11.1.09

SALVADOR DALÍ - 1904 / 1989

O Nascimento De Um Novo Homem 1943 - Salvador Dali



Salvador Dali nasceu em 11 de maio de 1904 na vila de Figueres, Catalumba – Espanha. Passou sua infância entre Figueres e a casa de verão em Cadaqués, onde seus pais construíram seu primeiro atelier.

Dali sempre chamou atenção pela excentricidade. Poucos artistas impactaram tanto o século XX quanto ele. Ingressou na Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, em Madri, de onde foi expulso em 1926, pouco antes dos exames finais. Conviveu, neste tempo com Frederico Garcia Lorca e Luiz Buñuel. Já na sua primeira exposição teve seu reconhecimento artístico – 1925, Barcelona.

No ano seguinte instalou-se em Paris, conheceu Pablo Picasso e se uniu aos surrealistas, liderados por André Breton.


Em 1929 conheceu sua futura esposa e musa inspiradora, Gala Éluard, de origem russa e onze anos mais velha do que ele. Era casada com o poeta Paul Éluard de quem se separou para ficar com Dali.


Sua produção era inspirada muito nas teorias de Freud, como na obra A persistência da memória (1931), um dos grandes símbolos do movimento.

Com o início da guerra Dali entrou em conflito com os surrealistas devido às suas posições políticas e acabou expulso do grupo. Em 1940 foi, com Gala, para os Estados Unidos, onde ficou até 1948. O Museu de Arte Moderna de Nova York realizou em 1941 uma grande retrospectiva sobre sua obra e, no ano seguinte, aos 37 anos, Dali lançou o livro autobiográfico A vida secreta de Salvador Dali.

Ficou mundialmente conhecido pelos seus trabalhos de pintura, filme, esculturas, desenhos, fotografias, figurinos e joias, para cinema e teatro.

Após a morte de Gala, em 1982, Dali ficou muito debilitado, passando os últimos anos recluso. Morreu em 23 de janeiro de 1989, em Figueres, de um ataque cardíaco.

Com a morte de Dali, multidões e intelectuais, profanos e conhecedores juntavam-se para deplorar a partida de um homem que soube tocar o gênio de sua época, isto é, seus instintos, seu inconsciente, suas aberrações, seus impulsos incontrolados: toda uma panóplia de reações violentas, ou líricas ou psíquicas.

Dali fez da fotografia do subconsciente uma arte de imagens explosivas, que englobam tanto o maravilhoso quanto as obsessões freudianas. Salvador Dali, célebre por suas excentricidades, não se contentou em pintar: quis ser uma testemunha do século, sempre em representação.

Dali dotou o surrealismo de uma arma de primeira ordem com seu método paranoico-crítico. (André Breton)


- Entendendo as obras de Dali  aqui 
- O pai e irmã de Salvador Dali (pintura): aqui


A Persistência da memória

Face e Fruit

Ascensão de Cristo


Bailarina em uma caveira
Clique:



fonte: Libelo contra a arte moderna / Salvador Dali; tradução Paulo Neves 
– Porto Alegre, RS: ed. L&PM 2008




3.1.09

UM URINOL FAZ 90 ANOS

A fonte / Marcel Duchamp
- por Affonso Romano de Sant'Anna

Você sabia que o urinol que Marcel Duchamp mandou para o Salão dos Independentes, em Nova York (1917), está completando 90 anos e foi eleito a obra mais importante que tudo o que se produziu em artes plásticas no século XX?

Você sabia que, na verdade, o urinol de parede, que Duchamp intitulou de "Fonte" e assinou como sendo de R. Mutt, produzido pela J. L. Motta Iron Works Company, nem chegou a ser exibido naquele salão, porque foi censurado e a peça original, relegada, desapareceu.

