29.7.10

GUSTAVE COURBET



Jean Désiré Gustave Courbet nasceu no ano de 1819 / Ornans, França. Nasceu de uma família de fazendeiros, perto da fronteira com a Suíça. No início sua família lhe deu apoio financeiro.

Sua obra, o ‘Enterro em Ornans’ leva seu afastamento, definitivo, do romantismo, do qual foi participante em sua juventude. Esta obra foi exibida no Salão de 1850 e foi considerada como um marco inaugural do realismo nas artes plásticas, mostrando um evento do cotidiano; levou um funeral para a tela de uma forma objetiva.

O realismo teve muitas adesões de críticos e pensadores, como o escritor Champfleury e o poeta Charles Baudelaire. Este grupo de realistas encontravam-se para beber, defender o realismo na pintura, apoiar o socialismo na política e criticar os românticos e monarquistas, até altas horas da madrugada.

Courbet, estudou, a princípio, em Besançon, só se mudando para Paris em 1839. Mas de origem rural, lutava para não voltar à terra. Rejeitou a pintura acadêmica da École des Beaux-Arts de Paris, preferindo sua independência, assistindo aulas fora do academismo.

Aprendeu muito pelas imitações de pintores naturalistas do séc. XVII, como Caravaggio e Velázques. Suas primeiras pinturas são autorretratos, ainda na tradição romântica.

Não levou muito para retratar com maestria a realidade do cotidiano. Esta sua postura atrapalhou um pouco sua valorização no mundo das artes, ainda cativada pela arte idealizada embora sua obra ‘O homem desesperado’ / 1843, tenha sido bem aceita no Salão de Paris, quando tinha 25 anos.

Suas grandes telas, que expôs no Salão de 1850 são o Enterro em Ornans, Os Camponeses em Flagey e Os Quebradores de Pedras. Neste período firmou-se na escola realista.

A cena do funeral causou grande impacto pela crueza e feiúra deliberadas, mas também elogiada pelo seu grande naturalismo.

Courbet tinha uma personalidade nada convencional e a expressou com grande força em 1855, quando insatisfeito pelo espaço que lhe fora concedido na Exposição Universal de Paris. Organizou, então, sua exposição num pavilhão que a denominou de Lê Réalisme, onde expôs sua obra mais famosa ‘O Estúdio do Pintor’, tela com 6 metros de largura, sintetizando 7 anos de sua vida artística. Muitas de suas obras tinham uma mensagem política velada, atacando Napoleão III. Mas após 1855 sua obra tornou-se menos doutrinária; com cores menos sombrias, temas mais atraentes e suaves, como florestas, paisagens retratos, paisagens marítimas e nus sensuais e graciosos.

Após a deposição de Napoleão III, Courbet tomou parte na Comuna Republicana de Paris, em 1871, sendo nomeado diretor da comissão de artes. Com a queda da Comuna foi preso por ter participado da destruição da Coluna Vendôme. Fugiu para a Suíça, em 1873, por não ter condições de pagar a multa. Lá permaneceu nos últimos quatro anos de sua vida, pintando paisagens e retratos.

Quando foi requisitado para pintar o interior de uma igreja, pediram-lhe que incluísse anjos na obra solicitada, mas retrucou: ‘ Anjos? Nunca vi anjos, me mostrem um que pintarei’.
Terminou seus dias na miséria, em 1877, numa velha estalagem que comprara em La Tour-de-Peilz, na Suíça.



The wave - 1870
Retrato de Charles Baudelaire - 1849


Atelier do artista




8.7.10

LASAR SEGALL



Lasar Segall, um dos nomes mais importantes da arte moderna brasileira, nasceu em Vilna, Lituânia – na época dominada pela Rússia, no ano de 1889. Foi influenciado pelo impressionismo, expressionismo e cubismo. Estudou arte na Alemanha, em Berlim e Dresden. Em sua fase européia poderíamos dizer que foi marcado pela Guerra: seu trabalho revela pinceladas pesadas, densas, sem cores e sem sol. Tristes.

