20.3.09

TAMARA DE LEMPICKA


auto-retrato no Bugatti verde

Tamara nasceu em Varsóvia, em 1898 com o nome de Maria Górska. Passou a chamar-se Tamara de Lempinka ao chegar em Paris após a Revolução Russa, em 1917. Nascida em uma família rica – filha de pai advogado e mãe socialite, Tamara pode freqüentar a noite parisiense nos anos 1920 tornando-se amiga de Picasso, D'Annunzio, Greta Garbo, André Gide e Jean Cocteau.

Em 1916 casou-se com o advogado Tadeusz Lempicka, em São Petersburgo, Rússia. Durante a Revolução Russa - 1917 -, seu marido foi preso pelos bolcheviques, porém com a intervenção de Tamara foi liberado.

Seu auto-retrato em um Bugatti verde, com luvas e capacete tornou-se uma de suas obras mais conhecidas; uma das maiores expoentes da art déco.

Tamara estudou sob a tutoria de Maurice Denis e André Lhote onde rapidamente desenvolveu um estilo único, conhecido como de vanguarda da art déco, definido por alguns como um leve cubismo.

Em 1918, estudou pintura na Académie de la Grand Chaumière, tornando-se discípula do pós-impressionista Maurice Denis e do neocubista André Lhote.

Tamara era bela, emancipada, moderna e escandalosa. Seus casos - era bissexual -, causavam escândalo, pois não fazia questão de esconder seu envolvimento com mulheres em círculos de artistas e escritores, como Violet Trefusis, Vita Sackville-West e Colette.

Tadeusz e Tamara separaram-se em 1927 e divorciaram-se no ano seguinte.

Sua vida inclinada aos amigos, amantes, a uma certa devassidão e também a sua filha Kizette - com quem nunca teve um bom relacionamento - fazem parte de suas telas.
Seu estúdio era em sua casa, decorado finamente por sua irmã arquiteta, e onde retratava pessoas importantes da época.

No ano de 1933, Tamara casou-se com o Barão Raoul Kuffner e, em 1939 mudaram-se para Beverly Hills, na California.

Em 1941, após conseguir retirar a filha da Paris ocupada pelos nazistas, expõe suas obras em exposição organizada em Nova Iorque; obras que abordavam temas religiosos e com gente comum. Não foi aceito nem pelo público, nem pela crítica, foi um fracasso; não era o estilo de Tamara. Em 1943, se muda para a Big Apple.

Tentou, também, o abstracionismo e a pintura espatulada por volta de 1960, sem muito sucesso.

Com a morte do marido, em 1962, parou de pintar e se muda, primeiro para Houston, no Texas, e em 1978 para Cuernavaca, no México, aonde vem a falecer, em 1980.

Em seu testamento deixou sua vontade para que suas cinzas fossem lançadas pela filha Kizette sobre o vulcão Popocatepetl. Até nisso foi excêntrica.

 



11.3.09

RENÉ MAGRITTE

O filho do homem 1964 / Magritte


 - Tais Luso de Carvalho

René François Ghislain Magritte nasceu em 21 de novembro de 1898, Bélgica. Trabalhou inicialmente como projetista de papeis de parede e anúncios de moda. Sempre permaneceu fiel ao surrealismo - influenciado por De Chirico em 1925. A exceção foi por pouco tempo quando trabalhou, inicialmente com o estilo cubista-futurista.

Estudou entre 1916 e 1918 na Académie Royale des Beaux-Artes em Bruxelas onde desenvolveu-se a maior parte de sua vida, apenas nos anos 1927/1930 viveu em Paris. Um dos grandes artistas do movimento surrealista, e o principal deles na Bélgica.

Freqüentou o Círculo Surrealista, que incluiu Jean Arp, André Bretão, Salvador Dalí, Paul Eluard, e Joan Miró. Em 1928 Magritte tomou parte na exposição surrealista no Galerie Goemans em Paris.

Magritte diferenciou-se dos demais pois quebrara a exploração da arte pelo inconsciente, e optou pela distorção da realidade. Mudava a ordem dos objetos, criava novas figuras. Dizia que o mistério de suas obras estaria exatamente na ausência de sentido.

Por sua enorme imaginação, a clareza de seus efeitos, seu dom humorístico, Magritte foi um dos poucos pintores surrealistas de inspiração natural. Como tantos outros  surrealistas, Magritte dizia que não se devia buscar nenhuma  significação metafórica em suas obras, que o mistério estaria exatamente na ausência de sentido:

'Minhas pinturas são imagens visíveis que não dissimulam nada: elas evocam mistério, e, de fato, quando alguém vê algum de meus quadros, pode fazer esta simples pergunta: O que isso quer significar?'