Você sabia que a obra considerada fundadora da contemporaneidade, portanto, não existiu, foi uma simples idéia e que permaneceu "in absentia" até os anos 1940, quando Duchamp começou a fazer réplicas dela para vários museus, e que, em 1990, a Tate Galery pagou um milhão de libras por uma dessas cópias?

Você sabia que a polêmica fomentada na ocasião pelos jornais de Nova York foi organizada pelo próprio Duchamp, sua amante Beatrice Wood e pelo seu marchand Arensberger?

Você sabia que embora Duchamp dissesse que o urinol era apenas um urinol, um objeto deslocado de suas funções, alguns críticos, como George Dickie, começaram a ver nessa porcelana as mesmas virtudes plásticas das obras de Brancusi?

Você sabia que outros críticos, -já que o urinol havia desaparecido, começaram a ver na fotografia do mesmo feita por Stieglitz uma referência à deusa Vênus, que surgiu das águas?

Você sabia que outros críticos considerando bem a fotografia do urinol concluíram que ali estava projetada a efígie de Nossa Senhora?

Você sabia que a mulher do músico de vanguarda Eduardo Varese sustentava que o urinol era a reprodução da imagem de Buda?

Você sabia que Duchamp, embora dissesse que o artista não deve se repetir, mandou fazer várias réplicas desse urinol para vender para museus, e confeccionou uma caixa portátil com miniaturas de suas obras para vender também para museus e colecionadores?

Você sabia que o homem que dizia que a pintura estava morta era marchand e vendia quadros e esculturas de seus colegas?

Você sabia que em 1993, numa exposição em Nîmes, o artista francês Pierre Pinnocelli se aproximou de um dos urinóis de Duchamp e decidiu se "apropriar" da obra, primeiro urinando nela e dizendo que o fato de ter urinado nela a obra de Duchamp agora lhe pertencia?

Você sabia que depois de ter urinado no urinol, Pinnocelli, pegou um martelo e quebrou a obra de Duchamp com o argumento de que agora a obra era dele, ele havia se "apropriado" conceitualmente dela.

Você sabia que ele foi processado pelo estado francês que lhe exigiu uma hipoteca de 300.000 francos e que a questão deixou de ser estética para ser policial e até o Ministro da Justiça e da Cultura na França tiveram que opinar?

Você sabia que o mesmo Pinnocelli em 2005, obcecado pelo urinol, insistindo que o urinol é de quem "intervem" nele, atacou a marteladas a cópia dessa obra no Beaubourg, em Paris, o que provocou novos problemas com a polícia?

Você sabia que esse urinol comprado originalmente em loja de ferragens, com a assinatura de Duchamp vale hoje US$3.6 milhões?

Você sabia que Sherry Levine mandou fazer uma réplica de bronze dourado do urinol entronizando de vez a obra como uma espécie de Mona Lisa de nossa época?

Você sabia que Duchamp dizia que o nome "Mutt" que botou no urinol, como sendo o do pretenso autor (que era ele mesmo) era uma homenagem aos personagens em quadrinho- Mutt e Jeff?

Você sabia que mesmo assim Jean Clair- considerado o maior critico francês da atualidade-, prefere entender que "Mutt" remete para uma gíria em inglês significando "imbecil" e que o pseudônimo "R. Mutt" lembra "armut, que em alemão significa "indigência", "penúria"?

Você sabia que Calvin Tomkins-o biógrafo de Duchamp acha que aquele urinol é a imagem que Duchamp tinha da mulher como receptáculo do líquido masculino, em consonância com os futuristas italianos que diziam que a mulher era um "urinol de carne"?

(Crônica publicada no Estado de Minas/Correio Braziliense, 7.10.2007)
Ver  AQUI  Duchamp e o Dadaísmo



3.12.08

O ALEIJADINHO: ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA

Projeto de Aleijadinho / S. Francisco de Assis - Ouro Preto


As maiores expressões do Barroco Mineiro são, sem dúvida, o Aleijadinho e Ataíde. Mas a arte setecentista de Minas Gerais foi criação de uma infinidade de artistas, dos quais muitos permanecem no anonimato.

