7.2.11

INVENÇÃO DO OURO NAS ARTES / SUMÉRIOS



Vasilha de ouro com lápis-lazúli

- Tais Luso de Carvalho
O ouro, conhecido desde a antiguidade, não tinha nenhuma utilidade prática, mas foi usado ao longo da história como símbolo de prestígio. Sua história de sucesso começa no terceiro milênio a.C, quando os sumérios - primeiro povo a habitar a região da Mesopotâmia -, aperfeiçoaram o tratamento do metal com fins de ostentação de riqueza. Poderia se dizer que a história da ourivesaria e suas técnicas na manipulação do ouro se espalharam através dos sumérios para todas as civilizações antigas. 

Em algumas escavações, feitas por arqueólogos, o metal foi encontrado entre dois ladrilhos de terracota, perdido e prensado no chão de uma construção em Larsa, na Mesopotâmia. A princípio foi reconhecido pela sua durabilidade, inalterabilidade, beleza e divisibilidade.

Era um metal facilmente riscável, oferecia poucas vantagens, exceto sua raridade e seu aspecto reluzente. O economista K.Polanyi chamava-o de luxuries, por oposição às necessidades das sociedades não igualitárias, sendo de uso dos ricos e poderosos.

As primeiras peças de joalheria apareceram já na era neolítica. Jóias muito bem elaboradas apareceram nas ruínas de Ur, de Troia e de Micenas. Mas a principal característica do ouro é que ele não servia pra nada. Era inoxidável, não se alterava, mas na prática era menos útil do que o bronze ou o cobre.

Os sumérios fizeram uso notável do ouro; ainda hoje investiga-se a técnica que utilizavam para produzir filigranas e grãos. O ouro fascina porque simboliza o prestígio, o status, a distância, a alteridade. E só tem valor se a sociedade inteira o reconhece como tal.

O ouro só apareceu de maneira significativa nos inventários arqueológicos. Os túmulos de Ur é o indício indiscutível do nascimento e do fascínio por este metal e, assim, a aplicação e seu uso chegou até nós. Porém, logo após o enterro funeral, apareciam os saqueadores de túmulos para roubarem o ouro.

Esse lindo metal passou a circular pelo mundo afora, onde a maior reserva nos nossos dias - além de fazerem parte em obras de arte - encontra-se nos braços, pescoços e tornozelos das mulheres do mundo inteiro.
Hoje é jóia por excelência, o metal que realça a beleza.




Lira / Na tumba do Rei de UR

Adorno de ouro - cabeça / tumba da rainha Puabi
Elmo sumério na tumba de Meskalamdug

fonte / História Viva

30.12.10

MONET




- Tais Luso de Carvalho  

Existem duas razões para considerar Monet como o mais 'impressionista dos impressionistas': o seu eterno gosto pelos espaços abertos, parques, jardins, o campo inundado de sol e a precisão com que conduziu os seus estudos de pintura, numa intenção de reproduzir as vibrações de luz e da cor variável das coisas.

As telas dedicadas à Catedral de Rouen são o testemunho mais significativo desta perseverança. A sua coerência deu-lhe um papel relevante no seio do grupo dos impressionistas. Entre 1892 e 1894 pintou cinquenta quadros diferentes da Catedral de Rouen, vista sob todas as condições possíveis: com sol, ou chuva, ao nascer e ao pôr do sol, no verão e no inverno.

Monet não estava preocupado em mostrar a estrutura da Catedral, mas em observar como a estrutura parecia modificar perante os seus olhos à medida que a luz também mudava.

O ciclo de Ruão constitui uma das obras-primas da pintura impressionista e um dos maiores exemplos do tratamento de um único tema numa série.

Monet pôs em prática o conceito de sua missão como pintor: como não existe uma só realidade, o pintor não deve fixar essa realidade, mas ser capaz de captá-la na sua mudança constante.

Disse uma vez ' esqueçam o que têm perante os olhos, uma árvore, uma casa, um campo e pensem simplesmente: aqui está um pequeno quadrado azul, e ali um retângulo cor-de-rosa, acolá uma franja amarela, e pintem o que vos parece'.