Sua primeira exposição no Brasil foi em 1913, com nítidas características expressionistas, tornando-se importante por ser um dos primeiros acontecimentos precursores da arte moderna no Brasil, juntamente com Anita Mafaltti, que em 1917 fez sua mostra, dando oportunidade a que artistas inovadores começassem a se unir para uma mostra coletiva mais adiante, quando em 1922, então, acontece a Semana da Arte Moderna.

Na Semana da Arte Moderna juntaram-se artistas de expressão, grandes incentivadores deste movimento que pretendiam apresentar ao público o que se fazia de mais inovador no país, no campo das artes, da literatura e da música.

Em 1923, Lasar mudou-se para São Paulo/Brasil, declarou ter encontrado o milagre da cor ao olhar o mar verde e um céu azul.

Casou-se, nesse ano de 1923, pela segunda vez, com a brasileira Jenny Klabin, de uma tradicional família paulista.

Em 1924, morando definitivamente no Brasil passou a pintar temas brasileiros: mulatas, prostitutas, marinheiros, paisagens, favelas e bananeiras. Em 1929 dedica-se à escultura em pedra, madeira e gesso.

Porém, após alguns anos, voltou a retratar o sofrimento do ser humano, como também não deixava de expressar em suas telas, a compaixão pelos perseguidos do sistema nazista. Retrata grandes temas humanos, como o sofrimento e a solidão. É desta época que temos Pogrom (retrata o massacre das crianças judias), Navio de emigrantes, Guerra e Campo de concentração.

Em 1951, Lasar deu início ao último ciclo de sua obra com: As Erradias, Favelas e Florestas. Morre em 1957, aos 66 anos, de problemas cardíacos. A ‘casa estúdio’onde morou, foi convertida em museu.

Em seu epitáfio Oswald de Andrade lhe faz a última homenagem:

Eu sou o ícone
Eu sou a construção
Eu sou a revolução
Sou o sentido perturbador
Do homem que perdeu o lar
Viajo nas mãos dadas dos imigrantes do navio
Recomponho as massas e realizo a viajem
Habito o inesperado
Quero o porto. Sou a permanência.
Eu sou o futuro!

Ficou uma obra forte, de conteúdo humano triste, denso e melancólico. Mas também deixou pinceladas mais alegres retratando coisas autenticamente brasileiras.



Mãe morta / 1942
Jovem de cabelos compridos / 1942



20.6.10

ANDY WARHOL / 2ª PARTE



- tais luso de carvalho 
As obras de Warhol são importantes pelas questões que levanta até os dias atuais. Warhol falava de um futuro, do novo mundo que estava nascendo, e vivemos agora este mundo. Em suas obras apresentou a famosa série de Marilyn Monroe, no ano de seu suicídio, uma de suas mais famosas obras e que ficou como a mais conhecida figura central da art pop do séc XX.

Imprimiu uma série destas obras, em várias cores, assim como as latas de Sopa Campbell’s. Foi o primeiro que visualizou que as comidas prontas começariam a entrar no cardápio tanto do presidente de seu país quanto da classe média, e colocou a idéia em ação: produziu as latas em série. O que ele queria, era levar o entusiasmo da cultura popular às artes. Fez o mesmo com a coca-cola, com as caixas de sabão Brillo, Catchup Heinz e dos Sucrilhos Kellogg’s.

A pop art é definida, então, como a arte da cultura de massa. Tem a ver com a publicidade para atender a uma grande demanda. Não interessava o que era arte, uma lata de sopa adquiria o status de arte, segundo Andy Warhol.

Warhol começou pintando cada imagem à mão, mas depois passou a imprimi-las, fixando um stencil a um ecrã esticado sobre uma moldura e forçando a cor através das zonas da tela que ficavam descobertas.

Começou suas obras como se fosse ‘linha de montagem’; o processo era tão simples e rápido que o deixou extasiado: ampliava uma imagem, aplicava esta imagem com cola a uma tela permeável e jogava tinta por cima da cola, deixando passar o negativo da imagem para a tela. Em cada repetição, o resultado era um pouco diferente, como a fotocópia da fotocópia.

