10.9.13

IMPRESSIONISMO

  

 


 
- Tais Luso de Carvalho

Na segunda metade do século 19 um grupo de artistas revolucionou a pintura na França. Eram eles Édouard Manet, Claude Monet, Auguste Renoir, Edgar Degas, Paul Cézanne, Camille Pissarro, Alfred Sisley, Coubert, Gustave Caillebotte, Berthe Morisot, Ernest-Lurent, Henri Martin, Le Sidaner, o alemão Fritz Von Uhde entre outros.

Por oposição aos artistas franceses mais famosos da época, na qual suas obras apresentavam na maioria as temáticas religiosas, históricas ou mitológicas, esse grupo enveredou pela pintura ao ar livre ao invés do estúdio fechado. Usavam cores brilhantes e preocupavam-se mais com as matizes proporcionadas diretamente pela luz do sol do que pela precisão do  desenho em si.

Em 15 de abril de 1874 teve lugar a primeira exposição coletiva no estúdio que pertencia ao fotógrafo Nadar. Mostraram o que de melhor  havia nesse movimento, após um período de muita criatividade. E nessa exposição um jornalista os apelidou de Impressionistas, uma forma de dizer que suas obras eram apenas capazes de representar a primeira impressão. Os pintores adotaram esse nome e foi com ele que passaram para a história das Artes.


Porém, sofreram críticas e atos de indignação da maioria dos visitantes e da crítica, considerando-os falsos pintores. A exposição encerrou-se um mês depois. Eram chamados de selvagens obstinados e que não queriam terminar seus quadros, por preguiça ou incapacidade.

A exposição foi vista por 3500 visitantes, mas poucas pinturas foram vendidas, e a baixo preço. Alguns artistas  não venderam nenhum quadro. Muitas obras ficaram por vender e assim tiveram de organizar outra exposição, no ano seguinte, no Hotel Drout, no qual os trabalhos de Monet foram avaliados entre 150 e 300 francos e outros de Renoir abaixo de 100 francos. Eram cifras muito baixas, comparadas com salário semanal de um pedreiro que rondava os 50 francos.

Farsantes! Impressionistas! Gritavam muitos. A palavra Impressionista era gritada pejorativamente. Dois anos depois fizeram outra exposição e pregaram na porta da rua Lê Peletier, 11, uma tabuleta dizendo: Exposição dos Pintores Impressionistas. Deste modo sarcástico, nascia a nova pintura cujas características técnicas e expressivas se estenderiam a outras Artes, inclusive à musica, com Claude Debussy.

Entre restrições e ironias, combatidos sobretudo pela Escola de Belas Artes e pelo Salão Oficial, aos poucos os Impressionistas foram sendo compreendidos, quando, em 1886 o grupo se dispersou, cada um tomando seu rumo. A nova pintura tornou-se conhecida nos demais países europeus e suas obras admiradas e adquiridas por colecionadores nacionais e estrangeiros.

Os Impressionistas inovaram na técnica e na expressão da pintura. A realidade era vista de um modo original, diferente da pintura retratada até então.

Claude Monet – francês (1840-1926) foi o chefe da escola impressionista. O impressionismo foi o natural desenvolvimento do Realismo. Nasceu, elaborou-se e definiu-se dentro do Realismo.

Os Impressionistas se diferenciavam de outras Escolas.  Diziam eles...

1 – Que a cor não era uma qualidade permanente na natureza; as tonalidades estão mudando constantemente, ao contrário, estão mudando incessantemente, com sutilezas impermeáveis ao olhar embotado ou desatento.
2 – A linha não existe na natureza. A linha é uma abstração criada pelo espírito do homem, para representar as imagens visuais.
3 – As sombras não são pretas nem escuras. São luminosas e coloridas. São cores e luzes de outras tonalidades.
4 – A aplicação dos reflexos luminosos ou do contraste das cores se influenciam reciprocamente. Essas influências obedecem ao que se chama a lei das complementares, percebida pela sensibilidade de muitos pintores e depois formulada em bases científicas.
5 – A dissociação das tonalidades ou a mistura ótica das cores.

Na ânsia de obter a limpidez e transparência das cores naturais, os impressionistas resolveram produzi-las na pintura como as produz a natureza. Quando queriam representar o verde, por exemplo, em lugar de darem uma pincelada de verde, já preparado na paleta com a mistura do amarelo e azul, ou do próprio tubo, davam duas pinceladas bem juntinhas, uma azul e outra amarela, a fim de que a mistura das duas cores, produzindo o verde, se fizesse no nosso cristalino, no mesmo processo da natureza. Essas pinceladas, miudinhas, eram usadas por quase todos os impressionistas e denominavam de mistura ótica.

