6.5.10

TELA DE PICASSO: 106,4 MILHÕES DE DÓLARES!



Esta é a tela de Picasso - vendida recentemente por 106 milhões de dólares (R$186, 7 milhões), um record para uma obra de arte, informou a casa de leilões Christie’s.

Trata-se da obra inspirada em Maria Therese Walter, amante do pintor. Esta é a obra mais importante da coleção de um casal de mecenas de Los Angeles - Francês e Sidney Brody -, comprada diretamente de Picasso, nos anos 50.

6.4.10

PAUL GAUGUIN


Para a boa compreensão da pintura de Gauguin - nascido em 1848 / Paris -, é preciso que se conheça um pouco de sua vida, por sinal, muito conturbada. Era um parisiense de ascendência materna peruana. Viveu sua infância em Lima com sua mãe, pois seu pai morreu devido a complicações de saúde na viagem para o Peru. Aos 17 anos esteve 2 vezes no Brasil como marinheiro.


.Em 1871 empregou-se na Casa de Câmbio Bertin, em Paris. Tinha ao lado, um colega de trabalho que gostava imensamente de pintar nas horas vagas, mas amador. Gauguin foi contaminado pela arte do amigo; começou não só a pintar, mas a freqüentar os meios artísticos, vindo a receber influência dos impressionistas.

Passou a participar de exposições coletivas, com pequenas obras. Casou-se e teve 5 filhos com uma moça dinamarquesa. Encontrava-se muito bem financeiramente, ganhando uma pequena fortuna especulando na Bolsa de Paris. Havia se tornado um típico representante da pequena burguesia parisiense, chefe de família exemplar, vivendo na abastança.

Em 1883, aos 35 anos e já muito bem de vida, ao chegar em casa disse à sua esposa: ‘larguei o emprego, agora vamos viver de pintura!’

Passava o dia envolvido com suas pinturas e com outros artistas. O dinheiro da família foi minguando. Tiveram de vender talheres, louças e moveis. Gauguin não vendia um quadro. Chegou o momento que teve de optar em morar, ele, sua mulher e os 5 filhos na casa dos sogros, em Copenhague. Separou-se da mulher e dos filhos e foi para a Bretanha.

Seguiram-se anos de completa penúria, Gauguin tinha como trabalho ‘pregar cartazes’.
Resolveu ir para o interior, Arle, onde seu sustento seria mais fácil. Morou algum tempo com Van Gogh que, em um de seus acessos quase o matou.


Seguiu, então, para a ilha de Taiti, onde permaneceu de 1891 a 1893, pintando e escrevendo seu livro autobiográfico, Noa-Noa. Volta à Paris, mas gastou o que recebera de herança de um tio. Fez uma exposição com seus quadros taitianos o qual conseguiu apurar algum dinheiro. Conseguiu, assim, voltar definitivamente à ilha de Taiti onde falece em 1903.

Gauguin possuía idéias originais e usava apenas 3 cores básicas: amarelo, azul e vermelho. Possuía uma mistura de primarismo instintivo com um intelectualismo requintado. Praticava uma nova pintura que se intitulava sintetismo; uma pintura que se inspirava nas formas largas e amplas dos egípcios, na arte japonesa e na rusticidade das camponesas da Bretanha e da natureza. Não mais respeita a dimensão tripla. Flores e curvas passam a adquirir um sentido simbólico, misterioso e que sugerem idéias e emoções.

Duas mulheres

Em Taiti, adquire doenças tropicais. Em 1901 tenta o suicídio. Alguém lhe conseguiu um emprego colonial, porém foi tarde demais. Foi vencido pela miséria e pela doença. Quase louco, não usava mais telas: pintava as paredes de seu miserável rancho.

Os Cavaleiros da Praia foi seu último trabalho. Morre em 1903.