Dois montes de feno, muito comuns na paisagem campestre, foram colocados no meio de uma tela - como pretexto -, o que contava era reproduzir os efeitos da luz. Monet usava uma série de pinceladas densas, muito coloridas; azul, branco, vários tons de vermelho e violeta.

As cenas marítimas marcaram sua vida, assim que ao chegar em Paris preferiu pintar o Sena do que as estátuas do Louvre. Imprimiu na dureza das telas, a vida. Foi com o impressionismo, com Monet, principalmente, que a pintura deixou a escuridão abafada dos estúdios para respirar ao ar livre. O próprio nome 'impressionismo' nasceu de um quadro de Monet: 'Impressões do Sol Nascente'.

Nascido em Paris em 1840, Claude Monet viveu no Havre de 1845 a 1858. Em 1859 regressou à capital onde frequentou a Academia Suiça. Pintava ao ar livre com Bazille, Renoir e Sisley. Conheceu Manet e participou da vida cultural de Paris. Em 1890 comprou a sua casa de Giverny e ali viveu até a sua morte – 1926 – continuando a pintar apesar de seus graves problemas de visão.

Luzes, movimentos, festas sem fim, alegria, felicidade, cores infinitas, poesia, sonhos: eis a pintura de Monet! 


A Ponte Japonesa em Giverny - 1899

The Studio Boat / 1874       

Regatta at Argenteuil       

Parlamento de Londres sob a bruma /1904

Jardins de Giverny - 1915

Les Nympheas - 1920/26



18.11.10

EDGAR DEGAS

  
          As Bailarinas / clique para aumentar
 Tais Luso de Carvalho

Nascido de uma família rica, Edgar Degas nasceu em Paris, em 19 de julho de 1834. Considerado um dos maiores artistas do mundo, sua obra é vista como a ligação entre a arte clássica e a moderna. Dominou a escultura, o desenho, a pintura e a fotografia – adotando esta última a partir de 1895.

No ano de 1855 conheceu Ingres, por quem tinha grande admiração, como também por Gauguin, mais tarde. Quando Degas retornou à Paris, de suas viagens por Roma, Florença e Nápoles conheceu Manet, de quem viria a sofrer uma irreversível influência que modificaria sua pintura. Uma dessas influências diz respeito à técnica de Manet ao explorar a luz em sua obra. Tornou-se um membro regular das tertúlias do Café Guerbois e expôs no Salon. Foi um dos artistas mais inspirados pela técnica da fotografia.

Durante a Guerra franco-prussiana alistou-se na Guarda Nacional e, no seu regresso renovou os seus contatos com os impressionistas participando da maioria das exposições efetuada pelo grupo.

Na segunda metade do século XIX o teatro era a principal fonte de entretenimento dos parisienses, porém os ensaios, o que acontecia nos bastidores não eram tão alegres como se via no palco. Degas desenhava o que via, memorizava os velhos mestres e espectadores entediados e acabava a pintura no estúdio, nascendo ‘O Ensaio de Ballet no Palco’.

‘O que faço é o resultado da reflexão e do estudo... Nada sei acerca de inspiração, espontaneidade ou sentimento’.

Por oposição a todos os impressionistas, trabalhava apenas no estúdio, na maioria das vezes através da memória. Não se mostrava muito interessado pela natureza, mas deu muita importância ao desenho. O que o aproximava de outros artistas era o seu interesse pela vida contemporânea e o fato de possuir o grande talento para a experimentação.

Seus quadros sofreram a influência da fotografia, o tom acidental do inesperado, a ousadia do enquadramento. Explorou todos os aspectos ao seu alcance, a velocidade de cavalos, bailarinas e bares. Era o pintor das obras em movimento. Inventou novas técnicas de pintura. Eram momentos captados, tal como num fotograma de um filme.

Degas se definia mais como um "realista"; na oitava exposição dos impressionistas, realizada em 1886, ele pretendeu que a mesma fosse apresentada como uma "exposição de um grupo de artistas independentes, realistas e impressionistas".

Nos últimos anos de sua vida, solitário e quase cego dedicou-se à escultura. Veio a falecer em setembro de 1917, amargurado e esquecido pelos que já não o viam como um grande pintor, pois terminara cego. Viveu 83 anos sem ser reconhecido em vida, porém deixou uma obra fantástica.


