13.5.11

JOHANNES VERMEER


 Moça com brinco de pérola / 1666 - clique foto
- Tais Luso de Carvalho

Johannes Vermeer nasceu em 1632, Delft / Holanda, oriundo de uma família protestante. Suas pinturas estão envoltas num certo mistério, pois produziu poucas obras, das quais poucas delas podem ser datadas com precisão. Talvez, por tantas incertezas, que o tornou mais popular nos últimos tempos. Teve uma carreira modesta e muitos anos de negligência.

Os anos de aprendizado, levaram o artista aos importantes centros de pintura de Utrecht e Amsterdã. Converteu-se ao catolicismo ao casar-se com Catharina Bolnes em 1653, mesmo contrariando a família de Catharina. Tiveram 11 filhos. Neste mesmo ano foi professor da Guilda de São Lucas, em Delft.

Inicialmente, despontou com pinturas históricas, retratando temas bíblicos e mitológicos que eram respeitados na época. No final da década de 1650, passou a retratar, então, a vida cotidiana, como ficou conhecido, usando a técnica do empaste (it. impasto) para dar vida ao detalhes.

Vermeer era conhecido por suas pinturas de cenas cotidianas, domésticas e introspectivas.
O que chama a atenção em sua pintura é a luminosidade, que ficou como sua característica mais notável. Eram, os pontos de luz, em posições organizadas, como na obra Rua de Delft e A Leiteira - 1658.

Seu estilo amadureceu, tornando-se mais leve e sutil. Obras como a Moça com brinco de pérola (1665) - que, com apenas duas pinceladas cria o brinco - e O estúdio do artista (1666), mostra o desapego em relação em que ele era conhecido.

Sua obra, a Moça com o brinco de pérola, toda a observação vai para a expressão do rosto da figura feminina. Os lábios entreabertos da moça, nos faz pensar que ela estaria para dizer algo. As cores empregadas no rosto e vestimentas, sem cenário, fazem da moça o centro da obra.

Já, A Rendeira (1670), chama atenção pela sua concentração, com gestos delicados e precisos.
Em, A Mulher lendo uma carta, a sala está inundada de luz e uma suave harmonia de cores e de formas.

Já na sua velhice, Vermeer  teve de lidar com fortes problemas financeiros, uma vez que sua produção foi de apenas 35 obras. Trabalhou, também, como comerciante de arte e estalajadeiro. Ao falecer em 1675, sua viúva herdou suas dívidas e teve de decretar falência.

Por ter ficado em Delft e por ter um estilo peculiar, a influência de Vermeer não se expandiu. Apenas no séc. XIX que o nome de Vermeer tornou-se conhecido, novamente. Sua reputação tornou-se saliente pelo realista francês Gustavo Courbet, onde os pintores holandeses inspiraram os naturalistas da época.

Algumas obras a destacar:
Moça com brinco de pérola, 1566
A Rendeira, 1670
Mulher lendo uma carta, 1665
O estúdio do artista, 1666
A Alcoviteira, 1656
A Leiteira, 1658
O Astrônomo, 1668
Mulher com colar de pérolas, 1664
Leitora à janela, 1659

Morre em Delft, Holanda em 1675. 
Fica-se sabendo, portanto, muito pouco das obras de Vermeer, porém a de número 36ª foi exatamente a Moça com brinco de pérola ou Mulher com turbante, reconhecida como autêntica, representada em livros e em  filme.
     
A leiteira / 1668
Leitora à janela / 1659
Rua de Delft / 1658
Vista de Delft / 1660

28.4.11

GUIA DE ESTILOS, ESCOLAS E MOVIMENTOS

Renoir / Impressionismo (+ zoom)


- Tais Luso de Carvalho 


É incontestável que a arte deve conter valor social; como poderoso meio de comunicação que é, deve ser dirigida e em termos compreensíveis à percepção da humanidade. 
(Rockwell Kent)


De 1860 a 1900:
Surgimento das Vanguardas:

Impressionismo - Arts and Crafts - Escola de Chicago - Os Vinte – Neo-impressionismo - Movimento Decadente - Art Nouveau – Modernismo – Simbolismo – Pós-impressionismo - Cloisonismo – Nabis – Sintetismo - Salão de Rosa-Cruz – Jugendstil - Secessão Vienense - Mundo da Arte.