7.3.10

JOSÉ FRANZ SERAPH LUTZENBERGER

Conversa de comadres

José Franz S. Lutzenberger  nasceu na cidade de Altoettg / Baviera em 1882. Aos 38 anos - em 1920 - transferiu – se para Porto Alegre / Brasil. Sua naturalização – brasileira - foi oficializada somente após sua morte, em 1951. Formou-se em engenheiro-arquiteto (1906) em Munique. Desde jovem desenhava e pintava, mas concluindo os estudos trabalhou com projetos em várias prefeituras da Alemanha: Rixford, Dresden e Wiesbaden. Também trabalhou no atelier de Polivka (1910), em Praga, e no atelier dos professores Reinhardt e Sessenguth (1911), em Berlim.

Em 1926, já em Porto Alegre, casou-se, teve 3 filhos, trabalhou como arquiteto e dedicou-se, também, à vida acadêmica na UFRGS, como professor de Geometria Descritiva, Perspectiva e Sombras, a partir de 1938.

Homem culto, sempre pintou e desenhou por prazer, recusando a denominação de artista e esquivando-se de exposições – a exceção foi a exposição da série de aquarelas sobre o centenário da Revolução Farroupilha, em 1935 – obras mostradas em 1985 pelo Museu Universitário da UFRGS. Tanto que a primeira individual em galeria de arte foi realizada somente em 1977, pela extinta Oficina de Arte, embora sua obra tenha sido mostrada no ICBNA em 1955, na SEC em 1960, no Instituto dos Arquitetos em 1966, pelo Círculo Militar em 1972 e na Galeria de Arte do Clube do Comércio em 1981.

Mais dados de José Lutzenberger – aqui.
Parte do texto extraído do Catálogo da Exposição "José Lutzenberger
– O Universal no Particular", no Espaço Cultural BFB, 1990, Porto Alegre/RS


Obra da coleção Paisagens da Europa / I Guerra 1914


Descanso do soldado


Ponte e catedral
Obras da coleção 'Porto Alegre antiga'

Operários de calçamento


Conversa de lavadeiras

25.2.10

HIERONYMUS BOSCH




Bosch, como é conhecido, pertence ao período do Renascimento simplesmente porque nasceu e trabalhou nesse período, mas foi um pintor fora de seu tempo. Nasceu por volta de 1450 no sul da Holanda. 

Foi perseguido pela Inquisição sob acusação de pertencer a uma das seitas que na época, se dedicavam às ciências ocultas, reunindo conhecimentos sobre alquimia e sonhos. 

O certo é que em suas obras aparecem as influências do Apocalipse, em decorrência dos excessos cometidos pela humanidade, surgidos ao redor de 1500, séc. XVII. 

Serviu-se de todas as técnicas de cor, luz e sombra do Renascimento, mas sua temática foi baseada na mente e comportamentos humanos. Sua pintura mergulhou na alma humana. Esses temas só foram abordados por outros pintores muito mais tarde, no início do século XX. 

Bosch criou uma série de composições, fantásticas e diabólicas em que apresentou, um tom satírico e moralizante, os pecados e os medos de cunho religioso da época, do homem da idade média. 

Muitas de suas obras são meio-humanas, meio-animais, demônios mesclados com figuras humanas num ambiente imaginário. Suas figuras representam o mal, as tentações, obras alegóricas de textos bíblicos, a cobiça do ser humano e suas conseqüências. Seu Universo era habitado por monstros, mulheres deformadas, padres tarados, massas delirantes e descontentes. 

A exuberância fantasiosa de Bosch fez com que os surrealistas aclamassem Bosch como um dos precursores do surrealismo. Há quem diga que Bosch era louco, com imagens do inconsciente altamente demoníaca. Nada disso, foi um mestre das tintas que só pintou o inconsciente humano, tal qual ainda é. 

Muitas de suas obras foram destruídas e queimadas por motivos religiosos, porém cerca de 40 obras genuínas ainda sobrevivem, mas poucas datadas, e não há como estabelecer uma cronologia precisa. 

O Jardim das Delícias, obra em três painéis (tríptico), descreve a criação do mundo; as abas laterais representam o céu e o inferno, enquanto a central mostra homens e mulheres nus numa enorme luxúria, deleitando-se em prazeres eróticos.