Antônio Francisco Lisboa - 1738/ 1814

Era o nome completo do Aleijadinho, nascido em Vila Rica, em 1738, filho bastardo do português Manuel Francisco Lisboa e de uma escrava, Isabel. Tendo nascido escravo, foi libertado pelo pai no dia de seu batizado.

Entalhador, escultor e arquiteto, trabalhava madeira e pedra-sabão, de que foi o primeiro a fazer uso na escultura. Considera-se que tenha aprendido o ofício com o próprio pai e outros mestres, José Coelho Noronha e João Gomes Batista. Mas é provável que sua genialidade criativa tenha prevalecido sobre as lições aprendidas.

Quase tudo o que se sabe sobre a vida de Aleijadinho vem de uma memória escrita em 1790, pelo segundo vereador de Mariana, o capitão Joaquim José da Silva, e da biografia escrita por Rodrigo José Ferreira Bretãs, publicada em 1858. Ultimamente, sua vida e obra têm despertado o interesse de estudiosos dentro e fora do país, embora permaneçam ainda muitos pontos controvertidos.

Uma grave doença o acometeu aos 39 anos de idade. A enfermidade deformou seu rosto e atacou seus dedos dos pés e das mãos, donde lhe veio o apelido. Apesar da doença, continuou a trabalhar incansavelmente, sendo auxiliado por três escravos: Januário, Agostinho e Maurício. Era este último que amarrava as ferramentas nas mãos deformadas do mestre.

O primeiro trabalho artístico importante do Aleijadinho data de 1766, quando recebeu a incumbência de projetar a Igreja de São Francisco, de Ouro Preto, para a qual realizou, posteriormente várias outras obras. Quatro anos depois, desenvolveu trabalhos para a Igreja do Carmo, de Sabará. Em seguida trabalhou para a Igreja de São Francisco, de São João del Rei. Enfim, ele recebia muitas encomendas, e às vezes, prestava seus serviços em obras de duas ou mais cidades simultaneamente.

No final do século XVIII, ele se encontra em Congonhas, onde permaneceu de 1795 a 1805, trabalhando para o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, para o qual esculpiu os Profetas em pedra-sabão e as estátuas em madeira dos Passos da Paixão. Seu último trabalho, de 1810, foi o novo risco da fachada da Matriz de Santo Antônio, em Tiradentes.

Ficou cego pouco depois, e viveu os últimos anos sob os cuidados de Joana Lopes, sua nora. Faleceu em 1814, aos 76 anos de idade, tendo sido sepultado no interior da Matriz de Antônio Dias, em Ouro Preto.

(continuarei com Mestre Ataíde)

Fonte: Cidades Históricas e o Barroco Mineiro / Divalte Garcia Figueira



MOVIMENTO POP-ART



Pop-art foi o movimento que floresceu no final da década de 50 até o início da década de 70, principalmente na Grã-Bretanha e Estados Unidos, baseando-se no consumismo e na cultura popular. Utilizando os próprios objetos, em vez de representá-los plasticamente, os pop-artists, lançaram novo realismo. No entanto este realismo feito com a própria realidade adquire poderes transfiguradores, não só pelo deslocamento dos objetos de suas finalidades lógicas na vida prática, revestindo-se de valores práticos na composição como ainda pelas associações de idéias que suscitam no espírito do contemplador, como ocorre no realismo visual dos surrealistas figurativos.

Os recursos que usavam em suas composições eram semelhantes ao temas, símbolos e os produtos industriais que usavam para a comunicação em massa: Lâmpadas, dentifrícios, automóveis, eletrodomésticos, enlatados e até as imagens de grandes artistas norte-americanos, como no caso de Marilyn.