A história dos Impressionistas teve lugar, principalmente em Paris. Representavam a vida das grandes metrópoles, pintavam a atmosfera das Vilas, da floresta de Fontainebleau, das pontes sobre o Sena, o Moulin de la Galette, o Louvre, os cafés, o Molin Rouge e o Palais de L' Industrie, das costas da Bretanha, da Normandia e da Provença. Os arredores de Paris constituíam um inesgotável repertório de temas. 
Contudo não ficaram confinados à França: a sua arte invadiu os mercados internacionais, sobretudo os de Londres e de Nova Iorque. 



Edouard Manet / A Amazona
Alfred Sisley - Cena de Desastre
Em 1876 o Sena inundou as margens de Marly-le-Roi. 
Sisley expressa a desolação depois do desastre.
   Monet / Boulevard des Capucines - Paris, 1873.
Foi considerado um dos trabalhos mais escandalosos devido ao modo sumário
como está pintada a multidão que passeia pela cidade.
Na 1ª Exposição em 1874.

Cézanne  - A casa do enforcado 1873
Na 1ª Exposição dos Impressionistas (1874)

Degas - As Engomadeiras 1884
Apesar de ser um aristocrata, Degas interessava-se constantemente pelo
 trabalho duro feminino. Esse é um dos muitos quadros que pintou sobre o tema.

O Camarote - Renoir / Exposição de 1874. 
Uma das primeiras obras impressionistas dedicadas à temática do teatro.

A Primeira Impressão: Sol Nascente - Monet
Esta obra pode não ser a primeira pintura de Monet, mas certamente é a que simboliza o nascimento do grupo dos Impressionistas.   
________________________________  

___________________________
Os Impressionistas - Porto ed. 2000 / Portugal


29.8.13

REMBRANDT – 1606/1669



- Tais Luso de Carvalho

O holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn, o pintor da luz dramática, nasceu em 15 de julho de 1606 em Leiden, no seio de uma abastada família burguesa. Seu pai era dono de um moinho, tendo conseguido juntar uma fortuna considerável; sua mãe era descendente de uma família de padeiros, conceituada.

Ainda jovem, em 1620, Rembrandt decidiu trocar os estudos de filosofia pela carreira de pintor, tendo como seu primeiro professor o mestre Jacob von Swanenburgh, que ao longo de três anos lhe ensinou o básico do ofício.

Mais tarde, Rembrandt mudou-se para Amsterdam onde foi aluno de Pieter Lastman, pintor e retratista, muito influenciado pelo caravaggismo. Tinha, também, viajado pela Itália onde descobrira a dramaticidade da luz e sombra para o seu trabalho.

Com um pouco mais de 18 anos, começou com projetos ambiciosos, mas não obteve o reconhecimento que esperava do público.

Até aí tinha feito uma série de autorretratos, que demonstrava muito de sua autoconfiança artística. Desenvolveu esses autorretratos psicológicos, fruto de suas observações e autorreflexões críticas. Esses seus estudos lhe permitiam visualizar um estado de alma.

É com Rembrandt que se renova a pintura holandesa, principalmente no gênero do retrato, que adquire grande dramaticidade, usando cores com maestria, preocupava-se não com o pormenor das coisas, mas com a organização das sombras e luzes, das massas e volumes num conjunto harmonioso, revelando a perplexidade do homem diante da vida.

Em 1630 Rembrandt encontrava-se no início de sua fase mais produtiva, intensificou a produção de gravuras  que vendia em grandes tiragens, conseguindo dessa forma que seu nome fosse bastante divulgado. À medida em que sua fama crescia, sua fortuna aumentava.

Em 1631, Rembrandt, pintou seu primeiro retrato de grupo para a influente associação dos cirurgiões: A lição de anatomia do Dr.Tulp. Esse quadro mostra uma intensidade jamais vista. O pintor não escolheu o motivo da aula de anatomia só como pretexto, só para representar um grupo de membros da associação: ao colocar a aula em primeiro plano e reproduzir a atenção concentrada dos médicos, ele os retratou individualmente no seu meio natural. Demonstra um grande domínio da luz: os rostos das pessoas estão banhados por uma luz extremamente clara que as destaca em conjunto do escuro que circunda.

Após a execução desse trabalho Rembrandt tornou-se famoso em poucos meses, recebendo nos anos seguintes uma enchente de encomendas da burguesia e mesmo da corte de Haia.

