Recoleta 

Cemitério Recoleta, Buenos Aires

Cemitério da Consolação / São Paulo


Cemitério Bonfim / Belo Horizonte


Cemitério Municipal de Curitiba - escultor Alberto Bazzoni

Túmulo de Chopin - Cemitério Pére-Lachaise em Paris


Cemitério Pére-Lachaise

Cemitério da Santa Casa / Porto Alegre, RS

Cemitério Consolação - SP /esc. Victor Brecheret



1.3.21

MURILLO – O PINTOR BARROCO

Murillo / Bodas em Caná -1672


         - Tais Luso

Bartolomé Esteban Murillo nasceu em Sevilha, no dia 1º de janeiro de 1618 e morreu aos 64 anos, em 1682. Seu pai chamava-se Gaspar Esteban, era barbeiro. A sua mãe chamava-se Maria Pérez Murillo. Murillo era o filho número catorze. No início Murillo foi influenciado pelo seu mestre, suposto tio, Del Castillo.
Murillo talvez seja o pintor que melhor define o barroco espanhol. Após conquistar reputação com uma série de 11 pinturas sobre a vida dos santos franciscanos, feitas para o mosteiro franciscano de Sevilha, suas pinturas estão dispersas pela Espanha e outros países. Em muitos museus, também.
A maior parte de suas pinturas são cenas religiosas que apelam fortemente à piedade popular e ilustram as doutrinas da Contra-Reforma Católica, especialmente o dogma da Imaculada Conceição, seu tema favorito. Seu estilo maduro distingue-se claramente de suas primeiras obras, caracterizando-se por figuras idealizadas, formas suaves, colorido delicado e doçura de ânimo e expressão.
Ao contrário da pintura grandiloquente, rica, opulenta de Goya ou Velazquez, ele criou uma obra de cenas contidas, domésticas, pobres, infantis. Talvez por ter vivido a decadência do outrora rico Império Espanhol, que mergulhava no obscurantismo religioso.
Foi nos conventos que adquiriu um estilo caseiro, intimista, plácido, onde os eventos clássicos são situações contidas, e os Santos como quaisquer pessoas. De certa forma, democratizando a arte sacra até então conhecida.
Acabando com as cenas lancinantes de martírios, de lágrimas de granizo, de arrebatamentos místicos, de langores religiosos. Os quadros de Murillo são humanos, mas de uma luminosidade moderna. Foi arrasado pela crítica por ter embelezado a pobreza de seus modelos.
Em 1660 fundou uma Academia em Sevilha com ajuda de Valdés leal e Francisco Herrera.
Na época era o único pintor espanhol conhecido fora do país. Teve muitos assistentes e seguidores e continuou influenciando pintores até o século XIX, o qual muitos críticos o incluíram entre os maiores de todos os tempos.
Murillo casou-se em 1645 com uma jovem de Sevilha, de 22 anos, Beatriz Cabrera y Villalobos, na famosa Igreja da Madalena. Durante os dezoito anos de matrimônio tiveram nove filhos, porém morrendo quatro, da peste que assolou Sevilha em 1649.
Morreu simplesmente, fazendo uma ligação indissolúvel entre a grande arte e o mundo real dos homens. Sua morte foi devido a uma queda enquanto pintava sobre os andaimes, O Casamento de Santa Catarina, para os capuchinhos de Cádiz.
Hoje é admirado pelo realismo temático, pela leveza e fluidez das cores, sem pretensões. Suas obras estão no Museu do Prado/Madri, Museu de Belas Artes/Sevilha, Hermitage, Nacional Gallery/Londres, Museu de Ohio, Museu Nacional de Arte antiga/Lisboa, Museu do Louvre, entre outros, e muitas galerias dos Estados Unidos e da Europa. Ainda hoje, Murillo encontra-se como um dos artistas mais reconhecidos.

Murillo / Retorno do Filho Pródigo - 1667 (por volta)
Murillo / Juniper e o Mendigo - 1645 (por volta)
     Meninos, melão e uvas - 1645                                    Toilette                                                        

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Referências:
Grandes Pintores/P.R.Derengoski
Dicionário Oxford de Artes/ Martins Fontes São Paulo 2007