A Pop-art procurava expressar a realidade do momento, da vida das pessoas no seu aspecto puramente simples e dominada pela indústria e tecnologia. Sob novas modalidades carregavam demais agressivas sugestões, desde o lirismo ao humor negro e à sátira social. A Pop-art tem as suas raízes nas colagens dadaístas.

Andy Warhol 1928 / 1987. O ícone da arte pop, Andy consagrou-se com o retrato repetido à exaustão, de Marilyn Monroe. Não havia imagem melhor para consagrá-lo e eternizar a bela Marilyn. Warhol deu continuidade o que Duchamp fizera 40 anos antes levando ao museu ‘A Fonte’, um urinol como objeto de arte.

Com várias nuances de cor, Marilyn virou coqueluche. A pop art começou com a apropriação de objetos que, para surtir efeito precisava multiplicar-se, nos mesmos moldes da publicidade, da imprensa e da indústria das celebridades. Este era um dos segredos.

Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Rauschemberg, Jarspers Johns, Larry Rivers, Borie Lurie, Peter Blake, Wayne Thiebaud e James Rosenquist são nomes que integraram este movimento. Não tem dúvida que veio para revolucionar as artes, como também trazer polêmica.


2.11.08

SANTOS BARROCOS


- por tais luso - santos a óleo, folhados a ouro / 80 cm alt


Nas primeiras décadas do século XVIII, Minas Gerais exibiu o luxo e o esplendor da arte Barroca em suas igrejas, em seus santos e ornamentos decorativos. Foi uma época de pujança, de um estilo impactante, onde o ouro predominava em toda a arte sacra.

Há muitos anos venho me dedicando a esta arte desenvolvendo várias técnicas, com pouco envelhecimento para que o estilo Barroco conserve as características do luxo e da beleza, mantendo em minhas imagens as feições delicadas e singelas, como eram originalmente as Imagens Sacras.

Meu objetivo é transmitir emoção, através de traços que possam levar esperança, conforto
e ternura, independente de minha postura religiosa. Trabalho pensando em quem tem fé ou em alguém que esteja em busca dela.


27.10.08

KATHE KOLLWITZ

Desenho de Kathe Kollwitz
Kathe Schmidt nasceu em 1867, em Konigsberg. Filha de um ex-estudante de direito, forçado - por motivos políticos - a trocar a vida acadêmica pelo ofício de pedreiro. Desde os 13 anos Kathe começou a aprender desenho. Mais tarde foi para Berlim e Munique, onde se naturalizou com o movimento naturalista, então em plena expansão.

Em 1891 se casa com o jovem médico Karl Kollowitz, mudando-se então para Berlim. Divide seu tempo em ajudar o marido, mãe de dois filhos e artista.
Expôs pela primeira vez em 1893 chamando a atenção da crítica berlinense. A série ‘Levante dos Tecelões’ em 1893, na Grande Exposição de Arte de Berlim alicerça a fama da artista, reafirmada em novos trabalhos.
 
Em 1908 recebe o prêmio Vila Romana – uma bolsa custeando os estudos em Florença. Após perder seu filho em 1914, um jovem de 18 anos, nos campos de batalha de Flandres ficou muito abalada, o que veio a repercutir em muitas de suas obras.
 

Em 1919 a artista tornou-se membro da Academia de Artes da Prússia, cujo estúdio de artes gráficas dirigiu a partir de 1928. Após 1933 sua arte foi proscrita pelo regime nazista.
Kathe faleceu em 1945, quinze dias antes do fim da guerra. Deixou inúmeros trabalhos de grande relevância.
Acima, à direita, Pietá / de Kathe Kollwitz.

26.10.08

MÚMIAS E TUMBAS DO EGITO ANTIGO

Decoração da tumba de Tutancâmon


Para que a alma pudesse continuar vivendo e pudesse voltar à terra, era preciso que na terra permanecesse um suporte material que a recebesse. Esse suporte seria a Múmia. Depois de preparada e consagrada não poderia nem ser olhada, quanto mais tocada. Se a tocassem ou a destruíssem, fosse profanada de qualquer maneira, a alma ficaria sofrendo para todo o sempre. Para que isso fosse evitado, os egípcios ocultavam o mais que podiam, escondendo-a em labirintos, escavados nas montanhas ou colocando-a debaixo de monumentos colossais, que por seu material e forma também fossem eternos.


