27.10.08

KATHE KOLLWITZ

Desenho de Kathe Kollwitz
Kathe Schmidt nasceu em 1867, em Konigsberg. Filha de um ex-estudante de direito, forçado - por motivos políticos - a trocar a vida acadêmica pelo ofício de pedreiro. Desde os 13 anos Kathe começou a aprender desenho. Mais tarde foi para Berlim e Munique, onde se naturalizou com o movimento naturalista, então em plena expansão.

Em 1891 se casa com o jovem médico Karl Kollowitz, mudando-se então para Berlim. Divide seu tempo em ajudar o marido, mãe de dois filhos e artista.
Expôs pela primeira vez em 1893 chamando a atenção da crítica berlinense. A série ‘Levante dos Tecelões’ em 1893, na Grande Exposição de Arte de Berlim alicerça a fama da artista, reafirmada em novos trabalhos.
 
Em 1908 recebe o prêmio Vila Romana – uma bolsa custeando os estudos em Florença. Após perder seu filho em 1914, um jovem de 18 anos, nos campos de batalha de Flandres ficou muito abalada, o que veio a repercutir em muitas de suas obras.
 

Em 1919 a artista tornou-se membro da Academia de Artes da Prússia, cujo estúdio de artes gráficas dirigiu a partir de 1928. Após 1933 sua arte foi proscrita pelo regime nazista.
Kathe faleceu em 1945, quinze dias antes do fim da guerra. Deixou inúmeros trabalhos de grande relevância.
Acima, à direita, Pietá / de Kathe Kollwitz.

26.10.08

MÚMIAS E TUMBAS DO EGITO ANTIGO

Decoração da tumba de Tutancâmon


Para que a alma pudesse continuar vivendo e pudesse voltar à terra, era preciso que na terra permanecesse um suporte material que a recebesse. Esse suporte seria a Múmia. Depois de preparada e consagrada não poderia nem ser olhada, quanto mais tocada. Se a tocassem ou a destruíssem, fosse profanada de qualquer maneira, a alma ficaria sofrendo para todo o sempre. Para que isso fosse evitado, os egípcios ocultavam o mais que podiam, escondendo-a em labirintos, escavados nas montanhas ou colocando-a debaixo de monumentos colossais, que por seu material e forma também fossem eternos.


Esse sentimento do eterno, conseqüência da crença na imortalidade da alma dominou o egípcio e sua arte. A inscrição ‘duração eterna’ , encontra-se freqüentemente nos monumentos. Essa vontade dominadora de vencer a morte traduz-se pela arquitetura grandiosa. O colossal é sinônimo de eterno. Esse conceito ou sentimento do eterno o egípcio expressou-o nas pirâmides – forma ainda não superada.


Mas poderia acontecer que a múmia fosse destruída, mas essa eventualidade fora prevista. Para preveni-la, colocavam no interior do túmulo uma estátua do morto, destinada a receber a alma, na falta ou destruição da múmia. Deveria, também, ser eterna, não quebrar-se com facilidade. Esses cuidados de natureza religiosa conferiram à escultura egípcia características próprias, para isso o material empregado deveria ser muito resistente. Esculpiam geralmente com pedras rijas, como o granito, basalto e outras.


A estátua era concebida dentro de composição unitária e fechada. Os braços e pernas juntos ao corpo, conservando-se dentro do bloco originário. Geralmente o pescoço, parte vulnerável das estátuas, era reforçado por meio do ‘klaft’, aquele pano na cabeça, caindo pelos ombros e da barba estilizada, para que evitasse se quebrarem com facilidade. Procuravam deixar tudo no mesmo bloco e juntos.
Tudo era alegremente decorado com flores, pois acreditavam na eternidade da alma. Os afrescos eram feitos diretamente nas paredes e muros, com tinta durável e feitos com argamassa, cuidadosamente escolhidos para evitar impurezas. Enquanto o revestimento estava úmido, o pintor desenhava e pintava, daí o nome de afrescos.


O VALE DOS REIS MORTOS


Á margem ocidental do Nilo, próximo a Luxor, Tutmés I construiu, secretamente, no Vale dos Reis, seu túmulo, com o objetivo de que seus despojos ficassem a salvo dos saqueadores que violavam os túmulos dos reis e personalidades de destaque em busca de tesouros.