QUADROS HISTÓRICOS

Seus quadros históricos tem uma característica muito particular: ilustram os acontecimentos e ao mesmo tempo mostram o homem e seus sentimentos. Interpretava os temas de uma maneira peculiar: preferia mostrar suas cenas no interior, dando à luz um tratamento muito próprio.

Com um claro-escuro acentuado, Rembrandt alcançava efeitos sugestivos e emocionais. Não iluminava muito suas obras, deixava grandes superfícies na obscuridade. As partes iluminadas, normalmente não apresentam uma fonte de luz concreta – a luz parece vinda do interior, tendo um caráter simbólico. Rembrandt trabalhava seguindo a tradição de Caravaggio.

Em 1660 o município de Amsterdam procurava um pintor para retratar uma história. Uma enorme tela deveria representar a conspiração de Claudius Civilis, herói nacional contra o poderio romano. A obra, porém, foi tão desnorteadora, tão selvagem que foi recusada. Muitos anos depois essa obra foi reavaliada, sendo considerada hoje como uma das mais impressionantes obras de Rembrandt.

Uma de suas principais obras foi A Ronda Noturna. Foi uma importante encomenda que o artista recebeu para pintar o retrato de um grupo da guarda-civil. Cercados pela escuridão e ao som de tambores este grupo de milicianos se prepara para sair em marcha. O interessante nessa composição de Rembrandt, é que ele criou uma cena movimentada, como se fosse uma narrativa histórica, mostrando os milicianos no preparo normal para entrarem em formação. A cena aparece dramática, com áreas escuras e com focos de luzes que destacam os rostos, capacetes e armas.


A Ronda Noturna (visão do tamanho)

FAMÍLIA

Seu casamento com Saskia van Uylenburgh, filha de uma distinta família de patrícios, em 1634, integrou Rembrandt na alta sociedade. Essa ascensão social, a fortuna de Saskia, seu ordenado de professor e a venda de quadros o colocaram no patamar de um homem bem-sucedido. Porém todo o dinheiro ganho era gasto nos leiloeiros; colecionava vestes, armas, livros, gravuras em cobre e outros objetos que pintava em seus quadros, ricos em adereços. Essas aquisições pesavam de tal forma na sua fortuna que Rembrandt não conseguiu pagar o sinal de uma casa na seleta rua Breestraat.

A vida do pintor na capital da Holanda era amena e feliz. O amor que dedicava à sua esposa, transparece nos quadros que a retratam. Porém, nessa época já se nota um aspecto inquietante na sua pintura, e que se desenvolveu com o tempo, terminando por afastar os clientes, tal a crueza exposta e que chocava seus contemporâneos.

Em 1642 Rembrandt começou a sentir os primeiros dissabores. Morreu a esposa, deixando-lhe o filho Titus. Marcado pelo sofrimento suas pinceladas tornaram-se mais violentas. Com lente de aumento observava a degradação do próprio corpo e a transportava para a tela.

O abatimento que se revela no rosto da obra Betsabá, a noiva Judia, a degeneração no corpo do Boi Esquartejado, e no Cristo em Os Peregrinos de Emaús, acabaram aparecendo no rosto do artista, tal como é fixado no seu último autorretrato. Ao todo, Rembrandt pintou ao longo de sua carreira 86 autorretratos, em vários estilos diferentes, que eram colecionados por conhecedores e que o ajudaram, posteriormente, a firmar sua reputação.

Na miséria e esquecido, Rembrandt continuou a pintar, analisando cada vez em maior profundidade as paixões e a decadência humanas.

Morreu no dia 4 de outubro de 1669, deixando em seu testamento algumas roupas de linho e lã, 'minhas coisas de pintor'.







Fontes:
Arte nos Séculos – Abril Cultural
História da Pintura – ed. Könemann
Tudo sobre arte – Stephen Farthing / Sextante



29.6.13

OTTO DIX / 1891 - 1969


- Tais Luso de Carvalho

Otto Dix foi um pintor expressionista alemão que serviu na Primeira Guerra Mundial. Também gravador. Nasceu em 1891 em Gera / Alemanha. Estudou nas academias de Dressen e Düsseldorf, sendo George Grosz o grande expoente do movimento. Seu pai trabalhava numa fundição de ferro e sua mãe era costureira.

Quando criança passava no atelier de seu primo, o paisagista Fritz Amann, onde recebeu incentivo para pintar, começando por paisagens.