Faleceu em sua cidade natal em 1516.




Juizo Final


Algumas obras:

- A Tentação de Santo Antão
- O Jardim das Delícias
- O Carro de Feno
- A Nave dos Loucos
- A Epifania
- O último Julgamento
- Mesa dos Pecados Capitais
- A Extração da Pedra da Loucura
- São Judas Batista no Deserto.
- A Crucificação
- Selos flamengos
e outros.




7.2.10

O PAI DO PINTOR SALVADOR DALI

óleo sobre tela


Dom Salvador Dali, advogado e tabelião de Figueras, era um homem de personalidade forte que influenciou profundamente o filho pintor, em particular por despertar no jovem Dali uma intensa e eterna reação contra tudo que ele defendia.
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A presença dominadora de Dom Salvador e o impotente ressentimento de Dali podem ser sentidos nesse e em outros estudos. Na infância, Dali se rebelava fazendo xixi na cama, tendo acessos de raiva e tirando más notas na escola. Mais tarde, deliberadamente, fracassou nos exames finais na escola de arte que frequentava deixando de receber as qualificações que lhe garantiriam um futuro ‘respeitável’. Depois de um total afastamento, entre 1929 e 1934, Dali e seu pai se reconciliaram, mas o relacionamento continuou difícil.


ESTA É A IRMÃ DE DALÍ
- Moça de pé na janela -

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A moça desta conhecida pintura é a irmã de Dali, Ana Maria, que posou para vários quadros no verão de 1925. Como em outras obras igualmente conhecidas, 'Moça sentada' e 'Mulher na janela em Figueras', ela aparece de costas, portanto não se vê rostos; uma excentricidade de Dalí, numa época em que foram dadas várias interpretações psicológicas. A anulação do elemento humano cria um efeito curiosamente em desacordo com o espírito de férias que a vista do rio, com sua luminosidade e clareza, sugere.

Ana Maria serviu de mãe para o irremediavelmente intratável e sexualmente tímido Dali, e foi na verdade o seu único modelo feminino até ele encontrar sua futura esposa Gala Eluard; Gala assumiu o papel de modelo exclusivo, conquistando a eterna inimizade de Ana Maria.

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fonte: vida e obra de Dalí / Nathaniel Harris

10.1.10

A ARTE DO MOSAICO

Batistério em Florença

- Tais Luso de Carvalho

Mosaico são pequenas peças multicolores – de mármore, terracota, cerâmica, pedras preciosas ou semipreciosas – justapostas de modo a formar um desenho, incrustadas numa base de cimento, argamassa ou material aderente. Depois a superfície é banhada com uma solução de cal, areia e óleo, que preenche os espaços vazios existentes entre as peças favorecendo a aderência. Entre essa, outras técnicas naturalmente surgiram.

A arte do mosaico teve início mais ou menos no ano 3000 AC. na antiga Mesopotâmia. Mas foi na era bizantina que o mosaico tornou-se rico, inovador e luminoso decorando as igrejas bizantinas.



Na Grécia foi encontrado um dos documentos mais antigos relativo à arte do mosaico (meados do século III a.C).

O ‘Estandarte de Ur’ (acima - 3500 a.C), é considerado pela maioria dos historiadores como o mosaico mais antigo. Foi encontrado na Suméria (antiga Mesopotâmia), atual Iraque. Um dos murais narra cenas de guerra; no outro, cenas domésticas.

No apogeu do Império Romano a arquitetura utilizou-se muito dos mosaicos como elemento decorativo, sobretudo nos pavimentos onde eram representadas composições ornamentais, cenas familiares, paisagens e alegorias.

As ruínas de Pompéia e de Roma ainda conservam muitos exemplos dessa arte. Embora conhecido desde a antiguidade, o Mosaico como expressão artística , está particularmente associado à cultura bizantina, que o disseminou. No início do século XIII era grande a influência da civilização bizantina no mundo. E, com a tomada de Constantinopla (1203) pelos cruzados, o mosaico espalhou-se mais, devido à fuga dos artistas para outros lugares.