Georges Seurat / neo-impressionismo (+zoom)

De 1900 a 1918:
Modernismos para um mundo moderno:

Fauvismo – Expressionismo - A Ponte - Ashcan School - Deutscher Werkbund – Cubismo – Futurismo - Valete de Ouros - O Cavaleiro Azul – Sincronismo – Orfismo – Raionismo – Suprematismo – Construtivismo - Pintura Metafísica – Vorticismo - Ativismo Húngaro - Escola de Amsterdã – Dadá – Purismo - De Stijl.

Jacek Yerka / Surrealismo

De 1918 a 1945
Em busca de uma nova ordem:

Arbeitsrat für Kunst - Grupo de Novembro – Bauhaus – Precisionismo - Art Decó Escola de Paris - Estilo Internacional - Novecento Italiano - Der Ring - Nova Objetividade Surrealismo – Elementarismo - Grupo 7 - M.I.A.R - Arte Concreta - Realismo Mágico - Cena Americana - Realismo Social - Realismo Socialista – Neorromantismo.

Lucian Freud / Realismo

De 1945 a 1965:
Uma nova desordem:

Arte Bruta - Arte Existencial - Arte Marginal - Abstração Orgânica - Arte Informal – Expressionismo – Letrismo – CoBrA - Arte Beat - Arte Cinética - Kitchen Sink School – Neodadá - Combines - Novo Brutalismo - Art Funk - Novo Realismo - Internacional Situacionista – Assemblage - Art Pop - Arte Performática Grav – Flux - Art Op - Abstração pós-pictórica.

Juarez Machado / arte contemporânea

De 1965 até hoje
Além das vanguardas:

Minimalismo - Arte Conceitual - Body Art - Instalação – Hiper-realismo – Antidesign - Supports-surfaces – Videoarte - Earth Art - Site Works - Arte povera – Pós-modernismo – High-tech – Neoexpressionismo – Neopop – Transvanguarda - Sound art - Web art - Destination art - Design art - Fotografia artística.



Marc Chagall / Modernismo



Fonte Guia Enciclopédico da arte moderna.
Estilos, Escolas e Movimentos – 2ªed. Amy Dempsey
Trad. Carlos E. Marcondes de Moura.






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6.3.11

PAUL CÉZANNE

Os jogadores de carta

Tais Luso de Carvalho

Cézanne, filho ilegítimo de um rico banqueiro, nasceu na França em 1839. Quis ser artista desde a infância, porém seu pai desaprovava. O medo da insegurança - por ser adotado - e o medo de seu autoritário pai, o perseguiram por toda a vida. Mas aos 22 anos conseguiu ir para Paris estudar arte e conviver com artistas.

Era um jovem com grandes momentos de depressão e seus sentimentos de baixa-estima o levaram a destruir muitas de suas obras. Era desesperado por ser aceito na elite artística de Paris. Assim voltou mais tarde para sua cidade Aix-en-Provence. Mas em 1862 retornou à Paris para viver como artista.

Ao lado de seu grande amigo Émile Zola tornou-se ativamente político e revolucionário. Dizia que o artista é um mero gravador de percepções sensoriais e que poderia revolucionar a pintura apenas com uma maçã... De fato, suas naturezas mortas são grandiosas pela espontaneidade dos tons. Com o tempo sua pintura tornou-se simplificada ao ponto de ser reduzida a limites quase geométricos, quase cubistas, conseguindo efeitos de perspetiva apenas pelo uso da cor.

O próprio Cézane definia seu estilo como arquitetônico; ele dava ao corpo uma abstração natural, não queria nada além de superfícies e volumes pictóricos, segundo o russo Malevitch sobre seu quadro Os Banhistas, enchia a tela com volumes e cor, superando o traço.

Cézane levou tempo para ser aceito e reconhecido no mundo das artes, e quase nada vendeu em vida. Quando suas obras foram rejeitadas pelo Salão de Paris, Cézanne foi consumido por uma intensa depressão, mas desta vez perseverando. 

Em 1863, numa exibição alternativa – Salón des Refusés, Cézane expôs ao lado de outros artistas, também rejeitados, como Édouard Monet, Camille Pissarro e Henri Fantin-Latour. Vinte anos mais tarde, a primeira de suas obras foi aceita pelo Salão de Paris.

Suas primeiras obras eram tristes, sombrias e melancólicas, porém seu estilo mudou na década de 1870, quando se apaixonou por Hortense Fiquet – 19 anos, e com ela teve um filho. Também ligou-se aos impressionistas. Mas sempre pensava em algo mais sólido e durável.