Voltou da Guerra de 1914, o qual serviu no setor de artilharia, e mostrou em sua obra toda a desilusão e repugnância ante os horrores,  a depravação de uma sociedade decadente e com um desequilíbrio emocional devastador. Ferido várias vezes, voltou numa maca com ferimentos quase fatais. Seus colegas voltavam mutilados, feridos ou loucos.

As experiências da Guerra, que retratou em quadros de grandes dimensões e com o estilo de um grande mestre,  marcaram não só essa sua visão de mundo, mas seu desejo de recompor na tela os fragmentos desse mundo e a dimensão do poder destrutivo do homem.

Suas obras manifestam a ansiedade do indivíduo e o seu papel na sociedade apresentam uma precisão anatômica de muito realismo. No retrato de seus pais (acima),  as mãos estendidas em direção ao observados, revelam a dureza de uma vida marcada pelo trabalho, enquanto os personagens estão tensos e orgulhosos.

Sua obra  O Vendedor de Fósforos  -1920, é uma descrição desumana da indiferença diante do sofrimento, representado os transeuntes ignorando um ex-soldado cego e paralítico que pede esmola para sobreviver. As 50 gravuras retratando a Guerra, escritas por G.H. Hamilton – Pinturas e Esculturas na Europa, 1880-1940, como talvez as mais desagradáveis manifestações antibelicistas da arte moderna.

Outro dos temas preferidos de Dix era a prostituição. Em 1927, foi nomeado professor da Academia de Dresden e em 1931 para a Academia Prussiana. Mas por ser antimilitarista, Dix atraiu a cólera do regime nazista e foi deposto de seus cargos acadêmicos em 1933, quando sua obra foi descrita como  degenerada. 

Em 1939 foi preso sob a acusação de colaborar num plano para o assassinato de Hitler, mas logo foi solto. No ano de 1945, voltou ao front na Segunda Guerra e foi feito prisioneiro pelos franceses. Em sua fase de exílio no próprio país, abandonou a pintura política e passou a pintar temas de misticismo religioso e paisagens que se assemelhavam à arte clássica.

Expressionista – retratou a guerra com um realismo brutal.
Relatos políticos e sociais.
Portanto, um artista de grande valor – morreu em 1969, Sigen / Alemanha.

Veja maior, dê um zoom!


Os mutilados de guerra

Mutilado de Guerra ante a indiferença dos transeuntes






Referências:
Oxford de Arte / Martins Fuentes - 2007
Grandes Artistas / Sextante


17.6.13

VELÁZQUEZ – O PINTOR DA CORTE


        Tais Luso de Carvalho

Diego Rodrigo da Silva y Velázquez, um dos maiores retratistas da história das artes, nasceu na cidade de Sevilha / Espanha, em 1599.

Em 1611 tornou-se aprendiz de Francisco Pacheco, pintor maneirista e importante teórico da arte. Velázquez casou-se com a filha de Pacheco, Joana, em 1617. Por influência do sogro integrou-se à corte real, em pleno século de ouro (16 e 17) da coroa espanhola, totalizando mais de 150 anos. Foi um período de relevância nas artes, na literatura, no teatro, na expansão territorial, no comércio marítimo, na descoberta de prata e ouro gerando riqueza ao país.

Eduard Manet dizia que Velázquez era o maior de todos os pintores, o precursor do impressionismo, por suas pinceladas livres das telas de paisagem. Era também um grande retratista, sendo clássicos seus quadros de famílias reais, como 'As meninas -1656'.

Aos 24 anos Velázquez tornou-se pintor oficial da Corte de Felipe IV, conquistando rapidamente a confiança do rei, sendo esse, retratado apenas por ele.

Entre 1648 e 1651 Velázquez foi à Itália e lá pintou duas dentre suas obras mais célebres: Juan de Pareja (escravo mulato de Velázquez) e Papa Inocêncio X.

As Meninas – antes denominada 'A família de Felipe IV', resultou numa pintura mais solta e na correta dispersão da luz, o qual evidenciava as formas conferindo uma sensação de proximidade e realismo. Nessa obra, Velázquez retratou-se à direita da tela; no centro a princesa Margarida; no canto direito, bufões, anões, um cachorro e dois personagens típicos da corte. No fundo um homem abre a porta, inundando de luz o último plano. A luz e o reflexo no espelho mostra a presença do próprio rei Felipe IV e sua mulher a rainha Mariana.

Admirador de Tiziano, Tintoretto e Veronese foi o maior artista da contra-reforma na medida em que o barroco espanhol era o estilo oficial da reação católica à Reforma. Mas era um barroco ainda realista, que não chegava aos exageros do rococó.