Na Grécia três igrejas comprovam o esplendor desta arte: Hosios Lukas, Nea Moni e o Mosteiro de Dafne, na estrada de Atenas.

A igreja de São Marcos, em Veneza, também sofreu influência bizantina, assim como a igreja de Santa Sofia - em Kiev.

Essa arte era conhecida, também, na América pré-colombiana, principalmente pelos Maias e pelos Astecas. Os materiais mais usados eram o quartzo, a malachita, o jade e outros minerais, havendo preferência pela turquesa.

As incrustações eram feitas em madeira, ouro, cerâmica e couro, coladas em vegetais pegajosos (resina das plantas), como uma espécie de cimento.

Os mosaicistas sempre desconheceram a perspectiva – embora sem a rigidez dos egípcios, obedeceram a lei da frontalidade. As figuras eram vistas de frente e tinham simetria total. Os rostos apresentavam olhares fixos, acentuados por uma forte arcada de cílios, muito sombreados, que encaravam friamente o observados.

Nos séculos XIV e XV, devido ao alto custo e laboriosidade, o mosaico foi sendo substituído pelo afresco. Ressurgiu em Roma, na Renascença, na Basílica de São Pedro e de outros templos italianos, mas não mais com o caráter monumental do período bizantino.



Alexandre Magno montado no seu cavalo Bucéfalo na batalha de Isso, encontrado em Pompéia.


Mosaico bizantino



Mesquita de Damasco / Síria
Um belíssimo monumento incluindo as tesselas de ouro.


Esse grandioso mosaico do período bizantino médio está localizado na abside principal, acima do altar-mor da Basílica Ortodoxa de Monreale, na Sicília. Essa imagem dominante é do Cristo Pantocrator, o 'Rei de Todos', rico em significados. Um Cristo onipotente, que tudo rege.
1180-1190 / autor desconhecido


23.10.09

O ESPANHOL GOYA



O espanhol Francisco José de Goya y Lucientes nasceu em Fuendetodos, no ano de 1746. Pintor e artista gráfico, é considerado por muitos como o artista europeu mais original de sua época. Porém só aos 30 anos começou a sobressair-se de outros artistas, seus contemporâneos.

Seus temas vão de cenas campestres a incidentes realistas da vida cotidiana, com um espírito alegre e romântico. Sua vida, no entanto, tomou um rumo dramático. O artista tinha profundo conhecimento das manifestações, emoções, idéias de justiça, assim como a crueldade e a injustiça. Suas obras falam de paixões e agressões desatinadas num mundo de extrema ironia.


Na obra ‘Os Fuzilamentos na Montanha do Príncipe Pio’ - 1814, seis anos após o episódio de 3 de maio de 1808, perguntaram a Goya, o porquê de uma obra de tamanha crueldade: ‘ para ter o gosto de dizer eternamente aos homens que não sejam bárbaros’. Juntamente com Guernica, de Picasso, essa tela ‘Dois de Maio de 1808’ ficoomo uma das maiores retratações de horror. Os conflitos com a guerra o atormentaram tanto que Goya chegou a ser considerado louco.

Nesse período a cor é aplicada de uma forma mais discreta, dando mais luminosidade ao personagem com os braços abertos. São retratadas, nessa obra, as expressões humanas, a impotência, o poder irracional, a barbárie, o desespero.


Deixou-nos, também, uma produção de temas religiosos no qual cooperou para seu prestígio. Eleito para a Academia de São Fernando (1780), veio a tornar-se diretor-assistente 5 anos mais tarde. Em 1789 foi nomeado pintor da corte do novo rei Carlos IV (1748-1819).

O mais importante para o desenvolvimento de seu trabalho se deu por uma doença misteriosa que o atingiu, deixando-o surdo. Mesmo assim, na sua convalescença, Goya pintou uma série de pequenos trabalhos ‘fantasias e invenção’, mostrando todo um sofrimento, dando início o seu interesse pelo mórbido, pelo bizarro e pelo ameaçador aparecendo na série de gravuras ‘Los Caprichos’ em 1799.