Em 1874, embora não se considerasse um impressionista, apresentou suas obras com o grupo. Foi influenciado pela arte flamenca, pintando naturezas mortas com as cores usadas pelos artistas flamencos.

Em 1886 ficou muito magoado com seu amigo Émile Zolá (amigos desde o collêge Borbon – 1852) pela semelhança do personagem do seu romance L'Oeuvre, contando a história de um artista fracassado... Nesse mesmo ano casa-se com Hortense da qual nasce seu filho.

Ao saber de sua família, seu pai reduz muito a ajuda financeira; porém é ajudado pelo amigo e escritor Émile Zolá o qual mais tarde vendo o luxo em que Zolá vivia, Cézanne fica desconcertado e afasta-se do amigo. Seu pai morre pouco depois deixando-lhe uma fortuna considerável. Mais tarde volta a morar em Aix enquanto sua família fica em Paris.

Sucedem, após, várias exposições o qual vende seus quadros alcançando preços muito bons. Em 15 de outubro, diabético, adquire pneumonia vindo a falecer.

Segundo Pablo Picasso: Meu primeiro e único mestre, Cézane foi um pai para todos nós.

Foi ousado no uso da cor, perspectiva inovadora, preocupava-se com formas geométricas e fazia um perfeito intercâmbio entre luz e sombra.

Auto retrato / 1890

Natureza morta

Os Banhistas
Natureza morta
O grande pinheiro / 1885


13.2.11

ESCRITOR ERNESTO SABATO E SUAS PINTURAS


Alquimista
- Tais Luso de Carvalho

Mostro aqui, no Das Artes, Ernesto Sabato, conhecido escritor argentino. Mas não falarei do escritor e sim postarei algumas de suas pinturas. Apenas umas pinceladas biográficas, mas trago Sabato como artista plástico. 

Nasceu em 1911, em Rojas, Argentina. Tornou-se doutor em física em 1937. Foi pesquisador de laboratório de Curie, em Paris, mas uma visão premonitória e apocalíptica da bomba atômica levou-o a abandonar a ciência e dedicar-se à literatura. Em 1983 foi eleito presidente da Comissão Nacional de Desaparecidos Políticos, cujo trabalho originou o relatório Nunca más, conhecido como o Informe Sabato

'O homem de hoje vive em alta tensão, diante do perigo da aniquilação e da morte, da tortura e da solidão. É um homem de situações extremas, chegou aos limites últimos de sua existência ou está diante deles. A literatura que o descreve e o interroga só pode ser, portanto, uma literatura de situações excepcionais'. 

'Durante esse tempo de antagonismos, pela manhã me sepultava entre eletrômetros e provetas e anoitecia nos bares, com os delirantes surrealistas'. (Paris) 

Bem, mas segundo seu depoimento, sua primeira grande paixão, desde criança, foi a pintura, quando ainda não lia e nem escrevia. 

Passou para a tela seus pesadelos, suas alucinações e contradições de sua tumultuada existência, quando se envolveu, também, com a política. 

Segundo uma entrevista, dada por seu filho Mário Sabato, 'seu pai é a essência de um homem austero, que tem como seus maiores valores a justiça, a amizade, a liberdade e compaixão. Era obcecado pela ordem e econômico nos afetos. Proporcionava as tempestades e sua mãe os amanheceres'. 

Às vésperas de completar cem anos, Ernesto Sabato mantém uma rotina simples, em encontros com os parentes próximos - especialmente os três bisnetos, ao lado de livros de pintura e sob os cuidados de uma enfermeira. 

As pinceladas fortes, de marcada inspiração expressionista, revelam outra obsessão do autor: o interesse pelo retrato e, a partir dele, o fascínio pela representação dos olhos, não raro transfigurados em expressões de angústia e pavor. 

'Sim, são bastante horríveis - diz Sabato - não os colocaria na sala de jantar, obviamente'. 

'O homem não é um objeto passivo e, portanto, não pode se limitar a refletir o mundo; é um ser dialético (como seus sonhos o provam), longe de refleti-lo, resiste a ele e o contradiz. E esse atributo geral do homem se dá com mais histérica intensidade no artista, indivíduo geralmente anárquico e anti-social, sonhador e inadaptado'. 