Família Bellelli, 1860 - clic para aumentar

Cavalos de Corrida / clique para aumentar
O Absinto / clique aumentar
 Duas formas da degradação humana: um boêmio e uma prostituta  destruídos pelo álcool.

5.10.10

PEDRO WEINGÄRTNER - 1853/1929

As bailarinas -  1896 

Pintor, Gravador e Litógrafo, Weingärtner é visto como um artista entre o Velho e o Novo Mundo. Nasceu em Porto Alegre - Brasil, em 1853. Suas obras são cenas eternizadas por um artista detalhista, minucioso e com refinado domínio da técnica em pinturas naturalistas. São obras que relatam o cotidiano da população e paisagens do Rio Grande do Sul e de cidades onde viveu, como na Itália, Alemanha, Portugal e França. Nestes seus trabalhos retratou a juventude romana e cenas campestres europeias.

Da Europa vinha ao Brasil para vender seus quadros em São Paulo e no Rio de Janeiro – mercados garantidos -, e aproveitava para visitar sua terra, Rio Grande do Sul, de onde levava alguns croquis de temas que lhe interessavam para pintá-los.

O interesse por temas regionais, tratados pela ótica romântica, contudo, não encontrou o desenvolvimento que se poderia esperar nas novas gerações de artistas locais. A morte de Pedro Weingärtner, ocorrida aos setenta e seis anos de idade, depois de uma vida inteiramente dedicada ao trabalho artístico, parece ter sepultado definitivamente, no Rio Grande do Sul, o interesse pelo vocabulário clássico e pela retórica do romantismo, que já não despertavam a atenção dos artistas que disputavam espaço no incipiente mercado local. As gerações que se seguiram, mesmo sem ousar romper violentamente com as práticas tradicionais de representação, voltaram-se para um naturalismo menos ingênuo, cônscios da impossibilidade da pintura em competir, em termos de verossimilhança, com o recurso da fotografia, essa irrefreável invenção da modernidade. (MARGS)


Festa Alemã 

Suas obras podem ser vistas no Museu de Belas Artes, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte de São Paulo, e no Museu de Arte do Estado do Rio Grande do Sul entre outras Instituições.

Somente em 1878 é que Weingärtner viajou para a Alemanha, academia de Kunstgeweberschule – Hamburgo. Porém não permaneceu ali, dirigiu-se para Grossherrzöglisch Badische Kunstschule, em Baden. Após, seguiu para a Real Academia de Belas Artes, seguindo seu mestre Hildebrand – da academia de Baden.


Interior da padaria - clique

Já em 1882, partiu da Alemanha para Paris onde estudou na Academia Julian, juntamente com outros artistas que permaneciam fiéis à tradição clássica. Isso em pleno surgimento do impressionismo. Foi em Paris que sua obra adquiriu maior liberdade.

Em 1885 que Weingärtner realizou uma excursão a Munique e Tirol, onde adquiriu pouca influência do impressionismo, mas que não vingou, por querer seguir sua índole classista.

No ano de 1892 o pintor de volta a sua terra natal, trabalhou, expôs e deu aulas. Seu maior interesse eram por temas do Rio grande do Sul. Em várias cidades brasileiras era recebido com muito entusiasmo.

Entre idas e vindas Europa - Brasil, o artista se instalou definitivamente em Porto Alegre dando continuidade ao seu trabalho, pintando personagens da campanha. Em 1925, após realizar mostras no Rio e São Paulo, fez sua última exposição em Porto Alegre, muito bem recebida, porém encontrou, também, algumas críticas desfavoráveis ao seu trabalho, não pela técnica em si, mas pelo gosto.

Em 1927 Weingärtner sofreu um derrame que, após muito sofrimento veio a falecer após o Natal de 1929.


Ceifa 

28.8.10

UM POUCO DE MONA LISA



Mona Lisa começou a nascer para o mundo das artes em março de 1503 quando Leonardo Da Vinci deu suas primeiras pinceladas, em óleo sobre uma madeira de álamo, de 77 x 53 cm.