Por ocasião de sua exposição no Museu de Arte Moderno em Nova Iorque em 1965, viajou para o Estados Unidos pela primeira vez, e no ano seguinte visitou Israel.
Veio a falecer em 15 de agosto de 1967, em Bruxelas, logo depois de sua exposição no Museu Boymans.


La thérapeute - 1941
 The Human Condition - 1935

Gonconda / 1953

Madame Recamier - 1951

18.2.09

FERNANDO BOTERO

Fernando Botero

- Tais Luso de Carvalho


Fernando Botero nasceu em Medellín, na Colômbia, no ano de 1932. Pintor, desenhista e escultor de grande originalidade. Conhecido pelas suas figuras obesas (sua marca) onde pode retratar, através delas, a família, o cotidiano, a vida burguesa, a cultura popular colombiana, animais, flores e personagens históricos. Seu estilo é inconfundível, único.

Especialista, também, em paródias dos grandes mestres da pintura, como Dürer, Bonnard, Velázquez e David. Suas obras são bem humoradas, transmitindo leveza e suavidade.
Em para Madrid, em 1952, estudou na Academia de San Fernando. De 1953 a 1955 dedicou-se aos afrescos e história da arte em Florença, o que veio a influenciá-lo.

Sua primeira exposição individual foi em Bogotá. Em 1952 foi para Espanha e após permaneceu dois anos na Itália. Aos 26 anos já era professor na Universidade Nacional de Bogotá. Em 1973 instalou-se em Paris. Atualmente mora em Mônaco e trabalha há 30 anos na cidade toscana de Pietra.

Para dar forma às suas esculturas obesas, Botero escolheu as fundições de Pietrasanta em 1980, cidade de 25 mil habitantes que atrai muitos artistas por ser um centro internacional de trabalho em mármore e bronze.

Em suas obras, as mais recentes, o artista retrata a violência e a tortura dos soldados americanos com os iraquianos. Vê-se em toda sua obra que Botero revela situações dramáticas, mas que prima por manter um grande interesse na estética.

Com várias exposições na Europa e nas Américas do Norte e do Sul, Fernando Botero foi premiado com o Primeiro Intercol, em Bogotá. Seus trabalhos estão presentes nos principais museus do mundo.

A época mais difícil de sua vida, a partir de 1960, foi exatamente onde produziu trabalhos magníficos. Nesse período morou em Nova Iorque, para dar prosseguimento à sua carreira. As críticas foram arrasadoras, porém, nesse ponto foi onde encontrou seu estilo inconfundível, com suas esculturas volumosas. Suas criaturas e objetos eram, desde a época, arredondados e sempre gorduchos. Sua marca.

Para Botero o mais importante não era a pintura, mas o estilo. Acerca de suas figuras gordas, perguntaram ao artista se elas tinham almas leves... ao que respondeu: 'Elas nunca quiseram ter almas'.

'A deformação sem um adjetivo superior seria uma caricatura, ou mesmo uma monstruosidade, afirma Botero. Não pinta pessoas gordas, as pessoas gordas refletem apenas uma preocupação estética e possui uma função estilística, finaliza'.

Exposição clique aqui: As Dores da Colômbia












           As Dores da Colômbia (clique)




14.2.09

MICHELANGELO

Pietá


Michelangelo (Michel Ângelo) di Lodovico Buonarroti, nasceu em Caprese – Florentina /Itália em 1475. Descendia de uma família tradicional de Florença: os Buonarroti. Contra a vontade do pai entrou para o ateliê de Domenico Ghirlandaio e tornou-se discípulo do escultor Bertoldo di Diovani, na academia que funcionava nos jardins do Príncipe Lourenço de Médice.

Como escultor Michelangelo sempre recorreu a duas fontes: Donatello e a Antiguidade. Mas foi um curso de dissecação de cadáveres que desenvolveu nele o profundo conhecimento de anatomia humana, que transportaria tanto para o mármore quanto para as telas.

Mesmo como pintor interessou-se apenas pelas formas do corpo, criando imagens com relevo muito acentuado, como se fossem esculturas. As qualidades de suas telas são a razão, a simetria, a proporção, a solidez, a energia e o movimento. Um exemplo famoso é a Sagrada Família – 1503.