De tanta repetição da imagem, transformava o banal em mito, o que penetrava direto no inconsciente. Empregava as cores da cultura pop: gritantes e agressivas. Não foi à toa que Marilyn se transformou em ícone depois de morta. Mostrou a todos o espetáculo do consumo.

Ao se promover, o que fazia muito bem, transformou-se num enigma. Teve uma enorme influência em gerações posteriores de artistas. Warhol nasceu em Pitsburg (EUA) em 1928 e morreu em Nova Iorque em 1987.


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10.6.10

ANDY WARHOL / 1ª parte


- tais luso de carvalho

Hoje quis postar algo de um artista que, gostando ou não, foi um homem excêntrico e um ícone dos anos sessenta: Andy Warhol. E justamente por ter sido muito diferente é que resolvi trazer um pouco da personalidade dele. Sobre sua obra postarei num próximo capítulo. É bom conhecer, primeiro, a sua personalidade, para entender o seu trabalho.

Nasceu em 6 de agosto de 1928 na Pensilvânia, Estados Unidos e veio a falecer em
22 de fevereiro de 1987, Nova Iorque.

Captar um mundo novo que surgia com o culto às celebridades, com a democratização dos bens de consumo e com a exibição de sua vida pessoal, tornando-a publica, estava no esquema de Warhol, uma vez que era obcecado por fazer parte do mundo das celebridades.




Seu estúdio originou-se de uma antiga fábrica de chapéus em Manhattan, com 496 metros quadrados. Foi decorado todo em cor prata pelo amigo Billy Linich - seu assistente pessoal – que, usando sua criatividade, resolveu cobrir todas as paredes com papel alumínio, e o chão, vaso sanitário, maçanetas, janelas e portas que foram pintados com tinta spray cor prata.

Sua mesa de trabalho e seu famoso sofá foram achados na rua, onde vasculhava os lixos de Nova York, porque ali achava materiais que brilhariam se cobertos com spray prateado. E esta cor se tornou a marca registrada de seu studio que viria a se chamar Factory, misterioso e cheio de glamour.



A vida de Warhol era euforia pura, com uma dose diária de ¼ de anfetamina que tomava desde 1963 por ter se achado muito gordo no espelho. Mas nada mais extravagante, para a época, do que suas perucas platinadas, que escondiam uma careca precoce, quando tinha vinte e poucos anos. Warhol era um baixinho feio, desajeitado, careca e com problemas de pele.

Não só driblou todas as dificuldades, como emergiu na sociedade americana da década de 60. Ele e sua turma passaram a ser referência de beleza, moda e comportamento.


Também não só de Óperas e Maria Callas vivia a sua Factory. Viviam por lá os Rolling Stones e o The Velvet Underground. Os amigos circulavam, muitas vezes nus, animados por boas doses de anfetaminas – livres para protagonizarem qualquer tipo de manifestação artística.


Foi de 1964 a 1968 que a Factory foi uma espécie de laboratório, não só de dedicação à criação cultural como um espaço para os encontros sociais. Tudo lá era movido à fofoca e Warhol, sempre pronto para ouvir as últimas.

Para ser amigo de Warhol era preciso ser um bom mexeriqueiro. Através de vários contatos e sempre com a ajuda de assistentes, Warhol finalizou mais de 500 filmes, um disco, um romance e centenas de fotografias.

Seu dia-a-dia era movido por festinhas fúteis, porém entre uma brincadeira e outra, surgia uma obra de arte.

A PRIMEIRA GRANDE FESTA:

Duas ocasiões merecem destaque: a primeira em abril de 1964 ocorreu após o vernissage da segunda exposição de Warhol na Stable Gallery, quando ele transformou o lugar em supermercado, espalhando imitações de caixas de Sabão em pó Brillo, Sucrilhos Kellogg’s, e Catchup Heinz. Para satisfação de Warhol, o ídolo Roy Lichtenstein apareceu especialmente para aquela noite, em que entravam convidados cujos nomes estivessem na lista.