Esse sentimento do eterno, conseqüência da crença na imortalidade da alma dominou o egípcio e sua arte. A inscrição ‘duração eterna’ , encontra-se freqüentemente nos monumentos. Essa vontade dominadora de vencer a morte traduz-se pela arquitetura grandiosa. O colossal é sinônimo de eterno. Esse conceito ou sentimento do eterno o egípcio expressou-o nas pirâmides – forma ainda não superada.


Mas poderia acontecer que a múmia fosse destruída, mas essa eventualidade fora prevista. Para preveni-la, colocavam no interior do túmulo uma estátua do morto, destinada a receber a alma, na falta ou destruição da múmia. Deveria, também, ser eterna, não quebrar-se com facilidade. Esses cuidados de natureza religiosa conferiram à escultura egípcia características próprias, para isso o material empregado deveria ser muito resistente. Esculpiam geralmente com pedras rijas, como o granito, basalto e outras.


A estátua era concebida dentro de composição unitária e fechada. Os braços e pernas juntos ao corpo, conservando-se dentro do bloco originário. Geralmente o pescoço, parte vulnerável das estátuas, era reforçado por meio do ‘klaft’, aquele pano na cabeça, caindo pelos ombros e da barba estilizada, para que evitasse se quebrarem com facilidade. Procuravam deixar tudo no mesmo bloco e juntos.
Tudo era alegremente decorado com flores, pois acreditavam na eternidade da alma. Os afrescos eram feitos diretamente nas paredes e muros, com tinta durável e feitos com argamassa, cuidadosamente escolhidos para evitar impurezas. Enquanto o revestimento estava úmido, o pintor desenhava e pintava, daí o nome de afrescos.


O VALE DOS REIS MORTOS


Á margem ocidental do Nilo, próximo a Luxor, Tutmés I construiu, secretamente, no Vale dos Reis, seu túmulo, com o objetivo de que seus despojos ficassem a salvo dos saqueadores que violavam os túmulos dos reis e personalidades de destaque em busca de tesouros.


As tumbas eram construídas no interior das montanhas, muitas vezes até 200 metros abaixo da superfície. Esses cuidados, no entanto, não impediram que bandos organizados encontrassem os tesouros enterrados juntos aos faraós. A descoberta da tumba de Tutancâmon, em 1922, com seus tesouros intactos, surpreendeu o mundo inteiro.


A múmia de Tutancâmon estava protegida por três sarcófagos, um dentro do outro: um de madeira dourada, outro de madeira dourada e com incrustações de pedras preciosas, e o terceiro em ouro maciço com aplicações de lápis-lazúli, coralinas e turquesas que guardavam o corpo do faraó.


O Vale dos Mortos descobertos recentemente, com mais de sessenta tumbas, é um dos pontos turísticos do Egito. Com belas pinturas murais, narra as alegrias e as tristezas da vida além da morte. A um quilômetro do Vale dos Reis ficava o Vale das Rainhas, com cerca de oitenta tumbas, mas quase todas destruídas.


Museu do Cairo guarda os tesouros de Tutancâmon e de outros tesouros do antigo Egito: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/egito/museu-do-cairo.php


Acima foto da tumba de Tutancâmon
Sarcófago aberto ( à direita / centro)



21.10.08

O ACADEMISMO / ARTE


obra de ludovico carracci

Após o desaparecimento dos grandes mestres renascentistas, dos quais Ticiano foi o último, a pintura italiana sofreu sensível decadência surgindo numerosos artistas denominados ‘maneiristas’. Desenhavam e coloriam muito bem, com extrema facilidade, mas eram carentes de poder expressivo. Possuíam apenas a técnica, mas não transmitiam emoção, coisa própria dos artistas. Era o caso desses ‘maneiristas’ que fervilhavam pela Itália. Foi, então, em face disso, que três pintores resolveram fundar na cidade de Bolonha, uma academia de pintura, que mais tarde veio a ficar famosa. Os três eram parentes, os Carracci – Aníbal (1560/1609), Agostinho (1557/1602) e Ludovico (1555/1619).