Nesta data começou a nascer a imagem com um rosto oval, testa larga e alta, recostada num balcão e tendo ao fundo uma paisagem rochosa com montanhas, morros, vales e um lago. Foi concluída 3 anos depois, em 1506.

Mona significa ‘minha senhora’. Segundo os historiadores de arte, esta pintura tornou-se a obra mais conhecida de todos os tempos, com seu meio sorriso e com os cantos da boca e dos olhos cuidadosamente embaçados, o qual não se sabe até hoje que tipo de sorriso é este, se Mona Lisa está triste ou feliz.

O quadro foi levado da Itália para a França pelo próprio Leonardo, por volta de 1516, onde ficou exposta no castelo de Fontainebleau até o reinado de Luiz 14, o Rei Sol. Só após a Revolução Francesa, iniciada em 1789, a pintura passaria a integrar a coleção do Museu do Louvre, antes passando por alguns percalços. Saiu do Museu para ornar as paredes do aposento de Napoleão Bonaparte que se apaixonou pela pintura.

A versão mais aceita nos círculos artísticos é de que Mona Lisa chamava-se Lisa Gherardini, nascida em Florença em 15 de junho de 1479, oriunda de uma família de baixa nobreza da Itália. Casou-se aos 16 anos com o comerciante Francesco Del Giocondo que teria encomendado o quadro de sua mulher para comemorar a sua prosperidade econômica e os 3 filhos que Lisa lhe havia dado. Portanto Lisa teria sido retratada aos 24 anos.

Outra hipótese é que o retrato, na verdade, seria de uma das mulheres mais ilustres do Renascimento, a rica e poderosa Isabele d’Este, Marquesa de Mântua, que, fascinada pelo talento de Leonardo, teria pedido que a retratasse. De fato, o artista em 1500 fez um retrato da marquesa que hoje se encontra no Louvre. Mas esta hipótese defendida por dois especialistas não obteve unanimidade.

No final do século 19, houve quem defendesse que a verdadeira Mona Lisa seria a Duquesa de Francavilla, Constanza. Esta hipótese foi popular na Itália na primeira metade do século 20, apoiada também por especialistas em arte. Porém esta hipótese foi derrubada por um argumento implacável: Constança já estava na casa dos 40 anos, portanto com bem mais idade do que Lisa.

E outras hipóteses também foram apresentadas, porém até agora Lisa é a dona do sorriso que encanta o mundo.
Gioconda é a popularização máxima, em escala mundial, de uma obra de arte. O retrato mais comentado de todos os tempos tem muitas características peculiares. A pose é incomum; a expressão indecifrável, e o sorriso enigmático.

A TÉCNICA

O quadro foi pintado sobre madeira de álamo, comum nas obras renascentistas, e com tinta a óleo. Foram aplicadas várias camadas de tinta, de escuro para o claro, feitas com pincéis extremamente finos, que deixavam que a camada anterior transparecesse, completando com um jogo de luz e sombra dando a ilusão ótica de relevo.
Foi aplicada, também, a técnica de ‘Sfumato’ no canto dos olhos e da boca, criando uma imagem que até hoje não sabemos se está triste ou feliz.
O olhar de Mona Lisa é uma inovação: ela fita diretamente o observador, o que é uma mudança drástica na tradição da pintura renascentista, pois as mulheres eram quase sempre representadas de uma forma submissa. Suas mãos expostas são outra característica da inovação desta obra, uma vez que na época o retrato tradicional era da cintura para cima, e quando eram retratadas as mãos, tinham uma função clara de segurar um objeto identificado.

A imagem de Mona Lisa aparece acima dos picos das montanhas, pintadas ao fundo, o que torna a obra mais imponente, de uma grandiosidade magnífica.

Tive a felicidade de visitar o Louvre e ver esta obra de Da Vinci.




29.7.10

GUSTAVE COURBET



Jean Désiré Gustave Courbet nasceu no ano de 1819 / Ornans, França. Nasceu de uma família de fazendeiros, perto da fronteira com a Suíça. No início sua família lhe deu apoio financeiro.

Sua obra, o ‘Enterro em Ornans’ leva seu afastamento, definitivo, do romantismo, do qual foi participante em sua juventude. Esta obra foi exibida no Salão de 1850 e foi considerada como um marco inaugural do realismo nas artes plásticas, mostrando um evento do cotidiano; levou um funeral para a tela de uma forma objetiva.