A SEGUNDA GRANDE FESTA:
Aconteceu 1 ano após a primeira, na Factory. Em 1965. A Festa das Cinquenta Pessoas mais Bonitas do Mundo. Assim, bem humilde... Na época Warhol posicionava-se muito bem entre a cultura underground do rock, das drogas e o glamour da moda e das celebridades. A festa juntou personalidades dos dois universos, e por causa desta mistura, em certo momento, o dramaturgo Tennessee Williams, a atriz Judy Garland e o ator Montgomery Clift monopolizaram as atenções.



Warhol não era dado a monopolizar atenções à sua pessoa neste tipo de festas, porém era responsável por instigar nos amigos atitudes inusitadas.

Ricos, pobres, heterossexuais, homossexuais, famosos, marginais sentiam-se impulsionados a deixar levar pelos mais loucos instintos: saíam os freios, reinavam as vontades.

Em junho de 1968 a feminista Valerie Solanas invadiu a Factory e lhe deu 3 tiros. Após uma cirurgia de 5 horas, sobreviveu, porém desativou a Factory. Veio a falecer em 1987 durante uma cirurgia de visícula.
Hoje o prédio da Factory não existe mais.

...Com Mick Jagger 

Fonte: Bravo Cultural

6.5.10

TELA DE PICASSO: 106,4 MILHÕES DE DÓLARES!



Esta é a tela de Picasso - vendida recentemente por 106 milhões de dólares (R$186, 7 milhões), um record para uma obra de arte, informou a casa de leilões Christie’s.

Trata-se da obra inspirada em Maria Therese Walter, amante do pintor. Esta é a obra mais importante da coleção de um casal de mecenas de Los Angeles - Francês e Sidney Brody -, comprada diretamente de Picasso, nos anos 50.

6.4.10

PAUL GAUGUIN


Para a boa compreensão da pintura de Gauguin - nascido em 1848 / Paris -, é preciso que se conheça um pouco de sua vida, por sinal, muito conturbada. Era um parisiense de ascendência materna peruana. Viveu sua infância em Lima com sua mãe, pois seu pai morreu devido a complicações de saúde na viagem para o Peru. Aos 17 anos esteve 2 vezes no Brasil como marinheiro.


.Em 1871 empregou-se na Casa de Câmbio Bertin, em Paris. Tinha ao lado, um colega de trabalho que gostava imensamente de pintar nas horas vagas, mas amador. Gauguin foi contaminado pela arte do amigo; começou não só a pintar, mas a freqüentar os meios artísticos, vindo a receber influência dos impressionistas.

Passou a participar de exposições coletivas, com pequenas obras. Casou-se e teve 5 filhos com uma moça dinamarquesa. Encontrava-se muito bem financeiramente, ganhando uma pequena fortuna especulando na Bolsa de Paris. Havia se tornado um típico representante da pequena burguesia parisiense, chefe de família exemplar, vivendo na abastança.

Em 1883, aos 35 anos e já muito bem de vida, ao chegar em casa disse à sua esposa: ‘larguei o emprego, agora vamos viver de pintura!’

Passava o dia envolvido com suas pinturas e com outros artistas. O dinheiro da família foi minguando. Tiveram de vender talheres, louças e moveis. Gauguin não vendia um quadro. Chegou o momento que teve de optar em morar, ele, sua mulher e os 5 filhos na casa dos sogros, em Copenhague. Separou-se da mulher e dos filhos e foi para a Bretanha.

Seguiram-se anos de completa penúria, Gauguin tinha como trabalho ‘pregar cartazes’.
Resolveu ir para o interior, Arle, onde seu sustento seria mais fácil. Morou algum tempo com Van Gogh que, em um de seus acessos quase o matou.