As tumbas eram construídas no interior das montanhas, muitas vezes até 200 metros abaixo da superfície. Esses cuidados, no entanto, não impediram que bandos organizados encontrassem os tesouros enterrados juntos aos faraós. A descoberta da tumba de Tutancâmon, em 1922, com seus tesouros intactos, surpreendeu o mundo inteiro.


A múmia de Tutancâmon estava protegida por três sarcófagos, um dentro do outro: um de madeira dourada, outro de madeira dourada e com incrustações de pedras preciosas, e o terceiro em ouro maciço com aplicações de lápis-lazúli, coralinas e turquesas que guardavam o corpo do faraó.


O Vale dos Mortos descobertos recentemente, com mais de sessenta tumbas, é um dos pontos turísticos do Egito. Com belas pinturas murais, narra as alegrias e as tristezas da vida além da morte. A um quilômetro do Vale dos Reis ficava o Vale das Rainhas, com cerca de oitenta tumbas, mas quase todas destruídas.


Museu do Cairo guarda os tesouros de Tutancâmon e de outros tesouros do antigo Egito: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/egito/museu-do-cairo.php


Acima foto da tumba de Tutancâmon
Sarcófago aberto ( à direita / centro)



21.10.08

O ACADEMISMO / ARTE


obra de ludovico carracci

Após o desaparecimento dos grandes mestres renascentistas, dos quais Ticiano foi o último, a pintura italiana sofreu sensível decadência surgindo numerosos artistas denominados ‘maneiristas’. Desenhavam e coloriam muito bem, com extrema facilidade, mas eram carentes de poder expressivo. Possuíam apenas a técnica, mas não transmitiam emoção, coisa própria dos artistas. Era o caso desses ‘maneiristas’ que fervilhavam pela Itália. Foi, então, em face disso, que três pintores resolveram fundar na cidade de Bolonha, uma academia de pintura, que mais tarde veio a ficar famosa. Os três eram parentes, os Carracci – Aníbal (1560/1609), Agostinho (1557/1602) e Ludovico (1555/1619).


Em 1585 a academia recebeu o nome de ‘Academia dos Bem Encaminhados’, e aí estão as raízes da pintura acadêmica, apesar de várias delas terem surgido ao longo da história da arte; várias tentativas foram feitas para emancipar os artistas das associações corporativas de operários, artesãos e negociantes. Mas a que primeiro vingou foi essa, a dos Carracci. Segundo a doutrina deles, a pintura se destinaria a representar, temas, assuntos, cenas e acontecimentos de valor elevado, de ordem moral e espiritual. A inspiração deveria vir, portanto, da mitologia grega, das histórias Sagrada e Antiga, buscando sempre idealizar o homem e a vida. Portanto o pintor deveria ser erudito, conhecedor de história, religião, literatura e filosofia. Precisavam conhecer anatomia, porque a essência da beleza estava no corpo humano, corretamente proporcional.
 
Ainda, segundo o programa dos Carracci, os mestres do Renascimento haviam sido insuperáveis em determinadas técnicas e recursos expressivos: Leonardo Da Vinci era mestre na técnica do ‘claro-escuro’; Miguel Ângelo, no desenho; Rafael, na composição; Ticiano, no colorido. Então, para que um pintor produzisse uma obra prima, bastaria reunir todas as qualidades marcantes desses mestres. Porém como esses mestres alcançaram essas técnicas inspirando-se nas obras da antiguidade clássica greco-romana, o programa dos Carracci determinava que o pintor deveria começar a aprender desenho copiando as cópias das estátuas antigas, gregas e romanas, para depois passarem a desenhar diretamente a figura humana, o modelo profissional de atelier, bem proporcionado, bonito, em atitudes copiadas das estátuas clássicas.