Entre 1793 e 1798 trabalhou em 82 pranchas em água-forte cujo senso de humor perde-se em pesadelo. Sofre a influência de Rembrandt, revelando costumes sociais e abusos por parte da Igreja. Em 1975 sucede Bayeu como diretor da Academia de São Francisco; em 1799 foi nomeado primeiro pintor da Corte, trabalhando em seu mais importante retrato de grupo, a família de Carlos IV, revelando toda a fraqueza da família Imperial, ainda que sem interesse de satirizá-la.

O par de obras Maja Vestida e Maja Nua, levaram Goya aos tribunais da Inquisição. Segundo algumas lendas as pinturas representam a duquesa de Alba, a viúva, cujo relacionamento com Goya causou escândalo em Madri.


Durante a ocupação francesa da Espanha (1808- 1814) sua atividade como pintor da Corte decresceu; ficou entre sua natureza liberal, dando boas-vindas ao novo regime e sua indignação como patriota pelo domínio estrangeiro do país. Após a restauração de Fernando VII ao trono (1814) Goya foi absolvido da acusação de ter ‘aceitado emprego do usurpador’. Pintou, então, as famosas cenas da sangrenta revolta dos cidadãos de Madri contra as forças ocupantes, ‘O Segundo de Maio’ e o ‘Terceiro de Maio’ – 1808.


Mais violentes são as 65 águas-fortes ‘Los Desastres de la Guerra’ – 1810/1814.
Após 1814 Goya passou a trabalhar para si e para os amigos. Em finais de 1819 veio a adoecer novamente pintando seu auto-retrato junto ao médico que o tratou.

A série de 14 ‘Pinturas Negras’, hoje no Prado, foram pintadas em preto, branco e marrom, mostram cenas de pesadelo, como ‘Saturno devorando um de seus filhos’.



Em 1824 Goya tem permissão para deixar o país devido a seus problemas de saúde e vai para Bordéus. Após 1826 renunciou ao cargo de pintor da Corte e passa a trabalhar com litogravura – na série Touros de Bordéus. Em seguida concluiu cerca de 500 obras a óleo, murais, 300 águas-fortes e várias centenas de desenhos.

Sua obra é universal na forma e no conteúdo. Desprezando os detalhes, sempre exaltou seu povo e teceu uma crítica implacável, na época não percebida, contra a nobreza global que governava a Europa. Faleceu em Bordéus em 1828.


26.9.09

ELIFAS ANDREATO / Designer gráfico

Elifas Andreato em seu atelier

Quando criei este blog, minha proposta foi de mostrar todos os tipos de arte; não mostrar apenas um segmento das artes plásticas, mas tudo que é considerado arte.


E hoje trago Elifas Andreato, considerado um expoente do designer brasileiro e requisitado há mais de 40 anos, quando começou como designer e ilustrador para vários artistas renomados da música popular brasileira, tais como: Pixinguinha, Chico Buarque de Holanda, Elis Regina, Adoniran Barbosa, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Vinícius de Morais, Zeca Pagodinho... Sempre produzindo uma arte reconhecida no país e no exterior pela sua alta qualidade.


O dom para desenho descobriu aos 14 anos, na Fiat Lux, em São Paulo. Foi lá que, com outros companheiros, aprendeu a ler. Nas charges que passou a fazer para o jornal dos operários da fábrica já se revelava um contestador.


Em seguida começou a retratar, em quadros, cenas de sua infância pobre. Descoberto pela crítica de arte Marli Medaglia, o ‘menino’ Elifas virou matéria de jornal e apareceu na televisão. Pelo cenário que fez para o cinqüentenário da fábrica que seria visitada pelos ingleses, Elifas ganhou dinheiro para estudar arte.


Em 1969 começou seu trabalho nas revistas Claudia, Quatro Rodas, Realidade e Veja, Revista Japonesa Latina e tantas outras, uma variedade de publicações tão diferentes entre si. Não era exatamente o que ele sonhava, mas quando se é pobre, segundo disse, não se tem escolha. Mas foi uma escola excepcional.