Seguiu, então, para a ilha de Taiti, onde permaneceu de 1891 a 1893, pintando e escrevendo seu livro autobiográfico, Noa-Noa. Volta à Paris, mas gastou o que recebera de herança de um tio. Fez uma exposição com seus quadros taitianos o qual conseguiu apurar algum dinheiro. Conseguiu, assim, voltar definitivamente à ilha de Taiti onde falece em 1903.

Gauguin possuía idéias originais e usava apenas 3 cores básicas: amarelo, azul e vermelho. Possuía uma mistura de primarismo instintivo com um intelectualismo requintado. Praticava uma nova pintura que se intitulava sintetismo; uma pintura que se inspirava nas formas largas e amplas dos egípcios, na arte japonesa e na rusticidade das camponesas da Bretanha e da natureza. Não mais respeita a dimensão tripla. Flores e curvas passam a adquirir um sentido simbólico, misterioso e que sugerem idéias e emoções.

Duas mulheres

Em Taiti, adquire doenças tropicais. Em 1901 tenta o suicídio. Alguém lhe conseguiu um emprego colonial, porém foi tarde demais. Foi vencido pela miséria e pela doença. Quase louco, não usava mais telas: pintava as paredes de seu miserável rancho.

Os Cavaleiros da Praia foi seu último trabalho. Morre em 1903.

7.3.10

JOSÉ FRANZ SERAPH LUTZENBERGER

Conversa de comadres

José Franz S. Lutzenberger  nasceu na cidade de Altoettg / Baviera em 1882. Aos 38 anos - em 1920 - transferiu – se para Porto Alegre / Brasil. Sua naturalização – brasileira - foi oficializada somente após sua morte, em 1951. Formou-se em engenheiro-arquiteto (1906) em Munique. Desde jovem desenhava e pintava, mas concluindo os estudos trabalhou com projetos em várias prefeituras da Alemanha: Rixford, Dresden e Wiesbaden. Também trabalhou no atelier de Polivka (1910), em Praga, e no atelier dos professores Reinhardt e Sessenguth (1911), em Berlim.

Em 1926, já em Porto Alegre, casou-se, teve 3 filhos, trabalhou como arquiteto e dedicou-se, também, à vida acadêmica na UFRGS, como professor de Geometria Descritiva, Perspectiva e Sombras, a partir de 1938.

Homem culto, sempre pintou e desenhou por prazer, recusando a denominação de artista e esquivando-se de exposições – a exceção foi a exposição da série de aquarelas sobre o centenário da Revolução Farroupilha, em 1935 – obras mostradas em 1985 pelo Museu Universitário da UFRGS. Tanto que a primeira individual em galeria de arte foi realizada somente em 1977, pela extinta Oficina de Arte, embora sua obra tenha sido mostrada no ICBNA em 1955, na SEC em 1960, no Instituto dos Arquitetos em 1966, pelo Círculo Militar em 1972 e na Galeria de Arte do Clube do Comércio em 1981.

Mais dados de José Lutzenberger – aqui.
Parte do texto extraído do Catálogo da Exposição "José Lutzenberger
– O Universal no Particular", no Espaço Cultural BFB, 1990, Porto Alegre/RS


Obra da coleção Paisagens da Europa / I Guerra 1914


Descanso do soldado


Ponte e catedral
Obras da coleção 'Porto Alegre antiga'

Operários de calçamento


Conversa de lavadeiras

25.2.10

HIERONYMUS BOSCH




Bosch, como é conhecido, pertence ao período do Renascimento simplesmente porque nasceu e trabalhou nesse período, mas foi um pintor fora de seu tempo. Nasceu por volta de 1450 no sul da Holanda. 

Foi perseguido pela Inquisição sob acusação de pertencer a uma das seitas que na época, se dedicavam às ciências ocultas, reunindo conhecimentos sobre alquimia e sonhos. 

O certo é que em suas obras aparecem as influências do Apocalipse, em decorrência dos excessos cometidos pela humanidade, surgidos ao redor de 1500, séc. XVII. 