As academias, de maneira geral, sustentam a opinião de que se deve exigir de todo o artista, um certo padrão de qualidade técnica e artesanal. Porém, grande parte dos melhores e mais criativos artistas do século XIX colocaram-se à margem das academias e buscaram canais alternativos para exibirem suas obras.
                 William Bouguereau


18.10.08

MARCEL DUCHAMP / A ANTIARTE

A Fonte / 1917 - Duchamp


- Tais Luso de Carvalho 


Marcel Duchamp nasceu na França 1887. Foi um dos precursores da arte conceitual e introduziu a idéia de ready-mades (objeto pronto) como obra de arte. Começou como pintor impressionista, expressionista e cubista. Nessa fase pintou o quadro 'Nu Descendo Escada', uma sobreposição de figuras que lembra algo de humano. Porém foi como escultor que Duchamp atingiu a fama, deixando a Europa e indo trabalhar nos Estados Unidos, onde encontrou campo fértil para desenvolver sua arte dadaísta (movimento de vanguarda iniciado em Zurique, 1915, por escritores e artistas).

O DADAÍSMO era um movimento de caráter anti-racional, em oposição a qualquer tipo de equilíbrio. Movimento de intensa revolta contra o conformismo, em que as forças da criação artística foram colocadas a serviço da antiarte. O movimento surgiu de um espírito de desilusão gerado pela Primeira Guerra Mundial, a qual alguns artistas reagiram com um misto de ironia, cinismo e niilismo anárquico. Os artistas usavam de gracejos grosseiros e de provocações, como mais tarde o próprio Duchamp veio a confessar.

Enfatizou o ilógico e o absurdo, exagerando-se a importância do acaso na produção artística. O objetivo era chocar o público que se alimentava dos valores tradicionais.

Antes do final da Primeira Guerra Mundial via-se já, o movimento em Barcelona, Berlim, Colônia, Hanover, Nova York e Paris. Juntaram-se a este movimento grupos da Áustria, Bélgica, Holanda e outros países. E Paris veio abrigar, em 1922, a primeira exposição internacional dadaísta.

No campo da pintura houve tentativas de desenvolvimento das técnicas cubistas, porém o que definiu o movimento foram os poemas aleatórios e o ready-made. Em Paris o movimento deu mais importância à literatura e sua inclinação para o absurdo e para o extravagante, isso deu suporte para o surrealismo. Suas técnicas de criação foram empregadas, também, pelos expressionistas abstratos. A arte conceitual também tem suas raízes neste movimento. O espírito dos Dadaístas não desapareceu inteiramente, suas características foram mantidas pela cultura junk e pela arte pop, que era conhecida nos Estados Unidos pelo nome de neodadá.

Em 1912, Duchamp monta uma roda de bicicleta, sobre um banquinho de cozinha, inventa o ready-mades; posteriormente traz, a público, uma caixa de garrafas comprada num armazém parisiense e um urinol - a este último, assinando R. Mutt, e deu o nome de 'Fonte'. Em outro de seus celebres gestos provocativos apossa-se da clássica obra de Mona Lisa e acrescenta-lhe um bigode, cavanhaque e uma inscrição obscena.

O conceito do ready-mades parece originar-se da convicção de Duchamp de que a vida é um absurdo, sem sentido. Segundo ele, qualquer objeto torna-se uma obra de arte se o retirarmos do limbo dos objetos indiferenciados, e o declararmos como tal. Duchamp, em outras ocasiões declarou que os ready-mades não eram arte, e sim antiarte, afirmando que nenhuma arte tinha valor.

Na década de 20, Duchamp combinou a idéia de máquina com a de futilidade, construindo elaboradas geringonças mecânicas que foram consideradas precursoras da arte cinética. Após deixar 'O Grande Vidro' - inacabado - abandonou a arte pelo xadrez. De seu casamento, ocorrido em 1927, seu amigo Man Ray escreveu: “Duchamp passou a maior parte da única semana que viveu com sua mulher estudando problemas de xadrez: ela, em desesperada retaliação, acordou certa noite e colou as peças no tabuleiro. Os dois divorciaram-se 3 meses depois”.

Duchamp tornou-se uma lenda ainda em vida. Tanto no cotidiano quanto em suas realizações artísticas, fez mais do que todos de seus colegas para modificar as concepções de arte no século XX. Tentou, sem sucesso, como ele mesmo reconheceu, destruir a mística do gosto ou desmontar o conceito de beleza estética, e em 1962 disse: "Quando descobri os ready-mades, pensei em desencorajar a estética... Joguei na cara de todos uma caixa de garrafas e um urinol, que são hoje admirados por sua beleza estética".