Em 1585 a academia recebeu o nome de ‘Academia dos Bem Encaminhados’, e aí estão as raízes da pintura acadêmica, apesar de várias delas terem surgido ao longo da história da arte; várias tentativas foram feitas para emancipar os artistas das associações corporativas de operários, artesãos e negociantes. Mas a que primeiro vingou foi essa, a dos Carracci. Segundo a doutrina deles, a pintura se destinaria a representar, temas, assuntos, cenas e acontecimentos de valor elevado, de ordem moral e espiritual. A inspiração deveria vir, portanto, da mitologia grega, das histórias Sagrada e Antiga, buscando sempre idealizar o homem e a vida. Portanto o pintor deveria ser erudito, conhecedor de história, religião, literatura e filosofia. Precisavam conhecer anatomia, porque a essência da beleza estava no corpo humano, corretamente proporcional.
 
Ainda, segundo o programa dos Carracci, os mestres do Renascimento haviam sido insuperáveis em determinadas técnicas e recursos expressivos: Leonardo Da Vinci era mestre na técnica do ‘claro-escuro’; Miguel Ângelo, no desenho; Rafael, na composição; Ticiano, no colorido. Então, para que um pintor produzisse uma obra prima, bastaria reunir todas as qualidades marcantes desses mestres. Porém como esses mestres alcançaram essas técnicas inspirando-se nas obras da antiguidade clássica greco-romana, o programa dos Carracci determinava que o pintor deveria começar a aprender desenho copiando as cópias das estátuas antigas, gregas e romanas, para depois passarem a desenhar diretamente a figura humana, o modelo profissional de atelier, bem proporcionado, bonito, em atitudes copiadas das estátuas clássicas.



As academias, de maneira geral, sustentam a opinião de que se deve exigir de todo o artista, um certo padrão de qualidade técnica e artesanal. Porém, grande parte dos melhores e mais criativos artistas do século XIX colocaram-se à margem das academias e buscaram canais alternativos para exibirem suas obras.
                 William Bouguereau


18.10.08

MARCEL DUCHAMP / A ANTIARTE

A Fonte / 1917 - Duchamp


- Tais Luso de Carvalho 


Marcel Duchamp nasceu na França 1887. Foi um dos precursores da arte conceitual e introduziu a idéia de ready-mades (objeto pronto) como obra de arte. Começou como pintor impressionista, expressionista e cubista. Nessa fase pintou o quadro 'Nu Descendo Escada', uma sobreposição de figuras que lembra algo de humano. Porém foi como escultor que Duchamp atingiu a fama, deixando a Europa e indo trabalhar nos Estados Unidos, onde encontrou campo fértil para desenvolver sua arte dadaísta (movimento de vanguarda iniciado em Zurique, 1915, por escritores e artistas).

O DADAÍSMO era um movimento de caráter anti-racional, em oposição a qualquer tipo de equilíbrio. Movimento de intensa revolta contra o conformismo, em que as forças da criação artística foram colocadas a serviço da antiarte. O movimento surgiu de um espírito de desilusão gerado pela Primeira Guerra Mundial, a qual alguns artistas reagiram com um misto de ironia, cinismo e niilismo anárquico. Os artistas usavam de gracejos grosseiros e de provocações, como mais tarde o próprio Duchamp veio a confessar.

Enfatizou o ilógico e o absurdo, exagerando-se a importância do acaso na produção artística. O objetivo era chocar o público que se alimentava dos valores tradicionais.