Serviu-se de todas as técnicas de cor, luz e sombra do Renascimento, mas sua temática foi baseada na mente e comportamentos humanos. Sua pintura mergulhou na alma humana. Esses temas só foram abordados por outros pintores muito mais tarde, no início do século XX. 

Bosch criou uma série de composições, fantásticas e diabólicas em que apresentou, um tom satírico e moralizante, os pecados e os medos de cunho religioso da época, do homem da idade média. 

Muitas de suas obras são meio-humanas, meio-animais, demônios mesclados com figuras humanas num ambiente imaginário. Suas figuras representam o mal, as tentações, obras alegóricas de textos bíblicos, a cobiça do ser humano e suas conseqüências. Seu Universo era habitado por monstros, mulheres deformadas, padres tarados, massas delirantes e descontentes. 

A exuberância fantasiosa de Bosch fez com que os surrealistas aclamassem Bosch como um dos precursores do surrealismo. Há quem diga que Bosch era louco, com imagens do inconsciente altamente demoníaca. Nada disso, foi um mestre das tintas que só pintou o inconsciente humano, tal qual ainda é. 

Muitas de suas obras foram destruídas e queimadas por motivos religiosos, porém cerca de 40 obras genuínas ainda sobrevivem, mas poucas datadas, e não há como estabelecer uma cronologia precisa. 

O Jardim das Delícias, obra em três painéis (tríptico), descreve a criação do mundo; as abas laterais representam o céu e o inferno, enquanto a central mostra homens e mulheres nus numa enorme luxúria, deleitando-se em prazeres eróticos.

Faleceu em sua cidade natal em 1516.




Juizo Final


Algumas obras:

- A Tentação de Santo Antão
- O Jardim das Delícias
- O Carro de Feno
- A Nave dos Loucos
- A Epifania
- O último Julgamento
- Mesa dos Pecados Capitais
- A Extração da Pedra da Loucura
- São Judas Batista no Deserto.
- A Crucificação
- Selos flamengos
e outros.




7.2.10

O PAI DO PINTOR SALVADOR DALI

óleo sobre tela


Dom Salvador Dali, advogado e tabelião de Figueras, era um homem de personalidade forte que influenciou profundamente o filho pintor, em particular por despertar no jovem Dali uma intensa e eterna reação contra tudo que ele defendia.
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A presença dominadora de Dom Salvador e o impotente ressentimento de Dali podem ser sentidos nesse e em outros estudos. Na infância, Dali se rebelava fazendo xixi na cama, tendo acessos de raiva e tirando más notas na escola. Mais tarde, deliberadamente, fracassou nos exames finais na escola de arte que frequentava deixando de receber as qualificações que lhe garantiriam um futuro ‘respeitável’. Depois de um total afastamento, entre 1929 e 1934, Dali e seu pai se reconciliaram, mas o relacionamento continuou difícil.


ESTA É A IRMÃ DE DALÍ
- Moça de pé na janela -

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A moça desta conhecida pintura é a irmã de Dali, Ana Maria, que posou para vários quadros no verão de 1925. Como em outras obras igualmente conhecidas, 'Moça sentada' e 'Mulher na janela em Figueras', ela aparece de costas, portanto não se vê rostos; uma excentricidade de Dalí, numa época em que foram dadas várias interpretações psicológicas. A anulação do elemento humano cria um efeito curiosamente em desacordo com o espírito de férias que a vista do rio, com sua luminosidade e clareza, sugere.

Ana Maria serviu de mãe para o irremediavelmente intratável e sexualmente tímido Dali, e foi na verdade o seu único modelo feminino até ele encontrar sua futura esposa Gala Eluard; Gala assumiu o papel de modelo exclusivo, conquistando a eterna inimizade de Ana Maria.

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fonte: vida e obra de Dalí / Nathaniel Harris

10.1.10

A ARTE DO MOSAICO

Batistério em Florença

- Tais Luso de Carvalho

Mosaico são pequenas peças multicolores – de mármore, terracota, cerâmica, pedras preciosas ou semipreciosas – justapostas de modo a formar um desenho, incrustadas numa base de cimento, argamassa ou material aderente. Depois a superfície é banhada com uma solução de cal, areia e óleo, que preenche os espaços vazios existentes entre as peças favorecendo a aderência. Entre essa, outras técnicas naturalmente surgiram.