Michelangelo foi pintor, poeta, arquiteto e sobretudo escultor. Seu prestígio permitiu-lhe renunciar honrarias e títulos. Desprezou a amizade de príncipes e papas – mesmo assim todos o chamavam de ‘divino’. Nunca se contentou em conceber uma idéia e deixar para outros a execução.

Dedicou todo seu tempo à arte, com fúria e sempre angustiado e solitário. Não admitia ser interrogado e respondia sempre com sarcasmo e arrogância, consciente do próprio talento.

A Capela Sistina


Embora já tivesse concluído Cupido Adormecido, Adonis agonizante e Piedade, sua primeira grande escultura foi David, realizada em Florença, na primavera de 1501. Pouco depois Michelangelo decorava a Sala do Conselho de Florença, quando o papa Júlio II o chamou a Roma para fazer seu túmulo. Imediatamente o artista partiu para Carrara a fim de selecionar os tipos de mármore para o monumento. Mas devido a desentendimentos com o papa o início foi adiado para 1506 e interrompido, novamente, dois anos depois.

Em 1508, a pedido de Júlio II recebeu uma incumbência mais importante: a decoração da Capela Sistina. Esse trabalho foi causa de brigas diárias entre o artista e o papa, tudo por falta de pagamento, reclamado por Michelangelo que por várias vezes ameaçou abandonar o trabalho. Somente em 1512 a obra ficaria pronta.

A rica decoração das partes superiores das paredes superiores, com relevo e profundidade, terminava com doze figuras de proporções colossais.

Em Florença trabalhou na Biblioteca Laurenciana, na restauração do Capitólio, realizou projetos para a Basílica de São Pedro cujos trabalhos dirigiu até sua morte.

Projetou, também, a Igreja de São João dos Florentinos, a Capela Sforza enquanto trabalhava na última Piedade. Crucificação, Baco, Davi, afresco da Batalha de Cascina, Moisés, Juízo Final, Mausoléu dos Médice – com as esculturas funerárias Aurora, Dia, Crepúsculo e Noite, e tantas outras obras. E, além de suas obras e esculturas, produziu mais de 300 sonetos.

Em 1535 o papa Paulo III o nomeou pintor, escultor e arquiteto do Vaticano e encomendou-lhe o Juízo Final para a Capela Sistina. Fixou-se, então, definitivamente em Roma.
Consegui terminar, ele mesmo, o Mausoléu de Júlio II, em 1545.

No século do triunfo do formalismo, cultivou a individualidade e a emancipação do artista.
Emociona-me toda sua obra. Morreu em 1564, em Roma, deixando uma imensa obra, mas pedindo para ser enterrado em Florença.



UM POEMA
- Michelangelo

Vivo al peccato, a me morendo vivo;
vita già mia non son, ma del peccato:
mie ben dal ciel, mie mal da me m’è dato,
dal mie sciolto voler, di ch’io son privo.
Serva mie libertà mortal mie divo
a me s’ è fatto. O infelice stato!
A che miséria, a che viver son nato!


Capela Sistina

Moisés




4.2.09

IMAN MALEKI: FANTÁSTICO!



Estou postando um artista da maior relevância: Iman Maleki. Sua pátria é muito antiga, era a Pérsia que, oficialmente passou a chamar-se, em 1935, de Irã.

Maleki nasceu em Teerã, em 1976, porém foi aos 15 anos que aprendeu algumas técnicas com Morteza Katouzian, considerado o maior pintor realista do Irã. Em 1999, Maleki graduou-se em Desenho Gráfico pela Universidade de Artes de Teerã, porém já vinha participando em exposições desde 1998.

Participou do II Concurso Internacional de Arte ganhando o prêmio William Bourguereau e o Chairman’s Choise. Muitos o consideram o melhor pintor realista do mundo.

Seu ateliê, Academia de Arte Realista (ARA), prima pelos valores clássicos: domínio do traço, do espaço, na cor e da sombra. Suas telas lembram as obras do francês William Bourguereau - 1825/1905, representante do idealismo entre os pintores da época.

Impressionei-me com seus trabalhos pelo realismo, serenidade e perfeição que me foram transmitidos. Parecem fotografias, mas são pinturas!



Mais obras de Iman Maleki clique aqui, no seu site pessoal.

11.1.09

SALVADOR DALÍ - 1904 / 1989

O Nascimento De Um Novo Homem 1943 - Salvador Dali



Salvador Dali nasceu em 11 de maio de 1904 na vila de Figueres, Catalumba – Espanha. Passou sua infância entre Figueres e a casa de verão em Cadaqués, onde seus pais construíram seu primeiro atelier.