Em 1970 foi o responsável pelo projeto gráfico da coleção ‘História da Música Popular
Brasileira’, chamado por Victor Civita, da Editora Abril. Os LPs chamavam atenção pela sua capa e encartes arrojados. Conseguia retratar o espírito do artista, através de vários encontros que tinha com eles. Um bar e uma mesa de sinuca eram o suficiente para conhecer e tornar-se amigo dos artistas, e daí começar a ‘obra’. A coleção teve fascículos dedicados a Cartola, Nelson Cavaquinho, Lupicínio Rodrigues e Pixinguinha. Foi um dos trabalhos mais importantes de sua carreira.


Uma mera capa de disco transformava-se numa obra de arte quando assinada por Elifas. Entre o período de 1970 a 1984 suas capas de LPs e encartes atingiram por volta de 500 obras. Eram arrojadas e coloridas. Seus cartazes anunciando peças de teatro, shows e eventos são magníficos.


Elifas Andreato nasceu em Rolândia/Paraná em 1946. Foi militante político na época da ditadura militar. Oriundo de família pobre e alfabetizado só na adolescência, foi referência no meio intelectual e artístico do Brasil.


Sua luta, como pessoa, foi a favor da união e solidariedade do povo, contra um indivíduo induzido pelo sistema. Implementou em seu trabalho a idéia de construir, de fato, uma perspectiva nova para o país.


“Fiz do papel meu confidente. Nele, contei os dias e as noites do País. As vitórias e derrotas do povo, minha admiração pela infância. E é sempre bom lembrar: não há desgraça maior para uma nação do que matar os sonhos de suas crianças”.
Agora, insisto e persisto. Pois nunca mais terei 40 anos”.

cartaz Morte do Caxeiro / Arthur Miller


cartaz / Quem tem medo de Virginia Woolf




19.8.09

ESCOLA FRANCESA DE BARBIZON

As respingadeiras / Millet


A REVOLUÇÃO DA ESTÉTICA

Na segunda metade do século XIX, Paris assumiu a posição como centro dinâmico da arte moderna, situação que conservou até pouco depois da 2ª Guerra Mundial. Concentrados em alguns dos seus lugares mais típicos, como os bairros de Montmartre e de Montparnasse, artistas, pintores, escultores, gravuristas, escritores de todas as nacionalidades se reuniam para aspirar o clima criativo que emanava daquele excitante convívio.

Muitos resistiram prender-se à vida no ateliê, como também passaram a hostilizar o que era produzido pelas Academias de Belas Artes. Romperam com os ditames canônicos da arte, herdadas desde o tempo do Renascimento, impondo ao mundo ocidental a mais radical transformação estética que se conheceu.

Em 1824 o Salão de Paris exibiu uma exposição do pintor John Constable. Suas cenas rurais influenciaram alguns artistas jovens: tudo seria natural e também passaram a não pintar a natureza apenas como pano de fundo, servindo à cenas dramáticas ou mitológicas.

ESCOLA DE BARBIZON

Vários artistas, que integravam o realismo pictórico francês, começaram a se reunir no povoado de Barbizon e a seguir as idéias de Constable: eram Rosseau, Millet, Camille Carot, Daubigny, Narcisse, Virgilio Diaz, Troyon, Jules Dupré entre outros que, formando um grupo, reagiram ao formalismo romântico do Delacroix. Esse movimento deu-se entre 1830 a 1870, próximo ao povoado, no bosque de Fontainebleau.

O estilo continuava sendo o realismo, porém de entonação ligeiramente romântica, que se caracterizava por sua especialização quase que exclusiva em paisagens e o estudo direto do natural. Influenciou o resto da pintura francesa do século XIX, em especial o impressionismo.

Alguns desses pintores - como Milet - foram além da idéia original incluindo figuras em suas paisagens, como personagens da vida campestre e de seu trabalho. Para eles era mais importante o homem do que o cenário natural. Mas sem dramaticidade nem intenção de denúncia social. Tanto Millet como Russeau faleceram em Barbizon.