Também tenho curiosidade de ver a arte que não é arte, segundo Dechamp... Certos tipos de arte que apresentam nas bienais não conseguem, sequer, formar um elo de compreensão entre o criador e o expectador: fica um vazio. Gosto de todos os períodos da arte, de todas as escolas e de vários movimentos, porém, acho que o principal num artista é querer comunicar-se através de sua obra, é querer passar algo. E fica a dúvida: o artista quer apenas se expressar ou quer ser, também, compreendido? Daí o ‘vazio das bienais’ que fala Affonso Romano. (links abaixo)

Mais sobre Duchamp clique aqui. (neste blog)


11.10.08

CUBISMO 2 / OBRAS



Picasso

 Clique aqui para ler o texto e mais obras:  CUBISMO l 

Retrato de Picasso / Juan Gris - 1912
Guernica
Os pombos e as ervilhas / Picasso


   Clique aqui para ler texto sobre  CUBISMO l

21.9.08

O ARTISTA DAMIEN HIRST


Bezerro de ouro, no formol / Hirst


- Tais Luso de Carvalho 

Damien Hirst é um artista inglês, o mais importante do Reino Unido, da atualidade. Sua ascensão ocorreu especialmente nos anos 90, dedicando-se aos temas como vida, amor, verdade, imortalidade, religião e morte. É o artista vivo mais cotado no mercado internacional. Sua obra intitulada ‘Pelo amor de Deus’, um crânio humano envolto em camada de platina e com mais de oito mil diamantes foi vendido - em 2007 - por nada menos do que cem milhões de dólares a um grupo de investidores.


O artista causou ‘frisson’ ao abandonar o tradicional método de vender as obras por intermédio de agentes e galerias, optando por levar seus trabalhos diretamente para a casa de leilões Sotheby’s. Arrecadou 125 milhões de dólares na última segunda-feira. Em 1993, um evento semelhante, com as obras de Picasso arrecadou 20 milhões de dólares. O ‘Bezerro de Ouro’, de Hirst, alcançou, agora, 16, 5 milhões de dólares.


Provocante, Hirst convida o público a refletir sobre estes temas diante de uma carcaça de touro crivada de flechas, telas a óleo recriando cirurgias de parto, tubarões preservados em formol, esqueleto infantil, feito de prata e dentro de uma incubadora (perturbador de se ver), animais com cabeça decepada, dentro de um tanque de formol, e por aí afora...


Nascido em 1965 em Bristol, ganhou fama internacional com a série ‘Natural History’, que consistia na exibição de animais mortos, conservados em formol, criando imagens que causam desconforto e questionam o sentido da vida. Conhecidos, também, e apreciados, são seus ‘spot paintings’, círculos coloridos.


Participou de numerosas exposições da arte contemporânea, vindo desde os anos 90 até hoje. Mas a morte é o centro das atenções de Damien Hirst. Atualmente vive e trabalha em Londres e Devon.


Suas obras são consideradas ‘arte mórbida’, porém tem seus admiradores e colecionadores... Seu patrimônio é estimado em 1 bilhão de dólares.


Caso alguém queira ver as obras de Damien Hirst, é só colocar seu nome no google e clicar em imagens. Não quis postar aqui as obras mais impactantes, como os animais sem cabeça, o touro morto cravado de flechas - com o olhar semi-aberto - e o esqueleto da criança numa incubadora... como outras obras mais fortes.



18.9.08

ROCOCÓ

obra de Watteau

Matéria neste link: Cique aqui.


O Balanço / Joan Honoré Fragonard - 1766
Fragonard




13.9.08

PINTURA E ESTILO GÓTICO


Se algum estilo parece englobar tudo quanto distingue a Idade Média, do mundo clássico da Grécia e de Roma, esse estilo é certamente o Gótico. Mas esse estilo arquitetônico se difere na França, na Inglaterra, na Bélgica, na Alemanha, na Itália, na Espanha por absorverem influências de outras culturas. 