Dali sempre chamou atenção pela excentricidade. Poucos artistas impactaram tanto o século XX quanto ele. Ingressou na Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, em Madri, de onde foi expulso em 1926, pouco antes dos exames finais. Conviveu, neste tempo com Frederico Garcia Lorca e Luiz Buñuel. Já na sua primeira exposição teve seu reconhecimento artístico – 1925, Barcelona.

No ano seguinte instalou-se em Paris, conheceu Pablo Picasso e se uniu aos surrealistas, liderados por André Breton.


Em 1929 conheceu sua futura esposa e musa inspiradora, Gala Éluard, de origem russa e onze anos mais velha do que ele. Era casada com o poeta Paul Éluard de quem se separou para ficar com Dali.


Sua produção era inspirada muito nas teorias de Freud, como na obra A persistência da memória (1931), um dos grandes símbolos do movimento.

Com o início da guerra Dali entrou em conflito com os surrealistas devido às suas posições políticas e acabou expulso do grupo. Em 1940 foi, com Gala, para os Estados Unidos, onde ficou até 1948. O Museu de Arte Moderna de Nova York realizou em 1941 uma grande retrospectiva sobre sua obra e, no ano seguinte, aos 37 anos, Dali lançou o livro autobiográfico A vida secreta de Salvador Dali.

Ficou mundialmente conhecido pelos seus trabalhos de pintura, filme, esculturas, desenhos, fotografias, figurinos e joias, para cinema e teatro.

Após a morte de Gala, em 1982, Dali ficou muito debilitado, passando os últimos anos recluso. Morreu em 23 de janeiro de 1989, em Figueres, de um ataque cardíaco.

Com a morte de Dali, multidões e intelectuais, profanos e conhecedores juntavam-se para deplorar a partida de um homem que soube tocar o gênio de sua época, isto é, seus instintos, seu inconsciente, suas aberrações, seus impulsos incontrolados: toda uma panóplia de reações violentas, ou líricas ou psíquicas.

Dali fez da fotografia do subconsciente uma arte de imagens explosivas, que englobam tanto o maravilhoso quanto as obsessões freudianas. Salvador Dali, célebre por suas excentricidades, não se contentou em pintar: quis ser uma testemunha do século, sempre em representação.

Dali dotou o surrealismo de uma arma de primeira ordem com seu método paranoico-crítico. (André Breton)


- Entendendo as obras de Dali  aqui 
- O pai e irmã de Salvador Dali (pintura): aqui


A Persistência da memória

Face e Fruit

Ascensão de Cristo


Bailarina em uma caveira
Clique:



fonte: Libelo contra a arte moderna / Salvador Dali; tradução Paulo Neves 
– Porto Alegre, RS: ed. L&PM 2008




3.1.09

UM URINOL FAZ 90 ANOS

A fonte / Marcel Duchamp
- por Affonso Romano de Sant'Anna

Você sabia que o urinol que Marcel Duchamp mandou para o Salão dos Independentes, em Nova York (1917), está completando 90 anos e foi eleito a obra mais importante que tudo o que se produziu em artes plásticas no século XX?

Você sabia que, na verdade, o urinol de parede, que Duchamp intitulou de "Fonte" e assinou como sendo de R. Mutt, produzido pela J. L. Motta Iron Works Company, nem chegou a ser exibido naquele salão, porque foi censurado e a peça original, relegada, desapareceu.

Você sabia que a obra considerada fundadora da contemporaneidade, portanto, não existiu, foi uma simples idéia e que permaneceu "in absentia" até os anos 1940, quando Duchamp começou a fazer réplicas dela para vários museus, e que, em 1990, a Tate Galery pagou um milhão de libras por uma dessas cópias?

Você sabia que a polêmica fomentada na ocasião pelos jornais de Nova York foi organizada pelo próprio Duchamp, sua amante Beatrice Wood e pelo seu marchand Arensberger?

Você sabia que embora Duchamp dissesse que o urinol era apenas um urinol, um objeto deslocado de suas funções, alguns críticos, como George Dickie, começaram a ver nessa porcelana as mesmas virtudes plásticas das obras de Brancusi?

Você sabia que outros críticos, -já que o urinol havia desaparecido, começaram a ver na fotografia do mesmo feita por Stieglitz uma referência à deusa Vênus, que surgiu das águas?