O realismo teve muitas adesões de críticos e pensadores, como o escritor Champfleury e o poeta Charles Baudelaire. Este grupo de realistas encontravam-se para beber, defender o realismo na pintura, apoiar o socialismo na política e criticar os românticos e monarquistas, até altas horas da madrugada.

Courbet, estudou, a princípio, em Besançon, só se mudando para Paris em 1839. Mas de origem rural, lutava para não voltar à terra. Rejeitou a pintura acadêmica da École des Beaux-Arts de Paris, preferindo sua independência, assistindo aulas fora do academismo.

Aprendeu muito pelas imitações de pintores naturalistas do séc. XVII, como Caravaggio e Velázques. Suas primeiras pinturas são autorretratos, ainda na tradição romântica.

Não levou muito para retratar com maestria a realidade do cotidiano. Esta sua postura atrapalhou um pouco sua valorização no mundo das artes, ainda cativada pela arte idealizada embora sua obra ‘O homem desesperado’ / 1843, tenha sido bem aceita no Salão de Paris, quando tinha 25 anos.

Suas grandes telas, que expôs no Salão de 1850 são o Enterro em Ornans, Os Camponeses em Flagey e Os Quebradores de Pedras. Neste período firmou-se na escola realista.

A cena do funeral causou grande impacto pela crueza e feiúra deliberadas, mas também elogiada pelo seu grande naturalismo.

Courbet tinha uma personalidade nada convencional e a expressou com grande força em 1855, quando insatisfeito pelo espaço que lhe fora concedido na Exposição Universal de Paris. Organizou, então, sua exposição num pavilhão que a denominou de Lê Réalisme, onde expôs sua obra mais famosa ‘O Estúdio do Pintor’, tela com 6 metros de largura, sintetizando 7 anos de sua vida artística. Muitas de suas obras tinham uma mensagem política velada, atacando Napoleão III. Mas após 1855 sua obra tornou-se menos doutrinária; com cores menos sombrias, temas mais atraentes e suaves, como florestas, paisagens retratos, paisagens marítimas e nus sensuais e graciosos.

Após a deposição de Napoleão III, Courbet tomou parte na Comuna Republicana de Paris, em 1871, sendo nomeado diretor da comissão de artes. Com a queda da Comuna foi preso por ter participado da destruição da Coluna Vendôme. Fugiu para a Suíça, em 1873, por não ter condições de pagar a multa. Lá permaneceu nos últimos quatro anos de sua vida, pintando paisagens e retratos.

Quando foi requisitado para pintar o interior de uma igreja, pediram-lhe que incluísse anjos na obra solicitada, mas retrucou: ‘ Anjos? Nunca vi anjos, me mostrem um que pintarei’.
Terminou seus dias na miséria, em 1877, numa velha estalagem que comprara em La Tour-de-Peilz, na Suíça.



The wave - 1870
Retrato de Charles Baudelaire - 1849


Atelier do artista




8.7.10

LASAR SEGALL



Lasar Segall, um dos nomes mais importantes da arte moderna brasileira, nasceu em Vilna, Lituânia – na época dominada pela Rússia, no ano de 1889. Foi influenciado pelo impressionismo, expressionismo e cubismo. Estudou arte na Alemanha, em Berlim e Dresden. Em sua fase européia poderíamos dizer que foi marcado pela Guerra: seu trabalho revela pinceladas pesadas, densas, sem cores e sem sol. Tristes.

Sua primeira exposição no Brasil foi em 1913, com nítidas características expressionistas, tornando-se importante por ser um dos primeiros acontecimentos precursores da arte moderna no Brasil, juntamente com Anita Mafaltti, que em 1917 fez sua mostra, dando oportunidade a que artistas inovadores começassem a se unir para uma mostra coletiva mais adiante, quando em 1922, então, acontece a Semana da Arte Moderna.

Na Semana da Arte Moderna juntaram-se artistas de expressão, grandes incentivadores deste movimento que pretendiam apresentar ao público o que se fazia de mais inovador no país, no campo das artes, da literatura e da música.