Partindo da arquitetura do século XII, o gótico era ditado  quase exclusivamente para fins religiosos. Na Itália, foi Giotto, pintor da época da transição, entre o gótico e o Pré-Renascimento , que estabeleceu novos critérios.

E foi em pleno Renascimento que se deu a classificação de gótico ao estilo das belas catedrais construídas nos séculos XII e XIII em moldes aparentemente bem diverso das basílicas românicas.

Atribui-se a Jorge Vasari, escritor da época e discípulo de Michelangelo, a difusão do termo, com o sentido de censura, que envolvia o mais belo estilo arquitetônico da idade Média. Desse movimento saiu a nova designação daquela arte que passou a ser 'ogival' (arco quebrado) um dos elementos de que sua estrutura era composta. (foto abaixo).

Entre os anos de 1200 a 1400 a pintura européia pode ser caracterizada pela libertação de duas influências dominadoras: a dos mosaicos e ícones bizantinos, muito convencionais e rígidos, e a das miniaturas – ilustrações feitas à mão dos livros medievais. 

O Relicário de São Taurino 1240-53 (abaixo), em prata e cobre dourado com placas de esmalte. Alt., 7- cm Igreja de São Taurino / Normandia. Ilustra a transição verificada nesse tipo de objeto, em meados do sé.XIII. Era concebido como tumba, e passou a inspirar-se na forma de igrejas ou capelas.



À medida que a sociedade européia começa a emergir da economia agrária e artesanal da Idade Média, para alcançar a economia manufatureira e mercantilista da Renascença, começam também a desaparecer as formas artísticas correspondentes que na pintura se expressavam justamente pelos estilos românico e bizantino. Ao vitral, no entanto, pertencem as maiores honras da pintura gótica. 



O pintor gótico do norte da Europa era bastante analítico e, pela veemência do sentimento religioso, muito simbólico e formador de imagens da realidade. Porém estava voltando gradualmente à observação da natureza, à representação realista do mundo à base de sensações. Não era mais o místico bizantino ou românico que representava a realidade à base de idéias religiosas carregadas de simbolismo. Voltou a transmitir a ilusão de espaço e do volume, aplicando a perspectiva, o claro e o escuro, assim com maior realismo na paisagem e nos movimentos do corpo.

No último período da arte gótica, as formas tornaram-se rebuscadas e miúdas  aproveitado-se de folhas de salsa,  de couve, da chicória e outras, para temas de ornamentação. 

Na última fase da pintura gótica, nos anos de 1400 a 1500, apareceram os pintores pré-renascentistas. Distinguiam-se pela progressiva libertação do convencionalismo bizantino e da minúcia oriunda das miniaturas. Os italianos Giotto (1266-1336) e Masaccio (1401-1428) antecipam essa libertação. 

Na transição da pintura gótica para a pintura renascentista ocorreram acontecimentos de enorme conseqüência na técnica de pintar: descobriram e aperfeiçoaram a pintura a óleo dissolvidas no óleo de linhaça. 

A pintura gótica tem as mesmas características da pintura bizantina e românica e é, na sua maior parte, substituída pelo vitral, maravilhosa criação do espírito medieval. (fig. abaixo)

A arte gótica é também chamada de Arte das Catedrais ou arte das Ogivas. Surge no final do século XII, na França. É Uma fusão de elementos clássicos, bizantinos e bárbaros. 

Giotto, como um dos maiores representantes do estilo gótico, tem como sua principal característica  a aproximação dos santos com o ser humano. Assim, a pintura de Giotto dá uma humanização do mundo até a chegada do Renascimento.

Suas maiores obras são os Afrescos da Igreja de São Francisco de Assis na (Itália) e Retiro de São Joaquim entre os Pastores.



Pintura Gótica / Espanha


Arcos Ogivais
Três elementos essenciais precisam reunir-se para que o estilo gótico se caracterize:
- o arco quebrado ou ogival
- a abóbada de arestas sobre cruzamentos de ogivas
- arco botante

Matriz de Espinho / Portugal
Ao vitral pertencem as maiores honras da pintura Gótica



Mais Arte Gótica no blog: AQUI

Fontes:
Estilos Artísticos - Armando de Lucena /Lisboa 1939 (raridade)
O Mundo da Arte - Ed.Expressão e Cultura / Mundo Medieval

10.9.08

PINTURA CRISTÃ PRIMITIVA

Pintura cristã primitiva / catacumba


Depois de Roma antiga, chega-se a um ponto culminante, não só da história da pintura, como da história da própria humanidade européia. O advento do Cristianismo, feito religião oficial do Império Romano, pelo Imperador Constantino, no ano de 313, em Milão.