A arte do mosaico teve início mais ou menos no ano 3000 AC. na antiga Mesopotâmia. Mas foi na era bizantina que o mosaico tornou-se rico, inovador e luminoso decorando as igrejas bizantinas.



Na Grécia foi encontrado um dos documentos mais antigos relativo à arte do mosaico (meados do século III a.C).

O ‘Estandarte de Ur’ (acima - 3500 a.C), é considerado pela maioria dos historiadores como o mosaico mais antigo. Foi encontrado na Suméria (antiga Mesopotâmia), atual Iraque. Um dos murais narra cenas de guerra; no outro, cenas domésticas.

No apogeu do Império Romano a arquitetura utilizou-se muito dos mosaicos como elemento decorativo, sobretudo nos pavimentos onde eram representadas composições ornamentais, cenas familiares, paisagens e alegorias.

As ruínas de Pompéia e de Roma ainda conservam muitos exemplos dessa arte. Embora conhecido desde a antiguidade, o Mosaico como expressão artística , está particularmente associado à cultura bizantina, que o disseminou. No início do século XIII era grande a influência da civilização bizantina no mundo. E, com a tomada de Constantinopla (1203) pelos cruzados, o mosaico espalhou-se mais, devido à fuga dos artistas para outros lugares.

Na Grécia três igrejas comprovam o esplendor desta arte: Hosios Lukas, Nea Moni e o Mosteiro de Dafne, na estrada de Atenas.

A igreja de São Marcos, em Veneza, também sofreu influência bizantina, assim como a igreja de Santa Sofia - em Kiev.

Essa arte era conhecida, também, na América pré-colombiana, principalmente pelos Maias e pelos Astecas. Os materiais mais usados eram o quartzo, a malachita, o jade e outros minerais, havendo preferência pela turquesa.

As incrustações eram feitas em madeira, ouro, cerâmica e couro, coladas em vegetais pegajosos (resina das plantas), como uma espécie de cimento.

Os mosaicistas sempre desconheceram a perspectiva – embora sem a rigidez dos egípcios, obedeceram a lei da frontalidade. As figuras eram vistas de frente e tinham simetria total. Os rostos apresentavam olhares fixos, acentuados por uma forte arcada de cílios, muito sombreados, que encaravam friamente o observados.

Nos séculos XIV e XV, devido ao alto custo e laboriosidade, o mosaico foi sendo substituído pelo afresco. Ressurgiu em Roma, na Renascença, na Basílica de São Pedro e de outros templos italianos, mas não mais com o caráter monumental do período bizantino.



Alexandre Magno montado no seu cavalo Bucéfalo na batalha de Isso, encontrado em Pompéia.


Mosaico bizantino



Mesquita de Damasco / Síria
Um belíssimo monumento incluindo as tesselas de ouro.


Esse grandioso mosaico do período bizantino médio está localizado na abside principal, acima do altar-mor da Basílica Ortodoxa de Monreale, na Sicília. Essa imagem dominante é do Cristo Pantocrator, o 'Rei de Todos', rico em significados. Um Cristo onipotente, que tudo rege.
1180-1190 / autor desconhecido


23.10.09

O ESPANHOL GOYA



O espanhol Francisco José de Goya y Lucientes nasceu em Fuendetodos, no ano de 1746. Pintor e artista gráfico, é considerado por muitos como o artista europeu mais original de sua época. Porém só aos 30 anos começou a sobressair-se de outros artistas, seus contemporâneos.

Seus temas vão de cenas campestres a incidentes realistas da vida cotidiana, com um espírito alegre e romântico. Sua vida, no entanto, tomou um rumo dramático. O artista tinha profundo conhecimento das manifestações, emoções, idéias de justiça, assim como a crueldade e a injustiça. Suas obras falam de paixões e agressões desatinadas num mundo de extrema ironia.