Em 1923, Lasar mudou-se para São Paulo/Brasil, declarou ter encontrado o milagre da cor ao olhar o mar verde e um céu azul.

Casou-se, nesse ano de 1923, pela segunda vez, com a brasileira Jenny Klabin, de uma tradicional família paulista.

Em 1924, morando definitivamente no Brasil passou a pintar temas brasileiros: mulatas, prostitutas, marinheiros, paisagens, favelas e bananeiras. Em 1929 dedica-se à escultura em pedra, madeira e gesso.

Porém, após alguns anos, voltou a retratar o sofrimento do ser humano, como também não deixava de expressar em suas telas, a compaixão pelos perseguidos do sistema nazista. Retrata grandes temas humanos, como o sofrimento e a solidão. É desta época que temos Pogrom (retrata o massacre das crianças judias), Navio de emigrantes, Guerra e Campo de concentração.

Em 1951, Lasar deu início ao último ciclo de sua obra com: As Erradias, Favelas e Florestas. Morre em 1957, aos 66 anos, de problemas cardíacos. A ‘casa estúdio’onde morou, foi convertida em museu.

Em seu epitáfio Oswald de Andrade lhe faz a última homenagem:

Eu sou o ícone
Eu sou a construção
Eu sou a revolução
Sou o sentido perturbador
Do homem que perdeu o lar
Viajo nas mãos dadas dos imigrantes do navio
Recomponho as massas e realizo a viajem
Habito o inesperado
Quero o porto. Sou a permanência.
Eu sou o futuro!

Ficou uma obra forte, de conteúdo humano triste, denso e melancólico. Mas também deixou pinceladas mais alegres retratando coisas autenticamente brasileiras.



Mãe morta / 1942
Jovem de cabelos compridos / 1942



20.6.10

ANDY WARHOL / 2ª PARTE



- tais luso de carvalho 
As obras de Warhol são importantes pelas questões que levanta até os dias atuais. Warhol falava de um futuro, do novo mundo que estava nascendo, e vivemos agora este mundo. Em suas obras apresentou a famosa série de Marilyn Monroe, no ano de seu suicídio, uma de suas mais famosas obras e que ficou como a mais conhecida figura central da art pop do séc XX.

Imprimiu uma série destas obras, em várias cores, assim como as latas de Sopa Campbell’s. Foi o primeiro que visualizou que as comidas prontas começariam a entrar no cardápio tanto do presidente de seu país quanto da classe média, e colocou a idéia em ação: produziu as latas em série. O que ele queria, era levar o entusiasmo da cultura popular às artes. Fez o mesmo com a coca-cola, com as caixas de sabão Brillo, Catchup Heinz e dos Sucrilhos Kellogg’s.

A pop art é definida, então, como a arte da cultura de massa. Tem a ver com a publicidade para atender a uma grande demanda. Não interessava o que era arte, uma lata de sopa adquiria o status de arte, segundo Andy Warhol.

Warhol começou pintando cada imagem à mão, mas depois passou a imprimi-las, fixando um stencil a um ecrã esticado sobre uma moldura e forçando a cor através das zonas da tela que ficavam descobertas.

Começou suas obras como se fosse ‘linha de montagem’; o processo era tão simples e rápido que o deixou extasiado: ampliava uma imagem, aplicava esta imagem com cola a uma tela permeável e jogava tinta por cima da cola, deixando passar o negativo da imagem para a tela. Em cada repetição, o resultado era um pouco diferente, como a fotocópia da fotocópia.

De tanta repetição da imagem, transformava o banal em mito, o que penetrava direto no inconsciente. Empregava as cores da cultura pop: gritantes e agressivas. Não foi à toa que Marilyn se transformou em ícone depois de morta. Mostrou a todos o espetáculo do consumo.

Ao se promover, o que fazia muito bem, transformou-se num enigma. Teve uma enorme influência em gerações posteriores de artistas. Warhol nasceu em Pitsburg (EUA) em 1928 e morreu em Nova Iorque em 1987.