É fatal que, de algum modo a arte esteja relacionada com a sociedade, já que a arte é feita pelo homem – mesmo que seja um ingênuo – não está isolado: vive, pensa e sente de acordo com sua circunstância.


FALANDO DOS MOVIMENTOS...


Além das influências provenientes dos grupos verticais, além dos fatores de temperamento que são próprios de cada indivíduo e que podem ocorrer em qualquer classe social, há ainda na arte uma força intrínseca que tem pouco a ver com a sociedade: atuam nela o cansaço e o capricho. 

Como as modas, no vestir, muitas de suas renovações ocorrem por esgotamento psíquico, por fastio, pelo simples prazer de ir contra a geração anterior ou contra inimigos poderosos na própria arte, por frivolidade, por rancor, por astúcia, pelo simples gosto da mudança. 

No livro O escritor e seus fantasmas - ed. Companhia Das Letras, o escritor fala do que pensa sobre os vários movimentos da arte. Logicamente seria muito extenso transcrever aqui os inúmeros pontos de vista e idéias de um autor da envergadura de Sabato, porém fica a dica para os interessados. Gostei de ter lido, afinal, há de se respeitar Ernesto Sabato. 

'A criação artística assemelha-se, em certos aspectos à contemplação mística, que pode ir também da oração confusa à visões precisas'. (H.Delacroix)


Dostoievski

Por qué gritará?
Nietzsche
auto-retrato
Virginia


7.2.11

INVENÇÃO DO OURO NAS ARTES / SUMÉRIOS



Vasilha de ouro com lápis-lazúli

- Tais Luso de Carvalho
O ouro, conhecido desde a antiguidade, não tinha nenhuma utilidade prática, mas foi usado ao longo da história como símbolo de prestígio. Sua história de sucesso começa no terceiro milênio a.C, quando os sumérios - primeiro povo a habitar a região da Mesopotâmia -, aperfeiçoaram o tratamento do metal com fins de ostentação de riqueza. Poderia se dizer que a história da ourivesaria e suas técnicas na manipulação do ouro se espalharam através dos sumérios para todas as civilizações antigas. 

Em algumas escavações, feitas por arqueólogos, o metal foi encontrado entre dois ladrilhos de terracota, perdido e prensado no chão de uma construção em Larsa, na Mesopotâmia. A princípio foi reconhecido pela sua durabilidade, inalterabilidade, beleza e divisibilidade.

Era um metal facilmente riscável, oferecia poucas vantagens, exceto sua raridade e seu aspecto reluzente. O economista K.Polanyi chamava-o de luxuries, por oposição às necessidades das sociedades não igualitárias, sendo de uso dos ricos e poderosos.

As primeiras peças de joalheria apareceram já na era neolítica. Jóias muito bem elaboradas apareceram nas ruínas de Ur, de Troia e de Micenas. Mas a principal característica do ouro é que ele não servia pra nada. Era inoxidável, não se alterava, mas na prática era menos útil do que o bronze ou o cobre.

Os sumérios fizeram uso notável do ouro; ainda hoje investiga-se a técnica que utilizavam para produzir filigranas e grãos. O ouro fascina porque simboliza o prestígio, o status, a distância, a alteridade. E só tem valor se a sociedade inteira o reconhece como tal.

O ouro só apareceu de maneira significativa nos inventários arqueológicos. Os túmulos de Ur é o indício indiscutível do nascimento e do fascínio por este metal e, assim, a aplicação e seu uso chegou até nós. Porém, logo após o enterro funeral, apareciam os saqueadores de túmulos para roubarem o ouro.

Esse lindo metal passou a circular pelo mundo afora, onde a maior reserva nos nossos dias - além de fazerem parte em obras de arte - encontra-se nos braços, pescoços e tornozelos das mulheres do mundo inteiro.
Hoje é jóia por excelência, o metal que realça a beleza.




Lira / Na tumba do Rei de UR

Adorno de ouro - cabeça / tumba da rainha Puabi
Elmo sumério na tumba de Meskalamdug

fonte / História Viva

30.12.10

MONET




- Tais Luso de Carvalho  

Existem duas razões para considerar Monet como o mais 'impressionista dos impressionistas': o seu eterno gosto pelos espaços abertos, parques, jardins, o campo inundado de sol e a precisão com que conduziu os seus estudos de pintura, numa intenção de reproduzir as vibrações de luz e da cor variável das coisas.