Antes do final da Primeira Guerra Mundial via-se já, o movimento em Barcelona, Berlim, Colônia, Hanover, Nova York e Paris. Juntaram-se a este movimento grupos da Áustria, Bélgica, Holanda e outros países. E Paris veio abrigar, em 1922, a primeira exposição internacional dadaísta.

No campo da pintura houve tentativas de desenvolvimento das técnicas cubistas, porém o que definiu o movimento foram os poemas aleatórios e o ready-made. Em Paris o movimento deu mais importância à literatura e sua inclinação para o absurdo e para o extravagante, isso deu suporte para o surrealismo. Suas técnicas de criação foram empregadas, também, pelos expressionistas abstratos. A arte conceitual também tem suas raízes neste movimento. O espírito dos Dadaístas não desapareceu inteiramente, suas características foram mantidas pela cultura junk e pela arte pop, que era conhecida nos Estados Unidos pelo nome de neodadá.

Em 1912, Duchamp monta uma roda de bicicleta, sobre um banquinho de cozinha, inventa o ready-mades; posteriormente traz, a público, uma caixa de garrafas comprada num armazém parisiense e um urinol - a este último, assinando R. Mutt, e deu o nome de 'Fonte'. Em outro de seus celebres gestos provocativos apossa-se da clássica obra de Mona Lisa e acrescenta-lhe um bigode, cavanhaque e uma inscrição obscena.

O conceito do ready-mades parece originar-se da convicção de Duchamp de que a vida é um absurdo, sem sentido. Segundo ele, qualquer objeto torna-se uma obra de arte se o retirarmos do limbo dos objetos indiferenciados, e o declararmos como tal. Duchamp, em outras ocasiões declarou que os ready-mades não eram arte, e sim antiarte, afirmando que nenhuma arte tinha valor.

Na década de 20, Duchamp combinou a idéia de máquina com a de futilidade, construindo elaboradas geringonças mecânicas que foram consideradas precursoras da arte cinética. Após deixar 'O Grande Vidro' - inacabado - abandonou a arte pelo xadrez. De seu casamento, ocorrido em 1927, seu amigo Man Ray escreveu: “Duchamp passou a maior parte da única semana que viveu com sua mulher estudando problemas de xadrez: ela, em desesperada retaliação, acordou certa noite e colou as peças no tabuleiro. Os dois divorciaram-se 3 meses depois”.

Duchamp tornou-se uma lenda ainda em vida. Tanto no cotidiano quanto em suas realizações artísticas, fez mais do que todos de seus colegas para modificar as concepções de arte no século XX. Tentou, sem sucesso, como ele mesmo reconheceu, destruir a mística do gosto ou desmontar o conceito de beleza estética, e em 1962 disse: "Quando descobri os ready-mades, pensei em desencorajar a estética... Joguei na cara de todos uma caixa de garrafas e um urinol, que são hoje admirados por sua beleza estética".

Também tenho curiosidade de ver a arte que não é arte, segundo Dechamp... Certos tipos de arte que apresentam nas bienais não conseguem, sequer, formar um elo de compreensão entre o criador e o expectador: fica um vazio. Gosto de todos os períodos da arte, de todas as escolas e de vários movimentos, porém, acho que o principal num artista é querer comunicar-se através de sua obra, é querer passar algo. E fica a dúvida: o artista quer apenas se expressar ou quer ser, também, compreendido? Daí o ‘vazio das bienais’ que fala Affonso Romano. (links abaixo)

Mais sobre Duchamp clique aqui. (neste blog)


11.10.08

CUBISMO 2 / OBRAS



Picasso

 Clique aqui para ler o texto e mais obras:  CUBISMO l 

Retrato de Picasso / Juan Gris - 1912
Guernica
Os pombos e as ervilhas / Picasso


   Clique aqui para ler texto sobre  CUBISMO l