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10.6.10

ANDY WARHOL / 1ª parte


- tais luso de carvalho

Hoje quis postar algo de um artista que, gostando ou não, foi um homem excêntrico e um ícone dos anos sessenta: Andy Warhol. E justamente por ter sido muito diferente é que resolvi trazer um pouco da personalidade dele. Sobre sua obra postarei num próximo capítulo. É bom conhecer, primeiro, a sua personalidade, para entender o seu trabalho.

Nasceu em 6 de agosto de 1928 na Pensilvânia, Estados Unidos e veio a falecer em
22 de fevereiro de 1987, Nova Iorque.

Captar um mundo novo que surgia com o culto às celebridades, com a democratização dos bens de consumo e com a exibição de sua vida pessoal, tornando-a publica, estava no esquema de Warhol, uma vez que era obcecado por fazer parte do mundo das celebridades.




Seu estúdio originou-se de uma antiga fábrica de chapéus em Manhattan, com 496 metros quadrados. Foi decorado todo em cor prata pelo amigo Billy Linich - seu assistente pessoal – que, usando sua criatividade, resolveu cobrir todas as paredes com papel alumínio, e o chão, vaso sanitário, maçanetas, janelas e portas que foram pintados com tinta spray cor prata.

Sua mesa de trabalho e seu famoso sofá foram achados na rua, onde vasculhava os lixos de Nova York, porque ali achava materiais que brilhariam se cobertos com spray prateado. E esta cor se tornou a marca registrada de seu studio que viria a se chamar Factory, misterioso e cheio de glamour.



A vida de Warhol era euforia pura, com uma dose diária de ¼ de anfetamina que tomava desde 1963 por ter se achado muito gordo no espelho. Mas nada mais extravagante, para a época, do que suas perucas platinadas, que escondiam uma careca precoce, quando tinha vinte e poucos anos. Warhol era um baixinho feio, desajeitado, careca e com problemas de pele.

Não só driblou todas as dificuldades, como emergiu na sociedade americana da década de 60. Ele e sua turma passaram a ser referência de beleza, moda e comportamento.


Também não só de Óperas e Maria Callas vivia a sua Factory. Viviam por lá os Rolling Stones e o The Velvet Underground. Os amigos circulavam, muitas vezes nus, animados por boas doses de anfetaminas – livres para protagonizarem qualquer tipo de manifestação artística.


Foi de 1964 a 1968 que a Factory foi uma espécie de laboratório, não só de dedicação à criação cultural como um espaço para os encontros sociais. Tudo lá era movido à fofoca e Warhol, sempre pronto para ouvir as últimas.

Para ser amigo de Warhol era preciso ser um bom mexeriqueiro. Através de vários contatos e sempre com a ajuda de assistentes, Warhol finalizou mais de 500 filmes, um disco, um romance e centenas de fotografias.

Seu dia-a-dia era movido por festinhas fúteis, porém entre uma brincadeira e outra, surgia uma obra de arte.

A PRIMEIRA GRANDE FESTA:

Duas ocasiões merecem destaque: a primeira em abril de 1964 ocorreu após o vernissage da segunda exposição de Warhol na Stable Gallery, quando ele transformou o lugar em supermercado, espalhando imitações de caixas de Sabão em pó Brillo, Sucrilhos Kellogg’s, e Catchup Heinz. Para satisfação de Warhol, o ídolo Roy Lichtenstein apareceu especialmente para aquela noite, em que entravam convidados cujos nomes estivessem na lista.

A SEGUNDA GRANDE FESTA:
Aconteceu 1 ano após a primeira, na Factory. Em 1965. A Festa das Cinquenta Pessoas mais Bonitas do Mundo. Assim, bem humilde... Na época Warhol posicionava-se muito bem entre a cultura underground do rock, das drogas e o glamour da moda e das celebridades. A festa juntou personalidades dos dois universos, e por causa desta mistura, em certo momento, o dramaturgo Tennessee Williams, a atriz Judy Garland e o ator Montgomery Clift monopolizaram as atenções.



Warhol não era dado a monopolizar atenções à sua pessoa neste tipo de festas, porém era responsável por instigar nos amigos atitudes inusitadas.

Ricos, pobres, heterossexuais, homossexuais, famosos, marginais sentiam-se impulsionados a deixar levar pelos mais loucos instintos: saíam os freios, reinavam as vontades.