As telas dedicadas à Catedral de Rouen são o testemunho mais significativo desta perseverança. A sua coerência deu-lhe um papel relevante no seio do grupo dos impressionistas. Entre 1892 e 1894 pintou cinquenta quadros diferentes da Catedral de Rouen, vista sob todas as condições possíveis: com sol, ou chuva, ao nascer e ao pôr do sol, no verão e no inverno.

Monet não estava preocupado em mostrar a estrutura da Catedral, mas em observar como a estrutura parecia modificar perante os seus olhos à medida que a luz também mudava.

O ciclo de Ruão constitui uma das obras-primas da pintura impressionista e um dos maiores exemplos do tratamento de um único tema numa série.

Monet pôs em prática o conceito de sua missão como pintor: como não existe uma só realidade, o pintor não deve fixar essa realidade, mas ser capaz de captá-la na sua mudança constante.

Disse uma vez ' esqueçam o que têm perante os olhos, uma árvore, uma casa, um campo e pensem simplesmente: aqui está um pequeno quadrado azul, e ali um retângulo cor-de-rosa, acolá uma franja amarela, e pintem o que vos parece'.

Dois montes de feno, muito comuns na paisagem campestre, foram colocados no meio de uma tela - como pretexto -, o que contava era reproduzir os efeitos da luz. Monet usava uma série de pinceladas densas, muito coloridas; azul, branco, vários tons de vermelho e violeta.

As cenas marítimas marcaram sua vida, assim que ao chegar em Paris preferiu pintar o Sena do que as estátuas do Louvre. Imprimiu na dureza das telas, a vida. Foi com o impressionismo, com Monet, principalmente, que a pintura deixou a escuridão abafada dos estúdios para respirar ao ar livre. O próprio nome 'impressionismo' nasceu de um quadro de Monet: 'Impressões do Sol Nascente'.

Nascido em Paris em 1840, Claude Monet viveu no Havre de 1845 a 1858. Em 1859 regressou à capital onde frequentou a Academia Suiça. Pintava ao ar livre com Bazille, Renoir e Sisley. Conheceu Manet e participou da vida cultural de Paris. Em 1890 comprou a sua casa de Giverny e ali viveu até a sua morte – 1926 – continuando a pintar apesar de seus graves problemas de visão.

Luzes, movimentos, festas sem fim, alegria, felicidade, cores infinitas, poesia, sonhos: eis a pintura de Monet! 


A Ponte Japonesa em Giverny - 1899

The Studio Boat / 1874       

Regatta at Argenteuil       

Parlamento de Londres sob a bruma /1904

Jardins de Giverny - 1915

Les Nympheas - 1920/26



18.11.10

EDGAR DEGAS

  
          As Bailarinas / clique para aumentar
 Tais Luso de Carvalho

Nascido de uma família rica, Edgar Degas nasceu em Paris, em 19 de julho de 1834. Considerado um dos maiores artistas do mundo, sua obra é vista como a ligação entre a arte clássica e a moderna. Dominou a escultura, o desenho, a pintura e a fotografia – adotando esta última a partir de 1895.

No ano de 1855 conheceu Ingres, por quem tinha grande admiração, como também por Gauguin, mais tarde. Quando Degas retornou à Paris, de suas viagens por Roma, Florença e Nápoles conheceu Manet, de quem viria a sofrer uma irreversível influência que modificaria sua pintura. Uma dessas influências diz respeito à técnica de Manet ao explorar a luz em sua obra. Tornou-se um membro regular das tertúlias do Café Guerbois e expôs no Salon. Foi um dos artistas mais inspirados pela técnica da fotografia.

Durante a Guerra franco-prussiana alistou-se na Guarda Nacional e, no seu regresso renovou os seus contatos com os impressionistas participando da maioria das exposições efetuada pelo grupo.

Na segunda metade do século XIX o teatro era a principal fonte de entretenimento dos parisienses, porém os ensaios, o que acontecia nos bastidores não eram tão alegres como se via no palco. Degas desenhava o que via, memorizava os velhos mestres e espectadores entediados e acabava a pintura no estúdio, nascendo ‘O Ensaio de Ballet no Palco’.

‘O que faço é o resultado da reflexão e do estudo... Nada sei acerca de inspiração, espontaneidade ou sentimento’.

Por oposição a todos os impressionistas, trabalhava apenas no estúdio, na maioria das vezes através da memória. Não se mostrava muito interessado pela natureza, mas deu muita importância ao desenho. O que o aproximava de outros artistas era o seu interesse pela vida contemporânea e o fato de possuir o grande talento para a experimentação.