(fonte: historiador Voltaire Schilling, in A Revolução da Estética)

Catedral de Salisbury / John Constable

20.6.09

CÍCERO DIAS



- Tais Luso de Carvalho 

Cícero nasceu no Engenho Jundiá, em Pernambuco no ano de 1908. Sua pintura é sentida, e como se fossem as escalas da música nordestina; vibrante e popular, como era a princípio. Cícero dizia que lia poesias para pintar como se fosse um poeta, em ondas simbólicas, quase oníricas.
Saiu de Recife em 1920, rumo ao Rio de Janeiro, onde estudou na Academia de Belas Artes por uma curta temporada e, ainda no Rio fez sua primeira exposição individual.

Em 1928 fez sua primeira exposição no Brasil, num congresso psiquiátrico dentro de um hospício. E lá ouve o primeiro tumulto e revolta dos ‘conservadores’ contra a obra de Cícero.

Em 1929 voltou ao Recife onde apresentou sua obra e causou outro escândalo, como já havia acontecido no Rio de Janeiro. Era um artista de espírito inquieto, gostava de propostas inovadoras. Sua pintura não era aceita nos centros desenvolvidos, entrava em choque com o espírito acadêmico.

Em 1931, no Salão Revolucionário, organizado por Lúcio Costa, apresentou o painel ‘Eu vi o mundo, ele começa no Recife’ - painel de 13 metros de comprimento por 2 de altura - que causou um alvoroço a ponto de ser depredada.

Em 1937 foi morar em Paris e lá ficou por toda sua vida. Tornou-se amigo de Picasso, Bréton e Éluard e entrou em contato com o surrealismo.

Suas pinturas e desenhos são muito marcados pelas mulheres, que aparecem sempre como foco de desejo, frustração, conflito, humor, ironia. Vê-se, também, o menino criado no engenho, com banhos e brincadeiras. A presença da lavoura, do cangaço, das enchentes, escolas, professoras, colegas, casinhas e charretes também fazem parte do mundo pictórico do artista.

Segundo um crítico, suas imagens eram soltas e mal trabalhadas, beirando desenhos infantis. Muitos não entendiam o trabalho de Cícero, e violentas investidas contra suas obras aconteciam. Um ‘senhor’ que comprovadamente não gostou deles, tentou destruí-los com uma navalha.

Em 1940, na Segunda Guerra Mundial, tornou-se prisioneiro dos alemães, foi internado em Baden-Baden e, posteriormente, trocado por prisioneiros. Assim que conseguiu sua libertação, tratou de viajar para Portugal, onde ficou até o fim do conflito.

Em 1945, voltou à Paris onde trabalhou até o fim de seus dias. Aos poucos foi modificando sua maneira de pintar, apurando os traços, deixando o desenho infantil, buscando o aperfeiçoamento das cores, do traçado e deixando os temas regionais e a pintura popular dos anos 40. Sua característica forte, então, são os tons vibrantes.

Daí foi um salto para que seu trabalho ficasse conhecido, através de exposições, na Itália, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Bélgica e Brasil.

Primeira fase aparecem as Aquarelas/óleos – 1927/1937
Segunda fase: Figuração/Abstração (1938-1960)
Terceira fase: Mulher símbolo Constante (1961 – 2000)

Ilustrou, em 1933, Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre; em 1948, finalizou o mural do da Secretaria das Finanças do Estado de Pernambuco, considerado o primeiro trabalho abstrato do gênero na América Latina; em 1991 inaugurou o painel de 20 metros, na Estação Brigadeiro do Metrô, em São Paulo. Em 1997 mostrou, no Rio de Janeiro, através da Casa França-Brasil, uma retrospectiva de sua obra, um trabalho brilhante e emblemático. E, em 1998 recebeu do governo francês a Ordem Nacional do Mérito da França. Morreu no ano de 2003, em Paris, aos 95 anos.