Você sabia que outros críticos considerando bem a fotografia do urinol concluíram que ali estava projetada a efígie de Nossa Senhora?

Você sabia que a mulher do músico de vanguarda Eduardo Varese sustentava que o urinol era a reprodução da imagem de Buda?

Você sabia que Duchamp, embora dissesse que o artista não deve se repetir, mandou fazer várias réplicas desse urinol para vender para museus, e confeccionou uma caixa portátil com miniaturas de suas obras para vender também para museus e colecionadores?

Você sabia que o homem que dizia que a pintura estava morta era marchand e vendia quadros e esculturas de seus colegas?

Você sabia que em 1993, numa exposição em Nîmes, o artista francês Pierre Pinnocelli se aproximou de um dos urinóis de Duchamp e decidiu se "apropriar" da obra, primeiro urinando nela e dizendo que o fato de ter urinado nela a obra de Duchamp agora lhe pertencia?

Você sabia que depois de ter urinado no urinol, Pinnocelli, pegou um martelo e quebrou a obra de Duchamp com o argumento de que agora a obra era dele, ele havia se "apropriado" conceitualmente dela.

Você sabia que ele foi processado pelo estado francês que lhe exigiu uma hipoteca de 300.000 francos e que a questão deixou de ser estética para ser policial e até o Ministro da Justiça e da Cultura na França tiveram que opinar?

Você sabia que o mesmo Pinnocelli em 2005, obcecado pelo urinol, insistindo que o urinol é de quem "intervem" nele, atacou a marteladas a cópia dessa obra no Beaubourg, em Paris, o que provocou novos problemas com a polícia?

Você sabia que esse urinol comprado originalmente em loja de ferragens, com a assinatura de Duchamp vale hoje US$3.6 milhões?

Você sabia que Sherry Levine mandou fazer uma réplica de bronze dourado do urinol entronizando de vez a obra como uma espécie de Mona Lisa de nossa época?

Você sabia que Duchamp dizia que o nome "Mutt" que botou no urinol, como sendo o do pretenso autor (que era ele mesmo) era uma homenagem aos personagens em quadrinho- Mutt e Jeff?

Você sabia que mesmo assim Jean Clair- considerado o maior critico francês da atualidade-, prefere entender que "Mutt" remete para uma gíria em inglês significando "imbecil" e que o pseudônimo "R. Mutt" lembra "armut, que em alemão significa "indigência", "penúria"?

Você sabia que Calvin Tomkins-o biógrafo de Duchamp acha que aquele urinol é a imagem que Duchamp tinha da mulher como receptáculo do líquido masculino, em consonância com os futuristas italianos que diziam que a mulher era um "urinol de carne"?

(Crônica publicada no Estado de Minas/Correio Braziliense, 7.10.2007)
Ver  AQUI  Duchamp e o Dadaísmo



3.12.08

O ALEIJADINHO: ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA

Projeto de Aleijadinho / S. Francisco de Assis - Ouro Preto


As maiores expressões do Barroco Mineiro são, sem dúvida, o Aleijadinho e Ataíde. Mas a arte setecentista de Minas Gerais foi criação de uma infinidade de artistas, dos quais muitos permanecem no anonimato.

Antônio Francisco Lisboa - 1738/ 1814

Era o nome completo do Aleijadinho, nascido em Vila Rica, em 1738, filho bastardo do português Manuel Francisco Lisboa e de uma escrava, Isabel. Tendo nascido escravo, foi libertado pelo pai no dia de seu batizado.

Entalhador, escultor e arquiteto, trabalhava madeira e pedra-sabão, de que foi o primeiro a fazer uso na escultura. Considera-se que tenha aprendido o ofício com o próprio pai e outros mestres, José Coelho Noronha e João Gomes Batista. Mas é provável que sua genialidade criativa tenha prevalecido sobre as lições aprendidas.

Quase tudo o que se sabe sobre a vida de Aleijadinho vem de uma memória escrita em 1790, pelo segundo vereador de Mariana, o capitão Joaquim José da Silva, e da biografia escrita por Rodrigo José Ferreira Bretãs, publicada em 1858. Ultimamente, sua vida e obra têm despertado o interesse de estudiosos dentro e fora do país, embora permaneçam ainda muitos pontos controvertidos.

Uma grave doença o acometeu aos 39 anos de idade. A enfermidade deformou seu rosto e atacou seus dedos dos pés e das mãos, donde lhe veio o apelido. Apesar da doença, continuou a trabalhar incansavelmente, sendo auxiliado por três escravos: Januário, Agostinho e Maurício. Era este último que amarrava as ferramentas nas mãos deformadas do mestre.