Seus quadros sofreram a influência da fotografia, o tom acidental do inesperado, a ousadia do enquadramento. Explorou todos os aspectos ao seu alcance, a velocidade de cavalos, bailarinas e bares. Era o pintor das obras em movimento. Inventou novas técnicas de pintura. Eram momentos captados, tal como num fotograma de um filme.

Degas se definia mais como um "realista"; na oitava exposição dos impressionistas, realizada em 1886, ele pretendeu que a mesma fosse apresentada como uma "exposição de um grupo de artistas independentes, realistas e impressionistas".

Nos últimos anos de sua vida, solitário e quase cego dedicou-se à escultura. Veio a falecer em setembro de 1917, amargurado e esquecido pelos que já não o viam como um grande pintor, pois terminara cego. Viveu 83 anos sem ser reconhecido em vida, porém deixou uma obra fantástica.


Família Bellelli, 1860 - clic para aumentar

Cavalos de Corrida / clique para aumentar
O Absinto / clique aumentar
 Duas formas da degradação humana: um boêmio e uma prostituta  destruídos pelo álcool.

5.10.10

PEDRO WEINGÄRTNER - 1853/1929

As bailarinas -  1896 

Pintor, Gravador e Litógrafo, Weingärtner é visto como um artista entre o Velho e o Novo Mundo. Nasceu em Porto Alegre - Brasil, em 1853. Suas obras são cenas eternizadas por um artista detalhista, minucioso e com refinado domínio da técnica em pinturas naturalistas. São obras que relatam o cotidiano da população e paisagens do Rio Grande do Sul e de cidades onde viveu, como na Itália, Alemanha, Portugal e França. Nestes seus trabalhos retratou a juventude romana e cenas campestres europeias.

Da Europa vinha ao Brasil para vender seus quadros em São Paulo e no Rio de Janeiro – mercados garantidos -, e aproveitava para visitar sua terra, Rio Grande do Sul, de onde levava alguns croquis de temas que lhe interessavam para pintá-los.

O interesse por temas regionais, tratados pela ótica romântica, contudo, não encontrou o desenvolvimento que se poderia esperar nas novas gerações de artistas locais. A morte de Pedro Weingärtner, ocorrida aos setenta e seis anos de idade, depois de uma vida inteiramente dedicada ao trabalho artístico, parece ter sepultado definitivamente, no Rio Grande do Sul, o interesse pelo vocabulário clássico e pela retórica do romantismo, que já não despertavam a atenção dos artistas que disputavam espaço no incipiente mercado local. As gerações que se seguiram, mesmo sem ousar romper violentamente com as práticas tradicionais de representação, voltaram-se para um naturalismo menos ingênuo, cônscios da impossibilidade da pintura em competir, em termos de verossimilhança, com o recurso da fotografia, essa irrefreável invenção da modernidade. (MARGS)


Festa Alemã 

Suas obras podem ser vistas no Museu de Belas Artes, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte de São Paulo, e no Museu de Arte do Estado do Rio Grande do Sul entre outras Instituições.

Somente em 1878 é que Weingärtner viajou para a Alemanha, academia de Kunstgeweberschule – Hamburgo. Porém não permaneceu ali, dirigiu-se para Grossherrzöglisch Badische Kunstschule, em Baden. Após, seguiu para a Real Academia de Belas Artes, seguindo seu mestre Hildebrand – da academia de Baden.


Interior da padaria - clique

Já em 1882, partiu da Alemanha para Paris onde estudou na Academia Julian, juntamente com outros artistas que permaneciam fiéis à tradição clássica. Isso em pleno surgimento do impressionismo. Foi em Paris que sua obra adquiriu maior liberdade.

Em 1885 que Weingärtner realizou uma excursão a Munique e Tirol, onde adquiriu pouca influência do impressionismo, mas que não vingou, por querer seguir sua índole classista.

No ano de 1892 o pintor de volta a sua terra natal, trabalhou, expôs e deu aulas. Seu maior interesse eram por temas do Rio grande do Sul. Em várias cidades brasileiras era recebido com muito entusiasmo.

Entre idas e vindas Europa - Brasil, o artista se instalou definitivamente em Porto Alegre dando continuidade ao seu trabalho, pintando personagens da campanha. Em 1925, após realizar mostras no Rio e São Paulo, fez sua última exposição em Porto Alegre, muito bem recebida, porém encontrou, também, algumas críticas desfavoráveis ao seu trabalho, não pela técnica em si, mas pelo gosto.