Pintou poucos nus e alguns de seus quadros se perderam, pois ele não os assinava. Dentre alguns, destaca-se 'Vênus no Espelho'. Utilizando cores maravilhosas, principalmente o azul, foi um perfeccionista que se impôs pelo trabalho, transmitindo uma incrível sensação de vida em sua grandiosa obra.

Em seus últimos anos, passados em Madri, Velázquez continuou a receber novas honras, como a 'Ordem dos Cavaleiros de Santiago', em 1659. Suas últimas pinturas, como retrato, foram da rainha Mariana da Áustria e das crianças.

A maior parte das obras de Velázquez encontra-se na Espanha, no Museu do Prado. Fora da Espanha há obras em Londres, na National Gallery que abriga seu único nu ainda existente, e a 'Vênus de Rokeby -1648 no Wellington Museum e na coleção Wallace.
Faleceu em 1660 em Madri como o maior pintor da escola espanhola.




Museu do Prado - veja!
     




6.6.13

GUSTAV KLIMT E SUAS OBRAS

O Retrato de Adele Bloch-Bauer

                  - Tais Luso de Carvalho


          O RETRATO DE  ADELE BLOCH-BAUER

A obra de Gustav Klimt, O Retrato de Adele Bloch-Bauer, é um dos quadros mais famosos de Klimt.  

- Primeiro porque Adele era esposa de um rico industrial – Ferdinand Bloch-Bauer, que comprou sete obras de Klimt, e ao servir de modelo para esse retrato, feito pelo pintor austríaco em 1907, teria tido um caso com ele –  suspeita de Maria Altmann (sobrinha de Adele) que conviveu com o pintor e a tia. O pintor era conhecido pelo seu envolvimento com suas modelos.

- Segundo porque, para voltar às mãos da família Bloch-Bauer, novamente, a tela esteve no centro de uma disputa judicial que se prolongou pelas cortes austríacas e americana.

As cinco obras que pertenciam à família Bloch-Bauer, entre elas O Retrato de Adele, haviam sido tomadas pelos nazistas – quando eles invadiram a Áustria – e faziam, desde então, parte da Galeria Belvedere, em Viena.

Desde 1945, quando foi revelado o testamento de Ferdinand, sua sobrinha Maria Altmann, legítima herdeira dos cinco quadros – visto que ele não tinha filhos reconhecidos – começou a brigar para reaver as obras. Em 2006 ela conquistou judicialmente esse direito.

No mesmo ano, Maria vendeu por US$135 milhões que, na época foi a soma mais alta já paga para uma obra de arte. O comprador da polêmica obra foi o rico empresário Ronald Lauder, que a acrescentou ao acervo de seu museu Nova-Iorquino, o New Galerie, e disse na época: 'Esse quadro é a nossa Mona Lisa'.

-------

Filho de um ourives, Klimt nasceu em Viena, a 14 de julho de 1862. Na mesma Viena da virada do século, em que Sigmund Freud sondava a mente humana, Klimt se insinuava com igual profundidade no íntimo da agonizante sociedade vitoriana. 

Suas telas exibiam a dimensão crepuscular do desencanto, da frustração e do espanto da existência humana.

Entrou na Escola de Artes e Ofícios de Viena em 1876. Em 1883 deixou-a para abrir com seu irmão Ernst e Franz Matsch um atelier especializado em painéis decorativos, chamava-se ‘A Cooperativa dos Artistas’, e ornamentaram vários museus, salões e teatros, entre eles o Teatro Imperial de Viena. Pintou as escadarias do Museu histórico de Viena, usando elementos estilísticos de afrescos egípcios ou mosaicos bizantinos.

Mas a referência do grupo ainda era a arte renascentista, influenciada pelo naturalismo do século 19.
Com a morte do irmão, em 1892, o atelier de Klimt foi desmontado, e o artista, então com 30 anos, tenta o caminho convencional: prepara retratos, decora casas particulares e ingressa na Sociedade dos Artistas Vienenses.

Em 1900, no Palácio da Secessão, Klimt expõe o primeiro dos três painéis, decepcionando as autoridades, que dispensam o acabamento dos murais previstos para a universidade. Certamente, o aspecto maneirista do Art Nouveau não era bem aceito; estavam habituados, ainda, com o realismo. Porém os mesmos trabalhos mostrados em Paris valeram-lhe medalha de honra, reconhecimento da intelectualidade francesa a Klimt que começa a ganhar fama mundial.