Às portas da Idade Média. Nasce a primitiva pintura cristã, que vem da obscuridade e do temor das catacumbas.


Como a neolítica, a egípcia, a grega arcaica e diversas tendências, afasta-se da observação direta da realidade, embora figurativa, porque está de novo a serviço exclusivo da religião. Por isso deixa de ser realista para tornar-se simbólica e deformar as imagens da realidade. Possuindo do mundo uma concepção mística e não a racionalista, como o possuíam o grego clássico e o romano, o pintor cristão primitivo fecha os olhos à realidade exterior para abri-los às suas realidades interiores de crente. Representa verdadeiras abstrações – os dogmas e mistérios da nova fé, ora de forma abstrata, ora de forma figurativa


Mas a fase anterior ao reconhecimento chama-se Catacumbária, porque as suas manifestações ocorriam em catacumbas e cemitérios subterrâneos onde os primeiros cristãos enterravam seus mortos. Esta fase estendeu-se do séc I ao IV.


Arte nas catacumbas
Nos primórdios da era cristã, a arte toma características totalmente diversas da encontrada até o Império Romano. Inicialmente os cristãos eram proibidos de praticar seus cultos, mas após o século IV, Constantino libera e oficializa a religião cristã  que passa a ser religião também das classes ricas. A primitiva pintura cristã inspira-se diretamente nas formas da pintura pagã helenística e romana. 
Isto ocasionou duas grandes divisões na Arte Cristã Primitiva: 


- Arte Paleocristã ou das Catacumbas 
- Arte Triunfal.


A primeira - Paleocristã - desenvolve-se em Roma e a segunda Triunfal, tem suas origens no Oriente e, após, estende-se para o Ocidente.

Quando os cristãos refugiaram-se nas catacumbas - pela perseguição dos imperadores romanos – ficou como registro uma arte pobre, em razão da vida em que foram obrigados a levar, porem apresentavam pinturas, esculturas, poesia e música. A pintura é mural, ornamental e figurativa em afresco. 


Episódios bíblicos, figuras isoladas e motivos alegóricos como a pomba, simbolizando o Espírito Santo, o peixe simbolizando Cristo, a fênix representando a Ressurreição e outros. Essas pinturas eram feitas nas catacumbas e em túmulos.

A escultura era mais rara, aparece em túmulos e sarcófagos, quase sempre em baixo relevo, quase sempre com motivos bíblicos ou relatos da vida do morto. Em alguns túmulos aparecem poesias cantando a saudade do falecido.

Catacumbas de Santa Priscila, Roma / séc II
Maria com o Menino

Após a liberdade de culto proporcionada por Constantino aos cristãos, surge a arte Triufal. 

-----------

A Triunfal se divide em dois estilos completamente distintos: 

Bizantino, no Oriente  
Românico no Ocidente. 
Inicia no século IV e estende-se ao século XII. 

Ver em Bizantinos e Românicos - aqui

- Fonte: História da Arte - ed. Mercado Aberto




PINTURA ROMANA ANTIGA

detalhe do afresco vila dos Mistérios - Pompéia

Conhecida há séculos como a Cidade Eterna, Roma é um dos lugares mais impressionantes do mundo. Sua história é marcada pelas conquistas de seus soberanos e pelo desenvolvimento de sua sociedade. Foi às margens do rio Tibre, na região central da península itálica, que floresceu por quase 12 séculos uma civilização que transformaria para sempre a história do mundo ocidental.

O Império Romano começou a se formar em torno do mar Mediterrâneo por volta do século VIII antes de Cristo e sucumbira no século V da era Cristã. Um período importante da história ocidental que serve até hoje como referência no mundo moderno. Sua herança direta se encontra presente em diversas áreas – na arquitetura, nas leis do Direito, no idioma, na política e na filosofia do Ocidente. A história de Roma é estudada desde sua origem, passando pela fase Monárquica, pela República até o Império.