Em 1927 Weingärtner sofreu um derrame que, após muito sofrimento veio a falecer após o Natal de 1929.


Ceifa 

28.8.10

UM POUCO DE MONA LISA



Mona Lisa começou a nascer para o mundo das artes em março de 1503 quando Leonardo Da Vinci deu suas primeiras pinceladas, em óleo sobre uma madeira de álamo, de 77 x 53 cm.

Nesta data começou a nascer a imagem com um rosto oval, testa larga e alta, recostada num balcão e tendo ao fundo uma paisagem rochosa com montanhas, morros, vales e um lago. Foi concluída 3 anos depois, em 1506.

Mona significa ‘minha senhora’. Segundo os historiadores de arte, esta pintura tornou-se a obra mais conhecida de todos os tempos, com seu meio sorriso e com os cantos da boca e dos olhos cuidadosamente embaçados, o qual não se sabe até hoje que tipo de sorriso é este, se Mona Lisa está triste ou feliz.

O quadro foi levado da Itália para a França pelo próprio Leonardo, por volta de 1516, onde ficou exposta no castelo de Fontainebleau até o reinado de Luiz 14, o Rei Sol. Só após a Revolução Francesa, iniciada em 1789, a pintura passaria a integrar a coleção do Museu do Louvre, antes passando por alguns percalços. Saiu do Museu para ornar as paredes do aposento de Napoleão Bonaparte que se apaixonou pela pintura.

A versão mais aceita nos círculos artísticos é de que Mona Lisa chamava-se Lisa Gherardini, nascida em Florença em 15 de junho de 1479, oriunda de uma família de baixa nobreza da Itália. Casou-se aos 16 anos com o comerciante Francesco Del Giocondo que teria encomendado o quadro de sua mulher para comemorar a sua prosperidade econômica e os 3 filhos que Lisa lhe havia dado. Portanto Lisa teria sido retratada aos 24 anos.

Outra hipótese é que o retrato, na verdade, seria de uma das mulheres mais ilustres do Renascimento, a rica e poderosa Isabele d’Este, Marquesa de Mântua, que, fascinada pelo talento de Leonardo, teria pedido que a retratasse. De fato, o artista em 1500 fez um retrato da marquesa que hoje se encontra no Louvre. Mas esta hipótese defendida por dois especialistas não obteve unanimidade.

No final do século 19, houve quem defendesse que a verdadeira Mona Lisa seria a Duquesa de Francavilla, Constanza. Esta hipótese foi popular na Itália na primeira metade do século 20, apoiada também por especialistas em arte. Porém esta hipótese foi derrubada por um argumento implacável: Constança já estava na casa dos 40 anos, portanto com bem mais idade do que Lisa.

E outras hipóteses também foram apresentadas, porém até agora Lisa é a dona do sorriso que encanta o mundo.
Gioconda é a popularização máxima, em escala mundial, de uma obra de arte. O retrato mais comentado de todos os tempos tem muitas características peculiares. A pose é incomum; a expressão indecifrável, e o sorriso enigmático.

A TÉCNICA

O quadro foi pintado sobre madeira de álamo, comum nas obras renascentistas, e com tinta a óleo. Foram aplicadas várias camadas de tinta, de escuro para o claro, feitas com pincéis extremamente finos, que deixavam que a camada anterior transparecesse, completando com um jogo de luz e sombra dando a ilusão ótica de relevo.
Foi aplicada, também, a técnica de ‘Sfumato’ no canto dos olhos e da boca, criando uma imagem que até hoje não sabemos se está triste ou feliz.
O olhar de Mona Lisa é uma inovação: ela fita diretamente o observador, o que é uma mudança drástica na tradição da pintura renascentista, pois as mulheres eram quase sempre representadas de uma forma submissa. Suas mãos expostas são outra característica da inovação desta obra, uma vez que na época o retrato tradicional era da cintura para cima, e quando eram retratadas as mãos, tinham uma função clara de segurar um objeto identificado.

A imagem de Mona Lisa aparece acima dos picos das montanhas, pintadas ao fundo, o que torna a obra mais imponente, de uma grandiosidade magnífica.

Tive a felicidade de visitar o Louvre e ver esta obra de Da Vinci.