O primeiro trabalho artístico importante do Aleijadinho data de 1766, quando recebeu a incumbência de projetar a Igreja de São Francisco, de Ouro Preto, para a qual realizou, posteriormente várias outras obras. Quatro anos depois, desenvolveu trabalhos para a Igreja do Carmo, de Sabará. Em seguida trabalhou para a Igreja de São Francisco, de São João del Rei. Enfim, ele recebia muitas encomendas, e às vezes, prestava seus serviços em obras de duas ou mais cidades simultaneamente.

No final do século XVIII, ele se encontra em Congonhas, onde permaneceu de 1795 a 1805, trabalhando para o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, para o qual esculpiu os Profetas em pedra-sabão e as estátuas em madeira dos Passos da Paixão. Seu último trabalho, de 1810, foi o novo risco da fachada da Matriz de Santo Antônio, em Tiradentes.

Ficou cego pouco depois, e viveu os últimos anos sob os cuidados de Joana Lopes, sua nora. Faleceu em 1814, aos 76 anos de idade, tendo sido sepultado no interior da Matriz de Antônio Dias, em Ouro Preto.

(continuarei com Mestre Ataíde)

Fonte: Cidades Históricas e o Barroco Mineiro / Divalte Garcia Figueira



MOVIMENTO POP-ART



Pop-art foi o movimento que floresceu no final da década de 50 até o início da década de 70, principalmente na Grã-Bretanha e Estados Unidos, baseando-se no consumismo e na cultura popular. Utilizando os próprios objetos, em vez de representá-los plasticamente, os pop-artists, lançaram novo realismo. No entanto este realismo feito com a própria realidade adquire poderes transfiguradores, não só pelo deslocamento dos objetos de suas finalidades lógicas na vida prática, revestindo-se de valores práticos na composição como ainda pelas associações de idéias que suscitam no espírito do contemplador, como ocorre no realismo visual dos surrealistas figurativos.

Os recursos que usavam em suas composições eram semelhantes ao temas, símbolos e os produtos industriais que usavam para a comunicação em massa: Lâmpadas, dentifrícios, automóveis, eletrodomésticos, enlatados e até as imagens de grandes artistas norte-americanos, como no caso de Marilyn.

A Pop-art procurava expressar a realidade do momento, da vida das pessoas no seu aspecto puramente simples e dominada pela indústria e tecnologia. Sob novas modalidades carregavam demais agressivas sugestões, desde o lirismo ao humor negro e à sátira social. A Pop-art tem as suas raízes nas colagens dadaístas.

Andy Warhol 1928 / 1987. O ícone da arte pop, Andy consagrou-se com o retrato repetido à exaustão, de Marilyn Monroe. Não havia imagem melhor para consagrá-lo e eternizar a bela Marilyn. Warhol deu continuidade o que Duchamp fizera 40 anos antes levando ao museu ‘A Fonte’, um urinol como objeto de arte.

Com várias nuances de cor, Marilyn virou coqueluche. A pop art começou com a apropriação de objetos que, para surtir efeito precisava multiplicar-se, nos mesmos moldes da publicidade, da imprensa e da indústria das celebridades. Este era um dos segredos.

Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Rauschemberg, Jarspers Johns, Larry Rivers, Borie Lurie, Peter Blake, Wayne Thiebaud e James Rosenquist são nomes que integraram este movimento. Não tem dúvida que veio para revolucionar as artes, como também trazer polêmica.


2.11.08

SANTOS BARROCOS


- por tais luso - santos a óleo, folhados a ouro / 80 cm alt


Nas primeiras décadas do século XVIII, Minas Gerais exibiu o luxo e o esplendor da arte Barroca em suas igrejas, em seus santos e ornamentos decorativos. Foi uma época de pujança, de um estilo impactante, onde o ouro predominava em toda a arte sacra.

Há muitos anos venho me dedicando a esta arte desenvolvendo várias técnicas, com pouco envelhecimento para que o estilo Barroco conserve as características do luxo e da beleza, mantendo em minhas imagens as feições delicadas e singelas, como eram originalmente as Imagens Sacras.

Meu objetivo é transmitir emoção, através de traços que possam levar esperança, conforto
e ternura, independente de minha postura religiosa. Trabalho pensando em quem tem fé ou em alguém que esteja em busca dela.