Em junho de 1968 a feminista Valerie Solanas invadiu a Factory e lhe deu 3 tiros. Após uma cirurgia de 5 horas, sobreviveu, porém desativou a Factory. Veio a falecer em 1987 durante uma cirurgia de visícula.
Hoje o prédio da Factory não existe mais.

...Com Mick Jagger 

Fonte: Bravo Cultural

6.5.10

TELA DE PICASSO: 106,4 MILHÕES DE DÓLARES!



Esta é a tela de Picasso - vendida recentemente por 106 milhões de dólares (R$186, 7 milhões), um record para uma obra de arte, informou a casa de leilões Christie’s.

Trata-se da obra inspirada em Maria Therese Walter, amante do pintor. Esta é a obra mais importante da coleção de um casal de mecenas de Los Angeles - Francês e Sidney Brody -, comprada diretamente de Picasso, nos anos 50.

6.4.10

PAUL GAUGUIN


Para a boa compreensão da pintura de Gauguin - nascido em 1848 / Paris -, é preciso que se conheça um pouco de sua vida, por sinal, muito conturbada. Era um parisiense de ascendência materna peruana. Viveu sua infância em Lima com sua mãe, pois seu pai morreu devido a complicações de saúde na viagem para o Peru. Aos 17 anos esteve 2 vezes no Brasil como marinheiro.


.Em 1871 empregou-se na Casa de Câmbio Bertin, em Paris. Tinha ao lado, um colega de trabalho que gostava imensamente de pintar nas horas vagas, mas amador. Gauguin foi contaminado pela arte do amigo; começou não só a pintar, mas a freqüentar os meios artísticos, vindo a receber influência dos impressionistas.

Passou a participar de exposições coletivas, com pequenas obras. Casou-se e teve 5 filhos com uma moça dinamarquesa. Encontrava-se muito bem financeiramente, ganhando uma pequena fortuna especulando na Bolsa de Paris. Havia se tornado um típico representante da pequena burguesia parisiense, chefe de família exemplar, vivendo na abastança.

Em 1883, aos 35 anos e já muito bem de vida, ao chegar em casa disse à sua esposa: ‘larguei o emprego, agora vamos viver de pintura!’

Passava o dia envolvido com suas pinturas e com outros artistas. O dinheiro da família foi minguando. Tiveram de vender talheres, louças e moveis. Gauguin não vendia um quadro. Chegou o momento que teve de optar em morar, ele, sua mulher e os 5 filhos na casa dos sogros, em Copenhague. Separou-se da mulher e dos filhos e foi para a Bretanha.

Seguiram-se anos de completa penúria, Gauguin tinha como trabalho ‘pregar cartazes’.
Resolveu ir para o interior, Arle, onde seu sustento seria mais fácil. Morou algum tempo com Van Gogh que, em um de seus acessos quase o matou.


Seguiu, então, para a ilha de Taiti, onde permaneceu de 1891 a 1893, pintando e escrevendo seu livro autobiográfico, Noa-Noa. Volta à Paris, mas gastou o que recebera de herança de um tio. Fez uma exposição com seus quadros taitianos o qual conseguiu apurar algum dinheiro. Conseguiu, assim, voltar definitivamente à ilha de Taiti onde falece em 1903.

Gauguin possuía idéias originais e usava apenas 3 cores básicas: amarelo, azul e vermelho. Possuía uma mistura de primarismo instintivo com um intelectualismo requintado. Praticava uma nova pintura que se intitulava sintetismo; uma pintura que se inspirava nas formas largas e amplas dos egípcios, na arte japonesa e na rusticidade das camponesas da Bretanha e da natureza. Não mais respeita a dimensão tripla. Flores e curvas passam a adquirir um sentido simbólico, misterioso e que sugerem idéias e emoções.

Duas mulheres

Em Taiti, adquire doenças tropicais. Em 1901 tenta o suicídio. Alguém lhe conseguiu um emprego colonial, porém foi tarde demais. Foi vencido pela miséria e pela doença. Quase louco, não usava mais telas: pintava as paredes de seu miserável rancho.

Os Cavaleiros da Praia foi seu último trabalho. Morre em 1903.