Os elementos geométricos se incorporam à pintura de Klimt, que, gradativamente abandona a busca de uma ilusão de tridimensionalidade da tela, para resolvê-la em duas dimensões, com supressão das sombras, preceito seguido mais tarde por Matisse e outros.

A fase dourada atinge seu ápice nos painéis e retratos em que Klimt, ao modo antigo, empregava pedaços de ouro folhado ou papel cintilante. Nesse período (1920) enquanto muitos artistas começavam a colagem de elementos, como pedaços de jornais e rótulos de garrafas - que ressaltavam simplicidade -, os dourados de Klimt acentuavam nobreza.

É na primeira década do século 20 que Klimt realiza a parte mais importante de sua obra, ou seja, o Friso de Beethoven.

Os problemas do tempo, como a morte e a vida; a luz e as trevas; a harmonia e o caos persistem na filosofia do artista. No entanto, ao contrário do que fizera nos painéis para a universidade, ele já procura disfarçar os elementos negativos na execução das obras como em As três Idades da Vida, Holofernes e outras, procurando exaltar a vida.

A obra de Gustav Klimt representa o calor do fim do século. Nela a figura humana é transformada num ornamento assimétrico, interligado com elementos decorativos, concebidos para ambientes ao qual estavam destinados.

Após, surge um Klimt com suas mulheres fatais; mostra-se um sensível intérprete da feminilidade. 
Na obra O Beijo, o enlace do casal se confunde: num simbolismo ornamental, o xadrez frio e retangular ressalta os valores racionais do homem, enquanto os cálices das flores redondas aludem à emotividade feminina, que está ajoelhada enquanto é beijada. 

Na obra Judith o dourado de Klimt realça a superfície e atenua a relação figura-mundo. O corpo contrasta com a sensualidade de um roto fotográfico.

Na obra Floresta, as árvores não brotam da terra, pendem do ar; o chão do bosque lembra um tapete.

Ao falecer em 1918, Klimt já havia colocado Viena numa posição de destaque dentro da arte européia. Se o lembrarmos como um contemporâneo de Munch e de Kandinsky, não é como inovador que ele impressiona: pode-se dizer que ele foi um revolucionário conservador.

O Beijo
Emilie Floge                                    Judith


Veja  o vídeo - beleza!!






20.4.13

TARSILA DO AMARAL / OBRAS

ABAPORU

TARSILA DO AMARAL nasceu em 1º de setembro de 1886, no município de Capivari / São Paulo. Seu pai, José Astanislau do Amaral herdou grande fortuna de seu pai, dono de inúmeras fazendas em São Paulo, onde Tarsila passou a infância e boa parte da adolescência.  

Em 1906 Tarsila casou-se com André Teixeira Pinto, com quem teve sua única filha, Dulce. Após sua separação começa a estudar escultura em 1916 com Zadig e Mantovani em São Paulo. Pouco depois, desenho e pintura com Pedro Alexandrino.  

Sua carreira artística começa em 1916 e só em 1920 viaja para a Europa e ingressa na Académie Julian em Paris frequentando o ateliê de Émile Renard.

Em 1922 volta ao Brasil e se integra no grupo modernista com Anita Malfatti, Osvaldo de Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia entre outros. Começa aí, seu namoro com Oswald de Andrade.

Como tantos outros artistas, que fizeram parte do Movimento Modernista, Tarsila virou-se para os temas brasileiros, singelos, ampliando a técnica cubista e criando, também, uma atmosfera do mundo surrealista, com obras como Abaporu. Foi uma das artistas que mais acompanhou os literatos e participou dos movimentos Pau-Brasil e Antropofagismo.

Volta à Europa em 1923. Estuda com Albert Gleizes e Fernand Léger, grandes mestres cubistas. Inicia sua pintura Pau-Brasil, dotada de cores e temas brasileiros. Casa-se no mesmo ano com Oswald de Andrade.

Em 1928 pinta o Abaporu para dar de presente de aniversário a Oswald que se empolga com a tela e cria o Movimento Antropofágico. É deste período a fase antropofágica da sua pintura.  Em 1930 separa-se de Oswald.  

A teoria antropofágica propunha que os artistas brasileiros conhecessem os movimentos estéticos modernos europeus, mas criassem uma arte com feições brasileiras. De acordo com esta proposta, para ser artista moderno no Brasil, não bastava seguir as tendências europeias,  era preciso criar algo enraizado na cultura do país.