Na obra ‘Os Fuzilamentos na Montanha do Príncipe Pio’ - 1814, seis anos após o episódio de 3 de maio de 1808, perguntaram a Goya, o porquê de uma obra de tamanha crueldade: ‘ para ter o gosto de dizer eternamente aos homens que não sejam bárbaros’. Juntamente com Guernica, de Picasso, essa tela ‘Dois de Maio de 1808’ ficoomo uma das maiores retratações de horror. Os conflitos com a guerra o atormentaram tanto que Goya chegou a ser considerado louco.

Nesse período a cor é aplicada de uma forma mais discreta, dando mais luminosidade ao personagem com os braços abertos. São retratadas, nessa obra, as expressões humanas, a impotência, o poder irracional, a barbárie, o desespero.


Deixou-nos, também, uma produção de temas religiosos no qual cooperou para seu prestígio. Eleito para a Academia de São Fernando (1780), veio a tornar-se diretor-assistente 5 anos mais tarde. Em 1789 foi nomeado pintor da corte do novo rei Carlos IV (1748-1819).

O mais importante para o desenvolvimento de seu trabalho se deu por uma doença misteriosa que o atingiu, deixando-o surdo. Mesmo assim, na sua convalescença, Goya pintou uma série de pequenos trabalhos ‘fantasias e invenção’, mostrando todo um sofrimento, dando início o seu interesse pelo mórbido, pelo bizarro e pelo ameaçador aparecendo na série de gravuras ‘Los Caprichos’ em 1799.


Entre 1793 e 1798 trabalhou em 82 pranchas em água-forte cujo senso de humor perde-se em pesadelo. Sofre a influência de Rembrandt, revelando costumes sociais e abusos por parte da Igreja. Em 1975 sucede Bayeu como diretor da Academia de São Francisco; em 1799 foi nomeado primeiro pintor da Corte, trabalhando em seu mais importante retrato de grupo, a família de Carlos IV, revelando toda a fraqueza da família Imperial, ainda que sem interesse de satirizá-la.

O par de obras Maja Vestida e Maja Nua, levaram Goya aos tribunais da Inquisição. Segundo algumas lendas as pinturas representam a duquesa de Alba, a viúva, cujo relacionamento com Goya causou escândalo em Madri.


Durante a ocupação francesa da Espanha (1808- 1814) sua atividade como pintor da Corte decresceu; ficou entre sua natureza liberal, dando boas-vindas ao novo regime e sua indignação como patriota pelo domínio estrangeiro do país. Após a restauração de Fernando VII ao trono (1814) Goya foi absolvido da acusação de ter ‘aceitado emprego do usurpador’. Pintou, então, as famosas cenas da sangrenta revolta dos cidadãos de Madri contra as forças ocupantes, ‘O Segundo de Maio’ e o ‘Terceiro de Maio’ – 1808.


Mais violentes são as 65 águas-fortes ‘Los Desastres de la Guerra’ – 1810/1814.
Após 1814 Goya passou a trabalhar para si e para os amigos. Em finais de 1819 veio a adoecer novamente pintando seu auto-retrato junto ao médico que o tratou.

A série de 14 ‘Pinturas Negras’, hoje no Prado, foram pintadas em preto, branco e marrom, mostram cenas de pesadelo, como ‘Saturno devorando um de seus filhos’.



Em 1824 Goya tem permissão para deixar o país devido a seus problemas de saúde e vai para Bordéus. Após 1826 renunciou ao cargo de pintor da Corte e passa a trabalhar com litogravura – na série Touros de Bordéus. Em seguida concluiu cerca de 500 obras a óleo, murais, 300 águas-fortes e várias centenas de desenhos.

Sua obra é universal na forma e no conteúdo. Desprezando os detalhes, sempre exaltou seu povo e teceu uma crítica implacável, na época não percebida, contra a nobreza global que governava a Europa. Faleceu em Bordéus em 1828.