Roma começou a ser povoada a partir de 2000 a.C. Povos que descendiam dos arianos gregos se deslocaram para o centro e para o sul da península Itálica. Estes povos primitivos formaram vários grupos: latinos, samnitas, úmbrios, volscos e sabinos.

Roma chegou a governar o mundo, foi o Centro do maior Império da antiguidade e sua influência foi sentida em toda a Europa, parte da Ásia e parte da África, pois os romanos tinham como objetivo a conquista do mundo. Os romanos dedicavam-se à arte de governar e fazer leis.

Os etruscos influenciaram culturalmente a grande maioria dos povos itálicos. Mas a maior influência cultural e artística foi legada à Roma. As primeiras manifestações artísticas verificadas em Roma foram o Templo de Júpiter, na colina do Capitólio onde se encontrava a célebre lôba em bronze, ligada à lenda de Rômulo e Remo. Introduziram o átrio das habitações e o arco como elemento fundamental na arquitetura. 
Progressivamente os etruscos perdem força e passam a unir-se à arte romana. 

 Mulher tocando cítara


Afresco da Vila dos Mistérios - Pompéia  /  clique obra
O romano antigo não era um povo dotado de imaginação criadora e sensibilidade artística. Possuía era senso prático e político. Adaptou ao seu temperamento utilitarista, e, sobretudo, aos seus interesses políticos, as formas artísticas dos povos que ia conquistando e submetendo.

As influências gregas foram as mais decisivas na sua arte. Recebeu-as primeiro através dos etruscos, povo industrioso de remotas e obscuras origens gregas, instalado no meio da península.

Depois foram as influências das colônias gregas do sul da Itália e da Sicília. Finalmente influências diretas da Grécia, depois da conquista militar, quando em Roma se tornou moda adotar idéias e costumes gregos. Enquanto os gregos pensavam que as coisas úteis deveriam ser belas, os romanos diziam que o belo deveria ser útil.

Por isso, na técnica e na expressão, a pintura romana é uma variante da pintura grega das fases clássica e helenística. Apenas, por ser de caráter prático, o romano acentuou-lhe as finalidades decorativas, aplicando com maior freqüência à arquitetura, dando-lhe forte realismo.


Zeus - influência etrusca / clique foto
Estátua equestre de Marco Aurélio - Museu Capitolino / clique foto
Dedicando-se à arte da guerra não tinham tempo para as Belas-Artes. Mas quando conquistaram a Grécia, em 146 a.C. sofreram a influência do espírito grego. Como dizem os versos de Horácio:

"A Grécia vencida subjugou o feroz vencedor com a fascinação de sua arte."

O império Romano foi grandioso, mas o luxo, a indolência, o vício e a corrupção levaram os romanos à decadência e à extinção do seu império. Com a queda do Império Romano do Ocidente tem início a Idade Média.

Loba / Rômulo e Remo mamando - no templo de Júpiter

Os afrescos da cidade de Pompéia - soterrada pelo vulcão Vesúvio no séc I a.C – representam bem este período antigo. Cenas do cotidiano, figuras mitológicas e religiosas e conquistas militares foram temas das pinturas romanas, já que Roma era voltada para isso e para coisas estritamente práticas. Pintavam paisagens, retratos, e pinturas retratando suas conquistas.

Usavam tinta feitas com materiais retirados da natureza, como de metais em pó, substâncias retiradas da madeira ou extraídas de moluscos.

As cidades de Pompéia, Herculano e Stabia foram as mais importantes e, muito de sua arte pictórica, foi destruída pela erupção do Vesúvio no ano 79 a.C.

Por isso a  dificuldade de serem mostradas as antigas pinturas em superfícies lisas – quadros arquitetônicos fantásticos.

Afresco Römischu Meister Um
Afresco romano - Enéas e Di
Afresco Vila Farnesina




fontes: 
A cidade Eterna ed.Escala; 
Introdução da Arte ed.Mercado Aberto
Carlos Cavalcante, a pint.romana.