Na época em que pintou A Negra e o Auto-retrato, em 1923, passou pela influência impressionista e em seguida encontrou as tendências modernas da pintura européia. Foi nessa fase que ligou-se a importantes artistas do modernismo europeu, como Fernand Léger, Picasso, De Chiric, Brancuse, entre outros.

Depois de uma viagem que fez aos países socialistas, no início dos anos 1930, Tarsila passou por uma fase de temática social, da qual é exemplo significativo o quadro Operários. Sua última obra foi o mural Procissão do Santíssimo em São Paulo no séc XVIII, encomenda pelo governo do Estado de S.Paulo e pintado em 1954.

Em 1933 pinta Operários e dá início à pintura social no Brasil. Daí em diante passa a viver com o escritor Luís Martins, por quase vinte anos.


Faleceu em São Paulo no dia 17 de janeiro de 1973. Tarsila colaborou decisivamente para o desenvolvimento da arte moderna brasileira.


"Procurei todas as técnicas, mas voltei à simplicidade diretamente. Não sou mais moderna nem antiga, mas escrevo e pinto o que me encanta."

Manteau Rouge


Antropofagia - 1929
Nessa obra sente-se, em uma só tela, a fusão de ABAPORU e A NEGRA


A Família


'Essa obra, intitulada A Negra- 1923, talvez tenha a ver com a saudade da artista de sua terra natal, no interior paulista onde as fazendas de cafezais ficaram em sua lembrança. Uma figura cheia de simbolismos: de lábios grossos, olhar melancólico, deformada, mostrando cansaço pela  opressão da raça negra.  Aparece despida, com seio à mostra, lembrando, de certa forma, a formação e o sustento da raça brasileira'.

O Carnaval
Operários


Estrada de Ferro Central do Brasil


Idílio -1929 / Movimento antropofágico 


Segunda Classe - 1933
Fontes: História da Arte/ G. Proenza - Como entender a pintura moderna / C.Cavalcanti
Arte Brasileira - Percival Tirapeli / Companhia Editora Nacional


16.3.13

SÃO FRANCISCO – PINTURA E REVESTIMENTO






     -Tais Luso de Carvalho

Para não dizer que não falei de Santo, nada mais oportuno – pela eleição do novo Papa Francisco - do que deixar aqui uma técnica muito bonita de São Francisco, o Santo protetor dos animais e dos pobres. Uma técnica muito simples, que condiz com o próprio Santo, com vestes de algodão, surradas e nada pomposo - como de fato foi  o Santo mais querido do Ocidente Cristão.


MATERIAL PARA FAZER O 'REVESTIMENTO' / Santo do centro da foto.

Uma peça de gesso ou madeira – de boa procedência e maciça.  O da foto tem 60 cm.
Cola Cascorez
Tinta PVA branca
Tinta a óleo
Termolina (impermeabilizante)
Betume
Solvente para limpeza dos pincéis
Pacotinhos de gaze de algodão (farmácia)


TÉCNICA

Deixe a peça em perfeitas condições, se necessário use lixa fina.
Passe cola nas vestes, por partes, e vá colando a gaze. Deixe secar bem, 24 horas ou use o secador.
Passe 3 de mãos de PVA branca na seguinte proporção: 3 partes de PVA para uma parte de Termolina leitosa em toda a peça, inclusive na pele.
Espere secar para não comprometer o trabalho.
Entre com o betume – dissolvido em solvente,  mas que não fique muito líquido  e sim pastoso. Vá passando com o pincel, primeiro nas vestes e limpando com pano macio num só sentido, de cima para baixo. Se precisar retoque. Por fim, passe a mesma mistura (mas um pouco mais diluída no solvente para não deixar a pele escura). Passe no rosto, mãos e pés. Retire imediatamente, no mesmo sentido. Lembro: tudo tem de estar bem seco.
O pedestal, terço, cabelo, barba e a pombinha no ombro pode ser pintada com tinta a óleo de sua preferência. Se já souber pintar rosto, pinte no final de tudo. Se não souber, preferível deixar apenas envelhecido. Não ficará desvalorizado.






6.2.13

HENRI MATISSE


A Dança / 1910

    - Tais Luso de Carvalho
Henri Matisse, pintor, escultor, artista gráfico e projetista francês, nasceu em Cateau Cambrésis – norte da França, no ano de 1869. Começou a pintar aos 19 anos enquanto trabalhava num escritório de advocacia. Em 1891 Matisse desistiu do curso de Direito e mudou-se para Paris onde entregou-se totalmente à pintura. Foi aluno de Boguereau antes de cursar a École des Beaux-Arts. Na época suas obras eram melancólicas, trabalhou em muitas naturezas-mortas e paisagens.

Foi uma longa caminhada. A visão de um clássico de Cézane - As três banhistas (que comprou), mudou seu destino. Aprendeu a equilibrar e usar cores fortes para simbolizar os sentimentos. Nascia, com um grupo de amigos - Dufy, Vlaminck, Rouault, Braque -, o movimento que veio a chamar-se 'Fauvista' o qual expuseram em 1905, em Paris, e vindo a ser rotulado como fauves (feras) , pois suas obras eram descritas como borrões ingênuos e selváticos, de uma criança brincando com sua caixa de tintas.

Os flauvistas não imitavam os objetos representados, mas os deformavam segundo as exigências da composição e da cor, numa visão jovial do mundo.

A cor agressiva e não natural, era certamente uma característica do movimento. Matisse foi, de longe, o mais expressivo artista do grupo. A agressividade nunca fez parte de seu programa, apesar de que os quadros que pintou por volta de 1905 incluíam os mais agressivos de sua carreira. As cores eram intensas e dramáticas, Matisse fundiu cor e forma para expressar suas reações óticas e emocionais em função de seu tema, e construía suas telas a partir dessas unidades: cor-forma, e arduamente conseguidas.

Em 'Notas de um Pintor' (1908) está escrito...

'O meu sonho é realizar uma arte de equilíbrio de pureza e serenidade'.

'Quero atingir aquele estado de condensação de sensações que constitui uma pintura'.

Não queria uma arte facilmente agradável, mas aquela em que os mundos, exterior e interior, estivessem fundidos em harmoniosa organização pictórica.

Matisse dedicou sua arte a temas de belas mulheres, interiores e flores. Em 1907 ele atingia um ponto de equilíbrio: linhas fluentes, corretas, e que pareciam mais realistas do que acadêmicas, cores que eram frequentemente agudas e estranhas, mas que irradiavam uma extraordinária paz.

Na sua obra A Dança / 1910, Matisse juntou o azul mais azul que existia, o verde mais verde e o vermelho mais vermelho nos corpos dançantes.

Sua intenção era simplificar a forma, exaltar as cores, mas também delimitar planos, volumes e perspectiva. Claro que para esse grupo de artistas fauvistas o importante era a vibração das cores intensas lembrando o estado de espírito das crianças e dos selvagens.

Aos 40 anos Matisse começou a ficar famoso e rico. Frequentava o famoso apartamento da escritora Gertrude Stein e ficou amigo de Hemingway e Picasso. E junto com Picasso foi considerado um dos maiores pintores vivos, mestre supremo das tendências artísticas que se caracterizava pelo uso abstrato das cores puras, e com ele compartilhava o gosto pela escultura africana. Matisse não foi um impressionista, neo-impressionista ou cubista, mas admirava esses movimentos, fez experimentos com cada um deles, porém criou um estilo próprio.

Em 1908 abre exposições em Nova Iorque, Londres, Roma, Paris e Moscou. Surge no mundo uma escola dita matissista. Logo vai ao Marrocos e se apaixona pelas odaliscas, danças do ventre, sons, arabescos e vapores do Arak. Um dos clientes mais importantes foi Sergei Schukin que visitava Paris frequentemente para comprar todas as obras que havia no atelier de Matisse e depois as mandava para a Rússia.

Em 1917 o artista mudou-se para Nice, na Riviera Francesa. Seu estilo e suas cores ficaram mais intensas nas pinturas das odaliscas e interiores, com vista para a Riviera, através das janelas abertas. Em 1925 recebeu a maior condecoração francesa – Légion d'Honneur, pelos serviços prestados ao mundo da arte.

Após um câncer abdominal, em 1941, Matisse ficou incapacitado para a pintura. Foi nessa época, então, que começaram os famosos recortes que podia criar na cama ou numa cadeira. Seus assistentes pitavam folhas de papel com tinta guache em cores vivas; ele as recortava e dispunha na tela, propondo o estilo abstrato e claramente naïf, dizendo ter alcançado uma perfeição maior do que sua pintura e escultura.
Faleceu em 1954 / Nice - França.
Ver Museu Matisse na guia superior: Museus do Mundo

Nu Azul                          A Mesa de Jantar / 1897

Mulher Lendo / 1894                                   Auto-retrato / 1918

Harmonia em vermelho / 1908
A Conversa / 1909

---
Fontes:
Dicionário Oxford de Artes - Martins Fontes 2007
Grandes Artistas - Sextante
Grandes pintores - P.R. Derengoski